Fazia um ano desde que Frank morrera , mais uma vez Claire acordava de manhã sozinha , Thomas Yates estava certo quando escreveu que eram um átomo indivisível . Governar o país não era algo fácil e sem ele ao seu lado se tornara uma tarefa que não espera enfrentar sozinha tão cedo .
Caminhando sozinha pelos corredores da casa que ambos lutaram para permanecer , ela pensava sobre os trinta anos ao lado do marido ; nunca homem algum chegaria aos pés de Francis , ele era seu caipira de Gaffney , articulador político , companheiro , amante e marido no final do dia . Poucos homens conseguiriam chegar onde ele havia chegado ou permanecer tanto tempo a mantendo feliz e a desafiando a ultrapassar seus próprios limites . Claire nunca pulara a ponte , seu casamento podia ser um flerte com o suicídio no entanto era algo sedutor e ao qual sempre soube que por mais que tivesse vontade de pular , haveria sempre uma mão para trazê-la de volta .
— Senhora o jato está pronto .
— Já estou indo . Saindo de seu devaneio Claire , segue para o avião .
Não voltará ou tivera interação com Moscou desde que ajudará Catherine Duran , no entanto a situação mudará , ela era agora a presidente dos EUA e querendo ou não Viktor teria que a engolir assim como da outra vez . Os dois juntos realmente representavam a Guerra Fria , não podiam se agredir , mas provocar e ferir o orgulho sim .
Quando o jato desce uma recepção a esperava , após o cerimonialismo a presidente dos EUA se encontrava de frente com o presidente da Rússia .
— Viktor .
— Claire . Vamos até meu gabinete .
Seguindo para a sala familiar a ambos , as portas são fechadas .
— Como se sente ?
— Não , estamos aqui por mim Viktor .
— Você cresceu muito desde nosso último encontro , no entanto continua igual.
— Sim antes eu era primeira dama .
— Agora é presidente . Sinto muito por seu marido.
— Não , não sente .
— Você estava com ele segundo a mídia. O fígado nunca foi …
— Não estamos aqui para falar de meu marido . Ele se foi , irá trabalhar comigo.
— Sim esta certa , mas seu casamento não era muito diferente de trabalho.
Transferindo um olhar tão frio quanto a neve que caia do lado de fora , Claire retira os papéis que carregava em sua pasta colocando em cima da mesa começando a explicar o acordo que queria fazer , a luta contra o terrorismo fôra o que dera a presidência e o que poderia custar se Viktor continuasse a fornecer armamento pesado aos pequenos grupos resistentes.
Para Viktor as exigências e ofertas não eram tão ruins , Claire fôra muito cuidadosa algo surpreendente para uma mulher em luto , devia reconhecer que ela era muito boa em analisar as pessoas , talvez por isso seu relacionamento com o marido tinha dado certo . No entanto podia ver alguns traços que ela não revelara antes , realmente a morte do marido a machucava ainda , a cumplicidade que haviam carregado por quase trinta anos soava na voz dela , assim como na de Frank quando o obrigara a tirar a esposa da ONU .
— Existem algumas pendências no que me oferece , mas acho que podemos acertar .
— O que quer Viktor ?
— Agora ? Jantar .
— Eu não vou sair daqui até resolvermos isso .
— Você é sempre assim impossível ou é algo despertado quando está sobre minha presença ?
— Não seja tão pretensioso .
Voltando para os papéis a discussão entre eles continua sem pausas .
— Os papéis estarão prontos amanhã .
— Aceita meus termos ?
— São suportáveis .
Se levantando Viktor pega uma garrafa de Vodka servindo dois copos .
— Obrigado .
— Depois de ficar discutindo o mínimo que se pode esperar é uma bebida no final .
— Devemos ser objetivos .
— Você sempre foi assim ?
— Como acha que eu era ?
— Uma debutante , com os melhores pretendentes que poderia ter qualquer um , no entanto inacessível , distante e de ideias próprias . Você devia sorrir muito , não aprendeu isso somente para política .
— Talvez . – Ela vira seu copo sendo servida novamente – Você sempre foi um tubarão não é Viktor , observando , atacando e destruindo .
— Caçar sozinha pra você é diferente , sempre teve um parceiro . Como se sente a esse respeito ?
— O que é agora Viktor , meu psicólogo ?
— Não . Mas eu vejo o que você reprime. Não achou que fosse sentir tanto . Você é uma dama de gelo Claire .
— Você nunca vai nos entender . Não éramos apenas Frank e Claire . Nós éramos os Underwoods , nos completávamos como pessoas e como parceiros . Nosso casamento não era uma convenção social , Francis não me prometeu felicidade mas a total liberdade .
— Vocês passaram a vida dentro da política , escolheram uma vida sem liberdade.
— Não realmente , juntos tínhamos a nossa liberdade . Mas não tente entender Viktor , não é convencional .
— Você não é uma mulher convencional Claire .
— Obrigado .
Se levantando aquela era a primeira conversa franca desde a morte de Frank , a acompanhando até a porta ele toca seu ombro .
— O que foi ?
— Eu a acompanho até seu quarto .
Seguindo em silêncio os dois caminham para o quarto oferecido .
— Boa noite .
— Boa noite .
Abrindo a porta Claire lança um último olhar antes de fechá-la deixando-o para trás. Passava da uma quando as batidas a fizeram levantar da cama.
— Viktor . O que quer ?
— A acordei ?
— Não . Mas porque está aqui ?
— Estava sem sono .
— Bate na porta de toda visita ?
— Apenas das bonitas .
— O que o fez perder o sono ?
— Isso .
A puxando pelo pescoço Viktor a beija , inicialmente a atitude do presidente a incomoda , fazendo com que se separarem com um tapa na cara .
— O que pensa que está fazendo ?
— Você tem uma mão pesada .
— Não se aproxime assim novamente . Nunca mais .
— Ou então o que ? Se aproximando os dois ficam a poucos centímetros de distância . Olhos azuis devorando olhos azuis .
O silêncio é quebrado pelo corpo de Claire batendo contra a parede , os lábios se encontrando . Uma confusão de sentimentos se encontravam , desconfiança , raiva e uma estranha conexão gelada .
— Não somos amigos Viktor . A voz dela é macia mas não deixa de ser seria .
— Não , não somos .
Apesar da raiva que sentia de Viktor não conseguia evitar que a situação de estar no meio de um corredor com ele e se exitar com o olhar faminto que a devorava . A muito tempo não se sentia assim , sua vida desde a morte de Frank fora em função de construir um legado para ambos , agora nos braços de outro homem uma chama esquecida renascia .
A empurrando para dentro do quarto e fechando as portas , o presidente se deliciava não apenas com os lábios doces ou com os belos traços , mas com o conjunto inteiro que compunha a ex primeira dama .
A jogando sobre a cama , ele retira a camisa branca que vestia e a calça , retirando a camisola preta por cima da cabeça Claire fica apenas de calcinha .
Beijando seu pescoço Viktor sorria para si mesmo ao ouvir os gemidos dela , seu corpo era perfeito suas pernas cruzando em sua cintura , suas mãos lhe arranhando as costas , os cabelos loiros sempre tão arrumados começavam a se bagunçar . Os seios dela batendo sobre seu peito e o olhar penetrante seriam suficiente para que jamais esquecesse aquela noite , mas sentindo-se dentro dela a entrega era maravilhosa .
Viktor era diferente de qualquer amante que tivera antes , Adam lhe dava um amor gentil , com Francis se sentia segura pois sabia que ele não faria nada que a machucasse , seu marido a amava , já Thomas a fazia sentir-se desejada . Viktor tinha algo animalesco .
Ela morde seu ombro , instantes antes de chegarem ao clímax juntos .
— Não deveríamos ter feito isso . Ela dizia enquanto ele a observava com o corpo enrolado sobre os lençóis .
— Veja isso como uma relação diplomática Claire .
— Sabe qual foi a primeira coisa que disse a Francis sobre você ?
— Não .
— Lhe disse que você era um ladrão Viktor. E agora estou eu na cama com você .
— Tive vontade de levá-la pra cama desde seu brinde provocador nos EUA .
— Você me chamou de prostituta . Está lembrado ?
— Realmente isso não é algo que você seja.
— Nenhum de nós devia se prestar a isto , não confiamos um no outro e muito menos nos apreciamos como pessoas . Você não me suporta , assim como eu o repudio .
— Está certa sobre tudo Claire . No entanto existem duas coisas que aprecio em você .
— O que ?
— Sua beleza e sua sinceridade . Poucas pessoas olham nos meus olhos ou falam comigo como você .
— Obrigado . Também posso dizer que existe algo que admire em você .
— E o que seria ?
— Seu status , você não é presidente apenas porque o povo lhe apoia . Você é presidente porque luta todos os dias para se manter atrás de sua mesa .
— Não esperava ouvir um elogio seu .
— Será o único que ouvira .
O silêncio tomou o cômodo alguns minutos antes de ser quebrado .
— Você está aqui , por que eu toquei a ferida e apesar de tudo que tenta fazer para enganar a solidão . Sabe que está só , assim como eu .
Claire nada disse , sabia que era verdade . Ninguém jamais substituiria Francis , ela poderia fechar os olhos , viver com os retratos e até sorrir com as lembranças , mas estava só .
E fôra por essa fragilidade causada pela ausência de alguém ao seu lado , que se entregara a Viktor .
A noite passará , assim como a manhã . Nenhum tocará sobre o incidente de madrugada .
— Os papéis estão prontos para serem assinados . Ela diz os colocando sobre a mesa.
Lendo-os o presente assina o acordo entre ambos .
— Quando partira ?
— Assim que me entregar estes papéis .
— Aqui estão eles .
Dando uma rápida olhada , ela os guarda em uma pasta .
— Obrigado Viktor .
Trocando um aperto de mão , os dois se dirigem a porta .
— Adeus presidente Underwood .
— Adeus presidente Petrov .
Um último olhar é trocado antes da porta se fechar , os levando para seus mundos .
Sentado em sua cadeira Viktor sabia que nunca realmente enxergaria a mulher com quem esteve , porém podia esperar grandes feitos dela .
Olhando através da janela , Claire deixava Moscou e Viktor . Suas realidades eram tão diferentes quanto seus posicionamentos no entanto ele fora a primeira pessoa a ver um relance do que ela vivia .
Não importava quanto tempo se passasse nenhum homem conseguiria substituir ou fazê-la se sentir como Francis James Underwood a fizera .
Ela o amava , mais do que tubarões amam sangue .
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