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História Para sempre Halleb - Capitulo único


Escrita por: weisley

Notas do Autor


espero que gostem!!!

Capítulo 1 - Capitulo único


Festas, joias, jogos, luxo e mulheres, vida que qualquer jovem almeja para si, bom, pelo menos aqueles que aspiram os prazeres efêmeros da vida, e que possuem uma fortuna enorme para satisfazer tais desejos.

Calleb ficara órfão cedo, seu pai era um empresário muito reconhecido no mundo dos negócios e dono dos maiores edifícios empresariais e hoteleiros do Rio de Janeiro, patrimônio esse conseguido em volta de trinta e cinco anos de muito esforço e privações. Quando seu pai morrera Calleb até então com 16 anos não poderia administrar os bens herdados de seu progenitor, então ficara sobre a tutela de Sr. Campos, um velho amigo de seu pai, que zelou a sua educação e a sua fortuna, com toda honra e inteligência. Quando o jovem completou a maior idade tomou conta de seu avultado patrimônio, e começou a viver a mercê de suas próprias ordens.

Durante três anos, o moço entregou-se a esse delírio do gozo que se apodera das almas ainda jovens; saciou-se de todos os prazeres, satisfez todas as vaidades. Certo dia Calleb percebeu que aquela vida desregrada não o satisfazia mais por completo, reviver aqueles três anos em sua mente o fez perceber o quão repugnante havia sido seu comportamento nos últimos anos.

Era o seu primeiro dia de aula, Calleb estava no último semestre da faculdade, o garoto chamava atenção por todos os corredores onde passava, inicialmente por três motivos; ele era um rapaz muito belo, carregava um título de ‘’popular’’, e era muito rico, pessoas se aproximavam a todo momento para usufruir de privilégios pertencentes a ele, mas algo naquele verão iria de mudar. Eram três horas da tarde, o rapaz estava parado, imóvel, em frente ao flanelógrafo quando ouve uma voz:

-- Com licença

O rapaz vira-se rapidamente em busca da suave voz, e se depara com uma garota, cuja face ainda desconhecida, irradiava um brilho límpido, como nunca vira antes, os longos cílios que vendavam seus olhos negros e brilhantes realçavam nitidamente as ondas que seus cabelos ondulados faziam sobre sua pele suave e delicada.

 Os olhares dos jovens se cruzam e se fixam por cerca de dez segundos, nenhuma palavra é dita, até que Calleb arrisca-se e diz:

-- Desculpe-me, posso ajuda-la? Creio que a senhorita está meio estonteada.

-- Olá, estou meio perdida – responde a garota – É o meu primeiro dia aqui.

-- Eu sou o Calleb, qual o seu nome?

-- Hanna -– responde a garota entusiasmada -– é um prazer conhece-lo.

Hanna era uma garota simpática de Classe Média, fazia pouco tempo que havia se mudado para o Rio de Janeiro com a sua mãe, D. Marta, para estudar Direito, a garota sempre fora conhecida por seu alto desempenho acadêmico, sua pura castidade e o seu amor incomum por séries de livros.

-– O Prazer é todo meu.

Dois meses se passaram desde o primeiro encontro entre os jovens, que instigados pelos desejos do coração, começaram a aproximar-se cada vez mais, primeiramente com uma troca de olhares, mais tarde um sorriso, posteriormente pequenas conversas seguidas de encontros, abraços inesperados, e por fim um beijo.

Calleb fazia de Hanna a sua base, o seu ponto seguro, parecia que nada, nada no mundo poderia abalar as suas estruturas, pois ele tinha o maior e mais firme dos alicerces; o amor. E foi assim por mais ou menos um ano e meio, período esse em que os jovens cultivaram o amor, fizeram votos, entregaram-se por completo, dentro dos limites, é claro.

Era tarde, o casal costumava se encontrar na casa de Hanna, mais especificamente no jardim, aquele lugar era o seu refúgio, aquela tarde, porém carregava uma tensão, a garota estava aflita, semanas antes conversara com um grupo de amigas, que quase todas noivas, a fizeram acreditar que talvez o amor de Calleb não fosse tão grande como imaginava.

Calleb chega sorridente, como sempre, a garota recebe o namorado com um beijo terno e doce, os dois jovens sentam-se juntos em uma espécie de balanço, o moço comtempla o rosto da namorada, como se quisesse guardar aquela imagem para si, para todo o sempre, não demora muito para reparar a aflição no olhar da jovem e se dispõe a perguntar;

-- O que te deixa tão aflita?

-- Você me ama? -- Dispara a garota.

-- Com todo o meu coração.

-- Você planeja um futuro para nós?

-- Todos os dias, mas por que a pergunta? Não está segura quanto ao nosso amor?  -- Pergunta o rapaz com uma expressão triste.

– Não, não é isso – Com a voz tremula a garota continua – Você lembra de quando planejamos nosso futuro, nossos filhos, nossa casa?

-- É claro que lembro, e quero que saiba que nunca tive tanta certeza na minha vida, você me mostrou o que é ser feliz, você fez de mim um alguém melhor, eu te amo Hanna Marin, só existe você na minha vida.

Aquelas palavras penetraram profundamente o coração de Hanna, e a tranquilizaram quase que por completo, ela tinha certeza de que Calleb era a pessoa certa, não havia mais ninguém no mundo capaz de fazê-la tão feliz, ele era o seu ponto seguro, sua outra metade, não havia felicidade longe dele. Hanna, porém, estava fatigada de tantas persuasões ao seu redor, e o medo e a insegurança de suas certezas serem incertezas a fazem pedir provas;

-- Se me amas tanto assim, prove.

O rapaz atônito de tanta cobrança, pondera um pouco, e não vê outra alternativa para provar o seu amor senão o casamento; ele estava pronto.

-- Te darei as provas de que precisa, hoje à noite.

A tarde passara como o vento, e logo a noite caiu, e lá estavam dispostos na mesa, D. Marta, Hanna e Calleb. O jantar aquela noite carregava um ar de ansiedade misto de preocupação. Durante a refeição o rapaz interrompe o jantar e diz:

-- Eu gostaria de pedir a atenção de vocês – os olhares se voltam para o jovem, que prossegue – Creio que isso não é surpresa para ambas, mas não encontro uma maneira mais fácil, Hanna você pediu que eu provasse o meu amor, e para mim a prova mais genuína é isto, tenho a total certeza de que você é a pessoa certa para mim – O rapaz ajoelha-se e pega do bolso uma caixinha, pequena ação que faz com que a moça vibre, como se estivesse gritando internamente – Hanna Marin você aceita se casar comigo?

A garota sorri, aquele momento parecia não ser real, quanto tempo esperara por isso, quantas noites em claro ficara imaginando este momento. Com as bochechas coradas, e os olhos cheios de lagrimas, a garota responde;

-- Sim, desde o primeiro momento em que o vi eu o amei, o meu maior desejo é dormir todas as noites em seus braços, e acordar todas as manhãs com os seus beijos, eu te amo Calleb Matos, sim, sim, sim eu aceito ser a sua esposa.

            O rapaz estava muito feliz, nada no mundo era tão forte e puro quanto o seu amor por aquela garota, Hanna realmente o fizera mudar. O amor purifica, o amor é capaz de vencer os instintos e vícios contra os quais a razão, a amizade e os conselhos são impotentes e fracos. Quem via aquele rapaz, jamais imaginara que ele já tinha experimentado de todas as voluptuosidades da vida. Hanna tinha sido a sua cura, ele mudara por ela, para ela, e nada o deixava mais contente do que ver aquele sorriso, aquele belo sorriso, estampado em seu rosto. Sua missão era apagar todo aquele passado, e fazer sua noiva, a mulher mais feliz do mundo, para todo o sempre.

            Passaram-se duas semanas desde que o casal ficara noivo, e por fim chegou a véspera do Casamento, seria uma celebração pequena, porém até mesmo os eventos mais singelos exigem um preparo, e por sorte, D. Marta encarregara-se da maior parte dos aprestos, mas exigira como condição que os dois continuassem morando com ela para alegrarem os seus dias.

            Era tarde, Calleb levanta-se para ir embora, Hanna levanta-se quase que simultaneamente para despedir-se do noivo, os dois amantes olham-se com um desses olhares, longos, fixos e ardentes, tinham tanta coisa para dizer, mas aquele olhar revelava tudo o que havia de ser dito. Depois de um comprido silêncio, Calleb sussurra;

-- Amanhã...

            A garota estava tão maravilhada, tão feliz, seus olhos luzentes pareciam cristais cintilantes, ela estava feliz demais para proferir qualquer coisa, apenas sorriu e beijou o futuro marido, que minutos depois partira.

            Quando Calleb chega em casa, agora em um pequeno apartamento, a empregada o adverte que uma visita, o espera em seu escritório, o rapaz se dirige ao escritório, curioso, a visita que o esperava era o seu antigo tutor, Sr. Campos

-- Olá, visita sua a essa hora? – Diz o rapaz entrando.

-- Incomodo? – Pergunta o moço.

-- De forma alguma – Responde Calleb, o rapaz admirava muito Sr. Campos, era como se ele fosse o seu segundo pai – O que te traz até aqui?

-- Recebi esta tarde o convite para o seu casamento, e estou muito feliz que finalmente você tomou jeito, mas o que me traz aqui não é o simples fato de uma visita casual, precisamos ter uma conversa séria.

            Um ar de preocupação toma conta do Jovem, que senta com o intuito de compreender o assunto que será abordado

-- Há seis anos que o seu pai faleceu, e a quatro que o senhor tendo completado a maior idade, tomou conta da fortuna que seu pai deixara, e extasiado com uma vida luxuosa e desregrada, o senhor desperdiçou todo patrimônio conquistado pelo seu pai com muita honra e esforço.

-- Para a minha vergonha isso é verdade, mas não me orgulho do que fiz, tanto que durante os últimos anos tentei reparar os meus erros, e esquecer esse passado que devastou a minha vida – Responde o rapaz cabisbaixo

-- Tento eu visto o senhor finalmente voltar a uma vida regrada, decidi cuidar de suas finanças novamente, me informei e estudei, e infelizmente, não tenho boas notícias – Com um olhar severo, o velho prossegue – sinto muito, mas o senhor está pobre!

            POBRE, para alguém cujas raízes, sempre fora humilde, a palavra pobre significa muita coisa, significa lutar, correr, batalhar todos os dias para conquistar uma vida digna e melhor, mas para alguém que sempre tivera tudo na mão, para alguém que sempre possuiu a chave para abrir todas as portas, ser pobre era uma condenação, era humilhante, era o fim. E para Calleb não era diferente, abdicar-se de uma vida luxuosa ao extremo, tudo bem, mas abdicar-se integralmente era um castigo. Como poderia viver sem ao menos um empregado para o auxiliar nas tarefas mais enfadonhas do cotidiano? Só restou aceitar aquela fatalidade, procedente de uma vida repugnante a qual fizera questão de deixar no passado. 

-- Sou jovem, tenho estudo, hei de trabalhar, lutar e conseguir alcançar patamares comparáveis ao de meu pai, investirei nesse pouco que me resta... – O Rapaz é interrompido.

-- Pouco que te resta? Não compreendeu o que eu disse? Você está pobre, não lhe resta nada, senão as dívidas que seu pai deixara, a miséria, a dor e o remorso em manchar o nome de seu pai.

            Aquelas últimas palavras foram uma facada em seu peito, dívidas? Haviam pendências? Mas, o pior mesmo era saber que seu pai, sua maior referência de dignidade e respeito, morrera honrado, mas suas ações, suas más ações, mancharam o seu nome. Seu pai não merecia isso, e ele estava disposto a fazer o que fosse preciso para defender a honra do pai.

 O velho se retira.

A duas horas atrás, o mundo lhe sorria, parecia que nada fosse capaz de destruir a sua felicidade, aquela pura felicidade procedente de um amor prometido, um amor casto, um amor puro, mas aquela noticia, aquela fatalidade, o destruíra. Seu mundo havia virado de cabeça para baixo. A dor, a angustia, e o remorso tomaram conta de seu peito, mas nada o atormentava mais do que um nome: Hanna, pobre, doce e pura Hanna, ele não podia engana-la, não podia destina-la a uma vida privada, uma vida desgraçada, uma vida miserável, ele a amava demais para isso, mas não podia desfazer o casamento, não a esta altura do campeonato, seria uma facada no peito da moça, seria a destruição de um sonho genuíno.

Eram seis e meia, Calleb passara a noite em claro, seus pensamentos não permitiram que dormisse, se cassasse com Hanna a condenaria a uma vida miserável, se desfizesse o noivado, porém, destruiria o seu maior sonho, e faria a moça ser vista por maus olhos perante a sociedade, que a veriam como um símbolo de impureza, e ele a amava demais para isso. O rapaz não sabia o que fazer, foi aí então que encontrou uma solução, uma alternativa para amenizar todos os problemas que estavam por vir.

A noite logo chegou, a cerimônia aconteceria no Jardim, aquele belo e pequeno espaço, o pequeno refúgio do casal apaixonado. Incrível o que D. Marta conseguira fazer naqueles pequenos metros, a decoração do local estava esplêndida. Havia poucos convidados, Calleb conversava com alguns amigos, ao passo que D. Marta recebia as novas pessoas, Sr. Campos observava o jovem o tempo todo, como se captasse alguma mensagem oculta em seu olhar.

A cerimônia dá-se início, D. Marta entra no local com Hanna – a garota estava com um vestido de seda branco, e um véu de renda envolto ao seu coque, seu sorriso irradiava um brilho exorbitante – Calleb adianta-se pálido, mas calmo, a senhora entrega a mão de sua filha para o noivo, que a recebe com um beijo doce, o casal ajoelha-se aos pés do sacerdote, que inicia a cerimônia, o casal faz os juramentos, e no momento em que o Padre faz a pergunta solene, O Jovem estremece um pouco e responde;

-- Sim, eu aceito.

            Hanna por sua vez, abaixa os olhos corando e responde;

-- Sim, eu aceito, com todo o meu coração.

            Os noivos se beijam, selando assim o matrimônio.

A festa continuava, Hanna sorria como nunca, ao contrário de Calleb, que de vez em quando soltava uma risada meio forçada. Depois de muita dança, música e conversas, a festa chegara ao fim. 

Os recém-casados estavam no quarto, aquela bela suíte fora preparada para a noite de núpcias do casal, que celebraria a sua união, com um momento íntimo, onde se entregariam por completo um ao outro.

            A bela jovem estava vestida apenas com uma camisola de seda rosa envolto a um roupão, a indolente posição que tomara, fazia sobressair toda graça de seu corpo e desenhava suas belas curvas. O rapaz nunca vira sua noiva tão bela, tão cheia de encanto e sedução, uma culpa enorme subia o seu corpo; ele não poderia toca-la, não poderia penetrar aquele templo sagrado, prestes ao que ele iria fazer, ele se sentia impuro.

            A garota percebe a inquietação no olhar do rapaz e dispara;

-- Você não ama, notei que durante toda a festa você se mantivera sério, não sorria, achei que você me amava, me enganei, eu sou uma idiota.

-- É exatamente porque te amo muito que estou assim, me sinto indigno, lembra quando falei sobre o meu passado e você me perdoou de todas as minhas faltas? Preciso que me perdoe de algo ainda mais grave.

-- Essa falta faz com que deixe de me amar?

-- Muito pelo contrário, faz com que eu te ame ainda mais, se é que é possível.

-- Fala sério, isto não é uma falta – responde a garota aliviada e feliz – então está perdoado, sinta-se feliz.

            O rapaz pega duas taças de cristais, abre o champanhe, o casal brinda a união, beijam-se e logo a moça adormece.

            Passaram-se duas horas, o rapaz estava inquieto, quando o relógio marca quatro horas justas, o jovem ergue-se, tira do bolso uma carta volumosa, põe sobre o criado-mudo e foge pela janela.

A noite estava escura e solitária, Calleb não percebe, mas um vulto o seguia.

Antes de chegar ao seu destino, o rapaz ouve um barulho, mas a desordem de seus pensamentos não o deixa distinguir a origem do estrondo, chegando ao Arcos da Lapa, o rapaz desaparece.

            Minutos depois, ouve-se dois tiros e logo é encontrado um corpo de um homem, cujo rosto, estava desfigurado pelo estrondo da arma de fogo. Os policiais encontram no bolso do homem, uma carta, que suplicava que o enterrasse logo, a fim de poupar seus familiares e seus amigos do terrível espetáculo.

 As autoridades atendem o último pedido da vítima, e a vida segue, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.

            Cinco anos passaram-se desde a triste fatalidade que acontecera na Lapa, um jovem suicidou-se na noite de seu casamento, condenando uma bela mulher, a uma vida sem cor, e felicidade.

            O sol estava brilhando, como sempre, o centro da cidade carregava um ar de inquietação misto de barulho e correria. A livraria estava aberta, um carro preto chega e é estacionado na porta da loja, uma moça de semblante puro e sorriso límpido desce do carro – Hanna, ela trajava vestido preto de cetim, seu cabelo estava preso com uma fita da mesma cor -- a moça entra na livraria.

            Ao pé da esquina, um homem de mais ou menos 28 anos, se concentrava em frente a uma banca de jornais, ele vestia um terno cinza, carregava uma maleta e tinha uma expressão imponente e rígida, ele era um empresário, acabara de sair do edifício ao lado e fora hipnotizado pelo semblante daquela moça, que descera do carro minutos antes de entrar na livraria.

            O jornaleiro que por sua vez, admirou-se também com a beleza da jovem, comenta com o homem;

-- Que moça mais linda, julgo que um dia hei de encontrar uma moça tão linda assim, que me ame.

-- Realmente é uma moça muito bonita, quem é ela? – Pergunta o rapaz

-- Eu não conheço seu Mauro, mas sempre a vejo por aqui, ela sempre frequenta essa livraria, soube que ficou viúva cedo, pobre mocinha, tão jovem, mas condenada a uma vida solitária.

            O moço concorda com o jornaleiro.

Minutos depois a jovem que acabara de entrar na livraria, sai com alguns livros e não percebe, mas antes de entrar no carro, por um mero descuido, deixa cair a carteira, Mauro que observava com afeição o semblante daquela moça, grita:

-- Ei

            Aquela voz penetra profundamente o coração de Hanna, e acende uma esperança dentro da jovem – era a voz ele – de repente a angustia e a dor tomam conta de seu corpo, o passado atormentava sua vida constantemente, e por mais doloroso que fosse, ela precisava aceitar, seu marido estava morto.

            Hanna entra no carro e vai embora.

Mauro decide entrar na livraria para entregar a carteira a vendedora, mas antes de dar os primeiros passos o rapaz é abordado por um velho;

-- Com licença – Diz o velho

-- Você? – Responde o rapaz assustado – Como sabia que eu estava aqui? Estou meio surpreso.

-- Nunca subestime a capacidade de um velho que fora capaz de inibir um...

-- Pare – O moço interrompe o velho – Serei eternamente grato por sua descrição, mas por favor, ainda não é o momento, não terminei a minha missão.

-- Exatamente por isso que estou à sua procura, entre no carro, temos muito o que conversar – O rapaz não entende muito bem, mas não questiona – Vejo que o senhor está cumprindo o que disse, e nada me deixa mais feliz.

            Aquele empresário que se passava por Mauro na verdade era Calleb, na noite mais tenebrosa de sua vida, onde suas fraquezas foram mais fortes que a sua vontade de lutar, planejara o suicídio, e para isso drogara a sua esposa em plena noite de núpcias fazendo-a adormecer. Quando estava a caminho de pôr um fim na sua vida, um vulto o seguia, chegando ao local do crime, presenciara um desconhecido que transtornado por algum motivo planejara o mesmo fim. Quando Calleb estava pronto para pôr um fim em sua vida, o vulto que o seguia se revelara, era o Sr. Campos, que desde a festa de casamento observava o rapaz, como se capitasse os desejos de uma alma desesperada, o velho impediu o moço de cometer tal crime e o aconselhou a forjar a própria morte, e fugir na mesma madrugada para os Estados Unidos.

 Durante todo tempo que ficara fora, Calleb trabalhou duro, para conseguir pagar as dívidas do pai e honrar o seu nome, depois de quitar mais da metade das dívidas, decidiu voltar para e terminar sua Missão no Brasil.

            Calleb conversa com Sr. Campos, o moço explica que as últimas ações pendentes de seu pai estavam em seu nome, o moço maravilhado com a notícia e a lealdade de Sr. Campos para com o seu pai, paga as últimas dividas ao velho, que por sua vez entrega as ações para o mesmo.

-- Peço que ainda não revele o meu segredo – Diz o rapaz – antes de voltar a vida eu preciso reconquistar o amor prometido por Deus

            O velho assenti ao pedido do jovem

            Desde que seu marido partira, Hanna realmente havia assumido a sua viuvez, a garota já não era mais mesma, a dor, e a saudade a fizeram mudar, a garota trocara romance por drama, branco por preto, e o doce pelo amargo.

            Duas semanas se passaram desde que ouvira a voz do falecido marido, Hanna estava em casa, saboreando as páginas de um livro – Como era de costume – De repente seu celular vibra, a garota recebe um e-mail:

‘’ nos teus olhos encontrei, a razão para não deixar mais de sonhar’’

            Aqueles e-mails se tornaram habituais, com o tempo aquilo começou a despertar algo dentro da jovem, que por sua vez se sentia indigna, ela não podia deixar que sentimentos florescessem em seu peito, ela deveria ser fiel ao marido, deveria ama-lo constantemente onde quer que fosse.

            Suas tentativas para renegar aquele amor, porém, foram falhas, por mais que ela quisesse, por mais que ela tentasse, ela amava aquilo.  

Em uma tarde de sol, Hanna estava no jardim, aquele mesmo lugar onde se sucederam os primeiros encontros, ali em seus pensamentos, revivia a sua história de amor, desde o primeiro olhar até o último beijo. Mais uma vez a garota recebe um e-mail, mas desta vez algo distinto acontecia;

’’Amanhã à meia noite no coreto do Baile de máscaras, é a humilde prece de um imenso amor’’

            Mais uma vez, um turbilhão de ideias, atordoaram sua mente, ela estava fatigada de lutar consigo mesma, quem quer que fosse esse mensageiro oculto ele conseguira mexer com seu coração, mas suas forças foram renovadas ao reviver aqueles anos em sua mente, ela estava decidida; ela iria a este encontro, mas seria para dar um fim nessa história. Ela deveria ser fiel ao seu marido, o seu coração pertencia a ele, apenas ele, e mais ninguém.  

            O Baile de máscaras era um evento beneficente promovido para ajudar crianças carentes, acontecia somente de cinco em cinco anos, Hanna sempre sonhara em ir a uma edição, mas infelizmente os imprevistos da vida não a possibilitaram essa dádiva.

            Eram onze e meia, pela primeira vez em cinco anos Hanna trajava um vestido branco, a moça usava uma máscara preta que cobria a parte superior direita do seu rosto. Ao badalar da meia noite a moça se dirige ao local destinado ao encontro, ao chegar no coreto, um moço, cuja fisionomia lhe era familiar estava parado, imóvel, no centro do local, o moço trajava um terno justo, azul marinho, e usava uma máscara da mesma cor, que cobria a parte superior do seu rosto. Ao se aproximar, o desconhecido toma as mãos de Hanna e as aperta; as suas estavam tão frias que a moça sente o sangue gelar ao seu contato.

-- Você me ama? – Pergunta o desconhecido, a moça estremece ao ouvir a voz, aquilo não parecia ser real -- Responda, o meu destino está em jogo.

-- Eu não posso ama-lo, eu não posso amar mais ninguém nesse mundo – Responde a moça

-- Se não pode me amar, por que me deu esperanças? Por que veio até aqui? Por favor diga a verdade – O moço insistia – Você me ama?

-- sim, quer dizer, não...eu acho, mas isso é impossível – A garota faz uma pausa e continua – Escute, o motivo de eu ter vindo aqui hoje, foi para pedir-lhe que me esqueça.

-- Não entendo o porquê disso, se me ama fique comigo, me dê a felicidade, eu posso ser o seu segredo.

-- Pare, por favor, essa relação não pode dar certo – Com a voz trêmula a garota continua – Eu devo...eu sinto que amo meu marido, nossos destinos foram traçados antes mesmo de nos conhecermos, Deus nos uniu, sinto que...

            Um beijo corta as palavras de Hanna; aquele beijo a fizera estremecer, o seu peito inflou; era ele, era o beijo dele.

            Minutos depois os jovens tiram as máscaras, e finalmente sentem a felicidade reinar em suas vidas novamente

            Na manhã seguinte, D. Marta e Sr. Campos estavam na sala de jantar, o velho estava pronto para revelar o grande segredo até então só conhecido por duas pessoas, D. Marta chama sua filha para o Café da manhã

-- Hanna o Café está na mesa

-- Estou indo mamãe, estou à espera de Calleb

            Minutos depois a porta abre-se e Hanna sai de braço dado com seu Marido.

            Os verdadeiros finais felizes, não se encontram somente nos contos de fadas, eles se encontram nas histórias em que os personagens aprendem a superar seus próprios erros, através da dor, da lealdade, da paciência e do amor; Calleb gozara de todos os prazeres que lhe foram entregues, hoje o moço goza do prazer mais divino; o amor, que supera todas as barreiras e sobrevive até mesmo a morte, quando se é verdadeiro como amor puro e magnífico de Haleb.

 

 

 

 

 

 

           

           

           

 

 

 

Festas, joias, jogos, luxo e mulheres, vida que qualquer jovem almeja para si, bom, pelo menos aqueles que aspiram os prazeres efêmeros da vida, e que possuem uma fortuna enorme para satisfazer tais desejos.

Calleb ficara órfão cedo, seu pai era um empresário muito reconhecido no mundo dos negócios e dono dos maiores edifícios empresariais e hoteleiros do Rio de Janeiro, patrimônio esse conseguido em volta de trinta e cinco anos de muito esforço e privações. Quando seu pai morrera Calleb até então com 16 anos não poderia administrar os bens herdados de seu progenitor, então ficara sobre a tutela de Sr. Campos, um velho amigo de seu pai, que zelou a sua educação e a sua fortuna, com toda honra e inteligência. Quando o jovem completou a maior idade tomou conta de seu avultado patrimônio, e começou a viver a mercê de suas próprias ordens.

Durante três anos, o moço entregou-se a esse delírio do gozo que se apodera das almas ainda jovens; saciou-se de todos os prazeres, satisfez todas as vaidades. Certo dia Calleb percebeu que aquela vida desregrada não o satisfazia mais por completo, reviver aqueles três anos em sua mente o fez perceber o quão repugnante havia sido seu comportamento nos últimos anos.

Era o seu primeiro dia de aula, Calleb estava no último semestre da faculdade, o garoto chamava atenção por todos os corredores onde passava, inicialmente por três motivos; ele era um rapaz muito belo, carregava um título de ‘’popular’’, e era muito rico, pessoas se aproximavam a todo momento para usufruir de privilégios pertencentes a ele, mas algo naquele verão iria de mudar. Eram três horas da tarde, o rapaz estava parado, imóvel, em frente ao flanelógrafo quando ouve uma voz:

-- Com licença

O rapaz vira-se rapidamente em busca da suave voz, e se depara com uma garota, cuja face ainda desconhecida, irradiava um brilho límpido, como nunca vira antes, os longos cílios que vendavam seus olhos negros e brilhantes realçavam nitidamente as ondas que seus cabelos ondulados faziam sobre sua pele suave e delicada.

 Os olhares dos jovens se cruzam e se fixam por cerca de dez segundos, nenhuma palavra é dita, até que Calleb arrisca-se e diz:

-- Desculpe-me, posso ajuda-la? Creio que a senhorita está meio estonteada.

-- Olá, estou meio perdida – responde a garota – É o meu primeiro dia aqui.

-- Eu sou o Calleb, qual o seu nome?

-- Hanna -– responde a garota entusiasmada -– é um prazer conhece-lo.

Hanna era uma garota simpática de Classe Média, fazia pouco tempo que havia se mudado para o Rio de Janeiro com a sua mãe, D. Marta, para estudar Direito, a garota sempre fora conhecida por seu alto desempenho acadêmico, sua pura castidade e o seu amor incomum por séries de livros.

-– O Prazer é todo meu.

Dois meses se passaram desde o primeiro encontro entre os jovens, que instigados pelos desejos do coração, começaram a aproximar-se cada vez mais, primeiramente com uma troca de olhares, mais tarde um sorriso, posteriormente pequenas conversas seguidas de encontros, abraços inesperados, e por fim um beijo.

Calleb fazia de Hanna a sua base, o seu ponto seguro, parecia que nada, nada no mundo poderia abalar as suas estruturas, pois ele tinha o maior e mais firme dos alicerces; o amor. E foi assim por mais ou menos um ano e meio, período esse em que os jovens cultivaram o amor, fizeram votos, entregaram-se por completo, dentro dos limites, é claro.

Era tarde, o casal costumava se encontrar na casa de Hanna, mais especificamente no jardim, aquele lugar era o seu refúgio, aquela tarde, porém carregava uma tensão, a garota estava aflita, semanas antes conversara com um grupo de amigas, que quase todas noivas, a fizeram acreditar que talvez o amor de Calleb não fosse tão grande como imaginava.

Calleb chega sorridente, como sempre, a garota recebe o namorado com um beijo terno e doce, os dois jovens sentam-se juntos em uma espécie de balanço, o moço comtempla o rosto da namorada, como se quisesse guardar aquela imagem para si, para todo o sempre, não demora muito para reparar a aflição no olhar da jovem e se dispõe a perguntar;

-- O que te deixa tão aflita?

-- Você me ama? -- Dispara a garota.

-- Com todo o meu coração.

-- Você planeja um futuro para nós?

-- Todos os dias, mas por que a pergunta? Não está segura quanto ao nosso amor?  -- Pergunta o rapaz com uma expressão triste.

– Não, não é isso – Com a voz tremula a garota continua – Você lembra de quando planejamos nosso futuro, nossos filhos, nossa casa?

-- É claro que lembro, e quero que saiba que nunca tive tanta certeza na minha vida, você me mostrou o que é ser feliz, você fez de mim um alguém melhor, eu te amo Hanna Marin, só existe você na minha vida.

Aquelas palavras penetraram profundamente o coração de Hanna, e a tranquilizaram quase que por completo, ela tinha certeza de que Calleb era a pessoa certa, não havia mais ninguém no mundo capaz de fazê-la tão feliz, ele era o seu ponto seguro, sua outra metade, não havia felicidade longe dele. Hanna, porém, estava fatigada de tantas persuasões ao seu redor, e o medo e a insegurança de suas certezas serem incertezas a fazem pedir provas;

-- Se me amas tanto assim, prove.

O rapaz atônito de tanta cobrança, pondera um pouco, e não vê outra alternativa para provar o seu amor senão o casamento; ele estava pronto.

-- Te darei as provas de que precisa, hoje à noite.

A tarde passara como o vento, e logo a noite caiu, e lá estavam dispostos na mesa, D. Marta, Hanna e Calleb. O jantar aquela noite carregava um ar de ansiedade misto de preocupação. Durante a refeição o rapaz interrompe o jantar e diz:

-- Eu gostaria de pedir a atenção de vocês – os olhares se voltam para o jovem, que prossegue – Creio que isso não é surpresa para ambas, mas não encontro uma maneira mais fácil, Hanna você pediu que eu provasse o meu amor, e para mim a prova mais genuína é isto, tenho a total certeza de que você é a pessoa certa para mim – O rapaz ajoelha-se e pega do bolso uma caixinha, pequena ação que faz com que a moça vibre, como se estivesse gritando internamente – Hanna Marin você aceita se casar comigo?

A garota sorri, aquele momento parecia não ser real, quanto tempo esperara por isso, quantas noites em claro ficara imaginando este momento. Com as bochechas coradas, e os olhos cheios de lagrimas, a garota responde;

-- Sim, desde o primeiro momento em que o vi eu o amei, o meu maior desejo é dormir todas as noites em seus braços, e acordar todas as manhãs com os seus beijos, eu te amo Calleb Matos, sim, sim, sim eu aceito ser a sua esposa.

            O rapaz estava muito feliz, nada no mundo era tão forte e puro quanto o seu amor por aquela garota, Hanna realmente o fizera mudar. O amor purifica, o amor é capaz de vencer os instintos e vícios contra os quais a razão, a amizade e os conselhos são impotentes e fracos. Quem via aquele rapaz, jamais imaginara que ele já tinha experimentado de todas as voluptuosidades da vida. Hanna tinha sido a sua cura, ele mudara por ela, para ela, e nada o deixava mais contente do que ver aquele sorriso, aquele belo sorriso, estampado em seu rosto. Sua missão era apagar todo aquele passado, e fazer sua noiva, a mulher mais feliz do mundo, para todo o sempre.

            Passaram-se duas semanas desde que o casal ficara noivo, e por fim chegou a véspera do Casamento, seria uma celebração pequena, porém até mesmo os eventos mais singelos exigem um preparo, e por sorte, D. Marta encarregara-se da maior parte dos aprestos, mas exigira como condição que os dois continuassem morando com ela para alegrarem os seus dias.

            Era tarde, Calleb levanta-se para ir embora, Hanna levanta-se quase que simultaneamente para despedir-se do noivo, os dois amantes olham-se com um desses olhares, longos, fixos e ardentes, tinham tanta coisa para dizer, mas aquele olhar revelava tudo o que havia de ser dito. Depois de um comprido silêncio, Calleb sussurra;

-- Amanhã...

            A garota estava tão maravilhada, tão feliz, seus olhos luzentes pareciam cristais cintilantes, ela estava feliz demais para proferir qualquer coisa, apenas sorriu e beijou o futuro marido, que minutos depois partira.

            Quando Calleb chega em casa, agora em um pequeno apartamento, a empregada o adverte que uma visita, o espera em seu escritório, o rapaz se dirige ao escritório, curioso, a visita que o esperava era o seu antigo tutor, Sr. Campos

-- Olá, visita sua a essa hora? – Diz o rapaz entrando.

-- Incomodo? – Pergunta o moço.

-- De forma alguma – Responde Calleb, o rapaz admirava muito Sr. Campos, era como se ele fosse o seu segundo pai – O que te traz até aqui?

-- Recebi esta tarde o convite para o seu casamento, e estou muito feliz que finalmente você tomou jeito, mas o que me traz aqui não é o simples fato de uma visita casual, precisamos ter uma conversa séria.

            Um ar de preocupação toma conta do Jovem, que senta com o intuito de compreender o assunto que será abordado

-- Há seis anos que o seu pai faleceu, e a quatro que o senhor tendo completado a maior idade, tomou conta da fortuna que seu pai deixara, e extasiado com uma vida luxuosa e desregrada, o senhor desperdiçou todo patrimônio conquistado pelo seu pai com muita honra e esforço.

-- Para a minha vergonha isso é verdade, mas não me orgulho do que fiz, tanto que durante os últimos anos tentei reparar os meus erros, e esquecer esse passado que devastou a minha vida – Responde o rapaz cabisbaixo

-- Tento eu visto o senhor finalmente voltar a uma vida regrada, decidi cuidar de suas finanças novamente, me informei e estudei, e infelizmente, não tenho boas notícias – Com um olhar severo, o velho prossegue – sinto muito, mas o senhor está pobre!

            POBRE, para alguém cujas raízes, sempre fora humilde, a palavra pobre significa muita coisa, significa lutar, correr, batalhar todos os dias para conquistar uma vida digna e melhor, mas para alguém que sempre tivera tudo na mão, para alguém que sempre possuiu a chave para abrir todas as portas, ser pobre era uma condenação, era humilhante, era o fim. E para Calleb não era diferente, abdicar-se de uma vida luxuosa ao extremo, tudo bem, mas abdicar-se integralmente era um castigo. Como poderia viver sem ao menos um empregado para o auxiliar nas tarefas mais enfadonhas do cotidiano? Só restou aceitar aquela fatalidade, procedente de uma vida repugnante a qual fizera questão de deixar no passado. 

-- Sou jovem, tenho estudo, hei de trabalhar, lutar e conseguir alcançar patamares comparáveis ao de meu pai, investirei nesse pouco que me resta... – O Rapaz é interrompido.

-- Pouco que te resta? Não compreendeu o que eu disse? Você está pobre, não lhe resta nada, senão as dívidas que seu pai deixara, a miséria, a dor e o remorso em manchar o nome de seu pai.

            Aquelas últimas palavras foram uma facada em seu peito, dívidas? Haviam pendências? Mas, o pior mesmo era saber que seu pai, sua maior referência de dignidade e respeito, morrera honrado, mas suas ações, suas más ações, mancharam o seu nome. Seu pai não merecia isso, e ele estava disposto a fazer o que fosse preciso para defender a honra do pai.

 O velho se retira.

A duas horas atrás, o mundo lhe sorria, parecia que nada fosse capaz de destruir a sua felicidade, aquela pura felicidade procedente de um amor prometido, um amor casto, um amor puro, mas aquela noticia, aquela fatalidade, o destruíra. Seu mundo havia virado de cabeça para baixo. A dor, a angustia, e o remorso tomaram conta de seu peito, mas nada o atormentava mais do que um nome: Hanna, pobre, doce e pura Hanna, ele não podia engana-la, não podia destina-la a uma vida privada, uma vida desgraçada, uma vida miserável, ele a amava demais para isso, mas não podia desfazer o casamento, não a esta altura do campeonato, seria uma facada no peito da moça, seria a destruição de um sonho genuíno.

Eram seis e meia, Calleb passara a noite em claro, seus pensamentos não permitiram que dormisse, se cassasse com Hanna a condenaria a uma vida miserável, se desfizesse o noivado, porém, destruiria o seu maior sonho, e faria a moça ser vista por maus olhos perante a sociedade, que a veriam como um símbolo de impureza, e ele a amava demais para isso. O rapaz não sabia o que fazer, foi aí então que encontrou uma solução, uma alternativa para amenizar todos os problemas que estavam por vir.

A noite logo chegou, a cerimônia aconteceria no Jardim, aquele belo e pequeno espaço, o pequeno refúgio do casal apaixonado. Incrível o que D. Marta conseguira fazer naqueles pequenos metros, a decoração do local estava esplêndida. Havia poucos convidados, Calleb conversava com alguns amigos, ao passo que D. Marta recebia as novas pessoas, Sr. Campos observava o jovem o tempo todo, como se captasse alguma mensagem oculta em seu olhar.

A cerimônia dá-se início, D. Marta entra no local com Hanna – a garota estava com um vestido de seda branco, e um véu de renda envolto ao seu coque, seu sorriso irradiava um brilho exorbitante – Calleb adianta-se pálido, mas calmo, a senhora entrega a mão de sua filha para o noivo, que a recebe com um beijo doce, o casal ajoelha-se aos pés do sacerdote, que inicia a cerimônia, o casal faz os juramentos, e no momento em que o Padre faz a pergunta solene, O Jovem estremece um pouco e responde;

-- Sim, eu aceito.

            Hanna por sua vez, abaixa os olhos corando e responde;

-- Sim, eu aceito, com todo o meu coração.

            Os noivos se beijam, selando assim o matrimônio.

A festa continuava, Hanna sorria como nunca, ao contrário de Calleb, que de vez em quando soltava uma risada meio forçada. Depois de muita dança, música e conversas, a festa chegara ao fim. 

Os recém-casados estavam no quarto, aquela bela suíte fora preparada para a noite de núpcias do casal, que celebraria a sua união, com um momento íntimo, onde se entregariam por completo um ao outro.

            A bela jovem estava vestida apenas com uma camisola de seda rosa envolto a um roupão, a indolente posição que tomara, fazia sobressair toda graça de seu corpo e desenhava suas belas curvas. O rapaz nunca vira sua noiva tão bela, tão cheia de encanto e sedução, uma culpa enorme subia o seu corpo; ele não poderia toca-la, não poderia penetrar aquele templo sagrado, prestes ao que ele iria fazer, ele se sentia impuro.

            A garota percebe a inquietação no olhar do rapaz e dispara;

-- Você não ama, notei que durante toda a festa você se mantivera sério, não sorria, achei que você me amava, me enganei, eu sou uma idiota.

-- É exatamente porque te amo muito que estou assim, me sinto indigno, lembra quando falei sobre o meu passado e você me perdoou de todas as minhas faltas? Preciso que me perdoe de algo ainda mais grave.

-- Essa falta faz com que deixe de me amar?

-- Muito pelo contrário, faz com que eu te ame ainda mais, se é que é possível.

-- Fala sério, isto não é uma falta – responde a garota aliviada e feliz – então está perdoado, sinta-se feliz.

            O rapaz pega duas taças de cristais, abre o champanhe, o casal brinda a união, beijam-se e logo a moça adormece.

            Passaram-se duas horas, o rapaz estava inquieto, quando o relógio marca quatro horas justas, o jovem ergue-se, tira do bolso uma carta volumosa, põe sobre o criado-mudo e foge pela janela.

A noite estava escura e solitária, Calleb não percebe, mas um vulto o seguia.

Antes de chegar ao seu destino, o rapaz ouve um barulho, mas a desordem de seus pensamentos não o deixa distinguir a origem do estrondo, chegando ao Arcos da Lapa, o rapaz desaparece.

            Minutos depois, ouve-se dois tiros e logo é encontrado um corpo de um homem, cujo rosto, estava desfigurado pelo estrondo da arma de fogo. Os policiais encontram no bolso do homem, uma carta, que suplicava que o enterrasse logo, a fim de poupar seus familiares e seus amigos do terrível espetáculo.

 As autoridades atendem o último pedido da vítima, e a vida segue, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.

            Cinco anos passaram-se desde a triste fatalidade que acontecera na Lapa, um jovem suicidou-se na noite de seu casamento, condenando uma bela mulher, a uma vida sem cor, e felicidade.

            O sol estava brilhando, como sempre, o centro da cidade carregava um ar de inquietação misto de barulho e correria. A livraria estava aberta, um carro preto chega e é estacionado na porta da loja, uma moça de semblante puro e sorriso límpido desce do carro – Hanna, ela trajava vestido preto de cetim, seu cabelo estava preso com uma fita da mesma cor -- a moça entra na livraria.

            Ao pé da esquina, um homem de mais ou menos 28 anos, se concentrava em frente a uma banca de jornais, ele vestia um terno cinza, carregava uma maleta e tinha uma expressão imponente e rígida, ele era um empresário, acabara de sair do edifício ao lado e fora hipnotizado pelo semblante daquela moça, que descera do carro minutos antes de entrar na livraria.

            O jornaleiro que por sua vez, admirou-se também com a beleza da jovem, comenta com o homem;

-- Que moça mais linda, julgo que um dia hei de encontrar uma moça tão linda assim, que me ame.

-- Realmente é uma moça muito bonita, quem é ela? – Pergunta o rapaz

-- Eu não conheço seu Mauro, mas sempre a vejo por aqui, ela sempre frequenta essa livraria, soube que ficou viúva cedo, pobre mocinha, tão jovem, mas condenada a uma vida solitária.

            O moço concorda com o jornaleiro.

Minutos depois a jovem que acabara de entrar na livraria, sai com alguns livros e não percebe, mas antes de entrar no carro, por um mero descuido, deixa cair a carteira, Mauro que observava com afeição o semblante daquela moça, grita:

-- Ei

            Aquela voz penetra profundamente o coração de Hanna, e acende uma esperança dentro da jovem – era a voz ele – de repente a angustia e a dor tomam conta de seu corpo, o passado atormentava sua vida constantemente, e por mais doloroso que fosse, ela precisava aceitar, seu marido estava morto.

            Hanna entra no carro e vai embora.

Mauro decide entrar na livraria para entregar a carteira a vendedora, mas antes de dar os primeiros passos o rapaz é abordado por um velho;

-- Com licença – Diz o velho

-- Você? – Responde o rapaz assustado – Como sabia que eu estava aqui? Estou meio surpreso.

-- Nunca subestime a capacidade de um velho que fora capaz de inibir um...

-- Pare – O moço interrompe o velho – Serei eternamente grato por sua descrição, mas por favor, ainda não é o momento, não terminei a minha missão.

-- Exatamente por isso que estou à sua procura, entre no carro, temos muito o que conversar – O rapaz não entende muito bem, mas não questiona – Vejo que o senhor está cumprindo o que disse, e nada me deixa mais feliz.

            Aquele empresário que se passava por Mauro na verdade era Calleb, na noite mais tenebrosa de sua vida, onde suas fraquezas foram mais fortes que a sua vontade de lutar, planejara o suicídio, e para isso drogara a sua esposa em plena noite de núpcias fazendo-a adormecer. Quando estava a caminho de pôr um fim na sua vida, um vulto o seguia, chegando ao local do crime, presenciara um desconhecido que transtornado por algum motivo planejara o mesmo fim. Quando Calleb estava pronto para pôr um fim em sua vida, o vulto que o seguia se revelara, era o Sr. Campos, que desde a festa de casamento observava o rapaz, como se capitasse os desejos de uma alma desesperada, o velho impediu o moço de cometer tal crime e o aconselhou a forjar a própria morte, e fugir na mesma madrugada para os Estados Unidos.

 Durante todo tempo que ficara fora, Calleb trabalhou duro, para conseguir pagar as dívidas do pai e honrar o seu nome, depois de quitar mais da metade das dívidas, decidiu voltar para e terminar sua Missão no Brasil.

            Calleb conversa com Sr. Campos, o moço explica que as últimas ações pendentes de seu pai estavam em seu nome, o moço maravilhado com a notícia e a lealdade de Sr. Campos para com o seu pai, paga as últimas dividas ao velho, que por sua vez entrega as ações para o mesmo.

-- Peço que ainda não revele o meu segredo – Diz o rapaz – antes de voltar a vida eu preciso reconquistar o amor prometido por Deus

            O velho assenti ao pedido do jovem

            Desde que seu marido partira, Hanna realmente havia assumido a sua viuvez, a garota já não era mais mesma, a dor, e a saudade a fizeram mudar, a garota trocara romance por drama, branco por preto, e o doce pelo amargo.

            Duas semanas se passaram desde que ouvira a voz do falecido marido, Hanna estava em casa, saboreando as páginas de um livro – Como era de costume – De repente seu celular vibra, a garota recebe um e-mail:

‘’ nos teus olhos encontrei, a razão para não deixar mais de sonhar’’

            Aqueles e-mails se tornaram habituais, com o tempo aquilo começou a despertar algo dentro da jovem, que por sua vez se sentia indigna, ela não podia deixar que sentimentos florescessem em seu peito, ela deveria ser fiel ao marido, deveria ama-lo constantemente onde quer que fosse.

            Suas tentativas para renegar aquele amor, porém, foram falhas, por mais que ela quisesse, por mais que ela tentasse, ela amava aquilo.  

Em uma tarde de sol, Hanna estava no jardim, aquele mesmo lugar onde se sucederam os primeiros encontros, ali em seus pensamentos, revivia a sua história de amor, desde o primeiro olhar até o último beijo. Mais uma vez a garota recebe um e-mail, mas desta vez algo distinto acontecia;

’’Amanhã à meia noite no coreto do Baile de máscaras, é a humilde prece de um imenso amor’’

            Mais uma vez, um turbilhão de ideias, atordoaram sua mente, ela estava fatigada de lutar consigo mesma, quem quer que fosse esse mensageiro oculto ele conseguira mexer com seu coração, mas suas forças foram renovadas ao reviver aqueles anos em sua mente, ela estava decidida; ela iria a este encontro, mas seria para dar um fim nessa história. Ela deveria ser fiel ao seu marido, o seu coração pertencia a ele, apenas ele, e mais ninguém.  

            O Baile de máscaras era um evento beneficente promovido para ajudar crianças carentes, acontecia somente de cinco em cinco anos, Hanna sempre sonhara em ir a uma edição, mas infelizmente os imprevistos da vida não a possibilitaram essa dádiva.

            Eram onze e meia, pela primeira vez em cinco anos Hanna trajava um vestido branco, a moça usava uma máscara preta que cobria a parte superior direita do seu rosto. Ao badalar da meia noite a moça se dirige ao local destinado ao encontro, ao chegar no coreto, um moço, cuja fisionomia lhe era familiar estava parado, imóvel, no centro do local, o moço trajava um terno justo, azul marinho, e usava uma máscara da mesma cor, que cobria a parte superior do seu rosto. Ao se aproximar, o desconhecido toma as mãos de Hanna e as aperta; as suas estavam tão frias que a moça sente o sangue gelar ao seu contato.

-- Você me ama? – Pergunta o desconhecido, a moça estremece ao ouvir a voz, aquilo não parecia ser real -- Responda, o meu destino está em jogo.

-- Eu não posso ama-lo, eu não posso amar mais ninguém nesse mundo – Responde a moça

-- Se não pode me amar, por que me deu esperanças? Por que veio até aqui? Por favor diga a verdade – O moço insistia – Você me ama?

-- sim, quer dizer, não...eu acho, mas isso é impossível – A garota faz uma pausa e continua – Escute, o motivo de eu ter vindo aqui hoje, foi para pedir-lhe que me esqueça.

-- Não entendo o porquê disso, se me ama fique comigo, me dê a felicidade, eu posso ser o seu segredo.

-- Pare, por favor, essa relação não pode dar certo – Com a voz trêmula a garota continua – Eu devo...eu sinto que amo meu marido, nossos destinos foram traçados antes mesmo de nos conhecermos, Deus nos uniu, sinto que...

            Um beijo corta as palavras de Hanna; aquele beijo a fizera estremecer, o seu peito inflou; era ele, era o beijo dele.

            Minutos depois os jovens tiram as máscaras, e finalmente sentem a felicidade reinar em suas vidas novamente

            Na manhã seguinte, D. Marta e Sr. Campos estavam na sala de jantar, o velho estava pronto para revelar o grande segredo até então só conhecido por duas pessoas, D. Marta chama sua filha para o Café da manhã

-- Hanna o Café está na mesa

-- Estou indo mamãe, estou à espera de Calleb

            Minutos depois a porta abre-se e Hanna sai de braço dado com seu Marido.

            Os verdadeiros finais felizes, não se encontram somente nos contos de fadas, eles se encontram nas histórias em que os personagens aprendem a superar seus próprios erros, através da dor, da lealdade, da paciência e do amor; Calleb gozara de todos os prazeres que lhe foram entregues, hoje o moço goza do prazer mais divino; o amor, que supera todas as barreiras e sobrevive até mesmo a morte, quando se é verdadeiro como amor puro e magnífico de Haleb.

 

 

 

 

 

 

           

           

           

Festas, joias, jogos, luxo e mulheres, vida que qualquer jovem almeja para si, bom, pelo menos aqueles que aspiram os prazeres efêmeros da vida, e que possuem uma fortuna enorme para satisfazer tais desejos.

Calleb ficara órfão cedo, seu pai era um empresário muito reconhecido no mundo dos negócios e dono dos maiores edifícios empresariais e hoteleiros do Rio de Janeiro, patrimônio esse conseguido em volta de trinta e cinco anos de muito esforço e privações. Quando seu pai morrera Calleb até então com 16 anos não poderia administrar os bens herdados de seu progenitor, então ficara sobre a tutela de Sr. Campos, um velho amigo de seu pai, que zelou a sua educação e a sua fortuna, com toda honra e inteligência. Quando o jovem completou a maior idade tomou conta de seu avultado patrimônio, e começou a viver a mercê de suas próprias ordens.

Durante três anos, o moço entregou-se a esse delírio do gozo que se apodera das almas ainda jovens; saciou-se de todos os prazeres, satisfez todas as vaidades. Certo dia Calleb percebeu que aquela vida desregrada não o satisfazia mais por completo, reviver aqueles três anos em sua mente o fez perceber o quão repugnante havia sido seu comportamento nos últimos anos.

Era o seu primeiro dia de aula, Calleb estava no último semestre da faculdade, o garoto chamava atenção por todos os corredores onde passava, inicialmente por três motivos; ele era um rapaz muito belo, carregava um título de ‘’popular’’, e era muito rico, pessoas se aproximavam a todo momento para usufruir de privilégios pertencentes a ele, mas algo naquele verão iria de mudar. Eram três horas da tarde, o rapaz estava parado, imóvel, em frente ao flanelógrafo quando ouve uma voz:

-- Com licença

O rapaz vira-se rapidamente em busca da suave voz, e se depara com uma garota, cuja face ainda desconhecida, irradiava um brilho límpido, como nunca vira antes, os longos cílios que vendavam seus olhos negros e brilhantes realçavam nitidamente as ondas que seus cabelos ondulados faziam sobre sua pele suave e delicada.

 Os olhares dos jovens se cruzam e se fixam por cerca de dez segundos, nenhuma palavra é dita, até que Calleb arrisca-se e diz:

-- Desculpe-me, posso ajuda-la? Creio que a senhorita está meio estonteada.

-- Olá, estou meio perdida – responde a garota – É o meu primeiro dia aqui.

-- Eu sou o Calleb, qual o seu nome?

-- Hanna -– responde a garota entusiasmada -– é um prazer conhece-lo.

Hanna era uma garota simpática de Classe Média, fazia pouco tempo que havia se mudado para o Rio de Janeiro com a sua mãe, D. Marta, para estudar Direito, a garota sempre fora conhecida por seu alto desempenho acadêmico, sua pura castidade e o seu amor incomum por séries de livros.

-– O Prazer é todo meu.

Dois meses se passaram desde o primeiro encontro entre os jovens, que instigados pelos desejos do coração, começaram a aproximar-se cada vez mais, primeiramente com uma troca de olhares, mais tarde um sorriso, posteriormente pequenas conversas seguidas de encontros, abraços inesperados, e por fim um beijo.

Calleb fazia de Hanna a sua base, o seu ponto seguro, parecia que nada, nada no mundo poderia abalar as suas estruturas, pois ele tinha o maior e mais firme dos alicerces; o amor. E foi assim por mais ou menos um ano e meio, período esse em que os jovens cultivaram o amor, fizeram votos, entregaram-se por completo, dentro dos limites, é claro.

Era tarde, o casal costumava se encontrar na casa de Hanna, mais especificamente no jardim, aquele lugar era o seu refúgio, aquela tarde, porém carregava uma tensão, a garota estava aflita, semanas antes conversara com um grupo de amigas, que quase todas noivas, a fizeram acreditar que talvez o amor de Calleb não fosse tão grande como imaginava.

Calleb chega sorridente, como sempre, a garota recebe o namorado com um beijo terno e doce, os dois jovens sentam-se juntos em uma espécie de balanço, o moço comtempla o rosto da namorada, como se quisesse guardar aquela imagem para si, para todo o sempre, não demora muito para reparar a aflição no olhar da jovem e se dispõe a perguntar;

-- O que te deixa tão aflita?

-- Você me ama? -- Dispara a garota.

-- Com todo o meu coração.

-- Você planeja um futuro para nós?

-- Todos os dias, mas por que a pergunta? Não está segura quanto ao nosso amor?  -- Pergunta o rapaz com uma expressão triste.

– Não, não é isso – Com a voz tremula a garota continua – Você lembra de quando planejamos nosso futuro, nossos filhos, nossa casa?

-- É claro que lembro, e quero que saiba que nunca tive tanta certeza na minha vida, você me mostrou o que é ser feliz, você fez de mim um alguém melhor, eu te amo Hanna Marin, só existe você na minha vida.

Aquelas palavras penetraram profundamente o coração de Hanna, e a tranquilizaram quase que por completo, ela tinha certeza de que Calleb era a pessoa certa, não havia mais ninguém no mundo capaz de fazê-la tão feliz, ele era o seu ponto seguro, sua outra metade, não havia felicidade longe dele. Hanna, porém, estava fatigada de tantas persuasões ao seu redor, e o medo e a insegurança de suas certezas serem incertezas a fazem pedir provas;

-- Se me amas tanto assim, prove.

O rapaz atônito de tanta cobrança, pondera um pouco, e não vê outra alternativa para provar o seu amor senão o casamento; ele estava pronto.

-- Te darei as provas de que precisa, hoje à noite.

A tarde passara como o vento, e logo a noite caiu, e lá estavam dispostos na mesa, D. Marta, Hanna e Calleb. O jantar aquela noite carregava um ar de ansiedade misto de preocupação. Durante a refeição o rapaz interrompe o jantar e diz:

-- Eu gostaria de pedir a atenção de vocês – os olhares se voltam para o jovem, que prossegue – Creio que isso não é surpresa para ambas, mas não encontro uma maneira mais fácil, Hanna você pediu que eu provasse o meu amor, e para mim a prova mais genuína é isto, tenho a total certeza de que você é a pessoa certa para mim – O rapaz ajoelha-se e pega do bolso uma caixinha, pequena ação que faz com que a moça vibre, como se estivesse gritando internamente – Hanna Marin você aceita se casar comigo?

A garota sorri, aquele momento parecia não ser real, quanto tempo esperara por isso, quantas noites em claro ficara imaginando este momento. Com as bochechas coradas, e os olhos cheios de lagrimas, a garota responde;

-- Sim, desde o primeiro momento em que o vi eu o amei, o meu maior desejo é dormir todas as noites em seus braços, e acordar todas as manhãs com os seus beijos, eu te amo Calleb Matos, sim, sim, sim eu aceito ser a sua esposa.

            O rapaz estava muito feliz, nada no mundo era tão forte e puro quanto o seu amor por aquela garota, Hanna realmente o fizera mudar. O amor purifica, o amor é capaz de vencer os instintos e vícios contra os quais a razão, a amizade e os conselhos são impotentes e fracos. Quem via aquele rapaz, jamais imaginara que ele já tinha experimentado de todas as voluptuosidades da vida. Hanna tinha sido a sua cura, ele mudara por ela, para ela, e nada o deixava mais contente do que ver aquele sorriso, aquele belo sorriso, estampado em seu rosto. Sua missão era apagar todo aquele passado, e fazer sua noiva, a mulher mais feliz do mundo, para todo o sempre.

            Passaram-se duas semanas desde que o casal ficara noivo, e por fim chegou a véspera do Casamento, seria uma celebração pequena, porém até mesmo os eventos mais singelos exigem um preparo, e por sorte, D. Marta encarregara-se da maior parte dos aprestos, mas exigira como condição que os dois continuassem morando com ela para alegrarem os seus dias.

            Era tarde, Calleb levanta-se para ir embora, Hanna levanta-se quase que simultaneamente para despedir-se do noivo, os dois amantes olham-se com um desses olhares, longos, fixos e ardentes, tinham tanta coisa para dizer, mas aquele olhar revelava tudo o que havia de ser dito. Depois de um comprido silêncio, Calleb sussurra;

-- Amanhã...

            A garota estava tão maravilhada, tão feliz, seus olhos luzentes pareciam cristais cintilantes, ela estava feliz demais para proferir qualquer coisa, apenas sorriu e beijou o futuro marido, que minutos depois partira.

            Quando Calleb chega em casa, agora em um pequeno apartamento, a empregada o adverte que uma visita, o espera em seu escritório, o rapaz se dirige ao escritório, curioso, a visita que o esperava era o seu antigo tutor, Sr. Campos

-- Olá, visita sua a essa hora? – Diz o rapaz entrando.

-- Incomodo? – Pergunta o moço.

-- De forma alguma – Responde Calleb, o rapaz admirava muito Sr. Campos, era como se ele fosse o seu segundo pai – O que te traz até aqui?

-- Recebi esta tarde o convite para o seu casamento, e estou muito feliz que finalmente você tomou jeito, mas o que me traz aqui não é o simples fato de uma visita casual, precisamos ter uma conversa séria.

            Um ar de preocupação toma conta do Jovem, que senta com o intuito de compreender o assunto que será abordado

-- Há seis anos que o seu pai faleceu, e a quatro que o senhor tendo completado a maior idade, tomou conta da fortuna que seu pai deixara, e extasiado com uma vida luxuosa e desregrada, o senhor desperdiçou todo patrimônio conquistado pelo seu pai com muita honra e esforço.

-- Para a minha vergonha isso é verdade, mas não me orgulho do que fiz, tanto que durante os últimos anos tentei reparar os meus erros, e esquecer esse passado que devastou a minha vida – Responde o rapaz cabisbaixo

-- Tento eu visto o senhor finalmente voltar a uma vida regrada, decidi cuidar de suas finanças novamente, me informei e estudei, e infelizmente, não tenho boas notícias – Com um olhar severo, o velho prossegue – sinto muito, mas o senhor está pobre!

            POBRE, para alguém cujas raízes, sempre fora humilde, a palavra pobre significa muita coisa, significa lutar, correr, batalhar todos os dias para conquistar uma vida digna e melhor, mas para alguém que sempre tivera tudo na mão, para alguém que sempre possuiu a chave para abrir todas as portas, ser pobre era uma condenação, era humilhante, era o fim. E para Calleb não era diferente, abdicar-se de uma vida luxuosa ao extremo, tudo bem, mas abdicar-se integralmente era um castigo. Como poderia viver sem ao menos um empregado para o auxiliar nas tarefas mais enfadonhas do cotidiano? Só restou aceitar aquela fatalidade, procedente de uma vida repugnante a qual fizera questão de deixar no passado. 

-- Sou jovem, tenho estudo, hei de trabalhar, lutar e conseguir alcançar patamares comparáveis ao de meu pai, investirei nesse pouco que me resta... – O Rapaz é interrompido.

-- Pouco que te resta? Não compreendeu o que eu disse? Você está pobre, não lhe resta nada, senão as dívidas que seu pai deixara, a miséria, a dor e o remorso em manchar o nome de seu pai.

            Aquelas últimas palavras foram uma facada em seu peito, dívidas? Haviam pendências? Mas, o pior mesmo era saber que seu pai, sua maior referência de dignidade e respeito, morrera honrado, mas suas ações, suas más ações, mancharam o seu nome. Seu pai não merecia isso, e ele estava disposto a fazer o que fosse preciso para defender a honra do pai.

 O velho se retira.

A duas horas atrás, o mundo lhe sorria, parecia que nada fosse capaz de destruir a sua felicidade, aquela pura felicidade procedente de um amor prometido, um amor casto, um amor puro, mas aquela noticia, aquela fatalidade, o destruíra. Seu mundo havia virado de cabeça para baixo. A dor, a angustia, e o remorso tomaram conta de seu peito, mas nada o atormentava mais do que um nome: Hanna, pobre, doce e pura Hanna, ele não podia engana-la, não podia destina-la a uma vida privada, uma vida desgraçada, uma vida miserável, ele a amava demais para isso, mas não podia desfazer o casamento, não a esta altura do campeonato, seria uma facada no peito da moça, seria a destruição de um sonho genuíno.

Eram seis e meia, Calleb passara a noite em claro, seus pensamentos não permitiram que dormisse, se cassasse com Hanna a condenaria a uma vida miserável, se desfizesse o noivado, porém, destruiria o seu maior sonho, e faria a moça ser vista por maus olhos perante a sociedade, que a veriam como um símbolo de impureza, e ele a amava demais para isso. O rapaz não sabia o que fazer, foi aí então que encontrou uma solução, uma alternativa para amenizar todos os problemas que estavam por vir.

A noite logo chegou, a cerimônia aconteceria no Jardim, aquele belo e pequeno espaço, o pequeno refúgio do casal apaixonado. Incrível o que D. Marta conseguira fazer naqueles pequenos metros, a decoração do local estava esplêndida. Havia poucos convidados, Calleb conversava com alguns amigos, ao passo que D. Marta recebia as novas pessoas, Sr. Campos observava o jovem o tempo todo, como se captasse alguma mensagem oculta em seu olhar.

A cerimônia dá-se início, D. Marta entra no local com Hanna – a garota estava com um vestido de seda branco, e um véu de renda envolto ao seu coque, seu sorriso irradiava um brilho exorbitante – Calleb adianta-se pálido, mas calmo, a senhora entrega a mão de sua filha para o noivo, que a recebe com um beijo doce, o casal ajoelha-se aos pés do sacerdote, que inicia a cerimônia, o casal faz os juramentos, e no momento em que o Padre faz a pergunta solene, O Jovem estremece um pouco e responde;

-- Sim, eu aceito.

            Hanna por sua vez, abaixa os olhos corando e responde;

-- Sim, eu aceito, com todo o meu coração.

            Os noivos se beijam, selando assim o matrimônio.

A festa continuava, Hanna sorria como nunca, ao contrário de Calleb, que de vez em quando soltava uma risada meio forçada. Depois de muita dança, música e conversas, a festa chegara ao fim. 

Os recém-casados estavam no quarto, aquela bela suíte fora preparada para a noite de núpcias do casal, que celebraria a sua união, com um momento íntimo, onde se entregariam por completo um ao outro.

            A bela jovem estava vestida apenas com uma camisola de seda rosa envolto a um roupão, a indolente posição que tomara, fazia sobressair toda graça de seu corpo e desenhava suas belas curvas. O rapaz nunca vira sua noiva tão bela, tão cheia de encanto e sedução, uma culpa enorme subia o seu corpo; ele não poderia toca-la, não poderia penetrar aquele templo sagrado, prestes ao que ele iria fazer, ele se sentia impuro.

            A garota percebe a inquietação no olhar do rapaz e dispara;

-- Você não ama, notei que durante toda a festa você se mantivera sério, não sorria, achei que você me amava, me enganei, eu sou uma idiota.

-- É exatamente porque te amo muito que estou assim, me sinto indigno, lembra quando falei sobre o meu passado e você me perdoou de todas as minhas faltas? Preciso que me perdoe de algo ainda mais grave.

-- Essa falta faz com que deixe de me amar?

-- Muito pelo contrário, faz com que eu te ame ainda mais, se é que é possível.

-- Fala sério, isto não é uma falta – responde a garota aliviada e feliz – então está perdoado, sinta-se feliz.

            O rapaz pega duas taças de cristais, abre o champanhe, o casal brinda a união, beijam-se e logo a moça adormece.

            Passaram-se duas horas, o rapaz estava inquieto, quando o relógio marca quatro horas justas, o jovem ergue-se, tira do bolso uma carta volumosa, põe sobre o criado-mudo e foge pela janela.

A noite estava escura e solitária, Calleb não percebe, mas um vulto o seguia.

Antes de chegar ao seu destino, o rapaz ouve um barulho, mas a desordem de seus pensamentos não o deixa distinguir a origem do estrondo, chegando ao Arcos da Lapa, o rapaz desaparece.

            Minutos depois, ouve-se dois tiros e logo é encontrado um corpo de um homem, cujo rosto, estava desfigurado pelo estrondo da arma de fogo. Os policiais encontram no bolso do homem, uma carta, que suplicava que o enterrasse logo, a fim de poupar seus familiares e seus amigos do terrível espetáculo.

 As autoridades atendem o último pedido da vítima, e a vida segue, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.

            Cinco anos passaram-se desde a triste fatalidade que acontecera na Lapa, um jovem suicidou-se na noite de seu casamento, condenando uma bela mulher, a uma vida sem cor, e felicidade.

            O sol estava brilhando, como sempre, o centro da cidade carregava um ar de inquietação misto de barulho e correria. A livraria estava aberta, um carro preto chega e é estacionado na porta da loja, uma moça de semblante puro e sorriso límpido desce do carro – Hanna, ela trajava vestido preto de cetim, seu cabelo estava preso com uma fita da mesma cor -- a moça entra na livraria.

            Ao pé da esquina, um homem de mais ou menos 28 anos, se concentrava em frente a uma banca de jornais, ele vestia um terno cinza, carregava uma maleta e tinha uma expressão imponente e rígida, ele era um empresário, acabara de sair do edifício ao lado e fora hipnotizado pelo semblante daquela moça, que descera do carro minutos antes de entrar na livraria.

            O jornaleiro que por sua vez, admirou-se também com a beleza da jovem, comenta com o homem;

-- Que moça mais linda, julgo que um dia hei de encontrar uma moça tão linda assim, que me ame.

-- Realmente é uma moça muito bonita, quem é ela? – Pergunta o rapaz

-- Eu não conheço seu Mauro, mas sempre a vejo por aqui, ela sempre frequenta essa livraria, soube que ficou viúva cedo, pobre mocinha, tão jovem, mas condenada a uma vida solitária.

            O moço concorda com o jornaleiro.

Minutos depois a jovem que acabara de entrar na livraria, sai com alguns livros e não percebe, mas antes de entrar no carro, por um mero descuido, deixa cair a carteira, Mauro que observava com afeição o semblante daquela moça, grita:

-- Ei

            Aquela voz penetra profundamente o coração de Hanna, e acende uma esperança dentro da jovem – era a voz ele – de repente a angustia e a dor tomam conta de seu corpo, o passado atormentava sua vida constantemente, e por mais doloroso que fosse, ela precisava aceitar, seu marido estava morto.

            Hanna entra no carro e vai embora.

Mauro decide entrar na livraria para entregar a carteira a vendedora, mas antes de dar os primeiros passos o rapaz é abordado por um velho;

-- Com licença – Diz o velho

-- Você? – Responde o rapaz assustado – Como sabia que eu estava aqui? Estou meio surpreso.

-- Nunca subestime a capacidade de um velho que fora capaz de inibir um...

-- Pare – O moço interrompe o velho – Serei eternamente grato por sua descrição, mas por favor, ainda não é o momento, não terminei a minha missão.

-- Exatamente por isso que estou à sua procura, entre no carro, temos muito o que conversar – O rapaz não entende muito bem, mas não questiona – Vejo que o senhor está cumprindo o que disse, e nada me deixa mais feliz.

            Aquele empresário que se passava por Mauro na verdade era Calleb, na noite mais tenebrosa de sua vida, onde suas fraquezas foram mais fortes que a sua vontade de lutar, planejara o suicídio, e para isso drogara a sua esposa em plena noite de núpcias fazendo-a adormecer. Quando estava a caminho de pôr um fim na sua vida, um vulto o seguia, chegando ao local do crime, presenciara um desconhecido que transtornado por algum motivo planejara o mesmo fim. Quando Calleb estava pronto para pôr um fim em sua vida, o vulto que o seguia se revelara, era o Sr. Campos, que desde a festa de casamento observava o rapaz, como se capitasse os desejos de uma alma desesperada, o velho impediu o moço de cometer tal crime e o aconselhou a forjar a própria morte, e fugir na mesma madrugada para os Estados Unidos.

 Durante todo tempo que ficara fora, Calleb trabalhou duro, para conseguir pagar as dívidas do pai e honrar o seu nome, depois de quitar mais da metade das dívidas, decidiu voltar para e terminar sua Missão no Brasil.

            Calleb conversa com Sr. Campos, o moço explica que as últimas ações pendentes de seu pai estavam em seu nome, o moço maravilhado com a notícia e a lealdade de Sr. Campos para com o seu pai, paga as últimas dividas ao velho, que por sua vez entrega as ações para o mesmo.

-- Peço que ainda não revele o meu segredo – Diz o rapaz – antes de voltar a vida eu preciso reconquistar o amor prometido por Deus

            O velho assenti ao pedido do jovem

            Desde que seu marido partira, Hanna realmente havia assumido a sua viuvez, a garota já não era mais mesma, a dor, e a saudade a fizeram mudar, a garota trocara romance por drama, branco por preto, e o doce pelo amargo.

            Duas semanas se passaram desde que ouvira a voz do falecido marido, Hanna estava em casa, saboreando as páginas de um livro – Como era de costume – De repente seu celular vibra, a garota recebe um e-mail:

‘’ nos teus olhos encontrei, a razão para não deixar mais de sonhar’’

            Aqueles e-mails se tornaram habituais, com o tempo aquilo começou a despertar algo dentro da jovem, que por sua vez se sentia indigna, ela não podia deixar que sentimentos florescessem em seu peito, ela deveria ser fiel ao marido, deveria ama-lo constantemente onde quer que fosse.

            Suas tentativas para renegar aquele amor, porém, foram falhas, por mais que ela quisesse, por mais que ela tentasse, ela amava aquilo.  

Em uma tarde de sol, Hanna estava no jardim, aquele mesmo lugar onde se sucederam os primeiros encontros, ali em seus pensamentos, revivia a sua história de amor, desde o primeiro olhar até o último beijo. Mais uma vez a garota recebe um e-mail, mas desta vez algo distinto acontecia;

’’Amanhã à meia noite no coreto do Baile de máscaras, é a humilde prece de um imenso amor’’

            Mais uma vez, um turbilhão de ideias, atordoaram sua mente, ela estava fatigada de lutar consigo mesma, quem quer que fosse esse mensageiro oculto ele conseguira mexer com seu coração, mas suas forças foram renovadas ao reviver aqueles anos em sua mente, ela estava decidida; ela iria a este encontro, mas seria para dar um fim nessa história. Ela deveria ser fiel ao seu marido, o seu coração pertencia a ele, apenas ele, e mais ninguém.  

            O Baile de máscaras era um evento beneficente promovido para ajudar crianças carentes, acontecia somente de cinco em cinco anos, Hanna sempre sonhara em ir a uma edição, mas infelizmente os imprevistos da vida não a possibilitaram essa dádiva.

            Eram onze e meia, pela primeira vez em cinco anos Hanna trajava um vestido branco, a moça usava uma máscara preta que cobria a parte superior direita do seu rosto. Ao badalar da meia noite a moça se dirige ao local destinado ao encontro, ao chegar no coreto, um moço, cuja fisionomia lhe era familiar estava parado, imóvel, no centro do local, o moço trajava um terno justo, azul marinho, e usava uma máscara da mesma cor, que cobria a parte superior do seu rosto. Ao se aproximar, o desconhecido toma as mãos de Hanna e as aperta; as suas estavam tão frias que a moça sente o sangue gelar ao seu contato.

-- Você me ama? – Pergunta o desconhecido, a moça estremece ao ouvir a voz, aquilo não parecia ser real -- Responda, o meu destino está em jogo.

-- Eu não posso ama-lo, eu não posso amar mais ninguém nesse mundo – Responde a moça

-- Se não pode me amar, por que me deu esperanças? Por que veio até aqui? Por favor diga a verdade – O moço insistia – Você me ama?

-- sim, quer dizer, não...eu acho, mas isso é impossível – A garota faz uma pausa e continua – Escute, o motivo de eu ter vindo aqui hoje, foi para pedir-lhe que me esqueça.

-- Não entendo o porquê disso, se me ama fique comigo, me dê a felicidade, eu posso ser o seu segredo.

-- Pare, por favor, essa relação não pode dar certo – Com a voz trêmula a garota continua – Eu devo...eu sinto que amo meu marido, nossos destinos foram traçados antes mesmo de nos conhecermos, Deus nos uniu, sinto que...

            Um beijo corta as palavras de Hanna; aquele beijo a fizera estremecer, o seu peito inflou; era ele, era o beijo dele.

            Minutos depois os jovens tiram as máscaras, e finalmente sentem a felicidade reinar em suas vidas novamente

            Na manhã seguinte, D. Marta e Sr. Campos estavam na sala de jantar, o velho estava pronto para revelar o grande segredo até então só conhecido por duas pessoas, D. Marta chama sua filha para o Café da manhã

-- Hanna o Café está na mesa

-- Estou indo mamãe, estou à espera de Calleb

            Minutos depois a porta abre-se e Hanna sai de braço dado com seu Marido.

            Os verdadeiros finais felizes, não se encontram somente nos contos de fadas, eles se encontram nas histórias em que os personagens aprendem a superar seus próprios erros, através da dor, da lealdade, da paciência e do amor; Calleb gozara de todos os prazeres que lhe foram entregues, hoje o moço goza do prazer mais divino; o amor, que supera todas as barreiras e sobrevive até mesmo a morte, quando se é verdadeiro como amor puro e magnífico de Haleb.

 

 

 

 

 

 

           

           

           

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


espero que gostem


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