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História (OS) Para Sempre Juntos (Halloween 2017) - Os sonhos e o casamento


Escrita por: anacoliveira8

Notas do Autor


Yo, gatinhos!
Lá venho eu com mais uma one-shot para vocês e dessa vez a explicação é beeeeeeeeeeeeem, longa. Lá vai:

Há muito tempo eu fiquei sabendo de um livro chamado Noiva Fantasma de Yangsze Choo, publicada no Brasil pela DarkSide Books, e como eu sou louca pela DarkSide... Basicamente, o livro é sobre um tipo de tradição em alguns países como China, Malásia e, creio eu, Coréia. Naquele tempo, eu fiz uma pesquisa rápida e descobri que ainda hoje em dia é uma prática comum, principalmente entre os mais abastados. A autora, Yangsze Choo disse em entrevista que as histórias asiáticas com fantasmas femininos eram sempre mais aterrorizantes que os masculinos, assim ela teve a ideia para o livro. Eu peguei a ideia dela, porque eu infelizmente não li o livro (me perdoem), e juntei com o que li sobre as lendas das noivas fantasmas para escrever esse conto. Acho que não ficou tão aterrorizador quanto eu gostaria, mas está aqui minha primeira contribuição para o tema: Halloween NaruHina.

No mais, espero que gostem e se divirtam. Vamos ao texto?

Capítulo 1 - Os sonhos e o casamento


Ela estava sentada na sua poltrona tricotando seus fios para fazer uma manta para sua irmã mais nova. Havia certa pressa no seu trabalho manual e ela precisava fazer a trama muito fechada, pois o inverno se aproximava e ela não queria perder tempo: sua irmã estaria quente quando o frio chegasse.

A moça da qual falamos chama-se Hinata. Ela vem de uma família que um dia fora abastada, é a primogênita, por isso sua educação fora impecável mesmo depois da falência e da morte da mãe. Sua irmã mais nova, Hanabi fora criada com mais liberdade, menos rigidez, por isso era mais espontânea e brincalhona. Jazia nas costas da mais velha “salvar” a família. E ela tinha consciência disso.

Apesar de saber que seu futuro era casar se por dinheiro, Hinata tinha um coração gentil e amoroso. Isso se via refletido no seu trato com a irmã, no quanto os animais do pequeno sítio em que moravam reagiam a ela. Em tudo Hinata colocava seu coração fazendo florescer as flores e brotar os frutos que alimentavam toda a família. Alguns diziam que a família ainda só não tinha afundado totalmente por causa dela e de seus olhos gentis.

Nos anos em que sua beleza atingira seu ápice, seu pai começou a procurar uma forma de tirar proveito disso. Casá-la enquanto era jovem, bonita e firme era o melhor a se fazer pela família. Porém não era qualquer um que merecia levar sua maior fortuna de sua casa. Hiashi, o pai de Hinata, procurava em cada recanto da vila em que moravam um bom e rico partido. Ele não se importava se era jovem ou velho, apenas se tinha posses.

Quanto mais o ano avançava, mais Hinata ficava inquieta. Seu coração andava agitado e ela meio que sabia o motivo. Desde que seu pai começara a procurar para si um casamento, Hinata vinha tendo sonhos estranhos. Um jovem rapaz apresentava-se diante dela e lhe fazia todo tipo de promessas. O problema era que ela nunca via seu rosto, mas sentia um forte cheiro de enxofre e isso a castigava noite após noite.

No dia anterior ela sonhara com ele. Fora terrível. No seu sonho, ela estava numa espécie de bosque catando frutas pequeninas. As tirava do pé e colocava na cestinha que trazia consigo. Escolhia apenas as maduras e boas para consumo deixando as verdes para amadurecem e se tornar lanche dos bichos. Estranhamente, no seu sonho, era primavera e tudo ao seu redor reluzia paz e tranquilidade até que sentiu a presença do rapaz.

Era impossível não perceber quando ele chegava, pois parecia que o inverno tinha se abatido sobre ela com sua total força. Assustada ela olhou ao redor e o vi ali perto de espreita. Ao ser notado, ele deu uns passos à frente, mas se manteve à sombra e tirou o chapéu fazendo uma reverência.

- Você casaria-se comigo? - ele falou e ela se arrepiou. Era uma voz fantasmagórica e assustadora. Hinata puxou o manto contra o próprio corpo e notou que as frutas da cesta tinham apodrecido.

- Por que faria isso? Sempre que aparece me traz angústias e maus presságios. Por que casaria com um homem que só tristezas me traz? - ele pareceu triste e abaixou a cabeça.

- Não fui muito feliz até deitar meus olhos em você… Se você me aceitar prometo lhe dar todas as riquezas que possuo e mais. Prometo proteger sua irmã e trazer uma boa velhice ao seu pai. Se um dia me amares, prometo trazer a você felicidade sem fim. A certeza de sua família não passar mal este inverno que se aproxima não é o suficiente para você aceitar meu pedido? - Hinata mordeu o lábio.

- Venha para a luz. Deixe-me vê-lo. - foi o que ela disse e se arrependia duramente que tê-lo feito.

O rapaz veio para a luz, mas o que Hinata viu não a agradou nem um pouco. O chapéu que ele tinha nas mãos era feio e carcomido. Suas roupas, que ela julgara que um dia foram do mais fino brim, estavam aos trapos e pareciam pobres. Entretanto, o pior não era o que ele tinha em si, e sim como ele estava. A pele se dissolvia dos ossos, os cabelos caiam aos tufos pelo chão, os olhos saltavam das órbitas e sua boca já não existia. Ela conseguia ver os vermes comendo sua carne, passando entre as frestas que antes a pele cobria. Ela acordou-se com um grito.

Desde então não dormira. Tinha um mau presságio. Hoje estava mais frio que ontem e apenas ela sentia esse frio. Assim, não mais dormira depois que acordara do sonho e se pusera a trabalhar em cima da necessidade da irmã: uma nova manta para o frio que estava por vir. Naquele dia, seu pai chegou mais cedo em casa e estava animado.

- Hinata! - ele chamou alto.

Ela levantou-se colocando o trabalho de lado e foi até o pai. Ajudou com o casaco rígido e gelado o pendurando no aparador.

- Tenho novidades! - ele falou animado e aquilo lhe gelou a espinha. - Onde está sua irmã? Já temos janta pronta? - ele falou enquanto entrava em casa.

- Hanabi está no quarto e a janta está pronta. Sente-se na mesa que vou servi-la. - com tranquilidade e delicadeza, Hinata chamou a irmã para jantar, buscou a sopa quente e a pôs na mesa.

Quando a irmã chegou serviu primeiro o pai, depois a irmã e por último a si. Todos a mesa comeram tranquilos sem muita conversa. Hanabi havia feito o pão e ele estava duro. Havia sovado de mais, em contrapartida, a sopa estava deliciosa. Hanabi se ressentia de Hinata ser melhor em tudo que fosse do lar. Hinata apenas ria e dizia que em caçar e plantar Hanabi era melhor que ela mesma. A única coisa que Hiashi falou durante o jantar era que cada uma era boa no que precisava ser.

O jantar passou com certa calma para os outros e ansioso para Hinata. Ela sabia que logo sua vida mudaria e tinha, de certa forma, medo. Depois de juntarem os pratos sujos e levarem para cozinha, na hora do licor do pai, ele pigarreou.

- Hinata, Hanabi, venham aqui. - ele chamou e logo ela deixaram as louças sujas e foram até o pai - Tenho novidades. Arrumei um noivo para Hinata e amanhã logo cedo eles viram nos buscar. O casamento acontece no sábado.

- Sábado? - inquiriu Hanabi - Mas hoje é quinta, papai! Não teremos tempo de arrumar o enxoval. - Hiashi riu tomando um gole do licor que a própria Hinata fizera.

- Eles irão cuidar de tudo, Hanabi. Eles tem pressa. Parece que o noivo está impaciente em casar e querem resolver logo isso.

- E como ele é? - mais uma vez Hanabi inquiria. Hinata estava estática no mesmo lugar sentindo que o coração parou de bater.

- Só vi fotos. É bem apessoado. Cabelos e olhos claros, alto, nem gordo nem magro. Disseram que ele é a cópia do pai em aparência, Hinata… - ele olhou para a filha - Você tirou a sorte grande.

- Você… - Hinata falou sentindo a garganta seca - Não viu o noivo?

- Conheci o padrinho e o vi por foto onde estava com os pais. Pra mim é o suficiente. Eles querem que leve só o essencial. Vão comprar tudo que você precisar, como vestido de noiva, enxoval e tudo mais. Eu e Hanabi vamos poder morar numa casa que será sua em documento. - Hinata franziu a testa.

- E onde eu morarei?

- Com seu marido na casa dele. Fica mais afastada do centro do povoado. Ele é muito rico, herdou tudo dos pais quando eles morreram uns anos pra trás. O padrinho está cuidando dos negócios por enquanto.

- Isso está estranho, papai. Já ouvi falar de casamentos arranjados, mas este está muito suspeito.

- Hinata… - Hiashi suspirou - Não quer um futuro melhor para Hanabi ou uma velhice calma para mim? - ela assentiu - Então essa é sua chance. Vão arrumar as coisas e levem pouca bagagem.

Hiashi estava animado. Acabou por animar também a Hanabi, mas Hinata estava desconfiada. Nem o noivo nem os pais haviam se apresentado ao pai e isso era fora dos padrões. Sabia que nunca casaria por amor, mas isso também já estava de mais. Hinata voltou ao quarto que dividia com a irmã e juntou sem pressa algumas coisas, pôs numa bolsa e a fechou. Hanabi ainda indagou se não levaria mais coisas e ela disse que era só o essencial: como o xale da mãe, as luvas que a própria Hanabi costurara para ela e a gargantilha que o pai lhe dera há muito tempo.

No meio de suas coisas Hinata achara um presente da sua mãe. Um relicário onde dentro haviam duas fotos: uma de Hiashi bem jovem e outra da mãe delas. Sorrindo, Hinata entregou o relicário para a irmã. Um dia fora da mãe, que o passou para ela, Hinata, e agora era de Hanabi. A mais nova não quis aceitar, mas Hinata fez questão e o colocou no pescoço da irmã.

- Para você nunca nos esquecer. - ela falou com suavidade e carinho.

Por algum motivo que Hanabi não sabia explicar, ela insistira em dormir com a irmã. Hinata não via motivos para negar. Logo estaria morando noutra casa, longe da irmã e do pai, logo não teria essa oportunidade. Passaram a noite abraçadas e dormiram assim. No dia seguinte partiram para a casa do padrinho do noivo.

Não pensem vocês que o dia tinha nascido azul e ensolarado, não… O dia tinha nascido cinza… Havia neblina até mesmo ali, no sítio deles. A neblina entrava pelas frestas das portas e janelas e se infiltrava em tudo deixando até mesmo os ossos gelados. A carruagem que viera buscá-los era comandada por um homem velho de chapéu coco e aspecto não muito confiável. Assim que eles entraram portando só o necessário ele falou alto que a viagem seria longa, pois ao invés de irem para casa do padrinho iriam para a casa do noivo e que o caminho era tortuoso e longo.

Era novo dia quando saíram de casa, uma manhã fria e nebulosa. Agora já era noite avançada e ainda não tinham chegado. O frio e a nebulosidade pareciam só aumentar cada vez mais. Quanto mais próximo do destino, mais e mais neblina. A visibilidade ficava cada vez maior e apenas o som dos cascos dos cavalos nas pedras do caminho faziam barulho. Estranhamente, o cocheiro não estava reclamando do caminho ou dos solavancos.

Pelo relógio do pai eram quase duas da manhã quando a carruagem finalmente parou. Parou e a porta dela se abriu. Hiashi desceu primeiro, seguido por Hinata e por último Hanabi. Estranharam porque não viram o cocheiro e estranhamente também não tinham cavalos na carruagem. Comentaram que o cocheiro devia ser muito rápido para conseguir desatrelar os cavalos tão rápido.

Logo eles encontraram o caminho até a casa e os portões da mesma abertos. Hiashi foi a frente, seguido de Hinata e Hanabi. Havia um caminho longo até a porta da frente. Foram andando e era notável que o jardim da frente sofria com o frio que havia se abatido sobre eles. As flores ou estavam murchas ou mortas. Apesar de ser início de inverno, as árvores já não tinham folhas e encontravam-se nuas e retorcidas.

Mais algum tempo de caminhada chegaram a frente da casa e antes de baterem a porta se abriu. Lá dentro, Hiashi viu o padrinho com quem tinha acertado tudo. O padrinho veio até a porta e os cumprimentou, chamando para entrar. Uma vez dentro da casa, eles apertaram mãos e o senhor, padrinho do noivo, beijou as mãos das jovens. Era impressão de Hinata ou ele estava gelado?

Como era noite alta, eles serviram um jantar rápido e logo os indicaram para os quartos. No andar de cima, logo na passagem da escada havia um quadro, um enorme quadro. Dois homens e uma mulher estavam pintados ali. Apesar de meio desbotado, Hinata notou que a mulher, sentada numa poltrona entre os dois homens, era muito bela e tinha longos cabelos ruivos. Já os homens, um mais jovem que o outro, eram loiros e tinham olhos azuis. O padrinho explicou que eram Minato e Kushina, pais de Naruto, seu noivo.

“Naruto”, ela pensou e observou o quadro por mais um tempo. A expressão do filho no quadro era um tanto quanto melancólica e os pais, apesar de sorrirem, pareciam preocupados. Ela fitou bem o rapaz do quadro e suspirou, ele era bonito tinha que assumir. O padrinho não se demorou muito por lá os guiando aos quartos.

Hinata ficaria no quarto girassol. Ela soube ao entrar que aquele era o quarto de Naruto, pois haviam alguns retratos em molduras aqui ou ali. Não era um quarto masculino, nem feminino, era um quarto bem neutro inclusive. Havia um banho quente esperando por ela e toalhas macias para enxugar seu corpo. A ela, porém, não foi destinada nenhuma ama. O que era estranho numa casa tão grande e para uma família com tantas posses.

Banhou-se, enxugou-se e deitou-se na cama. Era macia e gostosa. Sorriu e se aconchegou ali. Era a melhor cama na qual deitara na vida! Sem contar o jantar rápido que estava delicioso. Tinha que conversar com a cozinheira. Foi então que lhe veio um estalo, o casamento era amanhã… Deixou a ansiedade tomar conta de seu corpo por um momento. Mas logo, o banho, a comida e a cama quente fizeram seu trabalho e ela adormeceu.

Quando abriu os olhos se viu a sua frente uma estrada e uma montanha, as suas costas um penhasco. Logo ouviu som de cascos. Cavalos e um tiro. Numa fração de segundos um cavalo viram cambaleando, relinchando e caindo para o lado onde ela estava. Hinata chegou a dar passos para o lado antes do cavalo jazer sem vida aos seus pés.

De baixo do cavalo morto saiu um casal. Ela logo reconheceu Naruto e uma moça de longos cabelos róseos. Seu vestido branco, agora manchado de vermelho pelo sangue do cavalo, brilhava a luz do luar. Naruto pegou na mão dela ela começou a se afastar dali, a moça porém parecia machucada, e logo o outro cavalo também se aproximou.

- Agora vocês vão me pagar! - o homem de feição séria, cabelos negros e arma em punho falou alto.

- Pare com isso, Sasuke! Quer nos matar? Eu já expliquei que não temos nada! Ela é sua noiva! Deveria confiar nela!

- Noiva… - o tal Sasuke riu - Isso é uma interesseira. Quando viu que você tem mais dinheiro que eu logo quis mudar de noivo! Pensa que eu não sei! - ele apontou a arma para ela e Naruto se pôs na frente.

- Sasuke… - ela gemeu chorando - Eu amo você! Está entendendo tudo errado!

- Cale a boca, vadia! - ele deu um tiro e pegou de raspão no ombro do loiro.

- Pare com isso, Teme! Você vai matar todos nós! - Sasuke explodiu numa risada doentia.

- Sim… Eu mato vocês e depois me mato!

- Sasuke, por favor… - a moça saiu da proteção do loiro e foi se aproximando do moreno. Ele começou a gritar para ela ficar longe e disparou a arma.

A cena que se seguiu deixou Hinata gelada. A bala disparada por Sasuke atingiu em cheio o peito da moça que foi empurrada para trás com uma força anormal. Ela, já morta pensava Hinata, empurrou Naruto e juntos os dois caíram penhasco abaixo. Sasuke, num incrível momento de lucidez, soltou a arma, pôs as mãos na cabeça e murmurou um “o que eu fiz” se aproximando do penhasco para olhá-lo. Já na beirada, ele se desequilibrou e caiu na escuridão. Hinata tampou a boca. Ela chorava e nem sabia exatamente porque.

Foi quando sentiu algo agarrar seu pé. Ela também estava às margens do penhasco enquanto a cena toda se desenrolava. Ela tentou puxar o pé, mas o sentia preso. Assustada ela olhou para baixo e viu uma mão esquelética lhe segurar o tornozelo.

- Você aceita se casar comigo? - ela ouviu aquela mesma voz que ouvia quando sonhava com a floresta amaldiçoada - Você me ama?

Quando virou se, viu o mesmo homem, com as mesmas vestimentas ali, próximo a si. O cheiro acre permeando todo o ambiente a deixando enjoada. A mão ao redor do seu tornozelo a apertou o toque.

- Você aceita se casar comigo? - ele deu um passo a frente - Você me ama?

- Não… - ela deu um pequeno passo para trás, para perto do penhasco - Não posso casar, não posso amar…

- Então, você morrerá e sofrerá comigo para todo o sempre… - ele falou e moscas saíram da sua boca. A mão puxou seu pé e ela gritou caindo na escuridão do penhasco para todo o sempre.

Acordou com Hanabi lhe sacudindo. O comentário da mais nova foi: “você estava dormindo como se estivesse morta” e isso mexeu um bom bocado com Hinata. Agora tinha quase certeza absoluta que seu noivo estava morto e que o esqueleto com o qual vinha sonhando era ela. Você pode não acreditar, mas ela acreditava nessas coisas sobrenaturais. Acreditava que a falência e a morte da mãe não vinham das intempéries da vida e sim, da ambição desmedida do pai que fazia de tudo para “subir” na vida. Não deveria uma família feliz ser a maior ambição do homem?

Hinata notou o vestido branco do cabide ali perto e sorriu pois era lindo e do jeito como ela imaginava que seria. Com a ajuda de Hanabi o vestiu. A renda e a seda do vestido eram macias e suaves, tinham um leve cheiro de guardado, mas nada de mais. Os cabelos foram escovados e presos num coque que servia de base para o véu. Quando só faltava a grinalda, bateram na porta e Hiashi entrou por ela. “Está linda”, ele falou e pôs a grinalda na filha. De braços dados, os dois desceram as escadas e foram até a sala que fora preparada para a boda.

Hinata prendeu a respiração quando viu seu noivo ali, no altar a esperando. Era Naruto, o do quadro e o do sonho. Tinha a mesma expressão melancólica no olhar. O pai a conduziu até o noivo e antes de entregá-la, virou-se para ela e lhe sorriu.

- Eu te amo. - o pai lhe disse e seus olhos encheram de lágrimas. Seu pai nunca dissera isso a ela.

- Também te amo, papai. - ela sorriu e ele beijou-lhe a testa.

Uma vez entregue ao noivo, que tinha as mãos estranhamente frias, eles se voltaram ao padre que fez a cerimônia completa. Hinata agora não entendia seu sonho. Não entendia o que estava acontecendo… Havia sido apenas engano? Havia ela se deixado influenciar pelo clima da casa? Ela olhava para o noivo de rabo de olho e não conseguia acreditar no que sonhara. Com um suspiro, ela percebeu que já havia assinado o documento que a tornava oficialmente esposa de Naruto.

Um banquete foi servido. Haviam várias pessoas ali, vários empregados. Porém… Hinata reparou que apenas Hiashi, ela e Hanabi comiam. A maioria das pessoas apenas conversava entre si e não tocava na comida. Horas depois da cerimônia concretizada, o noivo, agora marido, bateu de leve na taça de cristal.

- Um instante, por favor. - todas as cabeças se voltaram para ele - É chegada a hora da despedida, mas antes de mais nada quero um instante de atenção de todos. É de conhecimento geral que meus pais não estão aqui pois eles fazem uma longa jornada num lugar muito melhor do que o que vivemos agora. Então, acho que posso falar por eles quando digo: obrigado. Obrigado por terem vindo testemunhar e reconhecer essa união tão importante para todos nós. Eu, Naruto, casei-me hoje com Hinata, a mais bela moça que já tive o prazer de conhecer. Peço a todos que se referencie a ela como “Hinata, a esposa do Naruto”. E graças a isso, a todas as novas portas que se abrem eu ergo um brinde: a Hinata, a esposa do Naruto! - ele falou e ergueu a taça sendo seguido pelos outros.

Hinata, estranhando muito todo o discurso, ergueu sua taça e brindou com todos pela sua boda. Ela tomou um gole de seu champanhe e sorriu quando o gás fez cócegas no seu nariz. Ainda de pé, Naruto anunciou que era hora de dar adeus e se despedirem os entes queridos.

O padrinho dele se aproximou de Hiashi e Hanabi avisando que a bagagem que eles haviam trazido já estava na carruagem que os esperavam para levá-los a sua nova casa. Eles se levantaram e Hinata, com lágrimas dos olhos, se despediu deles prometendo visitá-los. Fora tudo muito rápido após o discurso de Naruto. Em instantes, Hinata se viu sozinha, ainda de noiva no meio da casa. Os convidados haviam sumido, os serviçais também, até mesmo o padrinho havia sumido. Porém a grossa, dourada e reluzente aliança no dedo anelar esquerdo de Hinata não deixava dúvidas: havia se casado com Naruto.

Um barulho no andar superior chamou a atenção dos ouvidos de Hinata e ela, cuidadosamente, subiu para ver. Algum convidado ou serviçal ainda estava por ali. Notou que o barulho vinha do seu quarto e entrou com cuidado. Não havia nada, nem ninguém por ali. Notou, no entanto, que um dos porta retratos estava fora do lugar e foi até lá para arrumar. Quando olhou a foto tomou um susto. Era uma foto dela com Naruto, os dois de noivos. Porém, não tinha visto nenhum retratista.

- Você me ama? - ouviu a mesma voz que a assombrava nos sonhos atrás de si, porém além da voz dos sonhos tinha outra. Ela virou-se lentamente e viu o noivo ao lado do esqueleto. Os dois vestiam a mesma roupa.

- Você me ama? - ele repetiu e a voz saía dos dois.

- Quem é você? É mesmo Naruto? Está vivo? - ela estremeceu notando agora que o quarto estava mais frio - Ou morto?

- Você me ama? - “falou” o esqueleto.

- Um dia me chamaram assim… Naruto… - respondeu o noivo - Hoje… - lentamente o esqueleto e o noivo se fundiram - Já não sei se posso responder por esse nome. - ela tampou um grito.

- O-O que vai fazer comigo? - ela deu um passo pra trás.

- Eu preciso que você me ame… - ele se aproximou dela, meio esqueleto, meio noivo,  tocou-lhe a bochecha com dedos ósseos - Preciso que me ame e me salve.

- Não posso… - ela estremeceu e deu mais um passo para trás - Não posso!

- Então, ficará presa comigo… Para a eternidade… - ele falou e passou por ela num corpo espectral que abarcou todo o corpo feminino.

Ela fechou os olhos, se sentiu tremer e cair. Porém o chão nunca chegou até ela. Era como cair no penhasco do sonho. Um abismo sem fim onde tudo é silêncio, escuridão e desesperança. Nesse sentimento de vazio, onde nem a gravidade existia, ela soltou um suspiro e se permitiu abrir os olhos. Estava no topo da escada de frente para o quadro de Naruto com os pais. Porém havia uma coisa diferente. Ao lado da ruiva, também sentada no que agora era um sofá pequeno, não mais uma poltrona, estava ela mesma com as mãos descansando no colo, a aliança brilhando em dourado, e a mão do seu marido, também com a aliança brilhando, no seu ombro esquerdo.

Ela foi fazendo o caminho até o quarto dos girassóis, ao entrar notou Naruto num canto a observando, já não tinha a meia aparência de esqueleto. Apenas parecia, e muito, triste e melancólico. Quando moveu os olhos pelo quarto notou que havia alguém no chão, uma pessoa desmaiada, e pelos sapatos era uma mulher. Assustou-se ao perceber que os sapatos eram iguais aos seus. Pé ante pé, ela foi andando até ver uma moça inerte no chão, os olhos abertos e sem vida, um vestido novo de noiva no corpo.

- Até que você, que aceitou ser minha esposa diante do padre, me ame… - ela ouviu a voz de Naruto - Estaremos presos aqui… Até que seu amor nos acalme aos dois… - ela virou os olhos marejados para ele - Estaremos para sempre juntos, esposa… - ele falou se aproximando e pegando numa das mãos dela - Para sempre.


Notas Finais


Antes que eu esqueça:
Link da entrevista: http://redatorademerda.com.br/2015/07/entrevista-com-yangsze-choo-autora-de-noiva-fantasma/
Link no livro na DarkSide: http://www.darksidebooks.com.br/a-noiva-fantasma/
Link do livro no skoob: https://www.skoob.com.br/a-noiva-fantasma-441064ed499767.html (quem quiser me dar de presente, tô aceitando xD)

É isso! Espero que tenham gostado, comentado, favoritado (nessa ordem xD). Se gostou compartilha, se não gostou faça críticas construtivas. No mais, xau e até a próxima!

Beijos da neko!

OBS.: o ss não deixa por links na sinopse, então:
Fonte da capa: october crow https://www.dafont.com/pt/october-crow.font
Imagem da capa: http://br.freepik.com/


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