História Para Sempre - Capítulo Doze

Um a um a turma foi saindo da casa abandonada, deixando apenas Jorge e Margarida.

 -Bom – A menina começou enquanto levantava do sofá. – Eu também já vou indo.

 -Espera – Jorge pediu a segurando pelo braço. – Eu quero conversar com você.

 -Olha Jorge, eu decidi que poderíamos ser amigos, mas jamais esquecerei o que aconteceu – Margarida disse, revelando a mágoa ainda existente dentro de si.

 -Eu sei – Ele disse chateado. – Eu fui um idiota, sempre te tratei mal e não me importei com os seus sentimentos, mas eu mudei Margarida. Eu juro que mudei.

 -Eu vejo que você mudou Jorge, mas não é você – Ditou, aumentando o tom de voz. Os olhos lacrimejando. – Poxa, você foi o primeiro garoto que eu gostei de verdade. Eu sempre fiz de tudo para me aproximar e a única coisa que fizestes, foi zombar de mim.

 -Desculpa Margarida – Pediu emocionado. – Eu era mesquinho, egoísta e não tinha noção da importância que você tinha para mim. Quando você foi embora, eu fiquei muito mal – Revelou.

 -É o que dizem né? Só da valor quando perde, mesmo que você nunca tenha me tido para me perder – Disse já deixando as lágrimas caírem. – Sabe às vezes as pessoas pensam que um pedido de desculpas apaga todo o mal feito, mas mal sabem elas que o mal jamais será apagado.

 -Eu realmente gosto de você Margarida – Contou o loiro. – E eu me apaixono mais a cada dia. Infelizmente não tem como eu apagar o passado, mas deixa-me tentar mudar o futuro – Pediu se aproximando da menina. – Me dê uma chance de te provar o quanto eu te amo.

-Você o que? – Perguntou de olhos arregalados.

-Eu te amo Marga – Revelou colocando uma das mãos na cintura da menina e a outra em sua nuca. –Por favor, só uma chance – Pediu.

 -Eu não sei – Disse insegura. Encarava o garoto nos olhos e ele parecia arrependido. – Eu preciso pensar.

-Nós estamos nessa amizade doida há uns três meses para mais, Marga – Disse contrariado. – Eu não aguento mais! Toda vez que a turma sai e você fica de papo com os garotos, ou quando gosta de esfregar na minha cara que está solteira, meu sangue ferve. Eu tenho vontade de te tirar a força e levar para minha casa para ficarmos apenas nós dois. Eu estou ficando louco!

 -Acho que esse é o teu problema, Jorge – Disse calmamente. Soltou-se do garoto e se afastou. – Você quer tudo do teu jeito. Pode ter se tornado alguém mais gentil, maduro e responsável, mas continua querendo tudo da forma que você acha certo.

 -Isso não é verdade – Disse agora mais alto. – Se eu de fato quisesse tudo do meu jeito, eu não teria aceitado essa ideia de nos tornarmos amigos.

-Mas é claro que teria. Se eu não te dei nada além da amizade, você teria que ter outro motivo para se aproximar, não? – Perguntou irritada.

 -Para com isso Margarida – Gritou assustando a menina. Jogou-se no sofá cobrindo o rosto com as mãos. Não queria que a ela o visse chorar. – Eu estou tentando – Disse com a voz falha. – Mas ninguém é perfeito.

 -Jorge? – O chamou, estranhando o fato de o garoto estar chorando.

-Não – Disse levantando. – Você tem todo o direito de estar brava comigo e de não querer me ver, nem falar comigo – Virou-se de costas. – Eu sempre fui um otário e talvez você tenha razão. Eu sempre quero tudo do meu jeito.

-Fica calmo, Jorge – Pediu a caipira, fazendo-o virar novamente. – Você está me assustando.

-Não se assuste comigo, por favor – Pediu a encarando nos olhos.

-Vamos sentar e conversar com calma, ok? – Pediu e ele assentiu, sentando-se no canto do sofá paralelo ao dela. – O que está acontecendo, Jorge?

 -Eu acho que estou surtando – Revelou. – As coisas no escritório do meu pai estão complicadas, ele corre o risco de falir. A responsabilidade está praticamente em minhas mãos e eu não sei o que fazer. Ele e a mamãe brigam toda hora e parece que nunca vão parar – Colocou as mãos na cabeça. – Eu não consigo, entende? – Perguntou e ela assentiu indo até ele e o abraçando. Ele não retribuiu de imediato, mas com o tempo foi a abraçando também. – Não quero que tenha pena de mim, prefiro que me ignore a isso.

-Cala a boca, Jorge – Ralhou, vendo-o se encolher no abraço. – Eu não estou com pena de você, porque sei da sua capacidade e sei que vai conseguir tirar a empresa desse perrengue. Eu vou te apoiar e estar aqui com você fica tranquilo – Disse o apertando mais no abraço.

 -Obrigado – Agradeceu baixinho.

-Desculpa por dizer tudo aquilo a você, mas estava entalado há muito tempo – Contou.

 -Eu sei disso – Se soltou do abraço respirando fundo. – Desculpa de novo. Eu não deveria ter surtado e nem gritado com você. Droga! Muito menos com você – Reclamou escondendo o rosto entre as mãos.

 -Jorge, se acalma – A menina pediu. – Eu te desculpo e entendo o desespero. – Levantou o rosto do amigo fazendo-o a encarar. – Eu estou aqui, ok? – Disse docemente enquanto sorria.

 -Obrigada por tudo, Marga – Agradeceu. – Acho que é melhor irmos né?

 -Não – Disse levantando. – Escolhe ai um filme para assistirmos, vou ali na padaria comprar sorvete, refri e salgadinhos. Volto já.

 -Tem certeza? – Perguntou incerto.

-Claro que sim – Disse animada.

 Ele assentiu e ela saiu, deixando-o sozinho. Vinte minutos depois, Margarida chegou com três sacolas, largando todas na mesa em frente à TV que havia ali.

 -Que filmes você escolheu? – Perguntou retirando o refrigerante junto com os copos plásticos da sacola.

-Simplesmente acontece e The Duff – Respondeu mostrando as capas. – As sinopses são muito boas, acho que valem à pena.

 -Ok então – Disse entregando um copo e um pacote de salgadinho. Deixou o pote de sorvete no meio dos dois com colheres plásticas, já que não tinha talheres na casa abandonada.

O primeiro filme escolhido foi “The Duff” que foi do agrado dos dois. “Simplesmente acontece” foi o próximo. Margarida chorou quase o filme inteiro, o que fez Jorge a abraçar de forma carinhosa.

-Jorge? – Chamou baixinho.

 -Fala Marga – Responde, apertando-a no abraço.

 -Eu acho que posso te dar uma chance – Contou, vendo-o sorrir.

 -Vamos fazer assim – Ele disse se endireitando no sofá. – Vamos deixar ir acontecendo e se der certo, tornamos tudo oficial. Só não me afasta de novo, por favor – Pediu suplicante. Margarida via sinceridade nas palavras e sentiu-se uma idiota de ter brigado tanto com ele.

 -Não conseguiria – Respondeu com um sorriso de rasgar o rosto. O loirinho se aproximou devagar e roçou seu nariz ao dela, beijando-a em seguida. Ela o correspondeu imediatamente.

~*~

 Daniel e Carmem foram juntos para casa, o menino queria conversar com ela e não queria esperar mais.

-Então Carmem – Começou sem jeito.

-Fala Dan – Respondeu com um sorriso.

 -Nós precisamos conversar, não acha? – Perguntou para a menina que assentiu. – O que você acha desse nosso “relacionamento”?

-As aspas nunca foram tão precisas – Comentou desanimada. – Sinceramente, Dan? Eu estou um pouco chateada.

-Por quê? – Questionou, já imaginando o motivo.

 -Nós estamos há alguns meses nisso, mas não sai do lugar – Revelou, soltando um suspiro em seguida. – Sei que estamos ficando e sei lá mais o que, só que já tenho vinte anos, não sei se quero estar nessa de ficar, entende?

 -Você quer algo mais sério, estou certo? – Questionou, recebendo um aceno.

-Olha, eu sei que você se acha novo para isso, não quer se envolver agora, apenas focar nos estudos – Comentou o encarando de forma séria. – Então se você quiser parar por aqui, eu vou entender perfeitamente.

 -Porque eu iria querer dar um fim no nosso rolo, Carmem? – Perguntou segurando os ombros da menina, que mordeu o lábio inferior desviando o olhar.

-Eu já falei Daniel – Respondeu baixo. Os olhos já rasos de água, enquanto ela se segurava para não chorar. – Você é novo assim como eu também, mas diferente de mim, você quer estudar e aproveitar a vida ao máximo, então não vejo motivos para você querer se prender a mim.

-Te amar não é motivo suficiente? – Respondeu, vendo-a encarar de olhos arregalados. –Carmem, eu te amo desde o terceiro ano. Sempre admirei sua inteligência e bondade, era sempre tão diferente das outras. Quando confessei o que sentia no Panapaná, achei que poderíamos tentar, mas do nada você se afastou. Fiquei tão chateado que me fechei para o amor, porque a pessoa que eu sempre amei, não estava comigo – Revelou.

 -Desculpa Dan – Pediu com lágrimas caindo incessantes.

-Você sabe que eu te desculpo só me diz o porquê você se afastou daquela forma – Pediu limpando as lágrimas da menina.

-Eu sempre gostei de você, desde o terceiro. Mas como a Majo sempre deixou claro que você era “o cara certo para ela” nunca tive coragem de contar – Revelou vendo-o revirar os olhos. – Quando você me contou sobre gostar de mim no Panapaná, fui correndo contar para Val e a Marce e elas ficaram eufóricas e disseram que éramos perfeitos juntos – Riu sendo acompanhada por ele. – Acontece que a Maria Joaquina ouviu e veio conversar comigo.

-O que ela te disse, Carmem? – Perguntou já irritado.

-Calma Daniel – Pediu segurando as mãos dele. –Ela pediu para conversarmos a sós e confessou que ouviu a conversa e que estava preocupada – Respirou fundo, encarando Daniel nos olhos. – Dan, ela me disse sobre o quão maravilhoso você é e que talvez fosse um erro ficarmos juntos. Você sempre teve dinheiro suficiente e eu a bolsista pobre. Não tínhamos a mesma classe social e – Parou para respirar e limpar as lágrimas. Daniel estava mortificado, tão irritado e confuso. Como Maria Joaquina pode? – Ela disse que de todas as meninas, ela era a mais qualificada para te namorar e eu estava no fim da lista, perdendo apenas para Valéria porque ela já namorava.

-Carmem, pelo amor de Deus me diz que é mentira – Pediu nervoso. Tremia de irritação, pensando o quanto Maria tinha sido egoísta e sem noção. Por fim, abraçou Carmem deixando-a chorar tudo o que conseguia.

-Quando ela percebeu que gostava do Cirilo, ela veio conversar comigo – Continuou um pouco mais calma. – Me pediu desculpas por ter sido tão egoísta e falou para eu lutar por você, mas nesse tempo, você estava muito focado nos estudos e não demonstrava mais gostar de mim, então eu desisti.

-Eu não acredito que poderíamos estar juntos desde o sexto ano – Falou irritado. – Eu vou matar a Maria Joaquina.

-Daniel você não vai fazer nada – Carmem disse o segurando. – Ela se arrependeu e me pediu desculpas, chorou horrores. Por um tempo, eu senti muita raiva dela, mas depois eu percebi que a raiva não me levaria a lugar nenhum, então eu simplesmente perdoei e espero que você faça o mesmo.

-Me abraça, por favor – Pediu para ela, que logo se jogou nos braços de Daniel e o abraçou fortemente. – Mas você sabe que eu preciso pelo menos conversar com ela, né?

-Sei Dan, mas não a culpe – Pediu para ele que assentiu.

-Quero te pedir algo – Falou se distanciando. – Vem comigo – Chamou puxando ela pela mão.

-Aonde vamos? – Ela perguntou rindo.

-Você vai ver – Falou parando em frente a uma árvore. – Lembra-se dela? – Perguntou para ela que assentiu.

-Nosso primeiro beijo – Lembrou.

-Isso mesmo gata. Agora vem aqui – Pediu a puxando pela cintura. Deixou um selinho nos lábios dela que sorriu emocionada. Pegou sua mão direita ficando de joelho. – Você aceita ser minha namorada, Carmem Carrilho?

-É claro que sim Daniel Zapata – Puxou o agora namorado e o beijou de forma apaixonada, sendo retribuída da mesma forma.