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História Para Onde Migram Os Pássaros Inconsoláveis - The Birth Of An Idea


Escrita por: AnaLunatica

Notas do Autor


Heeeeey
Estou aqui com mais um capítulo e espero do fundo do coração que gostem!

Capítulo 4 - The Birth Of An Idea


Fanfic / Fanfiction Para Onde Migram Os Pássaros Inconsoláveis - The Birth Of An Idea

[Wish You Were Here - Pink Floyd]

 

Continuava jogando a bolinha de tênis na parede, enquanto escutava Amber cantarolar alguma coisa no chuveiro do quarto - Ela se recusou a tomar banho no banheiro principal porque a água quente havia acabado. Sem querer ser chata mas ela é uma péssima cantora. 

Com essa trilha sonora maravilhosa, eu observava quantas vezes conseguia jogar a bolinha em cerca de um minuto. Olhei para o relógio do celular e esperei aumentar um minuto para começar a voltar jogar a bolinha. No fim, contei 34 vezes. 

Por que fiz isso? Não sei ao certo. 

De uns dias para cá não venho conseguindo entender o porquê de fazer coisas assim. Minha mãe vem os batizando de "momentos de inércia da Liza", assim como meu professor de física. A única diferença é que ele faz isso desde o começo das aulas, fazer o quê, não me dou bem com física.  

Percebi o fim da cantoria, vendo Amber saindo do banheiro com uma toalha no cabelo e mais arrumada que o comum. 

- Obrigada por me deixar usar seu banheiro - Disse me fazendo parar com a bolinha. 

- Sem problemas - Dei ombros, mesmo achando estranho ela ter agradecido. 

Amber consegue ser pior que qualquer pessoa em questão de agradecer. 

Após ela ter saído, eu fui tomar banho para encontrar Jordan e a ajudar arrumar  as malas dela. Ela e os seus pais sempre viajam para Espanha nas férias de junho para visitar seus avós. E os seus 'conterrâneos calientes', como ela costuma dizer. 

Vesti uma regata branca, uma calça de pijamas e um par de tênis. Se acostume, as vezes visto pijamas para sair. 

 Ouvi alguém bater na porta e pedi para que abrisse. Quando olhei quem era, vi minha mãe encostada no batente da porta. 

- Liza, tem como você levar sua irmã para uma festa? - Me pediu. 

- Agora? Vou ajudar a Jordan fazer as malas.  

- É só deixá-la na frente da festa e ir embora.  

Amber apareceu do lado da minha mãe fazendo cara de cachorro que acabou de cair da mudança. Resumindo, ela estava com um bico e uma cara de dó. Sabia que aquele "obrigada" não tinha sido em vão. 

Respirei fundo e acabei cedendo. 

- Tudo bem, mas nós vamos na Kombi do vovô. - Avisei e ela revirou os olhos. 

- Na verdade, vocês vão no meu carro. - Minha mãe se desencostou da porta e arrumou a postura dando ar de autoridade.  

Ergui o cenho sem entender. Amber, pelo contrário, tinha ficado bem feliz com a notícia.  

- Por quê? - Questionei nervosa 

- Amanhã seus tios vão vir para cá.  

- E daí? - Ainda não tinha entendido o motivo. 

- Liza, é melhor deixar a Kombi na loja do seu avó durante esses dias - Falou com a voz calma. - Imagina se ela fazer parte da herança e estiver aqui em casa? O quê seus tios vão pensar? 

- Desde quando eu ligo para o que vão pensar? Principalmente para o que ELES irão pensar? Mãe, eles só estão interessados no dinheiro do vovô! Será difícil ver isso? 

- Liza, chega! - Disse ficando brava.

- Como assim chega, mãe? Eles estão pouco se lixando para nós, sempre estiveram! Nunca visitaram o vovô e pior... nem ao menos vieram para o enterro dele! A desculpa deles foi qual? Perdemos o voo? Porque pelo o que eu saiba... 

- LIZA, ACABOU! - Gritou sem paciência.  

Ela levou a mão para as têmporas massageando-as e eu as costas.  Passei a mãos pelos cabelos e grunhi de raiva. Amber continuava parada ali, mordia o lábios e fitava o chão sem saber o que dizer ou fazer. Só levantou a cabeça quando minha mãe voltou. 

- Desculpa filha mas enquanto as coisas não se resolverem, a Kombi vai continuar na garagem da loja - Me entregou as chaves do seu carro. 

Fechei a mão, apertando as chaves entre meus dedos com raiva. Sai pisando forte, antes que começasse a brigar com ela novamente. 

- Vamos, Amber! 

Ele me seguiu até carro. Não escutei minha mãe falar nada antes de sair e nem minha irmã durante todo trajeto. Enquanto dirigia, batia os dedos no volante tentando me acalmar.  

No fim fiquei mais nervosa com o barulho que fazia. 

Você chegou ao seu destino. - Ouvi a voz eletrônica do GPS. 

Parei em frente de uma casa nada humilde que estava mais para uma mansão, enquanto esperava Amber sair do carro. Porém ela continuou sentada. 

- Também não gosto dos tios de Nova Iorque - Disse depois de muito tempo quieta.  

Sorri para ela. 

- Porque eles não te seguem no Instagram?  

Assentiu com a cabeça e dei risada. 

- Acho melhor você ir, a não ser que queira passar o dia comigo. 

- Me busca às sete? - Perguntou abrindo a porta do carro. 

- Sim, qualquer coisa me liga. 

- E antes que eu me esqueça, - Se apoia na janela. - se caso ir para loja é melhor pegar o que mais gosta, não sabemos se depois dessa semana vamos vê-los novamente. 

Mesmo sendo a pirralha que mais gostava de me tirar do sério, Amber não era má. Mas continuava me surpreendendo quando decidia ser legal. 

- Obrigada pela dica - Agradeci antes de vê-la indo para a casa. 

Voltei a dirigir e dessa vez em direção à loja de penhores do meu avô. Seguindo o conselho da minha irmã, fui pegar algo que meu avô guardava na loja e que pertencia tanto a ele, quanto a mim.  

Chegando lá, vi alguém parado em frente da fachada. Pela silhueta já desconfiava de certa pessoa, mas torcia para estar enganada. 

Estacionei do outro lado da rua e fui andando até o garoto que fitava a loja. Minha suspeitas foram confirmadas, era Cameron ali parado. Olhou para mim me encarando sem emoção por alguns segundos. 

- O que está fazendo aqui? - Perguntou colocando as mãos no bolso.  

- Eu que lhe pergunto, - Ergui o cenho. - o que VOCÊ está fazendo aqui? 

Voltou a me olhar sorrindo e, posso dizem sem sombra de dúvidas, foi a primeira vez que o vi dar um sorriso triste. 

Achei que estava delirando, então desviei o olhar e fui a até a porta. Tirei o colar debaixo da blusa que tinha como "pingente" a chave do lugar, fiz isso assim que comecei a ajudar meu avô com as coisas. 

Me virei para ele logo depois de abrir a porta esperando ele vir, porém, o garoto continuou parado. 

- Vai ficar aí? - Perguntei fazendo ele me olhar. 

Deu de ombros e começou a se aproximar. Entrei na loja sentindo certa estranheza a tudo, as coisas pareciam estar abandonas. Esse sentimento começou a ser normal, desde que venho aqui sem a presença do meu avô.  

Comecei a procurar pela foto que ele guardava, mas eu não fazia ideia de onde tinha deixado então comecei pelo fundos que possuía alguns painéis onde costumava fixar alguns papéis.  

A foto foi tirada quando fomos para Califórnia passar as férias, eu tinha seis anos e já acompanhava meu avô para todo canto. Ele disse que ia ver alguns amigos em um antigo bar de rock que frequentava quando morava no estado, e eu pedi para ir junto. Estava de dia e as únicas pessoas no local eram velhos amigo deles. Quando disse do meu fanatismo por Mary Poppins, eles tocaram uma música do filme que me fez achá-los as pessoas mais legais que já conheci. 

Respirei fundo, tentando dispersar aquelas lembranças. Ao fazer isso percebi que havia algo de errado ali. O silêncio.  

Saí dos fundo para conferir se Cameron ainda estava lá e o vi sentado atrás do balcão olhando para o nada. 

- Você está me deixando assustada com esse silêncio -  Disse para ele. 

Continuou com o olhar vago mas me respondeu: 

- Prefere meu carisma excepcional?  

Sua voz estava bem mais rouca que o normal.  

- É só que... Esse silêncio não combina nada com você.  

- Suas calças de coisas fofas também, mas eu não falo nada. - Disse se virando finalmente para mim. 

- Ei, eu gosto delas! 

Riu sem graça mas não respondeu nada mais. Queria perguntar se havia acontecido algo, porém não queria mostrar preocupação.  

Voltei a procurar, e dessa vez ali mesmo, do outro lado do balcão. Não estava afim de ficar tão perto de Cameron. 

- O que está procurando? - Questionou me surpreendendo pelo interesse. 

Suspirei ao abrir uma gaveta vazia. 

- Uma foto. 

- Como é? - Perguntou. 

Ergui o cenho para ele. 

- O quê? Só curiosidade. - Deu ombros. 

Abri outra gaveta vendo somente alguns clipes. 

- É uma foto um pouco antiga, estou com meu avô em um bar na Califórnia, ele me segurava no colo rindo enquanto eu segurava... 

- O copo dele e fingia estar bêbada - Disse completando minha fala. 

- Como sabe? - Questionei assustada. 

- Seu avô me mostrou várias vezes essa foto... - Se levantou da cadeira. - Parece que foi um dia bem especial. 

Sorri ao pensar que não tinha sido a única que gostou daquele dia. Foi importante para meu avô também.  

- Você sabe aonde está a foto?  

Assentiu com a cabeça e se aproximou de onde eu estava, indo até um pequeno armário que ficava em baixo da janela. 

- Para sua sorte, sim.  

Trocamos sorrisos amigáveis pela primeira vez, desde que o conheci. Talvez devesse marcar esse como um dia histórico.  Olhou para o móvel e depois para a janela que dava de frente para um pequeno jardim em que clientes estacionavam. 

- O que a Kombi está fazendo aqui? - Questionou. - Ela não estava com você? 

Respirei fundo e olhei para o veículo.  Minha mãe estava falando sério ao dizer que era melhor deixar o carro na loja. Estava ficando cansada dos meus tios, e eles nem haviam chegado ainda. 

- Minha mãe acha melhor deixá-la aqui até as coisas do testamento forem resolvidas. 

- Mas, - Fez uma pausa e olhou para mim com os olhos semicerrados. - seu avô não havia lhe dado? 

- Sim, mas infelizmente não teve tempo de passar para o meu nome. - Dei ombros. - Ou seja, ainda pertence a ele. 

Cameron soltou um simples "ah" e voltou o seu olhar para janela por alguns segundos antes de procurar na gavetas daquele pequeno móvel a foto. 

Usávamos a Kombi para fazer entregas de objeto que eram grandes demais para os compradores levarem no carro. Alguns meses antes dele morrer, meu avô disse que eu poderia usar quando quisesse e ainda me incentivava a ter minhas próprias aventuras assim como ele teve as dele usando o veículo. Até hoje eu e a "Lurdes" - como ele costumava chamar o carro - não tivemos nenhuma aventura. 

Quem sabe um dia. 

- Aqui - Disse Cameron me entregando a foto. 

Quando a peguei a foto e me vi pequeninha no colo do meu avô, relaxei os músculos sem ao menos ter percebido que estavam tensos antes. Estava feliz ao vê-la, mesmo sabendo que não iríamos ter um momento como aquele novamente. 

- Quer saber de algo, estou cansada - Olhei para o garoto.  

Acho que também estava delirando por desabafar com ele. Cameron encostou suas costas no armário e ergueu o cenho como se pedisse para que eu continuasse. 

- Cansada do quê? - Questionou. 

- Acho que de tudo... - Dei um sorriso amarelo. - É um paradoxo. Quero dizer, eu sou o paradoxo. Desde que meu avô se foi, o único desejo que tenho é de dar o fora daqui mas tudo que eu faço é ficar no meu quarto jogando uma estúpida bolinha de tênis na parede como se isso fosse me ajudar a super algo. 

Sentei em uma cadeira que estava perto e olhei para baixo me concentrando em engolir a vontade que eu tinha por dentro de gritar. Como se fosse me ajudar a colocar tudo que sentia para fora, mas sabia que não iria. 

- Se você ir, prometo não dizer para ninguém - Ouvi ele dizer. 

- Hein? 

- Você não quer fugir? Se decidir que quer fazer isso, não vou julgá-la. 

- Estaria fazendo um favor para você se caso sumisse, não? - Ri fraco. 

- Não, mas esse não é o ponto. - Suspirou. - O ponto é, se quer mesmo isso, acho que deveria fazer acontecer. Talvez a presença de algum acompanhante seria melhor ainda, por que não Jordan? Vocês poderiam fazer isso juntas. 

- Sem chances, ela vai viajar. 

- Então, seus amiguinhos chapados. 

- Não os chame assim! 

- Estava sendo verdadeiro. 

- Paul e Liam pararam, ok? O único que continua é o James. 

Ele deu ombros e colocou as mãos nos bolsos da calça.  

- De qualquer modo, a ajuda de um deles seria indispensável para sua viagem. 

- Talvez - Falei cansada. - Acho que já vou indo. Se quiser ficar, tranque a porta antes de sair. 

Comecei a tirar a chave do pescoço para entregá-la a ele, mas segurou meu braço fazendo com que eu parasse.  

- Não precisa, também vou. 

Sussurrei um "ok" e ele começou a andar até a fachada, saindo da loja. Guardei a foto no bolso da blusa e o segui. 

Ele não era o único com um aspecto melancólico no dia de hoje, mesmo em pleno verão o céu estava coberto por nuvens cinzas. Pensei até ter sentido pingos de água no meu braço.  

- Obrigada - Agradeci após trancar a porta. 

Estava de costas, então se virou me encarando sem entender.  

- Pela foto. - Esclareci.

- Ah, sim. - Volta a olhar para frente. -Sem problemas.  

Andamos até a calçada no local em que o vi parado ao chegar. Nos olhamos brevemente antes que eu continuasse a andar em direção ao carro e ele se virasse colocando as mãos bolsos indo para a sua direita. 

Toquei na porta do carro, mas não conseguia abri-la. Me senti inútil aquele momento porque sabia o motivo de não conseguir abrir. Cameron não era meu amigo, mas me sentia mal por vê-lo daquela maneira, pois por dentro havia uma sensação estranha de mutualidade entre nós dois. Mesmo sem ter a mínima ideia do que estava acontecendo com ele. 

- EI! - Gritei cruzando os dedos para não me arrepender. Ele me olhou assim que ouviu. 

- Está falando comigo? - Questionou levantando a voz para que eu escutasse. 

- Sim, só queria saber se quer uma carona. 

Mordeu os lábios e olhou para o chão como se estivesse pensando. 

- Se estiver indo em direção a floricultura, não vou negar - Disse erguendo a cabeça e novamente me encarando.  

Uma onda de satisfação preencheu meu corpo, substituindo aquela sensação de inutilidade. Não dei a mínima para ele querer ir em uma floricultura e muito menos para o fato de que não era no caminho da casa da Jordan. 

Balancei a cabeça concordando e ele veio em minha direção.  

- Você sabe que eu continuarei sendo irritante apesar de hoje - Disse abrindo a porta do passageiro 

- Sim, eu sei bem.  

Entrei no carro e dirigi até a floricultura em silêncio, assim como Cameron. Tentei não pensar no que ele havia dito antes de entrar no carro, mas não resisti. O que havia demais no dia de hoje? 

Tentei ligar o fato dele querer ir na floricultura com alguma aposta que ele havia feito com os seus amigos, que eram famosos por fazerem apostas estúpidas. No fim, tudo que consegui pensar foi na possibilidade dele comprar flores para alguma garota e a mudança de humor fosse consequência de uma briga com os pais. 

A única coisa que não se encaixava era eu ter o encontrado em frente da loja de penhores. 

- É aqui? - Perguntei parando o carro na frente a única floricultura que conhecia. 

Assenti olhando para o lugar pelo vidro. Estava prestes a sair quando perguntei para ele: 

- Você está bem? 

Virou metade do rosto me olhando de canto. Deu o sorriso de canto de sempre, porém com um o mesmo tom triste daquele de minutos atrás.  

- Você está?  

Ele não esperava uma resposta minha, pois sabia bem eu não estava bem desde a morte do meu avô, mas não deixou de responder a minha pergunta me fazendo ter certeza do que já estava estampado em sua cara. Cameron não estava bem. 

Saiu do carro seguindo para a loja sem olhar para trás, sem olhar para mim. E eu, pelo contrário, continuei acompanhando seus passos até perdê-lo de vista ao entrar ali.


Notas Finais


Por favor, não sejam leitoras fantasmas, apareçam pls!
A minha motivação são os comentários que recebo, sem eles não consigo saber se estão gostando ou não.
Então peço que me digam o que acharam manas

Playlist: https://play.spotify.com/user/analuhs_/playlist/72xpnpI9nzzVD5mTDHx7yF
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=OOkLiNbuSY0

XOXO


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