No dia seguinte, Marcelina acordou cedo. Estava cansada, tinha passado a noite toda arrumando as malas para a viagem. Por sorte, ela conseguiu para aquele dia mesmo, ás oito da manhã. Levantou sem fazer barulho e foi até a cozinha, fez um achocolatado e pegou algumas bolachas, voltando ao quarto em seguida. Não queria ter de olhar na cara de Pedro nunca mais. Ligou novamente para Paulo avisando da volta e pedindo ao irmão que a esperasse na rodoviária e esse confirmou, animado por poder ver a irmã novamente.
Quando deu seis e meia, ela saiu do quarto e deu de cara com Pedro na sala, assistindo televisão. Este a encarou confuso, vendo as malas na mão dela.
-Onde você pensa que vai? – Ele perguntou levantando.
-Para casa – Ela respondeu. – Adeus Pedro – Disse e foi até o táxi que a esperava. Pedro a seguiu, puxando seu braço antes de ela entrar.
-Você só pode estar ficando louca – Gritou irritado. O taxista saiu do carro indo para perto dos dois.
-A solte rapaz – Disse sério.
-Fique na sua – Rebateu. – Ela é minha namorada, não se meta.
-É sua namorada e não propriedade sua – Disse se aproximando mais. – Ou você solta ela, ou chamarei a polícia - Mesmo contrariado, Pedro fez o que o senhor mandou e soltou Marcelina. A menina entrou no táxi agradecendo o taxista assim que o mesmo deu partida. – Desculpe me meter, mas porque ele estava agindo dessa forma?
-Não se desculpe – Sorriu. – Ele é ou era, eu não na verdade, meu namorado, mas ele fez algo que não tem perdão e eu estou voltando para casa.
-Presumo pelo jeito dele lhe segurar, o que ele lhe fez, e eu sinto muito – Disse parecendo sincero.
-Obrigada – Agradeceu e sorriu para ele que retribuiu.
Assim que chegou, ela lhe entregou o valor da corrida, deixando uma gorjeta e este lhe agradeceu feliz da vida. Após todas as burocracias, ela ficou a espera do ônibus, que chegou quinze para as oito.
Quando deu o horário, oito em ponto, o ônibus partiu, causando um misto de ansiedade e felicidade a menina que já estava transbordando de saudades de casa.
~*~
-As oito, certo – Mário confirmava com Paulo pelo telefone. Quando souberam da notícia, mesmo em cima da hora, decidiram fazer uma festinha surpresa para a chegada da amiga. Seria de noite, pois todos trabalhavam, e iriam faltar na faculdade. Como Maria Joaquina trabalhava em casa e Bibi estava encostada por conta da tentativa de suicídio, ficaram com o trabalho de decorar a casa abandonada e comprar besteiras para todos comerem. Jaque estava fazendo na padaria onde trabalhava um bolo especial para a ocasião. Marcelina chegaria por volta de oito e meia da noite, dando tempo para todos saírem do trabalho e ir até lá esperar por ela.
Mário estava impaciente na loja, não via a hora de ver a melhor amiga. Sua chefe lhe perguntara por diversas vezes se ele estava bem e a resposta era sempre a mesma “estou bem, mas muito ansioso”. Ela entendia o laço que ele tinha com a baixinha e achava bonita a amizade, mesmo que achasse que tinha algo a mais por trás de tudo.
Quando deram seis horas, ele saiu apressado indo até uma loja de presentes. Comprou um urso de pelúcia e um buque de flores para dar para Marcelina. Ele combinou de se encontrar as oito na rodoviária junto com Paulo e Alícia.
-O que é isso? – Paulo perguntou quando viu o melhor amigo chegar com um buque e um urso.
-É só uma lembrancinha – Disse sem graça.
-Que fofo – Alícia disse pegando o urso da mão do amigo. – Você definitivamente é a melhor pessoa do mundo.
-Ei – Paulo exclamou fazendo um bico e cruzando o braço.
-Depois do meu namorado, claro – Ela disse, fazendo Mário rir.
Eles sentaram em uma sala de espera e ficaram conversando, enquanto esperavam Marcelina chegar.
~*~
-Que horas ela chega mesmo? – Kokimoto perguntou, entrando na casa abandonada e dando um beijo na namorada.
-É pra ser perto das oito e meia – Bibi respondeu. – Só faltava você, amor.
-Agora é só esperar – Jaque disse, colocando o bolo em cima da mesa que Maria Joaquina e Bibi tinham preparado.
-Eu só não entendi o porquê dela chegar sozinha – Jaime disse, enquanto amarrava uma ultima penca de balões.
-O negócio é esperar ela chegar – Davi disse, sentando ao lado dos amigos.
-Ela me mandou uma mensagem hoje de manhã – Carmem comentou. – Parece que eles terminaram.
-E ela não falou o motivo? – Jorge perguntou e a menina negou.
-O que faremos enquanto eles não chegam? – Valéria perguntou desanimada.
-Boa pergunta Val – Cirilo disse, abraçando a esposa de lado.
-E como anda nosso sobrinho? – Margarida perguntou para Laura que sorriu.
-Muito bem – Adriano respondeu. – A primeira ultra será na próxima semana.
-Ai que tudo – Maria Joaquina disse batendo palma animada.
-Gente, eu estou estranhando essa demora toda deles – Daniel disse olhando o relógio de pulso. – Já são nove e dez.
-Essas coisas sempre atrasam Dan – Bibi disse. – Daqui a pouco eles chegam.
-Sim, eu concordo – Ele disse, - mas o Paulo não disse nada sobre ela ter pelo menos chegado lá. Pelo que ele disse, ela saiu as oito em ponto da rodoviária.
-E o horário que eles deram, foi já contando com o transito – Carmem continuou. – É de fato estranho.
-Não vamos pensar negativo, galera – Jaime disse levantando. – Vou colocar uma música – Disse e foi até o som, colocando uma música aleatória para distrair.
~*~
-Paulo – Alícia chamou. – O ônibus ta demorando demais.
-Eu sei – Ele disse nervoso, - mas não entendo o porquê disso.
-Gente, eles não tem noticia do ônibus em que a Marce ta – Mário disse chegando perto dos amigos. Tinha ido buscar informações, devido ao atraso.
-Como assim? – Paulo perguntou.
-A rodoviária não está conseguindo manter contato com o motorista. Segundo eles, só teve uma parada e foi há um bom tempo. Já faz quase duas horas que eles perderam o contato.
-Fica calmo Mário – Alicia pediu. – Vamos esperar, eles vão nos dizer algo.
-Eu não consigo ficar calmo – Ele disse já com lágrimas nos olhos. Alicia o abraçou forte e sentou com ele em um dos bancos ali. Paulo foi até o bebedouro, pegando um copo de água para o melhor amigo.
O celular de Paulo tocou e ele logo atendeu, sem ver quem era.
-Sou eu cara – Daniel disse assim que o amigo atendeu. – Estamos estranhando a demora. Aconteceu algo?
-O Mário foi perguntar e parece que eles perderam contato com o ônibus que a Marce ta.
-Isso não é bom – Daniel sussurrou, mas Paulo conseguiu ouvir. – Como a Alicia e o Mário estão?
-Mário ta nervoso, né cara, já chorou e tudo e a Alicia tentando dar apoio para ele.
-E você, como está?- A pergunta o desarmou. Estava se mantendo calmo, para tentar ajudar à namorada e o melhor amigo, mas estava sendo difícil. Era sua irmã caçula afinal, seu maior amor.
-Eu não sei – Respondeu sincero. – Eu estou preocupado, com medo. E se algo acontecer com ela?
-Só te peço que tenha calma, logo logo ela chega – Daniel disse tentando o animar. – Não se esquece de nos avisar, a casa está linda.
-Obrigado cara – Agradeceu e eles desligaram em seguida.
Já passava das dez e nada de Marcelina chegar. Alicia teve uma crise de choro forte pela falta de informação e Mário já tinha ido diversas vezes ao balcão de informações, recebendo sempre a mesma resposta. Paulo era o que se mantinha mais calmo, tentando ajudar os dois, que não paravam quieto um segundo sequer.
Já eram quase onze horas quando o celular de Paulo tocou, era um número desconhecido e ele atendeu rápido, se distanciando de Mário e Alicia.
-Oi, com quem eu falo? – Perguntou o homem que o ligara.
-Paulo Guerra – Respondeu. – O que houve?
-Você é parente da Marcelina Guerra? – Perguntou e ele confirmou. – Sinto informar, mas ônibus em que ela estava capotou perto da rodoviária Novo Rio.
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