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História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo quattordici; abstinência


Escrita por: gsoline

Notas do Autor


Oi! :D

Não tenho muito pelo o que falar aqui, apenas peço para que mantenham a mente aberta e sintam o que tentei transmitir nesse capítulo. A música Crazy in Love - Beyoncé, na versão Fifth Shades Of Grey, é citada no capítulo. Recomendo que leiam ouvindo a música, porém, a preferência é de vocês.
+ Tenham uma ótima leitura.

Capítulo 15 - Capitolo quattordici; abstinência


Era estranho ter que encarar aquele silêncio mórbido, principalmente quando se é acostumado com a solidão. Era agonizante deitar-se no meio da noite e ver-se perdido em meio a tantos demônios. Aquele coração era vazio, cheio de ódio e apodrecido com o próprio rancor. Era tão difícil preenchê-lo com algo sustentável, era uma abominação quaisquer sentimento de afeto, e de repente, estava corrompido por todo ele, e seu corpo não deu nem sinais de que o rejeitaria. 

Zayn suspirou, havia notado que cada órgão de seu corpo estava mais aquecido, e que, seu coração batia em um ritmo mais suave e cálido do que todas as outras vezes. Era se como toda aquela podridão que o marcava sumisse pouco a pouco, fazendo com que todo seu corpo reagisse a favor, e todo seu pensamento mudasse, causando aquela familiar formigação no estômago.

Não era um homem de demonstrar em sua feições quaisquer emoção, mas Zayn Del Frazi sentia-se doente. Havia lutado internamente contra si mesmo afim de evitar todas aquelas sensações, mas no final havia se alto nocauteado, e agora estava machucado e exausto por culpa de sua própria estupidez. Eram pensamentos um tanto quanto deprimentes, só que com razão. Como poderia ganhar algo tão divino e sobrecarregado de emoção e perde-lo no mesmo tempo, assistindo-o fugir dentre seus dedos sem ter tempo de recuperá-lo?!

O moreno rolou seus olhos, ao mesmo tempo que mordia o lábio inferior. A chuva respingava em seus sapatos caro, o tempo chuvoso já estava o entediando, afinal, aquele tempo estava tão deprimente quanto o seu estado de espírito. 

Zayn fechou a porta de vidros que o levava até a sacada, retornou até o espelho de corpo inteiro e obrigou-se a encarar o próprio reflexo, ficando surpreso consigo mesmo por parecer estar tão abatido. Estava vestido a um terno preto, camisa social branca e um colete. A gravata borboleta enfeitava seu pescoço, fazendo-o rosnar. Sentia-se um animal doméstico com uma daquelas, afinal, qualquer gravata o dava a sensação de estar usando uma coleira. 

Suspirou fundo e pegou o pente ao lado na penteadeira. Ajeitou seus cabelos negros e longos para trás, deixando os mais curtos amostra. Estava encantador e de tirar o fôlego, que pena que estava vestindo-se para se casar com alguém que detestava. E aquele pensamento não eram uma simples maré, era uma onda grande e forte, acertando seu corpo com um golpe bruto, deixando Zayn atordoado por longos segundos.

Apertou os olhos, escondendo-os atrás das pupilas trêmulas. O que Liam deveria estar fazendo naquele momento? Será que ele se sujeitaria a ir naquele casamento ou ficaria em casa, lamentando-se e engolindo as próprias lágrimas?!

Riu consigo mesmo. Liam não era de se lamentar, ele sempre faria alguma coisa que pudesse o distrair, talvez sejam uma dessas coisas que fez Zayn se apaixonar por ele. Nada, nunca é entediante ao lado de D'Angelo.

Zayn por mais uma vez tentou entender: o que havia acontecido consigo mesmo?! Por que estava agindo daquela forma sendo que nunca deu trégua para alguém? 

"O seu amor o deixou fraco" – o moreno rolou os olhos dentro das pupilas. A voz da irmã ecoou em seu cérebro. Zayn preferia quando aquele demôniozinho em sua cabeça não tinha identidade, poderia lidar melhor com.

— Não é tarde demais para desistir.

Ainda de olhos fechados, o moreno ouviu a tão conhecida voz que fazia todo o seu corpo estremecer. Zayn só não saberia descrever se ela tinha ecoado no quarto ou do lado mais obscuro de sua imaginação. 

Riu nasalmente, com certeza era uma alucinação, porque diabos Liam estaria ali?! Se fosse ao contrário, Zayn não estaria. Só que o moreno havia se esquecido de uma coisa, Liam nunca pensaria igual a si, mesmo em seus sonhos mais loucos.

— Você está bonito.

Não, não era uma alucinação. E Del Frazi só teve a certeza quando se virou e encontrou os olhos castanhos do maior, que o observava com um brilho chamuscado. O moreno prendeu a respiração e tentou se mover, mas tudo o que conseguia pensar era a natureza que pudesse ter trazido aquele homem vestido em um terno gravite até ali.

— O que está fazendo aqui? – Zayn perguntou em um fio de voz, sentindo toda a sua energia sair junto a ela. Liam desenhou em seus lábios finos e avermelhados um sorrisinho tímido, o mesmo havia feito Zayn estremecer.

— Por que eu não estaria aqui? – perguntou o maior, dando um passo em direção a Zayn que sentiu o coração parar – é o casamento da minha irmã... 

Novamente sentia-se despencando, Zayn moveu-se para trás, não afim de recuar e sim apoiar-se em algo sólido. Agradeceu quando suas mãos encontraram a penteadeira. 

— Com o homem que amo – outro sorriso sem graça, um suspiro magoado e sobrecarregado de tristeza – eu não deveria ter subido pra falar com você, mas eu realmente não me aguentei ficar lá fora, conversando com aquelas pessoas e esperando o momento que eu teria que ver você se casando com ela.

— Liam... – o menor sussurrou o nome do inimigo, soando mais como um choramingo, ou ao seu ponto de vista: um pedido de socorro.

— Não se case com ela – naquele momento os olhos do castanho marejaram. Liam jogou no ar todas as cartas que tinha escondido na manga, não queria mais esconder aquele sentimento, não queria mais ter que lutar contra algo que sabia, que sentia ser certo – será que não percebe que eu sou louco por você?

— Eu também sou... – Liam juntou as sobrancelhas – por você. Muito, só que não podemos...

— Por que não Zayn? – perguntou em um lufo de indignação – não sei o que diabos você pensa ou faz, apesar de ter uma pequena noção... – 

"Não, você não tem..." – Zayn pensou.

— Mas, acho que nada disso justifica o porquê você vive fugindo de mim. Pelo amor de Deus, podemos evitar todo esse sofrimento...

Zayn sentiu falta de ar, as pernas amoleceram e as lágrimas arderam em seus olhos. Por um momento houve o silêncio, o mais perturbador dele. Houve um momento que ambos homens naquele quarto desejaram com todas as forças não terem se conhecido, não terem se enfrentado, não terem se amado. Houve um momento que eles quiseram gritar ou até mesmo enfrentar aquela chuva, fugir e deixar suas angustias serem derramadas no solo...

— Como você se sentiria se estivesse no meu lugar?

— O quê? – Zayn juntou as sobrancelhas confuso pela pergunta que foi lhe feita.

— Como se sentiria sabendo que eu estaria ai, me arrumando para casar com sei lá... – Liam interrompeu-se por um segundo, olhando a sua volta, procurando por um nome – o Ian. Como se sentiria sabendo que eu iria me casar com o Ian e você estivesse na minha frente, implorando para que eu não fizesse isso?

Zayn parou, analisou a situação e cedeu quando não houve respostas 

— Como você se sentiria sabendo que a pessoa que você ama está se casando com outra que você detesta? – Liam deu um passo a mais na direção do moreno que se encolheu – como se sentiria sabendo que esse casamento é a base de um maldito suborno, e que... você não sabe a natureza dele? Você quer ajudar a melhorar, quer mostrar para essa pessoa que você a ama, que apesar de toda essa merda que viveu durante anos finalmente encontrou algo que vale a pena lutar... 

D'Angelo calou-se quando não conseguiu mais controlar o seu choro, as lágrimas desceram livremente por suas bochechas rosadas por causa do nervosismo. Suas mãos frias e trêmulas correram até seus olhos, secando as próprias lágrimas, impedindo-se de cair em desespero.

— Como você se sentiria Zayn, me responda... por favor – o apelo era detestável, mas não tinha como fugir dele. Cada fibra de seu corpo doía, só que ao mesmo tempo aliviava-se por finalmente estar se livrando daquele peso maldito em seus ombros.

— Nunca amei alguém antes para descrever tal sentimento – proferiu o moreno, fazendo o castanho rir sarcástico e virar as costas para ele. Zayn amaldiçoou-se, não, não era aquilo que queria dizer – só que se eu visse você, se casando com Ian... eu surtaria.

Me odiaria, morreria de ciúmes, de angústia, de inveja, carência e amor.

— Como acha que estou me sentindo agora? – Liam rebateu, voltando a estudar as feições no rosto do moreno que abaixou o olhar – o que você quer que eu faça? Me dê uma resposta, porque eu simplesmente cansei de tentar.

Del Frazi assistiu, parado a sua frente, com o rosto manchado por lágrimas e com os olhos vermelhos, o homem que amava desmoronar.

— Eu não sei o que devo fazer... – o maior moveu-se e sentou-se na poltrona próxima a porta, os cotovelos no joelho e o rosto enterrado nas mãos – tenho noção que não deveria sentir isso por você, eu deveria odiá-lo como o planejado. Mas o que acontece quando o planejado não é o que queremos?

— Eu também queria saber – Del Frazi sussurrou, puxando uma cadeira e aproximando-a de Liam que preferiu encarar os próprios pés do que os olhos do homem que amava – olhe pra mim... por favor.

— Pra ser sincero acho que nunca o odiei – Liam preferiu ignorar aquele pedido, e continuou – desde o primeiro momento que vi os seus olhos me senti encantado. E lhe digo uma coisa: Eu amo sentir os seus olhos em mim.

Zayn prendeu o lábio entre os dentes, puxando a cadeira mais próxima a Liam que continuou parado.

— Amo sentir essa imensidão da mais sombria escuridão e quando você sorri, parece que lá no fundo, bem no fundo, eu enxergo um brilho e a cada passo que me aproximo ele se torna mais intenso... E a cada tom mais intenso... – Liam suspirou e as mãos de Zayn encontraram o seu rosto, puxando-o e fazendo-o apertar os olhos. Liam não poderia olhá-lo, não agora, sabia que desistiria de dizer tudo aquilo caso o encarasse – eu me sinto mais apaixonado por você. 

E de repente, o mundo despencou. Zayn espremeu os lábios trêmulos que denunciava a sua fraqueza, engolindo o maldito nó em sua garganta.

— Então eu lhe pergunto de novo Del Frazi: O que você quer que eu faça? Me diga e eu farei.

Seu murmuro foi ouvido, mas não foi respondido. Zayn não deu a ele tempo nem de abrir os olhos, já que seus lábios atacavam o do inimigo em um contato intimo e delicado. Um beijo que até agora nunca havia existido entre eles. Lento e apaixonado. Apenas o mover de seus lábios, nada de malícia, nada de assombros, nada de desespero ou de segredos. Eram apenas eles, entregando-se um para o outro.

Por um momento houve o som de fogos de artificio, as cócegas que as asas das borboletas faziam nas paredes internas no estômago, ou até mesmo o coração bater mais forte, dando a recente, porém já familiar, formigação no baixo ventre.

— Eu tenho algo para lhe dar – a voz de Liam soou cortada através dos beijos de Zayn que empurrou-o contra a poltrona, sentando-se no colo do amante que riu nasalmente – Zayn...

— Me dá depois, estou ocupado agora – disse ele entre resmungos. Liam segurou na cintura do homem e tentou afastá-lo – Liam.

— Eu preciso da sua resposta, Zayn – Liam o interrompeu, virando o rosto e fazendo o menor beijar sua bochecha. Segundos depois, Zayn gemeu em frustração – se você quiser ficar comigo, vai ter que se livrar dela.

— Eu não posso – Zayn negou com a cabeça, assistindo o homem a sua frente fechar a cara.

— Você é um idiota? – Liam xingou-o irritado e empurrando-o para fora do seu colo – será que não enxerga que está fazendo uma burrice?

— Burrice maior será se eu ficar com você – o moreno respondeu em modo automático, sem notar a grande merda que havia feito. Liam encarou-o, de olhos levemente arregalados e os lábios semiabertos, até que riu amargurado e cheio de arrependimento – merda, Liam, me desculpa.

— Parabéns idiota.

Zayn não saberia explicar se aquelas palavras haviam sido ditas a ele ou ao próprio Liam que andava de um lado para o outro.

— Não encosta em mim – Liam recuou aos toques de Zayn que piscou lentamente – sabe a grande merda que você acabou de fazer? Eu mal te reconheço.

— Você nunca me conheceu – retrucou irritado tentando se reaproximar de Liam que puxou o braço novamente, recuando aos toques do moreno que respirava pesadamente.

— Talvez eu nunca tenha conhecido mesmo – murmurou após fungar – e fui um idiota em realmente achar que poderia ser o contrário.

— Liam...

— Eu já disse pra não encostar em mim – rosnou afastando-se do outro homem – te desejo toda uma vida infeliz, babaca.

Liam continuou desacreditado, mas por ora cansou de mostra mais do que realmente foi necessário. Havia recebido a sua resposta, ela era clara e óbvia: Zayn e ele não deveriam ficar juntos! E por mais que isso doesse até mesmo em sua alma que sofreu no mais profundo inferno, aquele homem engoliu o nó que o engasgou, recuou mais uma vez ao toque de Zayn e se dirigiu até a porta, ouvindo agora, finalmente, o choro do seu inimigo.

— Zayn querido, você está pronto? 

Liam recuou dois passos para trás, batendo as costas no peito de Zayn que estava próximo para impedi-lo de partir, mas naquele momento nada poderia fazer Liam sair dali. Não antes de justificar a Stella Del Frazi o motivo daqueles olhos vermelhos e bochechas encharcadas de lágrimas. 

— O que aconteceu? – a mãe de Zayn perguntou preocupada, adentrando o quarto e fechando a porta cuidadosamente.

— Nada demais – o castanho se pronunciou quando o moreno atrás de si não encontrou forças para o tal ato. O corpo de Zayn estava prestes a entrar em confusão pelos inúmeros passos em falso que dava.

— Não tente me enganar, Damien – disse a mulher aproximando-se dos homens com os braços cruzados – por que vocês dois estão chorando?

— Felicidade – outra mentira e essa era a pior delas. Espontaneamente Zayn abaixou a cabeça, apertou os olhos e ouviu a respiração do outro a sua frente – estou feliz por minha irmã ter encontrado alguém descente. E, eu fico meio que emotivo com essas coisas e acabei fazendo o Zayn desabar junto a mim – Liam riu da sua própria desgraça, surpreendendo-se ainda mais com o seu dom de inverter a situação. Stella não pareceu se convencer.

Porquê:

Um: Ela tinha a plena noção que o filho não se emocionaria por nada naquele dia. Zayn não chorou nem na morte do próprio avô que o deu todo amor e carinho.

Dois: Ela sabia que o filho mais velho não estava feliz com a ideia de ter que se casar, ter um filho e mudar suas responsabilidades. Zayn aprendeu a viver por si mesmo, a lutar por si mesmo e sobreviver e vencer cada luta, por si mesmo.

Três: Naquele ambiente Stella captou tudo. Menos a felicidade que eles estavam alegando sentir.

Mas, mesmo assim, ela deixou passar. Sorriu para Liam e foi até ele, segurando suas mãos.

— Você está lindo, Damien – Stella sorriu para o homem de olhos castanhos.

— A senhora está encantadora – educadamente, beijou cada uma das mãos da mais velha – é uma pena ser casada.

— E uma pena você também ser gay – Zayn retrucou bruto, engolindo toda aquela aflição.

— Zayn... – sua mãe chamou-o atenção.

— Bom, eu tenho que ir. Estou atrasado.

— Onde vai? – perguntou a mulher assim que foi abraçada por Liam.

— Embora.

— Não vai ficar para cerimônia?

— Eu não poderia – a primeira verdade fora dita e essa fez o coração de Zayn despencar. Mas Stella precisava de uma desculpa plausível – o meu namorado está com alguns problemas de saúde e eu prometi ficar para cuidar dele. Só vim para desejar felicidades ao casal.

— Namorado? – a voz de Zayn soou tão ácida que cortou todas as suas entranhas. Liam fechou os olhos e engoliu em seco. Zayn não pode evitar em pensar em Ian. Liam e ele haviam reatado – que merda é essa?

— Zayn... – Stella voltou a chamar a atenção do filho em um tom de irritação.

— Enfim, eu já vou indo – disse Liam, ignorando o surto do mais novo e despedindo-se da mãe do mesmo. 

Liam então sorriu e antes que pudesse se retirar, lembrou-se de algo e imediatamente sua mão adentrou o bolso do paletó que usava, tirando de lá um envelope branco.

— Antes que eu me esqueça, tome aqui Zayn. Esse é o meu presente de casamento – o castanho estendeu o envelope em frente aos olhos de Del Frazi que, por um segundo, recusou a se mover.

O moreno suspirou e pegou o envelope, encarando o mesmo de cabeça baixa.

— Tenha uma ótima vida, fratello – com o seu falso sotaque francês, Liam se despediu dos presentes do quarto e se retirou.

Logo após sua saída um silêncio avassalador preencheu o cômodo. A mente do moreno encheu-se de maldições, de dramas e de arrependimentos. Queria voltar cinco minutos no passado, apenas cinco minutos e mudar as palavras que havia dito. Não poderia deixar de sentir-se um idiota por aquilo, por ter deixado mais uma vez a sua vida transbordar dentre seus dedos.

— O que aconteceu aqui filho? – a dúvida da mulher ainda estava viva e acessa como a chama de uma lamparina. Só que esse pequeno fogo se apagou quando um balde de preocupação foi jogado contra ela, fazendo a mulher arregalar os olhos imediatamente por estar, após muitos anos, vendo o único filho homem chorar como uma criança que acabou de vir ao mundo.

Stella não teve reação quando ouviu os soluços ou,  muito menos, quando viu a sua preciosidade cair sentada em uma cadeira, apertando o envelope em sua mão trêmula e suada, escondendo o rosto entre as mãos e deixando que suas incansáveis lágrimas mergulhassem no carpete. 

De volta a realidade, agora desesperada, Stella correu até o filho, sendo recebida pelos braços de Zayn que abraçou-a pela cintura e escondeu o rosto na barriga da mãe, essa sem saber pelo o que fazer apenas acariciou os cabelos negros do garoto, tomando cuidado para não despenteá-los. Ambos estavam em crise, Zayn em prantos e Stella em desespero sem saber o que fazer para poder salvar o filho daquele mar nevoeiro.

❱❱❱❱

Os nós de seus dedos passaram a ficar dormentes e brancos pela força exercida naquele papel. Seu coração caía em pedaços aos seus pés, entregando-o a depressão e afundando-o naquele poço. Zayn suspirou, escutando as palavras que sua mãe dizia enquanto acariciava sua cabeça para tentar reconfortá-lo, mesmo Stella não sabendo a natureza do desespero que o garoto teve minutos mais cedo. 

O moreno agora estava calmo, as lágrimas não teimavam em escapar de seus olhos como também seu coração não batia mais em um ritmo doloroso. Afinal, sentia-se oco, nenhum sentimento rondava o seu corpo e por mais que agradecesse por aquilo, ainda sentia os olhos e bochechas arderem por causa dos pequenos aranhões que a manga de seu paletó fez em seu rosto quando o homem secou suas lágrimas com fúria.

— Vai me contar o que aconteceu? – Stella insistiu, encontrando o silêncio mais uma vez como a única resposta.

— Não é a hora – os ombros da mulher relaxaram quando ouviu o primeiro murmuro do filho – eu tenho que concertar as coisas que fiz antes.

— O que você fez? – a mais velha abaixou os olhos, inclinando a cabeça para o lado e assistindo os longos cílios de Zayn moverem-se lentamente.

— Tive medo – confessou, apertando seus olhos mais uma vez e permitindo que as linhas molhadas e salgadas transbordassem em silêncio – e por causa desse medo destruí a minha vida.

— Zayn...

— Chame a Jacqueline – a mulher não soube distinguir se aquilo fora um pedido ou uma ordem. Stella sentiu os braços do homem a soltarem lentamente enquanto o mesmo se recuperava – por favor mãe, a chame para mim.

Stella olhou o filho por intermináveis segundos antes de ceder. Zayn observou a mãe se retirar sem dizer mais nada, suspirou e finalmente soltou a pressão de seus dedos doloridos. Sem esperar por mais um segundo abriu aquele maldito envelope, enjoando-se antecipadamente, puxou o papel amassado guardado do interior. Prendeu a respiração e virou a imagem para cima.

A principal fonte das chantagens de Jacqueline estavam ali. A foto. Liam e ele. Sorrindo um para o outro como se nada mais no mundo importasse, e naquele momento realmente não importava. 

Zayn mordeu o lábio inferior, tentando imaginar como diabos Liam soube do destino daquela imagem, só que privando-se de tomar uma decisão, apoiou seu braço a penteadeira e pairou aquela imagem sobre a chama de uma vela acessa em frente aos seus olhos. Esperou pela chegada da sua noiva e organizou todos os seus pensamentos.

❱❱❱❱

A sola do salto alto da mulher que batucavam no piso de mármore. Os lábios contornados de um rosa choque assobiavam uma música qualquer, empolgada Jacqueline segurou a barra do seu hobby e sem importar-se abriu a porta do quarto do noivo sem antes bater.

— Oh Zayn, eu sinto querer dizer, mas acho que nós chateamos o meu irmãozinho – Jacqueline formou um bico nos lábios, fingindo chateação – ele tentou disfarçar, mas eu sei muito bem o que vocês estavam conversando aqui dentro. Aposto que você deu o maior fora nele – a francesa riu divertida, finalmente parando para encarar o noivo que estava imóvel em seu canto, apenas seu punho se movia de um lado para o outro, brincando com um pedaço de papel acima do fogo de uma vela – o que você está fazendo?

— Pensando – respondeu-a em um murmuro sem dar muita importância.

— Sobre?

— Sobre o que posso fazer com você.

Jacqueline sorriu maliciosamente.

— Nem casamos e já está pensando na lua de mel? – a mulher aproximou-se do mafioso, ajoelhando-se em frente a ele e acariciando as coxas do homem que formou um sorriso irônico.

— Não chegaremos a lua de mel – Jack juntou as sobrancelhas, confusa – na verdade, não chegaremos nem a nos casar.

— Claro que iremos – a francesa vociferou irritada e se levantou, sentando-se em uma das pernas de Zayn.

— Tenho um acordo para você – o italiano finalmente manteve um contato visual com a francesa que mostrou-se desconfortável – diga não naquele altar. Invente uma história esfarrapada que eu te trai e que você não pode mais continuar com isso e, eu prometo evitar, o máximo de humilhação para a sua reputação.

— Por que eu faria isso? – Jack cruzou os braços sobre o peito, achando graça.

— Porque eu tenho o poder de matar você – Zayn censurou-a em um tom ríspido – eu posso ser bonzinho com você.

— Será bonzinho em deixar de ser idiota – gritou, cortando-o e empurrando-o contra o encosto da cadeira. Zayn arregalou os seus olhos e prendeu a respiração, assistindo a mulher sorrir e aproximar-se dele lentamente – e será um marido bonzinho também.

— Aceite a minha proposta Jacqueline e tudo será melhor para nós dois.

— Não – ela gritou, dando um tapa estalado no rosto de Zayn. Isso o fez despertar, quando o moreno retornou a realidade seus dedos apertavam com força a garganta da mulher que socava o seu peito inúmeras vezes – se eu aparecer machucada todos irão saber que foi você, e o meus seguranças tem ordens claras de mandar aquela maldita foto para o seu pai.

— Qual foto? – o homem ignorou o discurso, fingindo-se de desentendido – essa aqui? – sobre os olhos claros da mulher, a imagem que era usada para chantagem foi desfilada lentamente. 

A ruiva ergueu a mão para tentar pegá-la, só que Zayn foi mais rápido e, no segundo seguinte, aquela imagem caía no chão, desmanchando-se em cinzas pela chama que a destruía. Jacqueline grunhiu e Zayn sorriu, sentia-se voltando a assumir o controle. 

— Até quando achou que poderia me fazer de marionete?

— Eu tenho uma nova proposta, Zayn – a mulher cuspiu as palavras, conseguindo escapar das garras do mafioso que riu nasalmente – seja um ótimo noivo, diga sim, você não morre e nós criaremos o nosso filho....

— O filho que você inventou – Zayn cortou-a em um grito aterrorizador.

— O filho que eu fiz você acreditar que era falso – pela primeira vez na vida Zayn viu lágrimas de culpa nos olhos da francesa, só que nada no mundo naquele momento era maior que sua cede por vingança – essa criança está aqui dentro, gerando-se lentamente, e a cada dia que passa me amaldiçoo por ter sido tão burra.

— Tenho pena da criança que você carrega – Zayn cuspiu as palavras com desprezo.

— Você irá se casar comigo, Del Frazi. Ou você irá cair essa noite. – a garota deu as costas ao noivo, ignorando quaisquer outro comentário.

— Vamos ver quem caí primeiro, vadia.

E sem dizer mais nada, Jacqueline bateu a porta com força ao sair.

❱❱❱❱

Tentando encontrar uma boa forma de manter-se consciente para o que estava prestes a acontecer, Zayn andou de um lado ao outro no corredor, arrastando seus pés no piso de mármore que brilhava pela enceração. Respirou fundo, batucando seus dedos em seu corpo, tentando encontrar a calma e uma ótima maneira de tirá-lo de uma vez por todas daquela maldita encenação.

Zayn era inteligente, até demais. As suas conclusões que demoravam um pouco demais para vir.

Agoniado, andou até o final do corredor, tentando encontrar alguma coisa, qualquer coisa que pudesse servir de um ótimo plano de última hora. Sentia suas engrenagens funcionando no ritmo mais avançado que poderia, e no meio das ferragens batendo uma nas outras, ouviu passos apressados seguir até ele.

— Escuta aqui seu babaca... 

As palavras ácidas de Leone pegou-o desprevenido, ao mesmo tempo que Zayn virou para encarar quem vinha no corredor. A sua frente estava Camilla e Leo com expressões nada suáveis, e o mafioso duvidava muito que as palavras deles fossem.

— Que merda você tem na cabeça?

— Como consegue ainda agir feito um idiota? – a caçula rosnou irritada para o mais velho que juntou as sobrancelhas antes de olhá-la.

— Oi pra vocês também – Zayn endireitou a coluna, cruzando as mãos em frente ao seu corpo.

— Oi? – Leone pareceu incrédulo – você faz uma cagada gigantesca e ainda diz oi? – o moreno juntou as sobrancelhas, entreabrindo os lábios e dando de ombros. 

Leo riu cético, perdendo suas mãos nos cabelos e, afastando-se um pouco dos outros dois para poder respirar.

— Êw, resposta errada maninho – Camilla deu um tapa no braço do irmão que nem sequer moveu-se um palmo para o lado – sabe quanto tempo levamos para convencer o Liam para vir até aqui? – a menina cruzou os braços e moveu-se de um lado ao outro – não foram um e nem dois, foram cinco dias e incontáveis horas tentando fazê-lo engolir toda aquela porra de orgulho, ter coragem de se declarar e para quê? 

A irmã de Del Frazi parecia realmente enfurecida. Os olhos levemente arregalados e as bochechas rosadas. Camilla insistia em alisar o cabelo atrás da orelha, estava irritando-se até mesmo consigo mesma.

— Para você preferir de novo a cobra francesa – a caçula bateu o pé no chão, segurando a cintura com as mãos – nós ficamos até sem argumentos. Tivemos que usar o Luke – a menina apontou para o loiro que passava pelo corredor naquele momento. Luke parou estático no canto, e arregalou os olhos para o líder que abaixou a cabeça e balançou-a.

— Não estou surpreso de estar persuadindo os meus homens também. – disse Del Frazi – mas, até você Hemmings?

O garoto abaixou os ombros realmente perdido em toda aquela situação.

— Ah, não, você não vai brigar com o Luke – Leone voltou para o lado da caçula que puxou o loiro e escondeu-o atrás dela – você é o idiota e não ele.

— Já estamos por aqui com você, Zayn – a menina acenou com a mão à cima da cabeça, indicando o limite que Zayn havia ultrapassado – o que aconteceu com você homem? Uma borboleta te mordeu e te deixou assim?

— Por que uma borboleta? – Luke cutucou o ombro nu da adolescente, chamando atenção da mesma que se virou para ele com um sorriso nos lábios. Zayn rolou os olhos e relaxou o corpo.

— Por que borboleta é fofa e inútil – respondeu Leo.

— Se você falar mal das borboletas de novo, eu vou arrancar os seus lindos olhos fora – a caçula meteu o indicador no rosto de Leone que enrugou o nariz – elas são fracas, mas não inúteis.

— Então vocês acham que o Zayn enfraqueceu? – sugeriu Luke.

— E você não? – Camilla colocou as mãos na cintura.

— É, até que ele mudou bastante depois que conheceu o Liam....

— Gente, isso não importa agora – Leo gritou com os demais, fazendo-os voltar a recente realidade – o que importa é que você Zayn, feriu o orgulho do meu irmão e reze para que ele não tenha corrido atrás daquele Ian.

— Acho que já correu – Zayn deu de ombros – Liam deixou bem claro que eles haviam reatado.

— Ele deixou claro que tinham reatado ou ele deixou claro que inventaria qualquer desculpa para sair daqui? – uma quarta voz assumiu a discussão, essa pegando todos de surpresa. Ali estava Luke, pensando alto demais ou declarando a sua opinião sem se importar com o que o chefe pensaria.

— Viu, até os seus homens estão do nosso lado – Leone riu da cara do mafioso, achando graça pela falta de argumentos de Zayn – antes que fale alguma coisa e fique reclamando, nós estamos aqui para te ajudar. Inclusive eu, impressionante, eu sei, mas estou aqui – o garoto deu de ombros, arrancando um risinho do moreno – você só tem que dizer as palavras certas.

— Eu não vou casar com a sua irmã...

— E.... – Leone incentivou. Todos os outros cruzaram os dedos.

— Eu amo o seu irmão?

Aquelas palavras estavam se tornando tão naturais. Não tinha mais uma guerra para expressa-las e, a alma de Zayn, agradecia por aquela luta interna ter chego ao fim.

— Essas são as palavras certas? – Luke inclinou-se entre os dois corpos a frente, sussurrando como se estivesse compartilhando um segredo.

— São – ambos confirmaram.

— Ótimo. O que faremos agora?

— A segunda parte do plano.

— Que plano, Camilla? – Zayn rosnou para a menor que rolou os olhos pela implicância.

— Não rosne e escute. Você vai gostar de saber disso chefe – Hemmings sorriu, tranquilizando o moreno.

— O Liam te entregou o envelope? – Leone fez a pergunta ao moreno que juntou as sobrancelhas pela surpresa. Como ele sabia? – pela cara, isso é um sim. Bom, não se assuste, ninguém sabe porque Jacqueline está te subornando, nós apenas descobrimos o que ela estava usando contra você.

— Isso graças ao Liam – Camilla completou.

— Depois do último reencontro dos dois, Liam colocou na cabeça que tinha que descobrir de uma vez por todas o que estava acontecendo. Teimoso feito uma mula, ele não me ouviu e procurou pelo nosso tio Max, para tentar explicar a situação. Claro que Max ficou horrorizado por saber o que estava acontecendo, só que como Liam nunca deu a ele motivos para desconfiar de sua palavra, Max concordou em ajudá-lo.

Leo se calou, e Camilla prosseguiu.

— Então ambos passaram a semana inteira investigando e, infelizmente, não encontraram nada. Nem no quarto da Jacqueline, que eu, Leo e o Luke fizemos questão de ir até lá e fazer uma segunda varredura – a caçula dizia orgulhosa, deixando o irmão mais velho desnorteado por tamanhas informações. 

Zayn sentia-se em um programa de televisão criminal, onde os polícias desvendavam o caso em frente ao criminoso, sem dar a ele chance de pensar em outro álibi ou em uma oportunidade de se safar.

— Nós também não encontramos nada – agora a manifestação surgiu de Luke, que tinha as mãos enterradas no paletó. Zayn o encarou, escolhendo não interromper, apenas ouvir – então Liam não satisfeito investigou mais, interrogou algumas amigas de Jacqueline e uma delas deixou escapar que Jacqueline tinha alugado um galpão alguns meses atrás. Ninguém soube explicar para qual utilidade ele servia, porém Liam e Max foram até lá.

— No galpão eles encontraram o cenário perfeito de um crime – a voz de Leone voltou, fazendo Zayn balançar a cabeça tentando absorver tudo o mais rápido possível – lá, tinha fotos suas, interligadas por um fio vermelho e esse fio ligava uma ao centro, a foto que ela estava usando para chantageá-lo. Liam e Max encontraram alguns documentos e passaportes falsos, um teste de gravidez positivo, cápsulas de remédios lacradas e uma foto do antigo e falecido namorado de Jacqueline.

— Espera... – Zayn os interrompeu com um aceno de mão – o que as cápsulas e a foto do namorado dela morto tem a ver com isso?

— Os remédios foram medicados por uma psiquiatra a mais de oito anos – respondeu Leone tranquilamente – os remédios são controlados, para uma doença que ela vem sofrendo desde pequena e todo ano o psiquiatra aumenta ou diminui a dose. Jacqueline tem esquizofrenia.

O estômago de Zayn pesou.

— E sabe o que é mais irônico nisso tudo? – a voz da irmã o tirou dos devaneios assustadores – o homem da foto é o mesmo homem que morreu no acidente de carro que deixou Jacqueline em coma.

— Ele se parece com você – Luke deu resposta a todas as dúvidas do mafioso. Esse parou de respirar por alguns poucos instantes, sentindo o suor frio descer por sua espinha.

— Isso explica a obsessão doentia que Jacqueline tem por você – Cams deu de ombros – isso, e o fato dela não estar tomando os remédios por um tempo.

— O homem que morreu no acidente se chamava Pierre. Na época do acidente Jacqueline estava em um estado crítico da psicose, os cabos do freio do veículo foram cortados. Na época suspeitamos que ela havia os cortado, ela surtou achando que o homem a traía, então ela deu um jeito de se livrar dele e tentou acabar consigo mesma também – explicou Leo.

— Resumindo, aquela mulher é uma vadia louca – Camilla estendeu as mãos no ar, rendendo-se e tentando arrancar um risinho do irmão que continuou sério. 

Zayn prendeu todo o ar nos pulmões, repassando cuidadosamente todas as informações que havia acabado de receber, tudo fazia sentido. E por mais que Jacqueline não tivesse toda a culpa do cartório, Zayn ainda sentia raiva da francesa, e nada e, nem ninguém, a faria diminuir.

— Eu tenho um plano – o moreno compartilhou para os alheios que encolheram os ombros e encaram-se pensativos – e irei precisar da ajuda de vocês.

❱❱❱❱

Por mais uma vez esteve em silêncio, analisando calculosamente todos os movimentos arredor. Suspirou fundo, preparando-se para mais uma de suas encenações e pelo último ato que levaria ao fim de toda aquela enfermidade. Zayn permitiu que aquele show continuasse por tempo demais, arrependia-se, só que não valia a pena chorar pelo leite derramado.

— Zayn? – Heloise Payne, mãe de sua noiva o chamou, em tom afável e dócil. O homem procurou-a pelos ombros, encontrando-a vestida em um vestido vermelho sangue longo de veludo. 

Zayn sorriu para a mulher e virou-se para cumprimentá-la.

— Eu só queria me desculpar por todo essa enfermidade que minha filha lhe fez passar – senhora Payne disparou antes mesmo de aproximar-se do mafioso. Agora ela sabia quem ele era, o que ele fazia e o passado que ele carregava em suas costas e sobrenome – eu juro que se eu pudesse voltar no tempo...

— Não se desculpe, Heloise – Zayn pediu, esbouçando um sorriso doce – você não tem culpa pelo problema de sua filha e muito menos com o que ela é e foi capaz de fazer – Zayn segurou as mãos da mulher, beijando-as e reconfortando a francesa de olhar doce e cálido. 

Heloise ficou sem palavras pelo ato daquele homem. Depois de saber que aquele rapaz, que a sua filha estava prestes a se casar, era filho de um dos maiores ícones da máfia, temeu imediatamente pela vida de todos que estava ao seu redor. Havia deixando-o entrar em sua casa, principalmente sabendo que ela era cunhada de outro ícone. Mas os seus temores mudaram quando ouviu Liam falar de Zayn, mesmo que o castanho não soubesse, todo o seu amor por aquele homem de cabelos negros eram expressados em poucas e simples palavras.

— Querido, o que estou prestes a fazer será considerado uma traição ao meu cunhado, porém, eu não conseguirei guardar essas palavras para mim mesma – Heloise começou, apertando seus dedos nas mãos de Zayn que ergueu uma das sobrancelhas – e lhe peço com todo o amor e carinho, para que você não conte nada disso ao Liam ou a qualquer outro.

— Sou um túmulo – disse o moreno, parecendo preocupado com aquela recente troca de humor.

— Liam e Leone são como filhos para mim, eu cuidei deles desde pequenos e os vi crescer. Infelizmente, Liam cresceu cedo demais, teve responsabilidades cedo demais e tornou-se um homem cedo demais – interrompeu-se, puxando o ar para os pulmões – só que nesse tempo, ele perdeu muita gente que amava, me entende? Então, eu lhe faço um pedido querido, não seja mais uma perda na vida dele.

— O quê? – Zayn sentia-se afetado, de alguma forma, de alguma emoção, só não sabia descrever qual e o quanto aquilo estava o abalando.

— Liam mostrou a Max e eu a foto que Jacqueline estava usando para chantageá-lo – o moreno piscou sem reação – sabe querido, apesar de ter descoberto toda a verdade escondida atrás dessa fachada que é a sua falsa felicidade com a minha filha, eu não tive medo de você. Sabe por quê? – o homem negou lentamente com a cabeça, fazendo a mulher rir fraco – porque eu conheci você de verdade nesses últimos dias, Zayn. E percebi que a maldade só está no sobrenome que você carrega. E por favor, não me diga ao contrário, porque Jacqueline ainda estar viva é a prova da sua bondade, e Liam está intacto, isso fortalece ainda mais o que penso sobre você. Querido você é um homem bom, só tem que seguir regras para não ferir ninguém que gosta.

— Isso é complicado.

— A vida é complicada, querido – sra. Payne sorriu com ternura para o rapaz de olhos âmbar, fazendo-o inflar o peito e soltar o ar levemente – mas não é difícil de ser compreendida. Você protegeu o meu filho, de consideração, mas eu o criei e eu sempre serei grata a você por isso.

— Eu o amo – Zayn confessou, pela primeira vez para alguém que não sabia da sua história. Pela primeira vez em palavras concretas e firmes. Zayn amava Liam e não considerava nada mais propício que aquilo. Heloise piscou duas vezes e quando chegou a compreensão, sorriu grande e encantada – eu sei que pode ser errado, mas eu o amo e isso está me sufocando.

— Então vá atrás dele – a mulher sugeriu com os olhos marejados.

— Eu não sei se ele sente o mesmo por mim nesse momento – riu sem humor, uma lágrima solitária desfilou por sua bochecha até o queixo. Heloise a secou com carinho.

— Eu sei que Liam o ama.

— Como?

— Liam me disse – tranquilizou-o – e se Liam te ama de volta, é porque ele enxergou algo em você que ninguém mais viu.

Com um sorriso no rosto o homem concordou com um aceno de cabeça, abraçou sua sogra postiça com a maior força possível e escondeu seu rosto no ombro da mesma que acariciava sua cabeça. Zayn se recompôs e no segundo seguinte estava encarando a mulher nos olhos.

— Antes de ir, tenho que fazer algo.

— Eu sei – hesitou a mulher com medo – apesar de ser a mãe dela e estar sofrendo com isso, não vejo outra saída. Então, faça o que quiser e meu marido e eu estaremos o apoiando.

❱❱❱❱

Zayn se manteve atendo a todos os acordes da marcha nupcial que encheu a catedral. Os convidados espalhados se reergueram e viraram-se para entrada, assistindo encantados a noiva adentrar em seu vestido branco rendado, um véu preso no cabelo ruivo em um coque bem apertado e alguns fios soltos para dar um ar despojado. Zayn olhou para a irmã de um lado que parecia tensa, Heloise do outro que formava o seu maior sorriso convincente, e o homem voltou sua atenção até a noiva com todos os dentes amostra naquele sorriso convencido. Max a levava até o encontro de Zayn, apesar de estar encenando muito bem a felicidade, os olhos do velho entregavam sua aflição.

O mafioso sorriu encantadoramente demoníaco para a sua noiva que se aproximava, desceu do altar e foi ao encontro da francesa que ergueu o queixo. Max entregou a filha a Zayn e antes de pegá-la pelo braço, ergueu-se e beijou a mão da víbora que chamava de mulher.

— Você está magnifica, meu amor – as palavras do homem foram altas, gerando suspiros ao redor por tamanha perfeição e amor que um parecia exalar ao outro. Mas nas entrelinhas, ambos estavam trocando faíscas pelos olhos e se matando mentalmente. Sem muita cerimônia, estendeu sua mão até sua noiva e quando a pegou, ambos dirigiram-se em passos curtos até o altar – não é tarde para desistir.

— Não tenho medo de você – Jacqueline sorriu para o noivo, indicando com o olhar para o rapaz onde os seus seguranças estavam em postos. Zayn sorriu ironicamente e apertou a mão da mulher.

— Pois deveria ter.

Sem aprofundarem aquela discussão, ambos finalmente pararam em frente ao padre e naquele momento a cerimônia começou. E dali o processo foi lento e cansativo, o mafioso perdeu as contas das vezes que olhou sobre os ombros o melhor amigo parado atrás de si, e todas as vezes que isso acontecia, Harry sorria para ele e o tranquilizava. 

Zayn materializou-se, assim que resolvesse toda aquela bagunça procuraria por Styles para contar de uma vez por todas tudo aquilo que estava acontecendo. Tudo que Zayn precisava era de uma boa e longa conversa com o seu britânico e nada mais.

O tempo passou e quando menos esperou, o padre Gabriel proferiu as palavras que o mafioso tanto ansiava.

— Jacqueline Anne Payne, você aceita receber este homem, cuja mão você está segurando agora, como seu legítimo esposo? – a pergunta foi feita e Jacqueline sabia muito bem o risco que corria se ela resolvesse desistir, ou continuar com aquilo. Mas o amor que ela pensava sentir por aquele homem foi tanto, que cegou-a no mesmo instante e no seguinte, manifestou as palavras em que Zayn aconselhou-a a não dizer.

— Sim, aceito.

Incredulidade de Zayn e a fúria da irmã caçula dele que só não fez um escândalo naquele momento, porque Leone deu um jeito de segurá-la e cala-la.

— Recomponha-se mulher, estamos em uma igreja – Leone disse em múrmuros para a morena que remexia-se em baixo dos seus braços. Leone apertou-a com mais força, imobilizando-a e prendendo a boca dela com sua mão. Assim, voltou sua atenção ao espetáculo que acontecia ao vivo.

— Você promete solenemente, diante de Deus e destas testemunhas unir-se a ele à fim de amá-lo e ser-lhe fiel durante toda a vida, sob qualquer circunstância, até que a morte os separe? – novamente a pergunta veio a francesa. Zayn sentiu vontade de rir, alto e sarcasticamente, mas segurou, abaixando a cabeça e encarando os próprios pés.

— Sim, prometo – outra resposta errada e suas unhas fincaram a pele do moreno que mordeu o lábio inferior.

— Zayn Jawaad Malik, você aceita receber esta mulher, cuja mão você está segurando agora, como sua legítima esposa? – e naquele momento o mundo parou de girar e tudo se calou, virando-se e esperando. 

Zayn ergueu os olhos até a noiva que mantinha o sorriso de vitória no rosto, achando que ainda poderia usá-lo e aquele casamento seria o xeque-mate que Jacqueline esperava e precisava. Só que ela não imaginou que naquele jogo de roleta russa, a bala sorteada não veio na sua vez de jogar.

— Não.

E o gatilho foi pressionado, a bala rasgou no ar e acertou em cheio em Jacqueline que arregalou os olhos em incredulidade. O choque foi dividido entre as demais testemunhas, o espanto e as fofocas que começaram a surgir junto aos: "Porquê", "como" e aos "eles pareciam tão perfeitos juntos, o quê será que aconteceu?".

— Ele está brincando – a mulher tentou manter a compostura. Zayn soltou sua mão e deu um passo para trás – você está blefando, Zayn.

— Tenho cara de estar blefando? – censurou-a, medindo-a de cima a baixo. Sem saber como reagir, a ruiva seguiu até ele e lhe desferiu um ardido e estalado tapa na cara.

— Tolo, eu tenho toda a sua vida nas minhas mãos. Eu tenho pessoas que irão tirar a sua vida com apenas uma ordem.

— Então ordene – Zayn desafiou-a em um rosno grosso, andando em sua direção e no mesmo instante a igreja foi invadida por incontáveis mafiosos armados até os dentes. 

Os homens de Zayn dispensou todos os convidados para fora e encurralaram os outros homens que estavam ali nas ordens de Jacqueline, a francesa paralisou e seus lábios passaram a tremer pelo pavor.

— Uma vez li em algum lugar algo que dizia: nunca coloque o seu destino nas mãos de alguém... – aconselhou o moreno para a ruiva em tom sarcástico – é por isso que eu sempre ganho e você sempre perde.

Sem qualquer outra reação, a francesa tentou se mover mais uma vez, apenas para desferir outro de seus tapas no rosto do mafioso, mas antes que ela pudesse encostar nele, dois homens grandes e vestidos em trajes de gala seguraram-na pelos braços, afastando-a de Zayn que mantinha sua posição de um típico vilão.

— O que é isso? – Jacqueline perguntou assustada, tentando se afastar dos homens que apenas a segurou com mais força.

— É o começo de uma interminável vingança – o mafioso deu de ombros, esfregando a palma de sua mão áspera na outra, sorrindo maleficamente – eu queria acabar com a sua vida, querida. Só que os seus pais lhe amam muito e me pediram para poupá-la.

A mulher tentou dizer algo, só que a sua surpresa não permitiu que ela se manifestasse. 

— Antes que você me pergunte, esses são meus amigos Rocco e Luca, são uns dos meus homens de mais confiança e eles, mas a companhia de outros, irão levá-la até a Sicília. Fiquei sabendo da sua desobediência, Jacqueline. E para que isso não volte a acontecer, você será internada em um hospital psiquiátrico.

— Perdeu vadia – Camilla chegou gritando ao lado do irmão e apontando na cara de Jacqueline que tentou avançar em cima da menor, a caçula deu um pulo de susto e correu de volta para a proteção que Leo a dava, o mesmo apenas ria achando graça da menina.

— Você vai me pagar Zayn, muito caro – a mulher riu sem humor algum, balançando a cabeça nervosamente – e quando eu contar ao seu pai...

— Ah, você não irá contar.. – o mafioso esfregou suas mãos, aproximando-se da mulher e inclinando-se na frente dela – você ficará isolada e sem nenhuma conexão por muito tempo para o lugar que está indo – Zayn sussurrou, como se estivesse contando algum segredo sujo – e, não se preocupe com o meu pai. Já me certifiquei em quesito a isso. Sabe o informante que o meu pai usa para me observar? Você não foi muito inteligente em trazê-lo até o nosso casamento, querida – riu com humor das falhas que a ruiva cometeu em tentar fisga-lo – eu armei um pequeno teatrinho com a ajuda de Max. Para o informante de Fabrizio, você está morta.

— O quê? – a mulher piscou sem conseguir expressar alguma reação.

— Enquanto você demorava décadas para entrar nesse vestido, minha irmãzinha se passava por você. Mas, deixe eu te explicar... – Zayn coçou o queixo achando divertida aquela seninha ridícula da francesa desmanchando-se em lágrimas – Leone e um dos meus amigos, Luke, deram um jeito muito criativo de atrair o informante até o corredor onde o espetáculo estava acontecendo. Quando aquele homem chegou lá, eu e minha irmã estávamos encenamos uma pequena discussão, o seu pai Max e sua mãe Heloise choravam em prantos tentando acalmá-la. Nós gritamos, nós choramos, você me deu um tapa na cara e então se trancou dentro do banheiro. Claro, eu como o bom esposo que você sempre quis, me preocupei e quando consegui arrombar a porta, você estava estirada no chão, de bruços e com a boca espumando. Você morreu de overdose, por causa das quantidades absurdas de remédios que você digeriu.

Vitória, era esse o gosto que Zayn sentia em sua boca, a cada lágrima que escorria dos olhos claros da francesa. O homem sorriu, acariciou o rosto da mulher e disse as palavras seguintes: 

—  Eu entrei em lágrimas, meu coração ficou partido. Perdi a mulher da minha vida no dia do meu casamento e como um patinho aquele babaca do informante acreditou naquela história fajuta. O que uma peruca usada em teatros na igreja e bicarbonato de sódio encontrado na cozinha, não fazem, não é? – Zayn segurou o riso engasgado – querida, eu sinto dizer, mas você está morta para mim e para o informante do meu pai que deve estar chegando no aeroporto nesse exato momento. Não se preocupe, nós iremos fazer um velório gigantesco para você.

— Fabrizio não vai acreditar nessa história.

— Sim, ele vai. Para ele e todos os outros você estará morta, enquanto passará dias a fio sendo sedada em uma cama de hospital – finalmente Zayn conseguiu o seu xeque-mate, dando final a aquele jogo – mas caso consiga fazer contato do mundo dos mortos, diga ao babaca do meu pai que eu mandei lembranças e também diga que nos veremos em alguns meses.

Sem mais nada a proferir, ordenou para os seus homens tirá-la dali. Assistiu quando a francesa foi retirada da catedral em bases de gritos, massageou suas têmporas e inspirou fundo antes de descer do altar. No caminho despediu-se da irmã e Leone, seguiu pelo corredor e viu Max consolando a esposa, Harry estava mais a frente com Stella e ambos tentavam entender o que estava acontecendo.

Por mais que Zayn quisesse explicar, ainda tinha algo a mais para resolver, e com ninguém mais o moreno falaria, não antes que aquela pequena parte do seu corpo estivesse inteira novamente. E assim Zayn se retirou da igreja, correu até o seu carro e enfrentou a chuva avassaladora da noite escura.

❱❱❱❱

You got me looking so crazy, my baby/
Você me deixa tão louco, meu amor
I'm not myself lately, I'm foolish, I don't do this/
Eu não sou o mesmo, ultimamente tenho sido um tolo, não ajo assim

E lá estava Liam, entornando mais uma rodada de uísque. Havia perdido a conta de quantos copos já veio as suas mãos, sentia-se zonzo por causa da embriaguez, hora ou outra ria sozinho e até mesmo xingava-se com palavras desconexas e sem fundamentos.

— Você é o bêbado mais engraçado que já vi – Lauren comentou após um riso. Seus lábios sugavam o suco de maracujá pelo canudinho, tomando-o lentamente enquanto seus olhos assistiam Liam virar o rosto para ela, encará-la e xingar mais uma vez – não revire esses olhos para mim mocinho, sou mais velha que você.

— Só por dois malditos meses.

— Não importa, sou a única que te suporta nesse estado de embriaguez – a garota colocou o copo de suco no balcão, vendo o amigo inclinar-se sobre o móvel e deitar sua cabeça em seus braços ao mesmo tempo que choramingava – o mundo não vai acabar só porque o cara que você ama te deu um fora. Nem todo mundo estará disposto a enfrentar aquilo que nós estamos, nem todos entende direito esse lance de amor, Lee.

Lauren acariciou o ombro do amigo, tentando reconfortá-lo, Liam choramingou e escondeu o rosto entre os braços no balcão. Lauren suspirou, era estranho estar naquela posição, ela que sempre era consolada, que era acolhida e que era abraçada em dias escuros. O homem a sua frente viveu por tantos anos as piores dores e nunca demonstrou mais que lágrimas passageiras. Mas ali, na sua frente, estava tão abatido e tão vulnerável. Era como se ambos tivessem trocado de papéis e Lauren enxergava-se em Liam.

— Ei, olhe pra mim – com a força que ela nem imaginava ter, virou o banco do maior até que ambos estivessem frente a frente. Segurou o rosto dele e o fez olhá-la profundamente nos olhos – talvez tenha sido melhor assim. Talvez, tudo isso tenha sido algo realmente bom.

I've been playing myself, baby, I don't care/
Estive jogando comigo mesmo, querido, eu não me importo

— Bom em que sentido? – perguntou sarcasticamente – estou me sentindo um idiota por ter ido lá e saído de mãos abanando. Realmente achei que valeria a pena, mas, como sempre, eu só me fodi.

— Ah, chega de beber – a mulher tirou o copo da mão do maior, dando para um dos barman que se afastou com o objeto imediatamente.

— Eu paguei por aquilo, Michelle – Liam reprendeu a amiga que rolou os olhos.

— Pouco me importa, James – retrucou no mesmo tom ácido – você o ama, foi lá e disse isso a ele. E o que ele fez? Escolheu se casar com aquela vagabunda, o idiota nessa história é ele e não você. Agora olha pra você. Querido, se acabar na bebida por causa daquela coisa mimada e metida não vai adiantar em nada. Você sabia dos riscos que correria, não sabia? E mesmo assim resolveu se arriscar! Agora lide com as suas consequências, porque a hipótese daquele homem ousar a molhar o Versace caríssimo dele em baixo dessa chuva para vir até aqui, está longe de cogitação.

'Cuz your love's got the best of me/
Porque o seu amor possui o melhor de mim
Your love's got the best of me/
Seu amor possui o melhor de mim

— Só pra sua informação, é um Emporio Armani – a voz de Zayn soou alta comparada a de Jauregui que arregalou os olhos, ao notar a presença do outro mafioso parado no meio do bar.

Os cabelos negros estavam encharcados, a água escorria por suas costeletas e iam até o final de seu queixo, pingando na camisa social branca que aquelas alturas já estava transparente. A gravata estava desfeita em seu pescoço, o terno na mão, os sapatos encharcados e a calça social mais apertada que o normal.

— Não é o meu terno preferido, mas a dor é a mesma – Zayn deu de ombros, entortando a boca achando graça da situação. A mulher de olhos claros encarou o mafioso a frente e seguiu os olhos até o amigo que havia arrumado outra bebida.

— Quer saber, não vou ceder a sua provocação – Lauren deu de ombros, pegando uma quantia em dinheiro na bolsa. Mas Liam a impediu e pegou a sua carteira, Lauren pensou em discutir, mas com aquele homem naquele estado de embriaguez e com Zayn Del Frazi, estudando todos os seus movimentos, achou melhor não rebater e sair dali antes que o bar fosse atacado por um bando de outros mafiosos – já que está aqui esquisito, dê um jeito nisso ou eu dou um jeito em você.

— Sim, senhora – o moreno provocou a mulher que cruzou os braços na altura do peito e parou a sua frente.

— Estou falando sério, Del Frazi. É o seu segundo Strike, no terceiro está fora,

E sem dizer mais nada, Lauren dirigiu-se para se retirar do bar.

Sem importar-se com a crise da melhor amiga do outro homem, Zayn seguiu até o banco onde a morena ocupava antes, sentou-se nele e virou-se de frente ao outro rapaz que lutava consigo mesmo para não cair em tentação.

— Quantos você já bebeu? – o moreno perguntou, observando os diversos copos vazios espalhados pelo balcão.

— Não lhe interessa – a resposta veio na mesma velocidade que sua pergunta, tão cortante quanto uma navalha, deixando o moreno desnorteado por alguns segundos.

Zayn resolveu ignorar aquela situação e mesmo sabendo que estava em zona de perigo, e que em qualquer momento um golpe poderia vir com força contra seu rosto, inclinou-se sobre o maior e tomou o copo da mão do mesmo. Liam resmungou, só que não fez muito esforço para lutar contra o inimigo, apenas riu seco e escondeu seu rosto cansado entre as mãos.

— Você não tinha que estar se casando?

— Você não tinha que estar com o seu namorado doente? – Del Frazi rebateu, assistindo as feições do homem a sua frente se fechar.

— Para sair daquele lugar eu inventaria qualquer coisa – Liam respondeu-o em um murmuro sôfrego e arrastado por causa da bebida. Zayn o encarou em silêncio, apenas deixando que sua mente trabalhasse por algum tempo. Seu coração pareceu despencar de seu peito por ver o homem a sua frente tão abatido. Não saberia descrever se era por causa da bebida ou pela merda que havia dito mais cedo. Com certeza um pouco dos dois.

Baby, your love's got the best of me/
Querido, seu amor possui o melhor de mim
And baby, you're making a fool of me/
E baby, você está me fazendo de tolo

— Eu quero que você fique – disse Zayn em um sussurro atraindo o olhar confuso de Liam – quando você havia me perguntado o que você deveria fazer, eu não sabia a resposta até vê-lo sair por aquela porta. Eu quero que você fique.

— Eu estou aqui – Liam deu de ombros, indicando o lugar com as mãos.

— Comigo idiota – o moreno confessou, e o nó retornou a sua garganta – escuta, eu surtei tá legal? Como havia dito antes, eu nunca me apaixonei. Só que pode parecer idiota, mas o meu coração finalmente está sentindo esse sentimento que acaba com a vida de alguém. Eu amo um cara. Um homem, sabe o quanto isso foi assustador pra mim?

Liam piscou, tentando raciocinar direito, mas tudo o que enxergava a sua frente eram borrões e as palavras do seu amado.

— E o pior de tudo, é que o homem que eu amo é imprevisível – Zayn interrompeu-se por um segundo por rir em descrença – ele é cheio de manias chatas, de sarcasmo e de ex namorados irritantes. Ele é provocativo, ele ultrapassou todos os meus limites brandos e aventurou-se nos meus horizontes apenas para provar uma teoria que eu me apaixonaria por ele, e olha onde estou agora. Olha pra mim.

Zayn reergueu o rosto do castanho pelo queixo, fazendo-o olhar profundamente em seus olhos;

— Eu odiava todas as provocações, todas as respostas e opiniões diversas e contrárias as minhas. Odiei quando ele me enfrentou e não abaixou a cabeça por nenhum segundo, nem quando eu coloquei uma arma na cabeça dele e o chamei de aberração – os olhos de Zayn marejaram imediatamente, transbordando logo em seguida.

Liam engoliu em seco, seus dedos fecharam-se em punhos fortes controlando a vontade de tocar o homem a sua frente. Queria tanto senti-lo, queria tanto abraça-lo, mas sabia que Zayn ainda tinha mais o que dizer e não o interromperia.

— Eu entrei em pânico, – o moreno suspirou e envolveu o rosto do outro homem com suas mãos – as coisas pela primeira vez fugiram do meu controle, fiquei abalado Liam, decadente. Sou um viciado e você é o único que pode me salvar dessa abstinência – soluçou, arrancando um sorrisinho fraco de Liam que tinha os olhos ardendo.

— Zayn, por favor. – suplicou.

— Não, é a minha vez de falar e você irá escutar – rosnou para Liam que apenas acenou com a cabeça – eu não esperava sentir isso, até porque não sou familiarizado com a falta, possessão, a necessidade e compaixão. Não pedi por nada disso, não pedi para me apaixonar por você e aqui estou eu, quebrando todas as minhas regras, ficando contra o meu pai e abrindo o meu coração para você, de uma forma estranha e sem jeito, mas merda, esse sou eu: estranho e sem jeito. Posso soar egoísta, mas eu não posso e nem quero vê-lo com outro além de mim, muito menos com aquele babaca do Ian – Liam riu achando graça do comentário, Zayn o encarou relaxando os ombros e derramando-se em lágrimas como uma criança desamparada – estou me declarando pra você e você ri da minha cara?

— Eu acho fofo o seu ciúmes do Ian – disse o castanho ainda rindo – e de qualquer outro que respira quando está perto de mim.

— Está falando sério? Estou tentando emendar o que rompi e você fica zoando da minha cara? – Zayn parecia designado, porém aliviado, um peso enorme havia saído do seu coração – você é inacreditável.

— Não me importo, você me ama.

O moreno se calou e sorriu.

You got me sprung and I don't care who sees/
Você me liberta e não me importo com quem vê
'Cause, baby, you got me, you got me/
Pois, baby, você me tem, você me tem

— O que nós faremos agora? – o castanho perguntou, sentindo toda aquela recente euforia misturar-se com a sua embriaguez.

Liam queria rir, chorar, correr e gritar ao mundo que havia ganhado o coração de Zayn, o homem que ele imaginou ser o menos provável, o filho do inimigo da sua família, um dos homens mais temidos e temerosos que já conheceu em toda vida. Liam já havia presenciado de tudo, mas com Del Frazi esse tudo não era nada.

— Poderíamos viajar ou talvez fugir – sugeriu o menor tentando recuperar-se dos soluços – poderíamos ir visitar minhas cidade natal, Roma é linda nessa época do ano.

— Você é romano? – o castanho perguntou com um sorriso bobo enfeitando seus lábios – eu sempre tive uma queda por romanos com aquelas togas e...

— Em que época você acha que vivemos?

Liam jogou a cabeça para trás, soltando sua gargalhada divertida e humorada, fazendo Zayn sorrir pela brincadeira feita.

— Mas a Roma é uma opção, poderíamos ir para Austrália, Japão...

— França...

— Se você me levar pra lá, eu mato você – Zayn coçou sua têmpora. França era o último lugar na terra que desejava visitar, já tinha experiência demais com franceses – só que não importa para onde vamos, desde que estejamos juntos nada mais importa – as palavras soaram tão suáveis e naturais que por um segundo mal havia reparado que ele mesmo havia as dito. Mas o brilho que causou nos olhos de Liam o fez engolir todo orgulho, o fazendo sentir-se vitorioso mais uma vez naquela noite.

— Desde que estejamos juntos nada mais importa – Liam testou as palavras em voz alta, querendo ter a certeza que não estava imaginando ou que estava bêbado demais para estar começando a alucinar. Piscou algumas vezes, sorrindo para si mesmo e admirando a beleza do homem a sua frente, o seu homem. Sim, aquilo era real – gostei mais disso do que achei que gostaria.

— Que bom – Zayn riu nasalmente – sabe Lee, chega uma hora que até mesmo a pessoa mais irracional tem que admitir a si mesma que precisa de alguma coisa. Essa coisa pode ser denominada como alguém, e esse alguém é você.

Com paixão e desespero, fora daquela forma que Liam avançou e tomou os lábios do inimigo nos seus, puxando-o e acolhendo-o em seus braços.

Oh, you got me, you got me/
Oh, você me tem, você me tem

O mundo parou e ninguém se preocupou ou ousou a encarar aqueles dois homens que estavam tendo um momento único, eram apenas eles, matando a saudade, sufocando a angústia e livrando-se das dúvidas. Seus desejos ocultos finalmente tornando-se reais, finalmente sendo expostos não só para eles e sim para quem quisesse os assistir. Movimentos lentos e profundos, em uma valsa gostosa e saborosa. Um amor que cresceu e ali floresceu com toda força, o mais bonito e até o mais complicado, o mais orgulhoso e o mais irracional. Mas aquele amor era deles e ninguém poderia tomar, porque eles encontraram algo em um lugar destruído e o fez brilhar.

— Você tem gosto de uísque barato – Zayn riu contra os lábios de seu amante, afastando-o lentamente contra a vontade enquanto seus dedos brincavam com a nuca do maior – quantas doses você já bebeu?

— Muitas – o maior deu de ombros, rindo da careta que o homem a frente fez – não fique emburrado comigo, faça amor comigo, garanto que vale mais a pena.

— Pagou por elas? – Zayn novamente perguntou, pegando seu paletó no balcão e olhando o maior que estava meio zonzo sobre os próprios pés.

— Sim, papai – Liam rolou os olhos – vai me deixar de castigo por que enchi a cara?

— Eu poderia te dá umas palmadas – Zayn puxou Liam pela mão, fazendo-o rir arrastado e ao mesmo tempo malicioso.

— Eu fui um garoto levado – Liam provocou e o moreno riu, o puxando até a saída do recinto.

— Vou te levar pra casa, não costumo castigar bêbados.

— Ah, deixa de ser chato – D'Angelo segurou a cintura do outro, empurrando-o para fora e prensando-o contra a vitrine do bar. Zayn estremeceu e prendeu o ar nos pulmões em que seus olhos caíam aos lábios do maior.

— Liam...

— Zayn...

— Amor, não me provoca – Zayn pediu em um sussurro baixo, sentindo o hálito repleto a álcool do maior inundar sua atmosfera quando o mesmo riu.

— Você fica tão sexy me chamando de amor – Liam arrastou seus lábios no rosto do menor, trilhando a ponta de sua língua do queixo até o lóbulo da orelha de Zayn, que se encolheu com um forte arrepio – sabe o que seria mais sexy?

— O quê? – Zayn perguntou em um sussurro sofrido e sobrecarregado de desejos. Os olhos de Zayn escureceram quando em sua coxa o maior prensou o membro duro e pulsante.

— Você me fodendo dentro do seu carro – as palavras ousadas foram ditas ao pé do ouvido de Del Frazi que não teve mais forças em ser o difícil. Com uma velocidade impressionante seus lábios atacaram os de Liam, em um beijo forte. A chuva caía em suas cabeças e o vento cortava suas peles, mas o calor que emanou de ambos corpos fora tão forte que frio algum os impediu de prosseguir.

As mãos do moreno seguraram a cós da barra do maior, em um movimento lento seus dedos dedilhavam sobre a barriga definida de seu amante e com um impulso, empurrou Liam para a calçada que cambaleou para trás e bateu as costas contra a lataria do carro de Zayn estacionado ao lado do meio fio.

I look and stare so deep in your eyes/
Eu olho no fundo dos seus olhos
I touch on you more and more every time/
Eu te toco cada vez mais

Os passos que antes eram restritos e bem impedidos por seus instintos seguiram levemente, um a um, em um movimento de alucinação, causando a Liam desespero. Esse assistia quieto o corpo do moreno mover-se até si, a chuva caindo nos ombros largos e sobre o peito sendo visto por baixo da camisa branca, a pele fervendo prestes a entrar em erupção. Piscou, tentando ter uma linha de raciocínio lógico, mas os seus desejos usufruíam e gritavam para serem atendidos.

Liam puxou Zayn pelo cós da calça, trazendo-o e prendendo-o no calor de seu corpo e na eletricidade eminente que causava os seus urros baixos e sofridos. Movimentos rápidos e calculados, no segundo seguinte os dedos ágeis de Zayn seguravam a camisa de Liam pela barra e puxou-a para ambos lados, rompendo a costura dos botões e fazendo-os voar entre o tempo úmido. Os lábios carnudos de Del Frazi encostaram-se nos do maior, atraindo-o como um canto de sereia e envolvendo-o em seus toques peculiares.

When you leave I'm begging you not to go/
Quando você vai embora, imploro para que fique
Call your name two, three times in a row/
Chamo seu nome duas, três vezes seguidas

A porta do veículo fora aberta e os dois caíram sobre o estofado do carro em uma pegação afobada e apresada. Liam empurrou o corpo do menor contra o banco e correu sua mão até a porta, fechando-a e privando-os do mundo exterior.

Suas pernas se moveram e seus joelhos se apoiaram no banco, um de cada lado da cintura de Zayn que assistia admirado tamanho homem sedutor retirar a camisa em um movimento lento. Sentindo também o desejo de livrar-se de suas roupas, o moreno estourou a costura dos botões da sua camisa e no segundo seguinte aquele tecido encharcado voou para o banco da frente.

Seus lábios voltaram a encontrar-se, em um ataque violento e sensual. Liam inclinado sobre o corpo moreno, suas mãos enterradas no cabelo da nuca de Zayn que delirava em meio aquele beijo ardente. No segundo seguinte, sem conseguir aguentar tamanha ansiedade, Zayn puxou os quadris do amante contra o seu, fazendo-o sentar-se de uma vez em seu pau duro. Urraram um contra o outro, mordendo seus lábios e chupando suas línguas e, a bunda de Liam fora atacada pelas mãos bobas de Zayn, apalpando-a.

Such a funny thing for me to try to explain/
É algo tão engraçado para tentar explicar
How I'm feeling and my pride is the one to blame/
como eu me sinto e meu orgulho é o único culpado

As mãos do maior contornaram os ombros do moreno, desceram até o peito e trilharam lentamente até o caminho da felicidade, seus quadris movendo-se em uma dança sensual no colo de Zayn que sugava o ar para os pulmões com dificuldade. Seus lábios rosados e atrevidos desceram até o pescoço do moreno, beijando-o, chupando-o, marcando-o. Tocaram seus peitos, o frio contra o quente, causando um choque térmico embriagante. Liam gemeu contra o pescoço do menor quando sentiu seu membro ser liberto das jaulas sufocantes e masturbado em um ritmo lento. Seus dedos apertaram a mão de Zayn a redor de seu pau, incentivando-o a prosseguir no mesmo ritmo tortuoso e viciante.

— Você é meu – advertiu Del Frazi, beijando o peito de Liam que inclinou-se para trás – todinho. meu. e. de. mais. ninguém – suas palavras vieram arrastadas e sobrecarregadas de tesão a cada beijo que descartava no peito do amante, subindo até o pescoço, atrás da orelha e voltando até os lábios de um Liam embriagado pelo desejo.

— Sou seu – respondeu em um lufo sofrido por causa da masturbação – todo seu – Zayn sorriu convencido, assistindo o rosto a sua frente contorcer-se em prazer. Ninguém mais veria Liam daquela forma, ninguém mais o possuiria, ninguém mais o tocaria da forma que Zayn fazia. Liam era dele, todinho dele e com o seu homem Zayn faria o que bem entendesse. E naquele momento sua mão aumentou o seu ritmo, acelerando a masturbação e apreciando a visão de Liam contorcer-se em seu colo.

— Geme pra mim babe – o moreno pediu em um sussurro, provocando os mais intensos choques no corpo de Liam, naquele momento, D'Angelo sentiu todo o seu feitiço voltar contra ele e não pode evitar de sorrir.

I still don't understand/
Eu ainda não entendo
Just how your love could do what no one else can/
Como o seu amor faz o que ninguém mais consegue

Zayn suspirou pesadamente quando sentiu seu membro pulsar doloroso dentro da cueca quando Liam moveu os quadris, como se estivesse quicando em seu colo, então Liam abriu a boca e gemeu, promiscuo, provocador. Soando como uma melodia sonora e pornográfica aos ouvidos de Del Frazi. Continuou a masturbá-lo, até o momento que foi interrompido.

— Quero gozar com você dentro de mim – Liam declarou ofegante, deixando seu parceiro mais duro que pedra. O moreno gemeu e o castanho sorriu, pulou para fora do colo do seu parceiro e passou-se a desfazer das calças que ainda vestia enquanto Zayn fazia o mesmo. Desesperados não demoraram muito, e logo Liam estava novamente no seu novo lugar favorito, segurando a base do membro do moreno enquanto a cabecinha do mesmo estava afundando em sua entrada.

— Liam...

Zayn apertou as coxas fartas do maior quando sentiu-o deslizar de uma vez por todo seu membro, até o final. Liam apertou os olhos e prendeu o lábio inferior entre os dentes contendo o grito que escaparia pela ardência em seu buraco. Zayn o abraçou, apertado, mordendo o ombro do mesmo ao que sentia seu membro pulsar dentro daquele lugar apertado, quente e delicioso.

Ficaram parados por alguns instantes, pouco tempo até Liam se acostumar com a nova invasão e começar a mover-se como um animal feroz mesmo que ainda sentisse dor. D'Angelo penas se moveu, quicou e gemeu, fazendo o menor curvar-se para trás e assistir o castanho mover-se naquele ritmo erótico. Suas mãos passearam pelo corpo de Liam, fincando suas unhas na carne e puxando-a ao mesmo tempo que os espasmos espalhavam-se pelo seu corpo.

Apoiou os pés no chão e para ajudar Liam naquela pose, moveu seus quadris para cima, indo de encontro aos quadris do homem e o fazendo jogar a cabeça para trás ao gemer.

Ya got me looking so crazy right now/
Você está me deixando louco agora
Your love's got me looking so crazy right now/
Seu amor está me deixando louco agora mesmo

D'Angelo apoiou suas mãos no estofado ao lado da cabeça de Zayn, sentindo-o acertar sua próstata ao mesmo tempo que o moreno retornou a masturba-lo. Movimentos ora rápido, ora devagar. Ora fundo, ora até a metade. Só que Zayn não se aguentaria por muito tempo com aquela sensação. As paredes internas de Liam apertavam seu membro, fazendo-o gemer cada vez mais alto.

Sem que esperasse, os jatos quentes de Liam voaram contra o seu peito, fazendo-o urrar de prazer tão alto que Zayn segurou-se para não ter um orgasmo.

Quando o corpo de Liam terminou de estremecer em cima de si, Zayn segurou na cintura do maior e o virou contra o banco, fazendo-o deitar sobre o mesmo com as pernas abertas para ele. Zayn colocou-se entre elas, não antes de dá uma última conferida no seu homem. Sua boca seguiu até o membro dele e sem pensar demais engoliu-o. Liam jogou a cabeça para trás e seus dedos prenderam no estofado. Gemeu alto e tentou respirar, mas a sensação estava deixando-o desnorteado.

Got me looking so crazy right now/
Me deixa tão louco agora
Your touch got me looking so crazy right now/
Seu toque está me deixando louco agora mesmo

A língua perversa de Zayn circulou a cabecinha do membro do maior e chupou-a até a última gota de gozo que conseguiu, engolindo logo em seguida. Limpou a extensão, masturbando-o com a mão enquanto beijava-o e sugava-o. Arrancando suspiros sôfregos e prazerosos. Zayn queria deixá-lo duro de novo, queria fazê-lo gozar novamente enquanto o fodia. Concentrava-se em fazer um bom trabalho, enquanto saboreava o gosto do seu amado, mal havia notado que o seu membro já estava pulsante e salivando pré-gozo.

Hoping you'll save me right now/
Me faz querer que você me salve
Your kiss got me hoping you'll save me right now/
Seu beijo me faz querer que você me salve agora mesmo

Quando percebeu que o amante estava duro novamente, colocou-se entre as pernas dele. Segurou a extensão de seu pênis, lubrificando-o com o próprio pré-gozo e sua boca encontrava-se com a de Liam, seu membro adentrou o buraco do amante, o fazendo contorcer-se com força e gemer contra sua boca.

Zayn sorriu quando reparou que havia acertado a próstata do homem. Moveu-se mais uma vez, lentamente, saindo quase totalmente e adentrando tão brutal que Liam quase teve uma overdose de prazer. Outro movimento, acertando o ponto G, estremecendo o corpo abaixo do seu e fazendo-o prender o gemido como uma vadia desobediente.

— Eu quero ouvir você gemer – Zayn ordenou, ácido e cego pela excitação. Movia-se como um animal, pouco se importava se iria realmente machucar o amante. Era isso o que Liam queria no final, sexo bruto e nenhum dos dois recusaria, mesmo que no final fossem sair com hematomas – geme pra mim Lee, eu quero ouvir.

Zay passou a mover-se devagar, provocando o inimigo. Liam revirou os olhos e se recusou, mas o tapa forte que recebeu na coxa o fez abrir a boca e soltar um urro baixo. Outro tapa, tão ardido quanto o primeiro, outro urro de surpresa, dor e prazer. Mais um tapa e em seguida veio os movimentos rápidos e selvagens que arrancavam seu fôlego, suas mãos foram as costas de Zayn, arranhando toda a extensão da mesma e fazendo ambos gemerem pelo prazer.

Looking so crazy in love/
Loucamente apaixonado
Got me looking, got me looking so crazy in love/
Você me deixou, me deixou loucamente apaixonado

Tentaram se beijar mas os gemidos, os movimentos, as respirações embargadas e descompassadas os impediram. Suas testas se juntaram, o suor grudando as peles e o calor eminente embaçando os vidros. Seus olhos se encontraram, eles se encararam e perderam-se naquela magnetização embriagante, levando-os a loucura, fazendo-os gozarem juntos em jatos fortes e alívios. Encararam-se enquanto chegavam ao ápice juntos, apreciaram a visão do prazer misturada com o ódio que foi substituído pelo amor. Aliviaram-se, não um do outro e sim de toda tensão que os rondou durante semanas. Agora sim poderiam dizer: Finalmente. Estavam no lugar onde deveriam estar.

❱❱❱❱

— Será que deu certo? – a irmã de Del Frazi perguntou movendo seus pés no ar. Os olhos da menor encaravam suas sapatilhas pretas balançarem em seus pés, fazendo-a inclinar a cabeça levemente para o lado.

— Acho que sim – Leo cruzou os braços, apoiando suas costas no muro onde a garota estava sentada – e mesmo que não tenha dado certo, somos inteligentes e temos ótimos planos juntos – Cams ergueu os olhos até o garoto ao seu lado que fitava a noite – tentaremos de novo e de novo, até conseguirmos – Leone olhou sobre os cílios os olhos de Camilla que brilhavam no luar de Verona, a chuva havia diminuído há alguns minutos atrás e o céu abriu-se, revelando suas estrelas.

— Sim, nós tentaremos – a caçula sorriu, atraindo também um sorriso do mais velho. Leo riu pelo nariz e encarou os próprios pés.

— Só que eu tenho cem por cento de certeza que eles estão transando agora.

— Obrigada por me dá a visão do inferno – ambos riram juntos, movendo os ombros e fitando qualquer coisa que não fossem seus próprios olhos – por que você não gosta do meu irmão?

— Não sei – Leone deu de ombros, inclinando a cabeça para cima e encarando o céu estrelado. Camilla encarou-o e prendeu o lábio inferior entre os dentes – eu cresci em uma família que foi destruída. Perdi minha mãe, irmão, parentes e amigos próximos e... Liam foi a única coisa que me serviu de apoio, já que o nosso pai vivia em missões e tentando salvar o império dele. Lee sempre me protegeu, sabe? Então, eu tento protegê-lo também – riu sem graça, coçando a própria nuca – só que as vezes sei que passo dos limites.

— Sim, você passa – a caçula riu com a careta que o maior fazia – eu te entendo, mas o meu irmão é legal, e eu tenho certeza que ele não faria nada para prejudicar o seu – D'Angelo não disse mais nada, apenas mirou nos olhos da menor e formou uma careta divertida – Leo? – Camilla chamou por ele em um sussurro.

— Sim?

— Vamos nos ver de novo? – murmurou, tentando ignorar o frio que cresceu em sua barriga. Era estranho conversarem sobre algo que não envolvesse planos e artimanhas para tentar juntar os irmãos, até porquê, desde o inicio era somente aquilo que Leone e Camilla sabiam falar: Liam e Zayn. Não haviam parado para pensar e raciocinar que entre eles havia florescido uma amizade forte e duradoura. 

Leo encarou Camilla profundamente nos olhos, piscando algumas vezes sem ter o que dizer.

— Você é insuportável – o menino falou em um falso tom de desdém – só que séria estranho eu dizer que gosto disso? – a morena riu de canto – eu gosto de você Camilla, apesar dessas suas maluquices. Então, por que não? Adoraria vê-la novamente.

— Posso te ligar de madrugada?

— Se você vier falar de cordas de novo...

— Eu não vou falar mais de cordas, prometo – Camilla ergueu o mindinho no ar, encolhendo os olhos por rir da careta que o seu novo melhor amigo fazia.

— Então você pode me ligar de madrugada – Leone entrelaçou seu dedinho com o da menor, fazendo-a sorrir. 

Cams não soube se segurar, antes que Leo pudesse agir a menina voou do muro ao seus braços, abraçando-o apertado e afetivamente, enterrando seu rosto na curva do pescoço de Leone que ficou sem reação nos primeiros segundos. Agora, seus braços envolviam a cintura da menor que estava na ponta dos pés para fazer aquilo durar um pouco mais. O irmão de D'Angelo sorriu e beijou o topo da cabeça da mais nova.

— Sabe, tem uma coisa que eu gostaria de agradecer ao seu irmão depois.

— O quê? – Camilla perguntou com o cenho franzido, encarando os olhos marrons de Leone.

— Se ele tivesse cedido ao Liam antes, eu não teria conhecido a melhor parceira do mundo... Então, acho que essa lerdeza toda me serviu de alguma coisa – seus olhos brilharam pela sinceridade, resultando em um sorriso tão bonito da garota que Leone ficou sem fôlego por curtos segundos. 

Camilla novamente se inclinou e o envolveu em outro abraço apertado, esse selando a amizade mais pura e verdadeira que ambos já tiveram em toda sua jornada de vida.

❱❱❱❱

— Posso te fazer uma pergunta? – a voz de Zayn soou como um sussurro perto dos trovões que rachavam o céu naquela parte da cidade.

— Qualquer uma – o mais velho murmurou quase perdendo-se no mais profundo sono. Zayn sorriu sentindo a respiração leve e os batimentos cardíacos do maior abaixo de si.

— A quanto tempo Harry e Louis estão juntos? – o moreno sentiu o corpo nu abaixo do seu enrijecer. O castanho paralisou por alguns instantes, sem realmente saber o que dizer ou fazer.

— Como você sabe? – e finalmente Liam optou pela verdade. Não tinha como esconder mais nada de Zayn àquela altura do campeonato.

— Ouvi vocês dois conversando na sua casa, um tempo atrás.

— Hm... – o mais velho murmurou contra os cabelos sedosos e cheirosos do menor, acariciando as costas do mesmo com a ponta de seus dedos.

— A quanto tempo? – Zayn insistiu.

— Um pouco mais de um mês – declarou Liam – eles começaram a sair depois do baile de máscaras.

Silêncio surgiu após a explicação a qual Liam deu ao seu amante, fazendo-o acenar levemente com a cabeça em compreensão. Del Frazi não tinha muito no que pensar, ou muito menos o que imaginar. Só esperava pelo momento que procuraria pelo melhor amigo e que entrariam em uma conversa que ambos não tiveram juntos a muito tempo. Zayn compreendia de todas as formas que Harry só tinha medo, afinal, o moreno também teve medo até certo ponto, agora ele estava ali, entregue e nu sobre o corpo de outro homem. Sobre o corpo de Liam D'Angelo.

— Ainda odeio você – a voz de Zayn voltou a ecoar minutos depois de um momento acolhedor, onde ouviam apenas os trovões, o som da chuva batendo no teto do veículo e suas respirações calmas – mas percebi que eu não sou nada sem você – declarou-se, abrindo mais uma vez seu coração e recebendo um beijo em sua testa. 

Zayn ergueu seu olhar, encontrando os de Liam que quase se fechavam, o moreno sorriu e pressionou seus lábios contra do outro homem e sussurrou:

— Eu amo você.

Então Liam sussurrou de volta meio sonolento:

— Eu também amo você, Zaynie.


Notas Finais


Eu pensei, pensei e pensei e cheguei a conclusão que darei a vocês alguns capítulos de tranquila paz. Não pensem que eles não estarão correndo perigo, porque sim e eu sempre do um jeito do circo pegar fogo quando todos menos esperam e porra eu adoro isso rsrsrs. Só que, garanto a vocês que enquanto isso acontecer, Ziam estará firme e forte com o amor deles que agora foi esfregado na cara de quem quiser ver.

Enquanto ao segredo que o Zayn carrega sobre o trato com o pai dele, estou em dúvida sobre o futuro dele. Não sei se devo ou não fazer o Zayn revelar a natureza desse acordo, só que como eu disse para uma leitora: Eu JÁ TENHO UM FINAL gerado por uma das decisões e se eu mudá-la, todo o final muda também. Então eu quero acabar com essa agonia tanto quanto vocês, se por acaso a atualização demorar para sair é por tal motivo. Eu não quero terminar essa fanfic de um jeito sem sentido e desconexo, eu faço tudo o mais perfeito o possível em quesito a tudo e eu detestaria perder o rumo dessa estória. Então peço para que tenham um pouquinho de paciência comigo, tá bem? Uma hora sai e dependendo da decisão do Zayn, eu realmente peço: ACREDITEM EM MIM. Se ele escolher ou não falar, terá um verdadeiro e IMPORTANTE motivo mais na frente.

Sobre o capítulo: Esse é um momento que nós nos ajoelhamos, erguemos as mãos para o céu e gritamos: ALELUIA! FINALMENTE O MEU OTP SE ASSUMIU! Deu trabalho, mas eles estão ai. O capítulo está aprovado? Enquanto a Jack? Eu disse que eu daria um jeito nela..... um jeito improvisado, só que esse não é o final, o nome de Jacqueline aparecerá outras vezes por aqui. Enquanto a Leomilla? Ouvi 18 da Oned enquanto escrevia a parte deles e olha.... foi difícil não chorar!!! Não sei se foi por causa da música, ou se fiquei imaginando esses dois coisinhos na minha cabeça. Mas eu tive vontade de chorar rsrsrs.

Agora, para matar as saudades de Larry que tal no próximo eu retratar um pouco sobre o relacionamento dos dois? Se sim, me dão sugestões de algo, porque eu pretendo fazer algo fofo e na matéria da vida de fofura eu tiro zero. Então me ajudem e eu postarei o capítulo Larry o mais rápido possível.

"Nunca coloque o seu destino nas mãos de alguém, é por isso que eu sempre ganho e você sempre perde". Essa frase foi tirada do seriado gossip girl, uma das minhas séries favoritas.

Espero que tenham gostado,
até a próxima att,
Eu amo todos vocês.


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