História Para Sempre - Capítulo Três

A cozinha estava pegando fogo enquanto as meninas preparavam o que seria servido naquela noite. Valéria, Alicia, Carmem e Marcelina corriam para lá e para cá com pratos e travessas. Tinham feito um empadão de carne, uma lasanha de frango, canudinhos com maionese e salgadinhos. Além do pudim, brigadeiros e cupcakes.

Marcelina enfim chegou aos vinte e decidiu comemorar com os amigos em uma festinha simples em sua casa. As meninas logo se dividiram para ajudar separando as tarefas e enquanto umas cozinhavam, o resto cuidava da música e da decoração. Os garotos ficaram responsáveis pelas bebidas e a carne que iriam assar como petisco. A única que não estava na casa, era Jaqueline. Esta ficou com a tarefa de fazer e confeitar o bolo já que era uma cozinheira de mão cheia.

Maria Joaquina já tinha dado uns quatro “piti” diferentes, ora por conta do som que esqueceram na casa do Paulo, ora por conta da decoração que estava atrasada, ora por conta da demora de Jaque. Os meninos estavam a ponto de lhe mandar embora e voltar só quando fosse de fato começar a comemoração, mas Cirilo obviamente não concordou, colocando a culpa na tal dita TPM.

Quando todos os preparativos já estavam finalizados, todos foram para casa se arrumar. O combinado foi de todo mundo estar as oito na casa da baixinha.

Dito e feito! Oito horas a campainha tocou e Marcelina correu até a porta, sorrindo grande ao ver Mário segurando a torta já com as velas acesas e todos os amigos atrás dele. O famoso “parabéns pra você...” começou e um por um foi entrando na casa da menina. Ela toda empolgada, foi abraçando a todos novamente, os recebendo enquanto Mário deixava o bolo na mesa. Ao fim da música, ela fez um pedido e assoprou as velinhas. Mais palmas foram ouvidas e a menina sorriu emocionada.

-Gente, eu queria agradecer de todo o coração por vocês estarem aqui hoje e não somente hoje, como todos os dias em que precisei. Vocês sempre estiveram aqui por mim, independente do motivo e isso é algo que levarei para sempre comigo. Se não fossem vocês, eu com certeza não estaria nem perto de onde estou – Dizia enquanto limpava as lágrimas com as mãos, vendo que não era a única que chorava. – Eu agradeço a Deus todos os dias por Ele ter me dado os melhores amigos que alguém poderia ter, além da melhor família do mundo!  Muito obrigada por tudo, meu amores – Ditou por fim, sendo abraçada por Paulo, em seguida todos se juntaram em um abraço em grupo.

~*~

A música tocava em um volume alto na parte exterior da casa. Na churrasqueira, a carne assava enquanto era vigiada por Jaime que beliscava um pedaço aqui e ali. As meninas arrumavam a mesa do Buffet, colocando as comidas salgadas, pratos, copos, talheres e guardanapos.

Quando a mesa já estava finalizada e a carne completamente assada, todos se sentaram para comer. Elogios não faltaram em cima das comidas e faltou espaço para o ego das meninas que cozinharam. Combinaram de deixar o bolo e os docinhos como sobremesa e foram para a pista de dança improvisada.

Todos dançavam animadamente, enquanto conversavam e riam. A festa estava uma delícia e Marcelina se sentia realizada. Estava dançando, rindo e brincando com as pessoas que mais amava no mundo, comemorando uma data importante de sua vida.

Em determinado momento da comemoração, Paulo chegou até a irmã com um embrulho em mãos. A menina revirou os olhos, abraçando o irmão em seguida. Abriu o embrulho e dentro tinha caixinha vermelha e ao abri-la, sentiu os olhos marejarem. Um anel dourado com uma pérola branca com detalhes ao redor estava depositado ali. Paulo sorriu ao ver a reação da irmã, tirou-lhe a caixinha da mão, pegando o anel e colocando no dedo da menina, que sem demoras agarrou seu pescoço enquanto soltava inúmeros “obrigada, eu te amo”. Nesse momento todos pararam para assistir a cena, as meninas já emocionadas assim como a caçula dos Guerra.

Sem que a baixinha se quer percebesse, uma fila já se formava atrás de Paulo que foi empurrado por Maria Joaquina. A patricinha agarrou a amiga em um forte abraço dizendo o quão ela era especial, lhe entregando um embrulho logo em seguida. Como o presente era dela e do Cirilo, o menino também deu um abraço na menina. Marcelina ainda rindo, abriu o pacote tirando de lá um relógio dourado com strass, que de longe se percebia o quão caro era. Logo em seguida, veio Valéria, que deu seu presente junto com Davi. O casal abraçou a menina e ela logo abriu o pacote tirando uma blusa rosa com a estampa de um coração preto e um brinco dourado.

 Os presentes foram chegando e a menina foi ficando cada vez mais encantada com o carinho que recebia. Alicia como a doida que era, deu para a amiga um presente meio hot. Marcelina corou da cabeça aos pés quando tirou de dentro do embrulho, uma caixa dos cinco sentidos e um livro do kama sutra. Para piorar a situação, disse em alto e bom som que era para ela usar com um certo amante de animais, deixando Mário roxo de vergonha. Como o esperado, a turma inteira riu o que deixou os dois ainda mais constrangidos.

O único que ainda não lhe tinha dado nada era justamente Mário. Ele ficou fora da fila de presentes, apenas observando as reações da menina.

Mais tarde o bolo foi colocado à mesa junto com os outros doces. Todos se sentaram, se deliciando com as gostosuras feitas pelas garotas.

~*~

Aos poucos o pessoal foi indo para casa. Em determinado momento só restaram Marcelina, Alicia, Paulo e Mário em casa. Os quatro arrumavam a bagunça na parte de fora, deixando a área interna para arrumar no dia seguinte.

Ao término do trabalho, todos se jogaram no sofá, caindo de qualquer jeito. Alicia deu um pulo do sofá e foi até sua bolsa, voltando com um embrulho em mãos.

-Ué, mas você já não deu o presente dela, Ali? –Perguntou Mário, entranhando o embrulho na mão da garota.

-Na verdade não. Aquilo era apenas para zoar a Marce e ver a reação dela, esse jogo e o livro são meus – Sorriu amarelo enquanto esticava o pacote para a garota. Paulo olhou chocado para a garota que ria da reação dos amigos. – Ah gente faz parte, ué. Vida que segue - Sentenciou enquanto ainda ria.

Marcelina abriu o pacote tirando de dentro dele um porta-retrato com uma foto das duas quando eram mais novas. A baixinha se jogou em cima da amiga lhe dando um abraço apertado.

-É lindo Ali, eu adorei – Falou enquanto o colocava em cima da mesinha de centro.

-Eu pensei em comprar um bocado de coisas para você, mas poxa, é você, né? A menina meiga, fofa, a melhor amiga que eu tenho e sei que você não liga para presente e sim para o valor que ele tem. Então decidi dar algo que te faça lembrar a nossa amizade e como você é especial para mim.

-Hoje vocês tiraram o dia para me fazer chorar – A menina sentenciou enquanto limpava uma lágrima com a mão. Os amigos riram da situação da menina, que tinha os olhos vermelhos.

-Ta tudo muito lindo, tudo muito bom, mas agora o Paulo vai me levar em casa, né moço? –Alicia perguntou enquanto levantava.

-Verdade, já está ficando tarde. Tchau pirralha, tchau bro - Dizia dando um beijo na irmã e fazendo um toque com Mário.

Os amigos saíram deixando apenas Marcelina e Mário em casa. O garoto viu essa como sendo a melhor oportunidade de entregar o seu presente. Tirou do bolso da calça um pacotinho azul com um laço branco, estendendo para a menina que lhe sorriu. Ela tirou de dentro do embrulho um colar dourado com um pingente de âncora.

-Eu fiquei um bom tempo pensando no que dar para você de aniversario – começou o garoto. – Mas não achava nada que me agradasse. Vi em uma loja esse colar e achei muito bonito. Fui pesquisar o significado da âncora e vi que tem tudo a ver com a gente e com o que eu sinto por você – Respirou fundo continuando em seguida. - Para os marinheiros, a âncora é o último refúgio, ou seja, a esperança na tempestade. Ela é um instrumento que devolve a esperança nos momentos turbulentos e é considerada um símbolo de firmeza, força, tranquilidade, esperança e fidelidade. E Marce, você é como uma âncora na minha vida é meu refúgio, é quem me acalma, é minha força, minha esperança. Você é muito mais do que uma amiga, é alguém que vai além de qualquer título e eu te amo muito, de verdade. Eu me sinto bem ao seu lado, me sinto completo. Obrigado por estar sempre comigo, sendo essa garota maravilhosa – Disse enquanto sentia os olhos se encherem de lágrimas. Marcelina já tinha desistido de controlar a tempos, se debulhando em choro. O garoto limpou as lágrimas da menina com os dedos a puxando para um abraço apertado.

-Eu não sei nem o que falar ou como agradecer. Você a todo o momento esteve comigo me dando forças e me ajudando. Eu não sei nem o que eu seria ou como estaria se não tivesse você em minha vida. Muito obrigada por existir, Mário e por ser essa pessoa que eu tanto amo e admiro – Disse se apertando mais ainda no abraço.

-Parabéns, pequena - Finalizou com um beijo na bochecha dela que sorria entre as lágrimas.