História Para Sempre - Capítulo Vinte e Dois

Era domingo e Alicia, Paulo, Mário e Roberto estavam na sala de espera. O horário de visita começaria em alguns minutos e eles já tinham se programado pra saber quem ia primeiro e tudo o mais.

Mário conversava com Roberto enquanto Alicia e Paulo trocavam carícias. Eles estavam tão entretidos que não perceberam o homem que entrou igual um furacão na sala.

-Onde ela está? – Ele perguntou alto, chamando a atenção de todos. Instintivamente, Mário e Paulo levantaram prontos para partir para cima dele, mas Roberto segurou Mário enquanto Alicia se agarrava no peralta para não deixá-lo se aproximar.

-O que você está fazendo aqui? – Paulo rosnou para ele que revirou os olhos.

-Eu vim ver minha namorada. Porque ninguém me avisou? Só soube hoje quando cheguei, porque a minha mãe me disse – Ele falou irritado.

-Que direito você acha que tem? – Alicia perguntou se irritando com a petulância dele. – Ela voltou por sua causa seu idiota.

-Ela voltou porque quis – Ele disse. – Na verdade, ela voltou porque esse babaca aí a influenciou – Apontou para Mário, que tentou se desvencilhar de Roberto, que estava quase não aguentando mais segurá-lo.

-E você acha mesmo que não dava para notar que ela chorava quando ligava para gente? Não se faça de sonso, porque isso nós sabemos que você não é – Mário rosnou.

Devido à altura em que eles falavam, alguns médicos e enfermeiros foram até a sala de espera.

-Vocês não podem gritar aqui – Uma moça loira falou. – Se continuar com a gritaria, vou mandar os seguranças retirá-los.

-Desculpa, não irá se repetir – Roberto pediu. Ela assentiu e se retirou.

Ao constatar que Paulo já estava mais calmo, Alicia o soltou e caminhou calmamente até Pedro, que ajeitou a postura.

-Se eu fosse você – Ela começou calmamente, com o olhar ameaçador, - eu ia para casa agora e nunca mais atazanava a vida da Marcelina. Porque se você não tem amigos para te ajudar, ela tem e muitos. Então da a meia volta e some, antes que eu avance em você e quebre esses seus dentes.

Ele arregalou os olhos e deu uns passos para trás, virando e indo embora em seguida.

-É isso aí amor – Paulo disse a abraçando por trás.

-Eu espero que ela não saiba que esse otário veio até aqui – Ela disse e todos assentiram.

~*~

-Mana? – Paulo chamou entrando no quarto em que ela estava.

-Oi Paulo – A menina saudou sorrindo. – Como você está?

-Bem – Ele disse simples. – Mas eu quero saber de você: como você está? Em relação ao que aconteceu e...

-Eu estou triste. Muito triste – Ela confessou, - mas a vida é assim né? Pelo menos não terei nada que me ligue ao Pedro para sempre.

-Eu sei que isso não seria problema para você – Paulo segurou a mão da menina, que deixou uma lágrima escapar. – Você queria muito essa criança, não é? Sempre foi teu sonho, afinal.

-Sim. Você melhor do que ninguém sabe, não é? – Ela soltou uma risada fraca. – Promete que vai estar sempre do meu lado? – Pediu.

-É óbvio Marce. Eu nunca te deixaria.

-Eu tenho medo do Pedro vir atrás de mim, sabe? Principalmente depois do que aconteceu e...

-Como assim? – Paulo a cortou. – O que aconteceu?

-Nada Paulo – Ela desconversou, mas ele a encarou de forma desconfiada e ela suspirou. – Eu te conto, mas não diga nada a ninguém e não faça nada com ele, ok?

-Não posso prometer nada.

-Paulo!

-Ta bom – Ele concordou, - mas anda logo.

-Tudo bem – Ela disse e suspirou novamente. – Você sabe a sina que o Pedro tinha com o Mário né? – Ele assentiu. – Então. Ele me ouviu conversando com ele pelo telefone e veio tirar satisfação. Nós discutimos e ele – Ela deu uma pausa. – Ele me bateu.

-O que? – Paulo guinchou. –Eu acabar com a raça desse cara.

-Não vai nada, você me prometeu – Marcelina disse desesperada. – Você prometeu Paulo!

-Tudo bem, tudo bem – Ele disse tentando acalmá-la. – Eu não farei nada por enquanto. Fica tranquila. -Disse e a abraçou, apertando ela em seus braços, desejando poder protegê-la para sempre.

~*~

-Amor? – Jaqueline chamou o namorado, que estava quase dormindo enquanto eles assistiam a um filme na casa dele. Ele resmungou algo, fazendo-a revirar os olhos. – Jaime!

-Oi? O que? – Ele disse levantando assustado. – Credo Jaqueline, para quê gritar?

-Tu tava aí dormindo – Ela reclamou.

-Porque você me acordou, afinal? – Ele perguntou, deitando novamente ao lado da namorada e a puxando para seu peito.

-Eu quero falar uma coisa com você – Ela disse e ele resmungou para ela continuar. – Nós já estamos namorando há alguns anos né?

-Sim – Ele disse desligado e um tanto confuso. - Por quê?

-Você não acha que já está na hora de darmos um passo adiante? – Ela perguntou e ele arregalou os olhos, a encarando.

-O que você quer dizer com isso? – Perguntou. –Não ta falando de casamento né? – A reação de Jaime fez a menina se chatear.

-E porque não Jaime? – Questionou com os olhos já marejados.

-Não pense que eu não quero viver o resto dos meus dias com você, mas ainda somos muito jovens – Ele justificou.

-Jovens? – Perguntou indignada. – Nós já temos vinte anos, Jaime. A Majo e o Cirilo já estão casados, a Laura e o Adri vão casar esse ano, porque nós não podemos?

-Eu não disse que não podemos Jaque. Apenas é muito cedo – Ele disse levantando. – A Majo e o Cirilo assim como a Laura e o Adri se conhecem tem mais de dez anos. Não tente comparar, por favor.

-Isso quer dizer que eles se amam mais do que nós? – Ela perguntou ainda mais chateada. A essa altura ela já chorava, enquanto pegava o casaco para ir embora. – Eu te amo e tenho certeza de que quero ficar com você, mas não acho que você pense o mesmo – Ditou e saiu do quarto dele batendo a porta.

-Droga – Jaime gritou socando a parede, se jogando na cama em seguida.

~*~

Era segunda-feira e Daniel esperava pacientemente por Maria Joaquina, que estava alguns minutos atrasada. Ele pediu a manhã de folga para o pai, que aceitou sem questionar o motivo, afinal, ele já tinha vinte anos e sabia se virar.

Como a turma estava passando por momentos complicados, ele decidiu que esperaria um pouco mais para conversar com Maria sobre o que ela havia feito no passado. Ele não estava ali para julgar a menina ou culpá-la por alguma coisa, apenas queria conversar e colocar enfim, um ponto final nessa história.

-Desculpa Dan – Ela pediu assim que o avistou sentado na praça de alimentação do Shopping. – O trânsito não me ajudou muito.

-Tudo bem Majo – Ele falou sorrindo para ela, que retribuiu.

Daniel esperou que ela pedisse um cappuccino e muffins para poder dar inicio a conversa.

-Então – Ela falou, bebericando o cappuccino. – O que você queria conversar comigo? Ou é apenas um passeio de amigos?

-Temos que conversar – Ele falou um pouco mais sério, fazendo ela o encarar de sobrancelhas arqueadas. – Antes de começar a namorar com a Carmem, nós tivemos uma conversa séria e bem esclarecedora – Começou cauteloso. – Eu a questionei sobre o porquê de ela se afastar de mim quando me declarei, e o que ela me contou é o motivo de estarmos aqui hoje – Falou vendo os olhos de Maria Joaquina enxerem-se de lágrimas.

-Desculpa Dan – Pediu já deixando algumas lágrimas escorrerem. – Eu era uma adolescente inconsequente, que se achava melhor do que todo mundo. Nunca medi esforços para ter o que queria e não ligava para quem eu estava magoando. Eu me arrependo muito de tudo o que fiz. Eu pedi desculpas para Carmem, mas sei que desculpas não apagam o que já foi feito. Eu me sinto péssima pelo que fiz e nunca me perdoei por isso.

-Majo escuta – Ele pediu e ela assim fez, o encarando. – A Carmem te adora. Ela não guarda rancor e eu também não, afinal, estamos juntos não estamos? – Sorriu para ela, que retribuiu com um meio sorriso. – Nós amamos você demais e o que aconteceu já está no passado. Essa conversa não é para te culpar, julgar ou te magoar. Eu estou aqui para dizer que você é incrível e te impedir de se sentir mal pelo que aconteceu. Eu sei que podia ter deixado no passado, mas não me sentiria em paz sem te dizer tudo isso, entende? Eu precisava fazer com que você também se sentisse em paz, porque eu vejo nos seus olhos a culpa, toda vez que olha para mim e para Carmem.

-Obrigada Dan – Ela pediu levantando e o abraçado apertado. – Eu não suportaria viver sem ter a amizade de vocês dois.

-Você sempre terá nossa amizade – Ele prometeu. – E já vou avisar aqui que quando eu e ela nos casarmos, você será minha madrinha junto com o Cirilo – Ele disse e ela sorriu animada, o abraçando novamente.