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História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo tredici; demônio ruivo e francês


Escrita por: gsoline

Notas do Autor


Tô atrasada? Tô, e com certeza irá acontecer de novo. Mas, o importante é trazer a att e aqui estou eu, novamente, surtando. Sabe por quê? Porquê sou trouxa, mas, mesmo assim, estou surtando com os comentários anteriores e tipo: PUTA MERDA!!!!!!!!!!! Eu já disse, eu não tenho mais lágrimas pra chorar. Vocês são tão fofos gente, quero abraçar todos vocês e beijar todos irmãos, irmãs, ou primas e primos. Não sei, mas querendo ou não Ziam já virou uma família em relação a shippers *como o fandom oned*. E vocês, da POW, viraram os meus bebezinhos <3 <3 <3 Estou tão meiga hoje que estou até estranhando, mas é a tpm, não se assustem. Enfim... Estou muito contente de verdade com a reação de vocês em quesito a POW, estou surtando com os comentários, é um tiro atrás do outro. As vezes eu paro e fico pensando: "O que foi que eu fiz pra merecer leitores tão maravilhosos e encantadores?". Estou apaixonada por todos vocês, seus lindoooooooooos :*

Não vou falar demais. Só quero avisar que eu tive um certo bloqueio para escrever esse capítulo, talvez seja por isso que ele tenha demorado tanto. Tudo que eu escrevia não parecia bom, as cenas não parecia se encaixar e até mesmo os diálogos não estavam adequados. Então, me desculpem se tiver uma merdinha esse capítulo, eu realmente tentei, mas acho que ele não saiu da forma que todos estavam esperando.
+ A música citada no capítulo se chama: Clarity - Zedd - Clarity ft. Foxes. Mas se quiserem ler ouvindo a música, recomendo o cover da Kim Viera. Me apaixonei pela voz dela gente rsrs. Só que a preferência é de vocês.
+ EU SEI QUE VOCÊS QUEREM ZIAM LOGO. EU SEI, EU SEI, EU SEI, EU SEI! Mas, eu aviso, esse capítulo vai ter, mas vocês vão me odiar pelo final hehe.
+ Tenham uma boa leitura.

Capítulo 14 - Capitolo tredici; demônio ruivo e francês


Os nossos inimigos mais perigosos são aqueles que nós nunca pensávamos ter. – Gossip Girl. 

— De onde o conhece? – Liam estremeceu quando a voz daquele homem ao seu lado, foi mais alta que os trovões revoltosos.

Verona aquela semana tinha o cenário desagradável. Fechado, frio, úmido e monótono. O castanho inspirou profundamente e contou até dez mentalmente. Havia entrado em uma guerra consigo mesmo desde o momento que havia saído do Hotel Halder.

— Nossos pais são velhos amigos – Liam respondeu a Zayn, sabendo que a pergunta se tratava de Andy e não Ian. O que de fato fez Liam agradecer internamente, não estava em condições de lidar com os sentimentos aflorados do moreno e muito menos com os seus – Andy e eu crescemos juntos.

— Ah... – um murmuro quase inaudível. Liam olhou seus sapatos e voltou a caminhar na trilha de pedras – e Ian? – a voz de Zayn voltou, fazendo o maior encolher os ombros crucificando-se por ter contado vitória cedo demais.

— Em uma missão – disse simplesmente – eu estava fugindo e Ian abriu as portas do hotel dele para me abrigar, até todo alvoroço passar.

— Parece que ele abriu mais do que as portas do hotel – o moreno ronronou em fúria. Sua mente estava em uma bagunça desconexa que desorganizava seus sentidos imperfeitos.

Liam encarou-o, boquiaberto.

— Isso é mesmo sério? – Liam rosnou de volta, puxando o moreno pelo antebraço – está com ciúmes do meu ex namorado, sendo que ele saiu da minha vida e não tem mais nada haver com porra nenhuma? – o ênfase em ex namorado foi bem óbvio e claro. O maior sussurrava, ninguém tinha que ouvir aquele desentendimento.

Afinal de contas, o que eles eram? O que eles tinham?

— Não entendo essas mudanças de humor, sinceramente. Em um segundo está gritando e no outro está transando comigo, o que você quer de mim afinal? – Liam perguntou, batendo no próprio peito ao referir-se a si mesmo. Zayn encarou-o, hesitante.

— Eu... – tentou, mas todas as palavras que pensou em dizer não eram o suficiente. O que Zayn diria?

Liam mostrou a Zayn que estava cansado, e seus olhos lhe entregavam de bandeja. Tudo havia virado uma grande bola de neve, nem mesmo Zayn sabia o que esperar de Liam.

"Talvez espera que ele dê o primeiro passo, como todas as outras vezes." – o moreno ignorou aquela voz em sua cabeça e inspirou fundo, relaxando os ombros e mostrando ao maior que nem mesmo ele sabia como se expressar. Liam não precisou de palavras para o entender, sabia o que não poderia ser dito, e se chateou por saber que nada mais que suspiros seriam dados por Zayn.

Liam deu as costas ao moreno e dirigiu-se até o seu carro, deixando o outro para trás tão atordoado que por um segundo Zayn pensou em gritar na tentativa de libertar-se daquele horror. Era agonizante, um sofrimento maior do que Del Frazi chegou a imaginar.

Isso era amar? Sentir-se sufocado, perdido e fora do juízo? Que merda de sentimento é esse, que o dá vontade de vomitar e depois se matar?! Como Zayn odiava aquelas sensações e como também as adorava.

Bufou, irritado com suas incertezas e marchou até o carro de Liam. Mandou que os homens que os acompanhariam eles naquele veículo acompanhasse Louis e Harry logo atrás. Outro bufo, o moreno tinha assuntos com aqueles dois que também tinha que tratar.

— Você o conhece? – Liam pareceu raciocinar depois de muito tempo. Zayn adentrou o carro e bateu a porta com força, o castanho encarou-o e esperou por sua resposta.

— O conheci na boate, meses atrás. – mentiu.

"Idiota". Amaldiçoou-se, mas já era tarde e Liam também não parecia ter paciência em adquirir novas informações.

Zayn suspirou fundo, desencadeando todos os medos que vinham dominando o seu corpo desde o momento que da boca do inimigo havia saído o nome de Samuels. Sua mente passou a divergir para lugares obscuros, para um cativeiro, para a dor que usufruiu seu corpo durante três intermináveis dias e no final de tudo, Zayn só conseguia enxergar o rosto de Fabrizio.

Zayn tinha a incerta sensação que tudo a sua volta estava sendo controlado e cronometrado. Um jogo, onde ele e Liam eram os protagonistas. Mas cada um tinha o seu papel. Interpreta-los, mesmo que inconscientemente, estava deixando-o atônito.

Todos a sua volta estavam servindo de marionetes nas mãos de Fabrizio Del Frazi, e para que? Para testar a confidencialidade do filho? Para testar se Zayn iria realmente fazer o que fora lhe passado? Fabrizio havia notado a hesitação de Zayn, ou apenas estava mais uma vez obcecado em saber se tudo correria bem como ele queria que corresse?

Por um momento Zayn pensou em chorar, desesperadamente, como um bebê que acabou de vir ao mundo. Sufocar-se com as próprias lágrimas e soluços, estava tão atormentado, tão atordoado que mal conseguia respirar.

Se no início soubesse que estaria dividido entre o amor e a lealdade, teria tomado mais cuidado. 

"Cuidado com o que, exatamente? O seu caminho já estava entrelaçado ao de Liam, você querendo ou não." – o moreno encolheu-se no assento, sentindo-se com tanta dor emocional que deixou que o seu inconsciente falasse o que quisesse.

Fechou os lábios em uma linha rígida e apertou os olhos. Andy trabalhava para o seu pai, só que por muito tempo Andy não conseguiu extrair nenhuma informação necessária sobre D'Angelo. Então vem o momento que Zayn entra em cena...

— Zayn? – a voz de Liam tirou-o de seus devaneios.

O moreno piscou algumas vezes, incomodado, olhando através do vidro o tempo lá fora cair em um temporal. O motor roncava e estremecia o veículo.

— Você está bem? – a voz do castanho ao seu lado pareceu preocupada, por quanto tempo Zayn ficou preso no purgatório dos seus pensamentos?! E hesitante, olhou para o castanho. Esse tinha as sobrancelhas juntas e os lábios levemente abertos, o moreno os encarou e passou a língua entre os seus – Zayn....

As palavras de Liam foram reprimidas por um contato suave dos lábios do menor. Zayn inclinou-se no próprio corpo, suas mãos voaram para o peito do inimigo e no segundo seguinte estava no colo de Liam, entrelaçando sua língua a dele em um movimento astuto.

Após um tempo, pelo o que a chuva se intensificava, ambos se afastaram a procura de ar. E Zayn abraçou a Liam, tão apertado que poderia sentir o coração disparado de Liam bater contra o seu peito. Sorriu, acariciando os cabelos da nuca do maior quando esse meio hesitante, envolveu sua cintura em um abraço também apertado. E por assim eles ficaram, por algum tempo indeterminável.

Liam não entendia o que estava passando na cabeça do moreno, mas o corpo dele o demonstrou a proteção e segurança, por mais que estivessem debaixo de uma chuva de balas mortais, Zayn trazia isso a Liam. Zayn era a sua paz.

— Você está me preocupando – o castanho sussurrou contra o pescoço do menor que soltou um longo suspiro.

— Estou bem – o peito bombardeou-o de forma intensa e dolorosa, mas Zayn o ignorou, apenas quis aproveitar aquele momento.

Não queria pensar em como contaria a Liam todo o plano que estava envolvido atrás daquela união, e também não queria imaginar a reação oposta caso Liam descobrisse tudo por conta própria.

Após um tempo que durou como a eternidade, hesitante o moreno se afastou do maior e voltou ao seu banco.

Relaxado de todo modo e até mais aliviado, Liam o analisou, estudando todos os movimentos mínimos daquele homem tão peculiar.

— Pare de me olhar e coloque o cinto.

— O quê? – D'Angelo perguntou com um sorriso. Zayn estava mandando nele?

— Coloque o cinto – Zayn ordenou em um sussurro lento e pausado. Não havia pedido entre eles. Não entre dois líderes. As ordens eram claras e por muitas vezes eles recusavam a aceitá-las.... só que aquilo estava começando a mudar.

Zayn encarou o homem ao seu lado. Liam tinha os dedos pressionados no couro do volante, perdido em seus pensamentos e racionalidade.

Liam perguntava-se mesmo se estava sendo subestimado ou persuadido, Zayn sustentou o seu olhar e não deu o braço a torcer.

Como o clima havia mudado entre eles e se tornado naquela atmosfera aquecida e humorada tão rápido, ninguém saberia responder. Só gostavam de jogar um com o outro, era excitante.

Liam riu de canto ao sacudir a cabeça, afastando pensamentos nada inocentes, puxou o cinto, assistindo o moreno fazer o mesmo e o travou.

— Está bom para você, majestade? – D'Angelo brincou, soando sarcástico e até mesmo adorável.

— Bom menino – Del Frazi zombou com um sorriso maroto.

Liam rolou os olhos e tornou a mover o carro, ignorando, ou tentando, o sorriso lascivo que Zayn mantinha no canto dos lábios que diziam: Bom saber que também tenho controle sobre você.

❱❱❱❱

— Para onde exatamente você levou a Camilla e as suas vadias?

— Quer parar de chamar o meu irmão e o Niall de vadias?! – o castanho censurou.

— Tá bem. Onde exatamente você levou a Camilla e as não vadias? – o moreno prendeu o riso engasgado com um coçar na garganta. Encarou Liam pelo canto dos olhos, assistindo-o formar um bico enquanto mordia a própria bochecha, com toda certeza controlando-se para não dizer algo que os fará entrar novamente em outra discussão.

— Estão na casa da Lauren – Liam respondeu após repensar diversas e diversas vezes no que poderia dizer. Mas no final, era aquilo, Zayn gostando ou não.

— Você levou a maluca da minha irmã, mais as malucas das suas não vadias, para a casa da maluca da Jauregui? – o moreno vociferou, virando o corpo para encarar o castanho que desviou os olhos da estrada por alguns segundos e encarou a cor caramelo que os olhos de Zayn obtinham.

Liam deu de ombros e sorriu de forma inocente.

— Isso vai dá merda, Liam.

— Camilla vai ficar bem, para com isso.

— Não to preocupada com ela – Zayn sacudiu a cabeça, rindo sem humor – estou preocupada com Lauren. Minha irmã vai fazer uma lavagem cerebral nela.

— Sobre o que?

— Sobre a gente – Liam não conseguiu segurar o riso divertido – olha só o seu irmão. Gostava mais dele quando ele não gostava de mim.

— Ele não gosta de você, babe – Liam encarou-o – ele gosta dos planos malucos da sua irmã, é diferente.

— Ai, é outro doido – bufou, deslizando no banco e escondendo o rosto com as mãos – e eu não gostei da ideia de Lauren ficar de babá da minha irmã.

— Acredite, Lauren também não – o castanho resmungou, piscando para o menor.

Zayn tirou as mãos do rosto e assistiu o alheio voltar sua atenção para a estrada, nenhuma palavra a mais foi pronunciada. Tentou desde o momento que saiu daquela casa distrair Liam daquele mar nevoeiro de insanidade, mas, naquele momento, era Zayn que precisava da lucidez. Liam estava mexendo com sua cabeça, de formas intensas e persuasivas.

Liam novamente tirou seus olhos da estrada por alguns segundos, apenas para contemplar o moreno sentado ao seu lado. Apesar do peso sufocante em seu peito, sentia-se absurdamente calmo com Zayn. Nunca imaginou que aquele homem seria a paz pela qual procurou durante anos, que, apesar daquelas indiferenças, era por ele que seu coração chamava a cada batida. Maldito e ridículo sentimento, que por algum milagre o fazia viver como não vivia a anos.

Estar apaixonado para aqueles dois homens era perigoso, mas libertador. Ambos só precisavam saber lidar com as consequências caso aceitassem ficar juntos.

E voltando sua atenção ao trânsito, Liam sorriu de canto. A conversa entre eles tinha chego ao fim.

❱❱❱❱

Liam prestou atenção no som que as rodas faziam quando paravam sobre pequenas pedras.

O veículo foi estacionado em frente a um enorme portão acabado em ferrugem.

Os olhos marrons do castanho o encarou e esperou que os homens que saíram a pé checassem o local. Um silêncio ensurdecedor preenchia a rua em frente a aqueles enormes muros, a única coisa além daquilo em que o castanho prestava atenção, era na respiração meio alta do moreno ao seu lado.

Zayn engoliu em seco, havia passado em frente a aqueles portões durante anos. Levou um susto quando escutou batidas do seu lado. Apertou os olhos ao mesmo tempo que levou a mão ao seu peito, respirando pesadamente, encarou a janela embaçada e viu através dela o rosto pálido de Harry.

— O que houve? – perguntou o moreno, abaixando a janela para falar com o britânico.

— Eles vão abrir os portões – fora tudo o que o britânico lhe disse antes de acenar para Liam e correr até o carro onde havia vindo com Louis, Zayn encarou-o sobre o retrovisor, perguntando-se o que ambos haviam conversado dentro daquele carro. Pegou-se imaginando quanto tempo aquele relacionamento durava e imediatamente lembrou-se da conversa que teve com ele semanas atrás.

"— Andou tendo muitos encontros nesse último mês. Quando irei conhecer a pessoa que conseguiu prender o meu melhor amigo?

— Em breve, espero..."

Por um súbito momento, Zayn quis rir. Aquela conversa havia sido tão sútil, como não havia percebido? Sorriu para si mesmo, voltando a encarar os homens que empurravam os portões e no segundo seguinte olhou para Liam.

Sorriu sem emoção, poderia imaginar a tortura que estava sendo para o alheio, naturalmente olhou para as mãos do maior. As mesmas estavam em punhos fechados sobre a coxa do mesmo, o moreno suspirou e segurou-a, entrelaçando os seus dedos com os de Liam, sentindo aquela vibração tão conhecida aquecer o seu corpo e fazer cócegas em seu estômago.

— Os portões estão abertos – um homem de cabelos ruivos passou correndo perto da janela de Zayn, anunciando aos líderes que a passassem para eles estava livre.

Liam encarou a estrada, sem piscar. A hora era agora, e o medo correu em suas veias rápido como uma dose de adrenalina.

— Vai ficar tudo bem.

Liam sentiu as palavras serem pronunciada contra os nós de seus dedos, quando Zayn os beijou. Liam apertou os olhos, abaixando a cabeça.

— Ele está aqui, eu sinto que está. E mesmo se não estiver, não sairei do seu lado até encontrarmos o Enzo.

Como se uma onda nervosa tivesse acertado seu corpo, Liam sentiu-se caindo. Era aquela sensação que Zayn o fazia sentir, como se estivesse caindo, e por mais que ele estivesse na areia da praia, imóvel e sem forças para se erguer, a presença de Zayn o dava a força e a coragem que precisava para seguir em frente, como se não tivesse sofrido com a queda.

— Vai ficar tudo bem, amor.

Vai ficar tudo bem, amor. Liam repetiu mentalmente, os dedos cruzados aos de Zayn. O frio correndo por sua espinha e coração acelerado. Tudo ficaria bem.

Novamente de olhos abertos, novamente de volta a realidade. Liam olhou pelo retrovisor alguns dos seus homens sentarem sobre as janelas dos carros, apoiarem-se sobre o teto e tirarem suas armas para fora. Outros optaram em ir de pé. Suspirou pesado e encarou Zayn ao seu lado, esse sorriu de canto para ele, dando-o a coragem a qual Liam tanto procurou.

Após adentrar os portões seus olhos notaram que o jardim estava morto, a pintura desgastada e todo o resto estava repleto de barro molhado e poças d'água. Prendeu o lábio entre os dentes, assistindo a casa ficar cada vez maior o que se aproximava, novamente o carro foi estacionado, agora em frente a trilha que o dava para a entrada da casa.

Do lado de fora não existia nenhuma alma viva a não ser pelo seus homens e os de Zayn que espalhavam-se pelo local. Tomando os seus postos, abrindo o caminho e observando atentos tudo a sua volta.

Liam naquele momento estava absurdamente nervoso, presava para que encontrasse o pequeno filho naquela casa e caso não encontrasse, reviraria aquela cidade inteira atrás dele.

— Esse lugar é assustador.

Ouviu a voz de Zayn pronunciar tais palavras próximo a si. Encarou-o por alguns segundos e concordou. Realmente, era assustador, um digno cenário de um filme de terror.

— Vamos. – disse Liam após longos segundos.

— Sem nenhum plano? – Zayn o cortou, puxando-o de volta.

— O meu filho está ai dentro...

— Eu sei Liam, mas se for alguma armadilha...

— Não posso pensar muito nisso agora Zayn e você sabe disso. – olhou-o profundamente nos olhos – escuta, já perdi muita gente. Não perderei o meu filho também.

Zayn estudou-o por alguns curtos minutos, cada traço, cada linha, cada piscar de olhar e todos os mover de lábios. Seria o momento errado para dizer que sentia-se um absurdo psicopata possesso por tamanha beleza?

O moreno concordou depois de um tempo que comparou-se a uma eternidade, Liam sorriu de canto pela compreensão e por impulso aproximou-se do moreno, segurou-o pela nuca e beijou sua testa.

Zayn suspirou, sentiu os lábios de Liam descer até seu nariz mas no meio do caminho parou, e se afastou. Ambos corações batendo forte e ativos. Depois de algum momento,  o moreno ansiou em olhar a sua volta para ter certeza se alguém importante havia assistido aquela cena, mas antes que pudesse se mover, repreendeu a si mesmo. Por Zayn, que soubessem, estava cansado de se esconder.

— Então vamos. – Liam ordenou e com um mover de mãos já estavam todos seguindo suas regras.

Cada passo perfeitamente calculado, diversos olhos atentos a todos os lados. Nada escapava daqueles homens, nem mesmo o barulho de uma goteira. Liam ergueu a metralhadora Thompson até a altura de seus olhos, seu dedo alisando o gatilho, caminhou em passos calmos e longos até a porta de entrada.

Haviam dois dos seus homens parados ao lado dela, um deles segurava a maçaneta. Inspirou fundo e mandou abri-la em um gesto mudo, adentrou a casa antes de qualquer um, mirando para todos os lados e ao fazê-lo, Liam teve uma imensa surpresa.

Seu coração deu um salto brusco quando reconheceu os cabelos de Andy, esse estava parado em frente a escada, repleta até o topo de aberrações que ao analisá-las fez com que os desejos de Liam se aguçassem. Atiraria, ousaria o fazê-lo, sua raiva estava gritando. Mas sempre havia algo que o trazia de volta a realidade e desta vez fora Louis, que gritou para os outros manterem-se atentos.

D'Angelo encarou Samuels, olhos marrons nos azuis, ambos representantes das trevas, mas era difícil denominar qual deles era o diabo.

Liam notou a granada na mão do ex companheiro, o polegar do homem estava entre o circulo do pino, um puxão e tudo iria pelo os ares.

— Eu estava esperando por você, D'Angelo. – Andy pronunciou-se após uma longa pausa dramática. Passou pelos homens que também estavam dispostos no corredor e nas entradas dos cômodos. – menos de quarenta e duas horas. Você é realmente rápido, fratello. – o castanho corroeu-se, como caralhos Andy ainda tinha a coragem de chamá-lo daquela forma?

— O que você fez com o meu filho? – desviou dos comentários, pressionando os dedos em torno da arma. O clima ali estava tenso, mas o medo de Liam havia evaporado como água fervente – onde está o meu filho, cretino? – gritou estridentes, assustando o inimigo a sua frente que piscou duas vezes desnorteado.

— Não grite na minha casa. – rosnou – o seu filho está bem, James.

James! Zayn juntou as sobrancelhas quando aquele nome caiu em seus ouvidos. Por que as pessoas estavam tratando-se a Liam como James? Seria mais um disfarce? Talvez Damien não seja suficiente.

— Não perguntarei de novo – o mafioso alertou, destravando sua arma e mirando certeiro na cabeça do outro pouco a frente. Uma dúzia, ou até mais, do mesmo som foi ecoado no cômodo.

— Ele está aqui – Samuels confessou entediado – só que antes de permitir que você o pegue, tenho algo a lhe oferecer.

— Que coincidência, eu também tenho. – Liam riu sem humor, abaixando a arma – na verdade, é mais um acordo. Então serei breve... – interrompeu-se, estalando a língua no céu da boca e fingindo humor – devolva o meu filho e lhe garanto que a sua morte será rápida e indolor.

— Não estou de acordo com isso.

— Imaginei que não – Liam riu de lado – só que tenho uma novidade. Eu também não me importo.

O castanho deu de ombros e no segundo seguinte suas mãos agarraram o colarinho de Andy, puxando-o contra o seu corpo. Sua arma caiu no chão, ecoando o barulho do baque em seus ouvidos. Liam ignorou o som das armas, dos múrmuros e dos avisos. Estava cego pelo ódio.

— Solte ele agora – Zayn intrometeu-se, cansado de assistir aquele show de horrores e permitir que Liam fugisse do ponto tão bruscamente.

Segurou nos pulsos do maior, tentando afastá-lo, mas a força de Liam pareceu triplicar no tecido que passou a sufocar Andy que ordenou que os seus homens ficassem imóveis.

— Não perca o juízo agora, estamos tão perto. – sussurrou para o maior, assistindo as pupilas do homem ficarem dilatadas.

O moreno entreabriu os lábios: o inferno é brincadeira perto da fúria de D'Angelo. Andy sabia disso, mas sua atenção recorreu a Zayn mesmo que o ar lhe faltasse.

— É bom escutá-lo, vocês estão tão perto – Samuels usou as palavras de Del Frazi, esse estremeceu, mas não cortou a conexão com Liam – tire suas mãos de mim, antes que eu puxe o pino desse brinquedinho aqui e todo mundo vai pelos ares... Inclusive o seu precioso filhinho.

Liam ponderou, pela primeira vez a razão o pegou com um soco no estômago. Seus dedos afrouxaram e o moreno de olhos âmbar aproveitou a oportunidade de puxá-lo, afastando-o de Andy.

Zayn não queria interferir naquela conversa, mas quando tudo se transformou em ações e enxergou que a vida de todos estava por um tris pensou: Enzo estava ali, não permitira que aquele idiota morresse justamente a um passo de ter o filho de volta nos braços.

— Ouvimos falar muito do que você é capaz de fazer – Andy voltou a dizer, trazendo Liam de volta de uma realidade oposta a qual estava vivendo – também ouvi falar que vocês... – apontou para ambos mafiosos – deram trabalho e destruirão muitas coisas juntos. O que me surpreende, não é o fato de vocês estarem em guerra, e sim em uma trégua. Lado a lado como aliados, como se nada, como se o nome de suas famílias ou a reputação que carregam desde o dia que nasceram, não fosse nada.

— Primeiro querido, ouvir é muito diferente de presenciar. Ninguém sabe o que sou capaz de fazer, ninguém está vivo para contar história... –Liam interrompeu-se, dando um passo em direção a Samuels, mas logo voltando para trás com um rosno de censura de Del Frazi – ah, esse aqui está vivo. Então pergunte a ele, caso conseguir chegar perto dele – sorriu ironicamente ao apontar para Zayn.

— Vocês são geniais. – o homem riu sem humor – viraram amigos agora?

— Talvez. – a voz rouca e aveludada de Zayn ecoou no local – ainda não entramos em um acordo.

— Chega de rodeios, vocês dois me cansam. – Andy, obviamente mais velho que os outros dois, girou os olhos azuis entediado – a começo de tudo, James, estou aqui a mando de alguém, e esse alguém quer te recrutar.

"O quê?" – pensou Zayn, esbugalhando os olhos.

— Querem me recrutar? – Liam riu de desdém – caso não tenha reparado, Andy, eu sou um líder. Eu dito as regas e não o contrário. – Liam deu ênfase em "eu", batendo em seu próprio peito, deixando bem claro que ninguém o convenceria do contrário.

— Não disse em momento algum que você não seria subordinado. – Andy refez sua síntese, deixando os demais relutantes – você seguiu direitinho os passos do seu pai, você sabe todas as regras e mesmo assim, você as quebrou... não diga que não, Ian é a prova viva do contrário.

Zayn encarou o maior, confuso pelas ameaças que foram usadas contra. Então Ian não era somente um ex?

— E o que nos surpreende, é que o seu pai nunca desconfiou de nada, não é? E é por isso que os meus líderes querem você, porquê além de ser inteligente e habilidoso, é um ótimo mentiroso.

O peito de Liam estufou pelo ar que tomou. Corroeu-se por dentro, a mentira, o passado havia voltado a tona e trazendo junto com ele todos os seus piores medos. Não conseguiu encarar ninguém. Zayn, Louis, Harry, Luke... Ninguém entendia qual era o segredo oculto atrás daquelas palavras, ninguém exceto por Liam.

— E não se preocupe, tem muito dinheiro envolvido nisso. Só basta você aceitar e vir conosco.

— Quem é ele?

— O conhecerá se aceitar o que tenho a propor.

— A sua proposta foi bem clara: É eu ficar contra o meu pai – Liam gesticulou, incrivelmente paciente – escuta, Andy, como você mesmo disse: Eu quebrei regras, sabendo que o meu pai é o homem mais poderoso que a máfia já presenciou. Eu não tenho medo dele, imagine se vou ter de alguém que está se escondendo atrás de você. Esse alguém, realmente pensou que eu ficaria contra o meu pai por causa de dinheiro? – Liam rebateu, Andy recuou. – sim, eu quebrei regras, sim, eu já fui burro o suficiente em acreditar que eu poderia ser maior que ele e no final, eu só servi como um peso – interrompeu-se, analisando direito o lugar. Sua cabeça estava a um ponto de explodir – eu tenho dinheiro, Andy. Eu tenho um exército, não preciso de mais nada disso. Não me importo com o que tenha a me oferecer, nasci um D'Angelo e morrerei sendo um com orgulho.– sua voz era áspera, o suor descia frio por suas costeletas, a adrenalina corria rápida por suas veias.

Zayn riu cheio de vontade, orgulhoso, puta merda como amava aquele cretino. Viu o mesmo mafioso que o enfrentou naquele cativeiro, o mesmo homem que ficou de joelhos aos seus pés, cuspindo sangue e debruçando-se em dor. Mas em momento algum demostrou que recuaria.

Ali estava o Liam que havia conhecido, que havia odiado e que havia jurado a si mesmo que o faria implorar pela misericórdia. Aquele não era o momento certo para ter certeza daquilo, agora Zayn queria rir, queria pular nos braços de Liam e fugir com ele dali.

— Não seja burro, Liam – gritou Andy. Zayn pressionou os lábios em uma linha rígida, aquele cara não desiste?

— Como?

— O meu líder não quer que você só fique contra o seu pai. Ele quer que você lute ao lado dele e liderem uma nova legião. – Andy explicou-se, meio hesitante, estava falando demais. – o homem que me mandou aqui quer vingança e o seu pai tem que estar vivo para assisti-la.

— Não ficarei contra o império do meu pai e do próprio.

— Claro que não, porquê o império não é mais dele, é seu – Liam arregalou os olhos sem realmente entender. Andy continuou o encarar, sentindo-se vitorioso por conseguir a reação pela qual queria – você se tornou o pote de ouro tão procurado no final do arco-íris, por causa de um erro. O seu nome está na boca de todos os temidos, os fortes. Até mesmo Del Frazi está na sua cola...

Liam juntou as sobrancelhas quando finalmente teve alguma reação, e Zayn moveu-se desconfortável.

— Não se prive de enxergar. Aonde vá, estarão todos falando de Liam D'Angelo: O homem mais temido com apenas vinte e dois anos por toda a Itália. Agora é o seu momento de glória. Lorenzo é apenas um aperitivo, você é o peixe maior. É por isso que o meu chefe lhe quer, não é Zayn? – todos os olhos foram voltados ao moreno que prendeu a respiração em seus pulmões.

Zayn sentiu seu mundo desmoronar aos seus pés quando Liam o encarou. Sua vontade fora de correr, se esconder. Sustentou o olhar de indignação do maior, seus olhos ardiam, eles não piscavam, apenas tentavam compreender o que um pensava.

Nada era bom, tudo estava devastando naquela bola de neve. Zayn encarou Andy e voltou a se manifestar.

— Onde está o garoto? – gritou estridente, andando na direção de Samuels com a arma apontada para ele. Liam o puxou de volta.

— Não faça isso – Liam pediu baixo. Difícil era decifrá-lo, estava trajado a frieza, a mesma pela qual Zayn o conheceu.

"Oh não, você o perdeu." – o inconsciente de Zayn gritou assustado quando até mesmo ele não soube descrever o porquê aqueles olhos brilhavam. O coração apertou, levou tempo demais para assumir a si mesmo o que sentia para tudo desmoronar daquela forma.

— Hm... Por que tenho a sensação que algo entre vocês foi rompido? – Andy provocou, fazendo-os ainda se encararem por longos instantes. Liam voltou a piscar, cortou a conexão com Zayn, que soou mais como uma queda brusca, e fitou Andy.

— Onde está o meu filho? – rosnou alto.

— Lá em cima, segunda porta a direita. – Andy deu passagem para que Liam subisse as escadas.

O castanho tomou fôlego e não pensou duas vezes antes de seguir até lá. Louis o seguiu, acompanhado de outros e logo depois sumiram ao virar o corredor.

— Realmente espero que o seu pai saiba o que está fazendo. – Samuels dirigiu-se até o moreno que continuou imóvel, apenas encarando o chão.

— Apenas estou fazendo o meu trabalho. – Zayn retrucou, baixo mas firme.

— E esse trabalho sugere que você tem que ajudá-lo?

— O meu trabalho sugere que eu tenho que ganhar a confiança do L.. D'Angelo. – interrompeu-se antes que deixasse escapar o nome do maior. Não queria ser fraco naquele momento, não queria dá mais motivos para o seu pai permanecer na sua cola – você mesmo disse que ele é o peixe grande, e estou garantindo que ele caía na minha rede.

— Ótimo. – o homem sorriu convencendo-se do que fora ouvido. Não esperava outra emoção a não ser o vazio do moreno. – se precisar de ajuda...

— Trabalho sozinho – Zayn cortou-o em um rosno – e depois de você ter quase detonado tudo, agora é que não quero que se intrometa.

Andy não disse mais nada, apenas deu de ombros e voltou para o lugar de onde saiu. Instantes depois, D'Angelo descia finalmente com o filho em seus braços, uma jaqueta cobria o corpo do garoto, aquecendo-o e protegendo-o do frio. O moreno ouviu os soluços da criança e sentiu vontade de abraçá-lo.

— Como ele está?

— Queimando em febre. – essas palavras foram o suficiente para fazer Zayn seguir Liam. O moreno pode ver a cabeça do menino enterrada no pescoço do pai e os bracinhos tentando dá a volta no mesmo.

— Achei que fosse me matar. – provocou Andy, seguindo-os até o lado de fora.

— E vou, só não disse quando. – Liam retrucou de volta, sorrindo irônico – gosto de pegar minhas presas desprevenidas.

— Você é um covarde – gritou o homem de olhos azuis.

— E você é um grande poço de merda.

E com essas palavras o novo inimigo de Liam se calou. O castanho sorriu e seguiu até o seu carro.

— Eu dirijo. – alertou Zayn e Liam agradeceu verdadeiramente por aquilo.

❱❱❱❱

Tentava manter sua atenção na estrada a qual seguia. Seus pensamentos eram embaçados igualmente ao vidro que recebia grosas e fortes gotas de chuva. Tentando manter a velocidade adequada para não causar nenhum acidente desagradável e inesperado.

Enzo deixou de chorar alguns minutos atrás, agora soluçava baixinho agarrado com todas as suas forças a camisa do pai. Liam por outro lado não tirava sua atenção da estrada, inerve demais em tentar demonstrar emoção apesar de sentir-se mais aliviado por estar com o seu pequeno novamente em seus braços.

Zayn olhou-os pelo retrovisor, tentando a todo custo não prender-se demais naquela visão e distrair-se do resto do mundo. Ouvia Liam repetir diversas vezes: Tudo irá ficar bem... Zayn só queria saber se aquelas palavras eram dirigidas a si ou a criança, mas, de todo caso, sentia-se egoísta em pensar que elas talvez pudessem pertencer a ele. Só estava com medo. Havia admitido a si mesmo que impediria a queda daquela bola de neve e quando viu ela já despencava morro a baixo destruindo tudo que via pela frente. Uma dessas coisas sentia que talvez pudesse ser a relação a qual tinha com Liam, se é que eles tenham alguma.

E novamente admitia: Só tinha medo. Medo de perder a única pessoa que teve a consciência e coragem de amar na vida.

Zayn suspirou, cansado, apoiando o cotovelo sobre a porta e a cabeça em seu pulso. Voltou sua atenção a estrada e por hora deixou aqueles pequenos problemas de lado.

❱❱❱❱

Eram mais que três da tarde quando Liam pode visitar o filho no quarto de hospital. O menino dormia em um sono profundo e calmo, coisa que Liam suspeitou que não teve nos últimos dias. Ao aproximar-se do leito, delicadamente acariciou os cabelos escuros do menino, observou o peito do garoto subir e descer lentamente denunciando sua respiração suave.

Liam sentiu-se relaxar totalmente quando seus dedos desceram até a pele do rosto mais novo: A febre havia baixado.

Sentindo o coração diminuir os batimentos acelerados ligados a preocupação, curvou-se sobre o corpo do garoto e beijou o rosto do filho. Uma, duas... até ter a certeza que era ele ali e não uma ilusão. Então batidas calmas e até tímidas foram ouvidas na porta.

Zayn adentrou o quarto, meio recuado. Os cabelos do moreno estavam meio bagunçados, o rosto meio abatido. As roupas por baixo do sobretudo aberto estavam amarrotadas. Mas o que chamou atenção do mais velho não fora as roupas e sim o que aquele homem trazia junto a ele.

— Um pato? – Liam perguntou após analisar os diversos balões coloridos com pedidos de melhora flutuando, desceu suas orbes até o bichinho amarelo vestido de azul.

Era uma pelúcia que carregava uma plaquinha com os dizeres: Récupèrer bientôt, champion. (Recupere-se logo, campeão!) Era francês, Liam não pode deixar de sorrir de lado pela ironia.

— Era ele ou o sapo – o moreno rolou os olhos em humor, fechando a porta atrás de si – e eu não gostei daquele sapo, então eu preferi trazer o pato. – parou ao lado do homem – ele é bonitinho – exibiu-o na frente do rosto do maior.

— Obrigado. – Liam agradeceu pegando a pelúcia e colocando ao lado de Enzo. O menino remexeu na cama, virou de um lado e para o outro, Liam achou que veria os olhos do seu menino, mas o garoto só abraçou o braço do pai que estava parado ao seu lado. O homem sorriu de canto e delicadamente colocou o ursinho entre os braços do menino que nem pareceu perceber diferença, já que agarrou aquele pato com força. – ele ficaria feliz em ver você aqui.

— Você acha? – o moreno perguntou, livrando-se dos balões ao amarra-los nas grades da cama. Liam acenou que sim em silêncio. – o que o médico disse?

— Que ele tem pneumonia – deu de ombros, assistindo Zayn se sentar na poltrona ao lado – só que ele me garantiu que o caso de Enzo tem tratamento e ele ficará no hospital por um tempo em observação enquanto isso – Liam pareceu realmente desanimado com as notícias que havia recebido, desanimando também a Zayn que relaxou o corpo jogando a cabeça para trás. O que dizer naquelas situações e o que fazer para amenizá-la?

— Sei que não é a hora certa pra isso, mas, eu posso te contar uma coisa? – o moreno perguntou em um só fôlego, tomando coragem em libertar aquela angustia que estava sobrecarregada em seu peito. Liam o encarou confuso, e antes que pudesse dá o seu consentimento, ambos escutaram gritos no corredor.

— Mas que caralhos está acontecendo?! – Liam resmungou quando Enzo passou a ronronar denunciando que estava para acordar. – fica de olho nele por mim.

— 'Ta. – Zayn se levantou e se colocou ao lado de Enzo. Liam foi até a porta e quando a abriu do quarto ouviu a voz do seu pequeno.

— Titio Zaini – sorriu para si mesmo antes de fechar a porta. Olhou os dois lados do corredor e bufou alto quando reconheceu os gritos que vinham da entrada dos elevadores.

— Escuta aqui senhor armário, eu sou a irmã de um e a cunhada do outro. Eu tenho o direito... Oi Liam. – Camilla acenou para o castanho assim que o mesmo andou até o meio daquela bagunça. A adolescente saltitou, sorrindo de orelha a orelha em vê-lo. O mais velho olhou os outros visitantes, olhos curiosos.

— Tudo bem, pode deixar eles comigo. – Liam pediu para os homens de Zayn para que eles liberassem passagem. Assim que eles saíram da frente, Cams voou na direção de Liam e o beliscou o mais forte que poderia.

— Por que você não me disse que Enzo era o seu filho?

— E você achou que ele era o que?

— O seu irmão – beliscou-o de novo, fazendo-o gemer de dor – ai eu tive uma doce desilusão quando aquela sua amiga doida me deu um tapa na cabeça e disse: Não, ele é filho dele – Camilla tentou imitar a voz de Lauren que estava de braços cruzados ao lado de Leo – só pra você saber, a desilusão doeu mais que o tapa dela.

— A doida está aqui – Lauren manifestou-se, batendo o pé no chão – se quiser outro tapa, estou disposta a dar.

— Não, obrigada, já apanhei demais – a caçula rolou os olhos, recorrendo até Leo que abraçou-a de lado, Niall apenas ria da situação.

— O que diabos vocês estão fazendo? – Zayn apareceu mau humorado, murmurando irritado – estamos em um hospital, merda.

— Ah, eu não tenho tempo para as suas frescuras. Saía da frente que eu vou ir conhecer o meu sobrinho – a menina puxou Niall e Leo pela gola da blusa e saiu marchando pelo corredor.

— O seu o que?

— 'Ta surdo? – o loiro provocou o moreno que cerrou os olhos para ele.

— Camilla convenceu o Niall também. – Leo explicou para o irmão mais velho que estava estático no mesmo lugar – ela está montando um exercito Ziam.

— Um exercito o que? – perguntou Liam.

— Ziam – Cams gritou – anda logo Leo.

Logo após aquele surto adolescente, Liam voltou a encarar a morena de braços cruzados ao seu lado.

— O que é Ziam? – a pergunta foi feita a Lauren que estendeu as mãos no ar.

— Vai saber, eles ficaram a manhã inteira falando bobagens. – a mulher ajeitou a bolsa em seu ombro bufando alto – na próxima vez que você me deixar cuidando de adolescentes eufóricos, cheios de hormônios, que ficam falando pelos cantos que estão levantando um exercito Ziam, eu acabo com você. – calma e irritante, era essa a definição que Zayn dava a Lauren naquele momento. Como Liam lidava com ela com tanta paciência? – eu não virei professora do primário atoa, tudo bem? Eu não fui feita para ser questionada sobre sua beleza ou a desse outro ai... – encarou Zayn de relance, apontando para ele com a cabeça. O homem rolou os olhos, fazendo Liam encolher os olhos em rir fraquinho – você rir? Depois eu te mostro a lista de nomes que eles montaram pros filhos de vocês, tá? Camilla desenhou um bebê que tem a genética de vocês dois caso pudessem reproduzir entre si. – Lauren tapou os lábios fugando alto enquanto os olhos marejavam – e ele é lindo. Na verdade é uma menina, e Camilla disse que quer que a primeira filha de vocês se chame Camilla, como ela, e eu concordo.

— Por quê? – Liam perguntou achando graça da situação.

— Porquê ela me convenceu, agora saía da minha frente que eu vou ir ver o meu bebê. – a morena de olhos claros empurrou os dois pelos ombros, fazendo-os se afastar e passou entre eles. – ah, e antes que eu me esqueça, se você me colocar com um bando de adolescentes doidos de novo, eu castro os dois. – sorriu de forma meiga para os dois que acenaram, despedindo-se da mulher que adentrou o quarto do sobrinho com um sorriso de orelha a orelha.

— Eu te disse que a Lauren ficaria bem – Liam disse, voltando a encarar o moreno que estava a sua frente. Estavam a distância de dois passos e mesmo assim a diferença de altura era preceptiva e adorável. O maior sorriu quando os olhos caramelos contornaram os seus de chocolate – mas não posso dizer o mesmo do Niall.

— Ah, ele sempre foi de me provocar. – Zayn deu de ombros – não vai entrar? – perguntou, andando em direção do quarto 310 que estava sendo hospedado por Enzo. Liam negou e aproximou-se da parede, escorando as costas na mesma – por que não?

— Eu quero um pouco de silêncio agora e lá dentro tem tudo, menos isso – suspirou, deslizando até o chão e sentando no mesmo. Abaixou o olhar e encarou suas pernas esticadas sobre o chão encerado.

O moreno encarou-o por diversas frações de segundos, perdido em pensamentos e se deveria seguir até o quarto ou fazer companhia ao homem sentado no chão.

Deu um passo em direção do quarto, mas hesitou, sabia que tinha que deixar Liam sozinho por algum tempo, para deixá-lo pensar e assim Zayn poderia fazer o mesmo. Só que ele não conseguia, não queria e não iria se afastar. Todas as fibras do seu corpo cansado moveram-se e gritaram em alívio quando ao lado de Liam se sentou, fazendo-o sorrir de canto imperceptível.

Zayn inchou o peito pelo ar que tomou, soltou-o lentamente antes de virar o rosto e encarar os do maior ao seu lado, que encarava-o em silêncio. Um silêncio raro entre eles, algo reconfortante e angelical.

— O que você queria me falar? – perguntou o maior, analisando as orbes do moreno tão de perto.

— Estou feliz por estar com você – disparou de uma vez, encostando seu ombro ao o de Liam – escuta, sobre o que o Andy disse...

— Estou pouco me fodendo para o que o Andy disse – Liam cortou-o na hora, fazendo-o se calar e engolir a seco. Zayn estremeceu quando sentiu a respiração do maior bater em seu pescoço – na verdade, eu não quero pensar em nada agora. Estou cansado de absorver informações, seja o que for, já é tarde demais para voltar atrás. Temos segredos, mas quem não tem? 

Continuou, calmo, sereno. Sua voz era sonolenta, arrastada e macia. O fôlego do maior batia contra a pele morena fazendo-a se arrepiar, beijou-a, com carinho, atraindo atenção dos lábios de Zayn que correram em disparada para poder beijá-lo.

— Não quero que me odeie – Zayn confessou como se fosse um segredo.

— Acho que deixei de odiá-lo no dia que fugimos daquele bar – o castanho riu, relembrando-se do momento que teve Zayn de uma forma tão ácida e provocativa. Quem diria que aquele desejo de provocação, aquele desejo ardente de desejar o improvável se intensificaria para algo maior. Quem diria que, mesmo relutante, estava conseguindo convencer o menor. – e não pense que eu me esqueci que você me chamou de gordo – ambos riram, sentindo o calor daquele momento os envolverem tão reconfortante e suavizar os seus tremores.

Liam imediatamente envolveu o rosto do moreno com sua mão e o beijou. De forma lenta e calma.

Minutos se passaram, talvez horas desde o momento que ambos resolveram se sentar ali.

No que começou em um beijo suave, que carregava desconhecimento, ambos engataram uma conversa sincera. Decidiram que se conheceriam melhor, que agiriam como duas pessoas comuns. Em um primeiro encontro, apesar do ambiente ser um lugar inadequado, como se fossem dois homens comuns, como se não tivessem envolvimento com a máfia, como se eles vivessem em um mundo paralelo e naquele mundo não existia a desigualdade e nem um batalhão querendo os derrubar.

— Hey – Liam ouviu uma voz ao longe, aproximando-se suavemente ao mesmo tempo que a escuridão ia clareando. Piscou os olhos, desconfortavelmente, acostumando-se com a luz do ambiente – seus dorminhocos, acordem – Lauren riu divertida pela lerdeza que ambos homens levavam para despertar. Sua primeira reação se estivesse de mau humor séria gritar, sacudi-los e por que não chutar? Mas a última hora que passou com Enzo havia aliviado toda a sua tensão.

— Bom dia princesas – a mulher brincou, apertando a bochecha de cada um – ah, Zayn, até que você é fofinho com carinha de sono...

— Lauren, eu ainda posso estar dormindo, mas estou te ouvindo bem – reclamou o castanho – tira suas patas dai – grunhiu para a mulher, afastando-a de Zayn que se encolheu e escondeu o rosto no pescoço de Liam. Lauren encarou o amigo, com as sobrancelhas erguidas e expressões de riso.

— Calminha ai, não vou roubar o teu macho. – disse ela, rolando os olhos – só vim avisar que levarei os meninos para casa – informou, voltando a ficar de pé – avise ao teu namorado que eu vou deixar a irmã dele em casa também. Louis e Harry estão lá embaixo, eles ainda não subiram porque estão restabelecendo a guarda, certificando-se se aquele doido não veio atrás dos dois. E, antes que eu me esqueça, o Enzo está dormindo, mas quando acordar, você terá grandes problemas.

— Que tipo de problemas? – perguntou o castanho, cerrando os olhos.

— Eu prefiro que você descubra sozinho – roeu as unhas afastando-se dos mafiosos – tenha boa sorte Lee, eu amo você. Del Frazi.

— Vai embora logo encosto – Zayn urrou em um gemido sonolento, fazendo Liam rir e acariciar seus cabelos.

Despediu-se de Lauren e tentou imaginar qual o tipo de problema teria que resolver desta vez.

— Acho que tenho que te agradecer. – Liam suspirou, cortando o silêncio que havia se feito antes que pudesse retornar ao quarto. O clima entre eles estava bom, apesar dos pesares. Não sentiam-se obrigados a ter que forçar algo que estava acontecendo naturalmente, envolvendo-os em uma atmosfera única e repleta de sintomas eletrizantes – sem a sua ajuda eu não teria conseguido trazer o meu filho de volta ou, sei lá, ter saído da prisão com a minha língua inteira – riu amargurado da sua própria piada, fazendo o moreno levantar a cabeça e o encarar curioso – então, obrigado, de verdade.

As rugas ao lado dos olhos de Liam demonstravam o sorriso sincero, relaxado e verdadeiro que ficou trancafiado em um baú escuro por mais de uma semana.

O castanho sentia-se como um adolescente naquele momento, um adolescente pelo qual nunca teve a oportunidade de ser. Zayn colocou a língua entre os dentes ao sorrir, com certeza era o seu sorriso mais bonito, contribuindo ao brilho exuberante do maior.

— Você não tem pelo o que agradecer – sua voz era baixa e macia. Arrepiando todos os pelos da nuca de Liam que reprimiu um suspiro – foi um prazer ajudar você. – deu de ombros, carismático e altruísta.

❱❱❱❱

Os mafiosos adentraram o quarto 310, acompanhados de um silêncio mórbido e fúnebre que esfriava os seus corpos. Liam deu o primeiro passo em direção ao leito, encarando o garoto que estava em um sono profundo.

— Você é o pai dele? – a enfermeira que se encontrava ali trocando as bolsas de soro perguntou. O castanho acenou que sim após analisa-la melhor. A mulher de lábios contornados em vermelho sorriu e tocou o ombro do responsável – o senhor tem um garotinho bem forte aqui.

Liam ignorou totalmente a promiscuidade que aquela mulher dirigiu-se a si após aquelas palavras. Ignorou totalmente os dedos finos e pequenos alisarem seu braço e apenas se afastou, sentando-se a cama e sorrindo sozinho para o seu menino.

A mulher encarou-o por alguns segundos antes de prestar atenção em Zayn parado do lado da porta, de braços cruzados e de carranca mau humorada. A enfermeira de cabelos louros dirigiu-se até ele, com uma bandeja prata em mãos. Olhou o outro mafioso, analisou e despiu-o com o olhar.

— Já terminou o seu trabalho aqui? – a voz de Del Frazi soou ignorante em um murmuro seco. A moça de lábios vermelhos juntou suas sobrancelhas em relutância, mas tempo depois confirmou que sim com um aceno – então vá embora – ordenou em outro sussurro rude.

A mulher analisou-o sem realmente ter o que dizer, constrangida ou até mesmo irritada por te sido rejeitada. Empinou o nariz e inclinou o peito para cima e do quarto saiu rebolando com o uniforme mais curto que o necessário.

— Tem alguém nesse mundo que não fique com o rabo pegando fogo quando está perto de você?

— Não sei. O seu rabo pega fogo quando está perto de mim? – a resposta soou ardente como um corte de faca, deixando Zayn atônito de olhos levemente arregalados. Engoliu a seco, sentindo a ardência em sua garganta e as palavras sumindo de sua boca.

Onde estava as suas censuras naquele momento? Liam riu, achando graça por finalmente ter conseguido fazer o inimigo se calar.

— Mas não pense que eu não reparei que ela quase se jogou nos seus braços, o prensando contra a parede – reclamou analisando o lugar – se for chamar atenção das enfermeiras desse jeito me faça o favor de se retirar, não sou obrigado a ver essas coisas.

Por que Zayn estava sorrindo feito bobo agora?

— Ciúmes?

— Não sou um homem que tem ciúmes – Liam deu de ombros fazendo o menor rir – do que está rindo?

— Ah, você tem sim – cada palavra era um passo em direção ao castanho que fingia não prestar atenção na situação. – não deve ser um homem que compartilha boa parte dele, mas tem, e chega a ser tão possessivo quanto a mim.

— Elementar, meu caro Del Frazi – Liam rolou os olhos, sorrindo de forma cínica para o menor que aproximou-se um pouco mais.

— Então você admite? – Zayn inclinou a cabeça para o lado, na tentativa de conseguir fixar os seus olhos aos de Liam – está com ciúmes, amor? – o castanho sentiu o formigamento familiar subir por suas pernas até encontrar-se em seu baixo ventre. Cerrou os olhos ao mesmo tempo que seus lábios eram formados em uma linha rígida – diga a verdade.

Ali estava Liam de novo, caindo, afogando-se nas ondas fortes e cálidas. Os dedos de Zayn pressionaram o seu maxilar com força, erguendo-o para cima para que pudesse olhá-lo nos olhos, lá estava ele no lugar de costume, entre as pernas de Liam que pressionava a parte inferior das mesmas na cintura do menor.

E da mesma forma que caía, se reerguia. Juntou todas as suas forças e entrelaçou suas pernas a cintura de Zayn, colando ambos os corpos e sentindo o calor ardente ferver suas peles, a ponta de seus dedos ansiavam para tocá-lo e assim o fez, arranhando a nuca do moreno que não teve outra reação a não ser beija-lo com o mesmo nível de desejo e fúria. Seus dentes batiam em um contato bruto, suas línguas travavam uma batalha incansável. E lá estavam eles novamente, entregando-se um ao outro como se o tal fosse a coisa mais adequada no mundo a se fazer.

— Eu sabia... – um grito rouco e agudo ecoou em seus ouvidos, fazendo-os separarem os lábios em um estalo molhado.

Ambos homens olharam ao mesmo tempo para os lençóis que habilmente foram lançados para o lado e, em seguida, estava uma criança pulando no colchão sem ligar para as agulhas em seu braço.

— Eu sabia que o papà gostava de você. O senhor será o meu novo papai titio Zaini? Titia Lamila disse que sim – o moreno não conseguiu segurar a risada quando o nome da irmã foi pronunciado de forma errada e adorável. Soltou o rosto de Liam e se afastou do mesmo, que estava com os olhos arregalados – vocês vão me dá uma irmãzinha, não é? Eu quero uma irmãzinha papà, eu prometo cuidar dela.

— Ei, campeão, mantenha a calma. – Liam segurou nos braços do menor, fazendo-o parar de pular e sentando-o de volta no colchão – não surte, tá bem?

— Não sei o que é isso papai. – o menino juntou as sobrancelhas com um bico tristonho nos lábios. Mas a tristeza durou pouco – titia Lamila disse que vocês vão me dá uma irmãzinha.

— Ela disse o que? – Liam vociferou – eu vou matar a sua irmã. – rosnou para o moreno do outro lado que rendeu-se sem saber o que dizer. Ah, era aquele problema que Lauren se referia.

— Você gosta do meu papai tio Zaini? – o menino voltou sua atenção até o moreno parado em pé ao lado. Seus cílios mexiam no mesmo ritmo que os pequenos olhos piscavam incansavelmente.

— Não – Liam respondeu por ele.

— Gosto. – o moreno declarou logo depois e então surgiu um silêncio perturbador da parte de Liam.

— Titio Loueh disse que beijar na boca, é porque se gosta de alguém. Eu acho nojento, e o papai não liga se eu beijar ele na bochecha.

— O seu tio Loueh disse o que? – Liam tentou raciocinar a tempo, só que as engrenagens em sua cabeça haviam sofrido uma falha técnica.

Zayn disse que gosta dele?

— Minha mãe disse que beijo na boca é só pra gente grande. – Zayn disse pro menino que formou uma expressão de nojo e ao mesmo tempo confusa – você não precisa beijar ninguém pra provar que gosta dela.

— É? – Enzo parecia encantado com o novo amigo do pai.

— Sim – Zayn sorriu, agachando-se e apoiando os braços cruzados sobre a cama – nós mostramos que amamos alguém estando do lado dela nos momentos mais difíceis, mesmo que você tenha medo de dizer a ela tudo que sente. Você tem medo de perder o seu pai? – o menino sacudiu a cabeça concordando – eu também – Zayn colocou a mão em frente a boca para sussurrar aquelas palavras.

— O quê?

Ah, Liam voltou a funcionar. Analisou o moreno lentamente, sentindo as engrenagens em sua cabeça voltando a funcionar ao mesmo tempo que o seu coração bombardeava forte. Zayn estava se declarando através de Enzo?

— O seu pai ama você – o moreno continuou a não olhar Liam, não poderia, caso contrário desistiria. Suas pernas estavam trêmulas e como se a pequena mão de Enzo fosse consolo, a segurou, acariciando com o polegar a pele macia – nunca vi um homem amar tanto alguém como o seu pai ama você.

Enzo sorriu abertamente pelas palavras de Zayn e assim, sorrindo para o moreno, inclinou-se e beijou a bochecha do mesmo, antes de recorrer aos braços do pai em um abraço apertado.

Zayn desejou com todas as suas forças para que aquele recado tivesse chego claro na mente de Liam. Desejou que entendesse que estava confuso com tudo que acontecia recentemente, mas apesar disso, tinha a total certeza de tudo que estava sentindo, que estava passando, que estava o dominando. Era aquela merda de sentimento clichê, cálido e sufocante que pintava sua atmosfera cinza em cores vivas e lá estavam eles, dentro dela, reconfortando-se com os apelos que hesitaram a muito tempo fazer.

— Te amo papà.

— Também amo você.

Palavras ditas a Enzo, mas direcionadas a Zayn. Liam as disse olhando nos olhos avelã, mergulhando neles, nadando até o fundo e finalmente encontrado o baú repleto de ouro.

Ele tinha o amor de Zayn, ele tinha a certeza e naquele momento o espaço vazio do seu coração foi preenchido por uma felicidade descomunal. Queria beijá-lo, abraçá-lo, acaricia-lo e protege-lo. Queria ser dele, como desejava que Zayn fosse totalmente seu.

— Titio Loueh. – a voz de Enzo comemorou a chegada do britânico que adentrou o quarto após uma batida na porta. Os olhos de Liam levaram muito tempo para desfocar do moreno a sua frente, agora sim estava funcionando e raciocinando. Puta merda, Zayn o amava.

— Ei meu amor. – Louis aproximou-se do garoto, tomando-o dos braços do pai que só assim voltou a realidade qual vivia. Soltou um riso sem graça, coçando a nuca e encarando o britânico que nem prestou atenção nos olhos brilhantes do melhor amigo.

O maior engoliu em seco, sentindo lábios suáveis tocarem sua bochecha e fechou os olhos por pequenas frações de segundos, inalando o suficiente do perfume viciante do seu inimigo.

— Pare de sorrir feito um bobo – sussurrou.

— Não dá. – respondeu no mesmo tom, rindo logo em seguida enquanto assistia Louis brincar com o menino. Zayn balançou sua cabeça achando graça.

— Zayn? – Louis o chamou – vim lhe avisar que um dos seus homens encontraram sua noiva e a trouxeram para cá. Ela parecia estar fazendo um escândalo na porta da sua casa.

— Jacqueline está aqui? – toda alegria de Liam pareceu evaporar naquele mesmo instante e pronto, tudo estava desmoronando novamente.

— Tudo bem, já estou indo. – disse o moreno hesitante, fazendo com que o seu companheiro balançasse a cabeça em relutância.

— O que ela faz aqui? – rosnou Liam após ver Zayn bater a porta, quando ambos se retiraram do quarto.

— E eu que sei?

— A noiva é sua, porra.

— Não sou responsável pelas merdas que ela faz.

O castanho tentou manter a calma, bagunçando os cabelos despenteado em puxões brutos. Sua vontade era de socar a parede, como um nome poderia deixá-lo tão possesso a ponto de querer matar alguém?

— Dê um jeito nela.

— Eu não posso.

— Ah, me poupe – o homem rosnou furioso zanzando de um lado para o outro. Como assim não podia? – é o suborno, não é? – Liam lembrou-se, voltando a ficar em frente ao outro – me conte, o que ela quer de você?

— Liam....

— Por favor, me deixe te ajudar – pediu em um ato de desespero. Não queria ter que enfrentar aquela merda toda de novo, não sabendo que os seus sentimentos eram retribuídos. – olhe pra mim... – seus dedos largos ergueram o rosto do menor pelo queixo, mirando-o fixamente – me deixe te ajudar.

— Você não tem como me ajudar.

— Tenha dó, estamos falando de Jacqueline – Liam enrugou a cara desgostoso – ela é burra, tenho certeza que não está pensando direito.

— Liam...

— Por favor, não volte pra ela. – Liam quebrou suas barreiras, derrubou os muros de seu orgulho e implorou. Respirações ofegantes e corações pesados.

"Não faça besteira, Zayn..." – uma voz em sua cabeça, essa parecia com a de sua irmã. Imaginava caso ela estivesse presente. Sem nenhuma sombra de dúvidas levaria uns tapas para aprender a não ferrar as coisas. "Você é um idiota" – a voz da irmã ecoou novamente em sua cabeça após o silêncio, Zayn finalmente tinha descoberto quem era o diabinho em seu ombro.

Liam riu pelo nariz, abaixando o olhar quando não recebeu a resposta que queria ouvir.

— Quer saber, faça o que quiser. – Liam recuou, seguindo até a porta e Zayn o puxou de volta.

— Me diga o que tenho que fazer –Zayn comparou-se como uma criança perdida e assustada.

— Você não é pau-mandado, Zayn – retrucou em outro murmuro estridentes. Seu corpo estava de frente ao de Zayn, enquanto esse estava de lado – não direi o que você tem que fazer, descubra sozinho – rude, simplesmente.

Liam não estava sabendo lidar com aquilo, não existia um manual que pudesse o ensinar a não sentir demais.

— Já tenho problemas demais, não me envolva nas suas escolhas. Não quero ser culpado se fizer uma errada...

— Liam, por favor...

— Apenas faça uma escolha. Alguma que você mesmo queira e não que alguém pediu para que a fizesse – choramingou sem conseguir olhá-lo – por favor, apenas seja breve antes que seja tarde demais – silêncio e os dedos de Zayn apertaram em torno da braço do mais velho – agora, tire aquela mulher daqui antes que eu mesmo o faça. E eu te garanto que ela não gostará nem um pouco de saber que estou aqui com você.

Liam puxou o braço de volta a si e retornou até a porta.

— O que você escolheria? – Liam travou os seus movimentos após ouvir a pergunta vinda do inimigo, fazendo-o prender a respiração nos pulmões.

— Você – Zayn prendeu o fôlego – escolheria você – Liam murmurou, perdido e afetado, fazendo com que o mundo de seu inimigo perdesse o sentido.

❱❱❱❱

Os olhos de Zayn assistiu o momento que as portas do elevador se abriram, entregando-o no térreo. Respirou, sentindo-se fodido em todos os sentidos e deu o primeiro passo para sair daquele lugar. Só que algo o fez parar, o botão que levara-o de volta ao terceiro andar o chamou atenção, fazendo-o encará-lo por alguns instantes. Seus dentes arranharam a carne do lábio, e Zayn ponderou por infinitos segundos até resolver apertá-lo.

— Eu também escolhi você, idiota – rosnou, sentindo a falta do raciocínio lógico quando assistiu as portas voltarem a se fechar.

Mas que merda de vida. Se amar fosse aquela montanha russa de emoções, era um puta porre e uma ressaca desgraçada no final que, atordoava os seus neurônios. O pior, é que ele amava Liam, amava não, ama. Ama um homem fresco, enjoado, sarcástico, chato e um puta de gostoso com um beijo bom. Bufou sacudindo a cabeça, será que o destino não tinha outra pessoa para brincar? Logo com ele? Um homem que nunca corria atrás de ninguém.

— Olá querido.

E tão cedo não correria. Não enquanto aquele demônio de cabelo ruivo estivesse em seu caminho.

Zayn levantou o olhar a tempo de ver as portas voltarem a se abrir, quando a francesa colocou suas mãos entre elas e agora as segurava.

— Ah, era com você mesmo que eu queria conversar – Zayn sorriu sem humor, empurrando-a para fora do elevador – nosso noivado acabou. Adeus – o homem acenou para a ruiva quando as portas voltavam a se fechar.

— Ah, creio que não – a mulher falou e segundos depois dois brutamontes invadiram o cubículo e tiraram Zayn de lá – diga oi aos meus seguranças, querido. Os contratei com o dinheiro que o seu pai me deu, logo depois do jantar do anúncio do nosso noivado – a mulher disse depois de analisar o espanto do noivo. Os homens estavam vestidos de preto e carregaram Zayn pelo braço até um lado mais vazio da recepção.

Onde estava os homens de Zayn naquele momento?

— Nós continuaremos noivos e sabe porquê? Eu tenho isso. – a mulher ergueu a mão no ar, colocando sobre a visão de Zayn uma foto.

— Onde arrumou isso? – perguntou estridentes, tentando escapar dos armários ao seu lado.

— No meio das coisas da sua irmãzinha – Jacqueline sorriu demoníaca, encarando a imagem – que nojo de vocês dois, sempre soube que o meu irmãozinho preferia homens, mas o meu noivo também? – estalou a língua, negando com a cabeça – vocês são repugnantes – rosnou logo depois de olhar para os sorrisos dos dois homens naquela foto, os olhares brilhando, as testas coladas e os rostos próximos. Guardou-a em sua bolsa e cruzou os braços diante a Zayn – diga a sua irmãzinha para tomar cuidado com essas coisas.

Ah, ela havia tomado. Camilla não tinha tirado nenhuma foto. Não que Zayn se lembrasse.

— O que você vai fazer? – perguntou hesitante, mantendo o olhar distante.

— Mandar para o seu pai, ele ficará muito feliz com isso – riu sem humor, jogando os cabelos sobre os ombros para trás – posso até imaginar a quantia que receberia por ela.

— Se é dinheiro que você quer, eu posso te dá.

— De você eu não quero só dinheiro, Zayn – a mulher sorriu de lado, passando a língua entre os dentes aproximando-se do moreno. A ponta de seus dedos alisaram do peito até o queixo do moreno, fazendo-o virar o rosto quando foi tocado nos lábios – eu quero você, será que não vê que eu o amo? – sussurrou, aproximando ainda mais dele – afasta-se do meu irmãozinho e seja apenas meu, esse incidente de vocês será o nosso segredinho. Ou...

— Ou... – Zayn incentivou-a a continuar.

— Ou mandarei a foto até o seu pai e ele virá matar os dois.

A ameaça surgiu ao mesmo tempo que o sorriso de Jacqueline, o moreno temeu. Jacqueline tinha planos e Zayn estava prestes a cooperar com todos eles. 


Notas Finais


A expressão Elementar é usada por Sherlock Holmes, personagem da literatura inglesa, e significa: é obvio.
E usado com a expressão: Meu caro Watson, que adaptei para Del Frazi, significa que quer gozar a resposta óbvia de alguém.

Me odeiam agora??O final ficou meio BLEH, mas vou recompensar vocês na próxima att, ou pelo menos tentar!!! Vou pegar mais leve e amenizar a tortura de vocês. No capítulo seguinte eu juro de dedinho que Ziam vai acontecer da forma que vocês querem que aconteça desde o início dessa estória rsrs. Estou dando spoiler, olha que escritora boa. Como vai acontecer? Surpresa. Mas eu aceito os palpites, adoro lê-los.

Até o próximo cap,
All the love.


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