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História Para Sempre - Capítulo 10


Escrita por: Namjoon-Oppa

Capítulo 11 - Capítulo 10


Vejo pessoas mortas. O tempo todo. Na rua, na praia, nos shoppings, nos restaurantes, nos corredores da escola, nas filas do correio, na sala de espera dos consultórios... mas nunca no do dentista. Porém, ao contrário dos fantasmas que a gente vê na televisão e no cinema, elas jamais me perturbam, pedem minha ajuda ou vêm conversar comigo. De modo geral, não fazem mais que sorrir e acenar quando notam que estão sendo vistas. Como a maioria dos vivos, elas adoram ser vistas.

Mas a voz em meu quarto, definitivamente, não era de um fantasma. Também não era de Somi. A voz no meu quarto era de Jeongyeon.

E por isso sei que foi um sonho.

- E aí? - ela sorri e se senta segundos depois de o sinal tocar, mas, como a aula é do sr. Kim, isso é o mesmo que chegar cedo.

Cumprimento-a apenas com um aceno de cabeça, de um jeito displicente, neutro, como se não tivesse nem aí pra ela. Esperando esconder o fato de que, a essa altura, estou tão afim que até ando sonhando com ela.

- Sua tia parece ser uma pessoa legal - ela diz, olhando para mim e batendo com a caneta na carteira, num irritante tec tec tec.

- É, ela é muito legal - resmungo, furiosa com o sr. Kim que não sai daquele banheiro, desejando que ele largue o maldito cantil de uísque e venha logo dar aula.

- Também não moro com a minha família - diz Jeongyeon, a voz silenciando a sala, aquietando meus pensamentos, enquanto ela gira a caneta na ponta dos dedos, para lá e para cá, sem deixá-la cair.

Não digo nada. Apenas ajusto o iPod no compartimento secreto do capuz, cogitando ligar a música para bloquear Jeongyeon também. Não isso seria grosseiro demais.

- Fui emancipada - ela acrescenta.

- Sério? - pergunto, apesar de ter prometido a mim mesma limitar nossas conversas ao mínimo necessário. Só que, bem, nunca conheci um outro emancipado e sempre achei que todos fossem pessoas e solitárias. Mas, a julgar pelo carro que dirige, as roupas que usa e os lugares que frequenta nas noites de sexta, Jeongyeon não parece nem um pouco infeliz com sua condição.

- Sério - ela diz. E assim que para de falar ouço os cochichos febrilmente trocados entre Jennie e Lisa, que me chamam de esquisitona e outros qualificativos bem menos simpáticos que esse. Depois me espanto ao vê-la arremessar a caneta para o alto, sorrindo enquanto ela desenha uma série de oitos preguiçosos no ar, antes de aterrissar perfeitamente na ponta do dedo dela. - E a sua família, onde está? - ela pergunta.

Como é estranha essa alternância entre barulho e silêncio, barulho e silêncio... Parece até uma nova versão para a dança das cadeiras, uma versão em que sempre acabo sobrando de pé.

- O quê? - digo, distraída pela caneta que agora paira entre a gente, bem como pelos comentários feitos de Lisa a respeito de minhas roupas. Quanto ao namorado dela, bem o garoto concorda com tudo, feito um cachorrinho, mas ao mesmo tempo se pergunta por que ela, Lisa, nunca se veste como eu.

Minha vontade é de pôr o capuz, ligar o iPod no volume máximo e dar um fim a essa história toda. Em tudo. Inclusive em Jeongyeon.

- Onde sua família mora? - ela pergunta.

Fecho os olhos enquanto ela fala, saboreando a delícia que são esses poucos segundos de silêncio. Depois volto a abri-los e, encarando-a, digo:

- Estão todos mortos.

 Finalmente o sr. Kim entra na sala.

- Sinto muito.

Jeongyeon se senta à minha frente na mesa do almoço, e eu corro os olhos pelo pátio, ansiosa para que Chaeyoung e Baekhyun não demorem a chegar. E quando abro a bolsa com o lanche, vejo o quê? Uma tulipa! Igualzinha à do outro dia, espetada entre o sanduíche e o saco de batatas fritas. Não sei como ela faz isso, mas tenho certeza de que foi Jeongyeon quem colocou ali. Na verdade, não são os truques de mágica que me incomodam, mas o jeito como ela olha para mim, fala comigo, aquilo me faz sentir...

- Sua família. Eu não sabia que...

Olhando para baixo, fico rodando a tampinha da garrafa de suco para lá e para cá, para cá e para lá, preferindo mil vezes que ela tivesse esquecido o assunto.

- Não gosto de falar nisso - digo

- Sei como é perder pessoas que a gente ama - ela sussurra, estendendo o braço por cima da mesa e colocando a mão sobre a minha.

Sinto uma onda tão boa de calma, aconchego e segurança... que fecho os olhos e baixo a guarda, entregando-me totalmente a esse momento de paz, feliz por ouvir o que ela diz, e não o que ela pensa. Feito uma garota normal. Mas com uma garota bem mais linda que o normal.

- Hmm, licença - diz alguém. Abro os olhos novamente e dou de cara com Chaeyoung, as mãos plantadas na mesa, os olhos amarelos apertados e fixos em nossas mãos. - Eu não queria interromper.

Imediatamente coloco a mão no bolso, como se estivesse fazendo algo errado, algo que ninguém deveria ter visto. Minha vontade é explicar que aquilo não havia sido nada, que não significasse nada, mas conheço minha amiga o bastante para saber que seria inútil.

- Cadê o Baek? - falo afinal, sem saber mais o que dizer.

Chaeyoung revira os olhos e senta ao lado de Jeongyeon, a aura passando de um amarelo forte a um vermelho muito escuro em razão dos maus pensamentos.

- Baekhyun está trocando mensagens com sua nova paixão da Internet, bilau_no_cio_307 - ela diz, evitando meu olhar enquanto desembrulha seu cupcake. Em seguida, virando-se para Jeongyeon, acrescenta: - Então, como foi o fim de semana de todo mundo?

Mesmo sabendo que a pergunta não foi dirigida a mim, dou de ombros e fico olhando para minha amiga. Como faz todo santo dia, Chaeyoung prova o cupcake com a ponta da língua. Mas quando volto o olhar para Jeongyeon, fico chocada ao vê-la sacudindo os ombros também: pelo que vi na sexta-feira, imaginei que o fim de semana dela havia sido infinitamente melhor que o meu.

- Bem, como vocês podem imaginar - continua Chaeyoung -, minha noite de sexta foi um fracasso. Ótimo - diz ironicamente. - Passei a maior parte do tempo limpando o vômito do Jeonghun já que a empregada tinha ido pra Seul e meus pais não deram o trabalho de voltar de sei lá onde eles estavam. O sábado, em compensação, foi sen-sa-ci-o-nal! Tipo, o melhor da minha vida! Teria chamado vocês, claro, mas foi tudo de última hora. - Só então ela me dirige o olhar.

- Aonde você foi, afinal? - pergunto como quem não quer nada, embora tenha acabado de ver um lugar escuro, de péssima energia.

- Uma balada muito irada a que uma garota do grupo me levou.

- Qual grupo? - Tomo um gole de água.

- Sábado é dia dos codependentes - ela responde sorrindo. - Bem, essa tal garota, a Tzuyu... Ela é hardcore total! Do tipo que eles chamam de doadora.

- Quem chama o que de doadora? - pergunta Baekhyun, deixando seu iPhone sobre a mesa e sentando-se a meu lado.

- Os codependentes - respondo, colocando-o a par.

Chaeyoung revira os olhos e diz:

- Eles, não garota. Os vampiros. Doador é qualquer um que deixe outros vampiros se alimentares dele. Chupar o sangue, sabe, essas coisas. Mas eu sou o que eles chamam de cachorrinho, porque só fico por perto deles. Não deixo ninguém se alimentar de mim. Pelo menos, ainda não. - ela ri.

- Por perto de quem? - pergunta Baekhyun, levantando o iPhone e conferindo as mensagens.

- Dos vampiros! Poxa, cara, se liga! Então. Essa codependente doadora, a tal da Tzuyu...Aliás, este é só o nome de vampira dela, não era o nome real...

- As pessoas têm um nome de vampiro ? - intervém Baekhyun outra vez deixando o telefone na mesa, agora num lugar Onde possa vigia-lo

 - Pode crer. - Chaeyoung faz que sim com a cabeça.

- Falei pra vocês que era uma princesa das trevas não falei? A gente foi pra essa balada ultradescolada em algum lugar de Los Angeles, chamada Nocturnal ou qualquer nome parecido.

- Nocturne - corrige Jeongyeon, encarando Chaeyoung e dando um gole em sua bebida.

Ela larga o cupcake e começa a aplaudir - Muito bem! - exclama. - Finalmente alguém que sabe das paradas nesta mesa!

- E por acaso você encontrou algum imortal por lá? - ela pergunta ainda com os olhos fixos nela.

- Milhares! O lugar estava lotado. Tinha até área VIP reservada só pra bruxos. Claro que dei um jeito de entrar né? Tomei todas no bar de sangue



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