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História Para Sempre - Capítulo 9


Escrita por: Namjoon-Oppa

Capítulo 10 - Capítulo 9


Jeongyeon e eu somos colegas em duas matérias, mas só na aula de inglês é que nos sentamos um ao lado do outro. Portanto, volto a vê-la apenas quando já terminou o sexto tempo, a aula de educação artística, e já recolhi minhas tralhas, pronta para ir embora.

Ela corre ao meu encontro, segura a porta para mim, e eu passo ao corredor olhando para baixo, bolando um jeito de desconvida-la.

 - Seus amigos me chamaram pra passar na sua casa hoje à noite - ela diz, andando passo a passo comigo. - Mas não vai dar.

- Ah não? - retruco, surpresa, e arrependendo-me da forma como minha voz me traiu, ao soar tão feliz. - Quer dizer, tem certeza? - Tento baixar a bola e parecer um pouco mais sociável, como se realmente fizesse questão da presença dela, mas... tarde demais.

Jeongyeon me encara com seus olhos brilhantes e um sorriso entre os lábios.

- Infelizmente, sim. A gente se vê na segunda - diz e aperta o passo rumo ao carro, que está parado na área reservada aos professores, o motor misteriosamente ronronando.

Quando chego ao Miata, encontro Baekhyun já a minha espera, de braços cruzados, olhos apertados e com o tradicional sorriso de irritação estampado no rosto.

- É melhor você contar logo o que acabou de acontecer ali, porque boa coisa não deve ter sido. - ele diz, entrando às pressas no carro.

- Jeongyeon falou que não vai mais à minha casa, só isso. - Dou de ombros, olho pelo retrovisor e engato a ré. - Mas o que você falou, pra que ela pulasse fora? - diz Baek, olhando furioso para mim.

- Nada.

O sorrisinho falso fica mais aparente.

- É verdade! - insisto. - Não tenho culpa se seus planos pra essa noite furaram! - Saio do estacionamento e pego a rua, percebendo que Baek continua com os olhos pregados em mim. - Que foi?

- Nada

No fim das contas, nossa noite de sexta é cancelada. Bem ,não a noite em si, só nosso encontro. Em parte porque Jeonghun, o irmão caçula da Chaeyoung, ficou doente, e ela era a única que estava por perto para cuidar dele; e também porque o pai de Baekhyun, fanático por esportes, arrastou o filho para ver um jogo de futebol, obrigando-o a vestir a camisa do time e a fingir que estava feliz da vida. Portanto, assim que fica sabendo que estou sozinha em casa, Sunny sai mais cedo do trabalho e me convida pra jantar fora.

Careca de saber que minha tia não aprova nem um pouco o jeito de eu me vestir e querendo ser gentil depois de tudo o que ela fez por mim, escolho o vestidinho azul que ela me deu de presente não faz muito tempo, calço uma sandália de salto, passo um pouquinho de gloss na boca, transfiro o essencial da mochila para a pequena bolsa de metal que combina com o vestido e substituo o habitual rabo de cavalo por cabelos soltos e penteados.

Sunny deixa o carro com os manobristas e entramos no hotel. Assim que vejo o enorme lobby de mármore, os gigantescos arranjos de flor e a extraordinária vista para o mar, arrependo-me de tudo que acabei de pensar. Sofi tinha razão. O lugar é chique.

Ela pede um copo de vinho tinto para si E um refrigerante para mim, depois damos uma olhada rápida no cardápio. Assim que a garçonete se afasta, Sunny prende os cabelos castanhos e curtos atrás das orelhas, abre um sorriso cordial e diz:

- Então, como vão as coisas? Escolas, amigos... Tudo em paz?

Não me levem a mal: adoro a minha tia e tenho a maior gratidão por tudo o que ela fez por mim. Mas só porque tira de letra um júri de doze marmanjos não significa que seja boa de conversa fiada. Apesar disso, olho para ela e digo:

- Tudo em paz.

O.K. Conversa fiada também não é lá meu forte.

Em seguida, Sunny pousa uma das mãos em meu braço para dizer algo mais, porém ela nem sequer havia ainda encontrado as palavras certas quando me vejo de pé e arrastando a cadeira para trás.

- Volto já - falo baixinho e quase atropelo a cadeira ao voltar pelo mesmo caminho de antes, sem me dar o trabalho. Ela olha automaticamente para mim, convencida de que não vou chegar a tempo ao fim do longo corredor.

Seguindo na direção que ela involuntariamente indicou, passo por uma galeria de espelhos gigantes, com molduras folheadas a ouro e pendurados lado a lado numa parede. Um grupo de pessoas passa por mim, as auras espiralando com uma energia tão intensificada pelo álcool que chega a me afetar também, deixando-me enjoada, tontinha da silva, tão desorientada que vejo à minha frente uma longa fileira de Jeongyeons com o rosto virado para trás.

Já habituada a toda essa energia que aleatoriamente encontro aonde vou, acho que não lembrava mais. Os efeitos devastadores que ela é capaz de produzir quando minhas defesas não estão ativadas, quando o iPod não está comigo. Mas quando Sunny pousou a mão em mim, fiquei tão assustada com a solidão e a tristeza contidas naquele toque que tive a sensação de ter levado um soco no estômago.

Sobretudo ao lembrar que a culpa de tudo isso é minha.

Dou uma ajeitada nos cabelos, passo mais um pouquinho de gloss e volto à mesa, determinada a me esforçar um pouco e levantar a bola da minha tia, mas sem colocar em risco meus segredos. Depois de me acomodar novamente, dou um gole rápido no refrigerante e, sorrindo, tentado ser o mais convincente possível, digo:

- Estou ótima, juro. - E dali a pouco: - Então, algum caso interessante no trabalho? Algum gato trabalhando por lá?

Depois do jantar, fico esperando do lado de fora enquanto Sunny entra na fila para pagar o manobrista. Estou tão distraída com o drama que se desenrola à minha frente, entre a noiva e sua suposta dama de "honra" que literalmente dou um pulo quando sinto alguém tocar meu braço.

- Oi, é você? - digo, o corpo esquentando e formigamento assim que nossos olhares se cruzam.

- Você está linda - diz Jeongyeon, seus olhos passeando do vestido até as sandálias para depois voltar aos meus - Quase não a reconheci sem o capuz.

- Ela sorri. - Então, gostou do jantar?

Faço que sim com a cabeça, uma verdadeira proeza diante do estado de confusão mental em que me encontro.

- Vi você no corredor. Teria cumprimentado se você não com tanta pressa.

Olho para ela, imaginando o que poderia estar fazendo sozinha num lugar como este numa sexta-feira à noite. Estava toda preto: blazer, camiseta sem gola, jeans e botas - uma produção talvez sofisticada demais para alguém da sua idade, mas que nele ficava totalmente natural.

- Vim me encontrar com uma pessoa de fora, que está hospedada aqui - ela diz, respondendo à pergunta que nem cheguei a fazer.

Ainda estou pensando no que poderia dizer quando Sunny aparece ao nosso lado. E elas já estão apertando as mãos quando, enfim, consigo explicar:

- Hmm... Jeongyeon é minha colega de escola.

Aquela que faz minhas mãos suarem, meu coração palpitar... e que não sei da minha cabeça de jeito nenhum! , penso.

- Acabou de se mudar do Japão - acrescento, esperando que isso baste até o carro chegar. - Onde no Japão? - pergunta Sunny. Quando vejo o sorrisão estampado no rosto dela, fico pensando se minha tia também não está tomada pelo mesmo êxtase que eu.

- Kyoto - ela responde sorrindo.

- Ah, dizem que lá é maravilhoso. Sempre tive vontade de conhecer.

- Sunny é advogada, trabalha pra caramba - digo, olhando na direção de que o carro virá daqui a dez, nove, oito, set...

- Estamos indo pra casa - diz Sunny- mas se quiser uma carona...

Imediatamente entro em pânico, pensando em como pude não prever isso. Olho para Jeongyeon, rezando para que ela recuse o convite. - Obrigado, mas preciso voltar pra lá - ela diz, apontando com o polegar sobre os ombros. 

Meus olhos seguem na direção apontada até uma loira incrivelmente deslumbrante, usando o pretinho básico mais lindo que já vi na vida, empoeirada em sandálias de salto alto.

Ela sorri pra mim, mas sem qualquer entusiasmo. Apenas lábios rosados que se curvam ligeiramente e olhos distante demais para serem lidos. Mas não posso deixar de notar certa ironia na expressão dela, como se a presença de Jeongyeon a meu lado fosse algo engraçado ou, no mínimo, improvável.

Olho de volta para ela, assustada ao vê-la tão perto, seus lábios úmidos e entreabertos a pouco centímetros dos meus. Então ela ergue a mão e, roçando de leve em minha bochecha, tira uma tulipa vermelha de trás da minha orelha.

Quando dou por mim, estou sozinha novamente, e ela, caminhando de volta para a loira.

Fico ali, admirando a tulipa, acariciando as pétalas aveludadas, imaginando de onde uma flor tão linda poderia ter saído- sobretudo levando em conta que a primavera acabou faz tempo.

Só mais tarde, já sozinha em meu quarto, é que me dou conta de um detalhe: a tal loira também não tinha aura.

Eu devia estar num sono muito profundo, pois mesmo ao ouvir alguém andando pelo quarto, minha cabeça está tão cansada, tão confusa, que nem sequer abro os olhos.

- Somi? - resmungo - É você? - Ela não responde, então deduzo que minha irmã está aprontando mais uma das suas. E como estou cansada demais para brincar, pego meu travesseiro e cubro a cabeça com ele.

Pouco depois escuto mais um barulho.

Olha, Somi, estou exausta, OK? Desculpa se fui ríspida com você, se a deixei irritada comigo. Mas realmente não estou a fim de brincadeira. Afinal de contas, são... - Levanto o travesseiro e com apenas um dos olhos confiro a hora no despertador. - São três e quarenta e cinco. Melhor você voltar lá pra onde quer que você sempre volta e deixar essa história pra depois, certo? Pode até pegar aquele vestido que usei na formatura da oitava série que não vou falar nada, palavra de escoteiro.

Acontece que depois de falar tudo isso perco o sono. Então, jogo o travesseiro para o lado e, furiosa, olho para a forma embaçada que está sentada na cadeira da escrivaninha, imaginando o que haveria de tão importante assim que não podia esperar até amanhã.

- Já pedi desculpas, Ok? Que mais você quer que eu diga?

- Você pode me ver? - ela pergunta, afastando-se da mesa.

- Claro que... - De repente fico muda. A voz não é de minha irmã.



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