História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo quindici; novos planos

Verão - Duas semanas depois.

Com o movimento rápido de suas mãos, Liam pegou em seus dedos uma maça impecavelmente verde sobre a fruteira na bancada - enquanto prestava atenção nas palavras que eram dirigidas a si vindas de um rapaz um pouco mais baixo. Seus olhos castanhos assistiam os celeste de Louis, o sorriso do menor e toda a euforia que o homem transferia em suas palavras. 

— Aliança? – D'Angelo se engasgou com a fruta que comia, batendo no próprio peito tentando recuperar o ar que acabará de perder – vai pedir o Harry em casamento? – urrou com dificuldade em meio a tossidas fortes.

Louis do outro lado rolou os olhos e aproximou-se de Liam, dando um tapa forte nas costas nuas do mafioso que gemeu de dor.

— Porra. 

— Melhorou? – segurou-o pelos ombros, assistindo-o se recuperar em tossidas mais leves. 

— Sim. Obrigado. – Liam riu de canto, sentindo os olhos marejarem – tudo bem, agora me explica.  

— Não é uma aliança de casamento, idiota – Louis finalmente manifestou suas explicações, fazendo Liam relaxar os ombros e suspirar finalmente aliviado.

Não aliviado porque Louis não se casaria. Liam ficaria muito feliz caso isso acontecesse, algum dia, e se fosse com Harry seria melhor ainda. Liam se sentiria realmente muito feliz. Respirava aliviado pelo motivo de Louis não estar querendo se casar naquele momento. Com toda aquela guerra causada na máfia, ambos serem inimigos por destino também não facilitaria algo assim.

Traição a família; era a primeira regra que fora passada e por mais que Harry fosse um bom homem, aquilo não justificaria uma traição.

— É uma aliança de compromisso. Harry e eu faremos um mês em alguns dias, e eu gostaria de dá alguma coisa pra ele. 

— Dá o seu rabo, oras – sugeriu o maior de forma simples, voltando a deliciar-se com a maça. 

— Você é tão engraçadinho – Louis censurou com sarcasmo – estou falando sério idiota, quero dá uma aliança ao Harry. Quero deixar nosso relacionamento mais sério. 

— Então se case com ele e fuja para longe – apesar da proposta casamento ser o maior medo de Liam naquele momento, o castanho não pode deixar as suas piadinhas de lado – só que aconselho a mudarem os rostos, nomes e qualquer outra coisa que possa relacionar vocês a máfia. Caso contrário, meus pêsames.  

— Liam James Barboni D'Angelo. 

— Ui, ele falou o meu nome todo.  

— Porra, será que dá para deixar de ser sarcástico uma vez na sua vida? – Tomlinson repreendeu visivelmente irritado – primeiro D'Angelo, casamento está fora de questão. Uma, ninguém no mundo casaria dois homens sem estar indo contra as leis e os mandamentos de Deus – rolou os olhos desgostoso – dois, ainda está cedo demais para nos casar. Segundo, eu quero que você vá escolher as alianças comigo. 

— Sabia que ia sobrar pra mim – Liam murmurou ao jogar sua cabeça para trás.  

— Não seja um rabugento, D'Angelo – pediu em um suspiro – você é o meu melhor amigo, é normal eu pedir isso sabe? E é idiotice o quê vou falar, mas... – interrompeu-se por um segundo, recebendo a atenção do amigo – eu realmente gostaria da sua aprovação. 

— A minha aprovação? – Liam repetiu as palavras tentando absorvê-las o mais rápido que poderia – você está de brincadeira?! Isso é sério?! Não seja idiota – riu sem humor algum, maneando a cabeça – você não precisa da minha aprovação. 

— Liam... 

— Não me venha com essa – Liam novamente riu, massageando suas têmporas – você parece feliz amigo. 

— E estou. – Louis respondeu com um sorriso. 

— Então é o que importa – retribuiu-o. Seus olhos castanhos brilhavam com intensidade ao dirigir tais palavras ao menor – a única coisa que aprovo é a sua felicidade, então tanto faz ao resto. Não me importo se o cara que você namora é um dos nossos inimigos, realmente não me importa. E quem sou eu para julgar? Já deu uma olhadinha na minha ficha de ex namorados?

D'Angelo perguntou em um lufo de humor, fazendo o menor morder o lábio inferior e rir ao lembrar-se do passado conturbado do melhor amigo.

— Você estando feliz é o que importa, Louis. Então, me diga quando vai comprar as alianças que irei com você. 

— Obrigado – o britânico coçou sua nuca ao agradecer, sentindo suas bochechas esquentarem e um frio percorrer sua espinha. Sentia-se sortudo por ter conhecido o verdadeiro Liam antes de tudo aquilo ter dado início – você é um grande amigo. 

— E você é um idiota.

Sem esperar a reação alheia, Liam puxou o menor para um abraço apertado e o aconchegou entre seus braços.

— Não sou o seu dono, sou o seu amigo. Conte comigo para qualquer coisa. 

— Você também fratello – Louis envolveu seus braços nos ombros largos de Liam, sentindo o mais novo e bem mais alto que ele tirá-lo do chão, fazendo-o sorrir consigo mesmo – você também.  

✧

Lento e cuidadosamente o mafioso adentrou o primeiro quarto que viu em sua frente. Encontrando o brilho de um pequeno abajur de um pirata sobre o criado mudo, o homem de cabelos castanhos seguiu a luz até que suas orbes pudessem focar do pequeno rosto sereno de Enzo, fazendo-o sorrir intensamente por saber que o seu filho estava em casa.  

Depois do sequestro de Enzo, Liam havia ficado um tanto quanto paranoico em quesito ao filho. Tinha incontáveis pesadelos, tinha medo de sair de casa e deixá-lo sozinho e passou até mesmo a aumentar a proteção do filho. A guarda daquela casa havia redobrado, apenas pelos homens mais antigos de Lorenzo e os mais confiáveis por ele. 
 
Em um suspiro relaxado Liam sentou-se a cama do menino, notando que o garotinho estava abraçado a duas pelúcias, uma sendo o já conhecido Sammy e o novo melhor amigo dele, Petter, o maldito pato que Zayn havia o dado no hospital.

Liam sorriu em ver a imagem do pequeno garoto coberto até a cintura, o pijama azul com foguetes espaciais o deixava mais adorável e, os cabelos castanhos longos espalhados pelo travesseiro, apenas completavam o pacote da fofura. O mafioso enrugou o nariz quando notou o comprimento das madeixas do menor. 

"Mas o titio Zaini gosta do meu cabelo grande, papai" – ouviu a voz do menino em sua cabeça quando o mais velho apontou para o cabelo relativamente enorme. Enzo quase não enxergava com a franja solta em sua testa, só que por mais que aquilo soasse como um problema, o menino nunca admitiria para o pai e permaneceria com aquela enorme peruca só porquê o tio Zayn gostava.  

— Eu te amo campeão – o homem sussurrou próximo ao rosto do filho antes de beijar a testa do mesmo que dormia tranquilamente. O mafioso levantou-se e seguiu de volta até a porta, fechando-a logo em seguida.  

Sem muitas cerimônias, o castanho finalmente adentrava o seu quarto que ainda estava escuro. Seus olhos procuraram pelo relógio eletrônico que brilhava oito e quarenta e cinco da manhã. Espreguiçou-se quando notou que ainda estava com sono, coçou o peito e dirigiu-se até sua cama, tomando todo o cuidado do mundo para não fazer muitos movimentos que pudesse despertar o outro corpo presente no colchão.  

Outro suspiro e Liam encarou o teto escuro por alguns segundos antes de fechar os olhos, abrindo seu sorriso logo após o movimento ao seu lado, seu corpo foi coberto por um braço repleto de tatuagens e uma perna, impedindo-o de sair dali caso quisesse - e ele não queria.  

— Bom dia – Liam sussurrou ofegantemente quando sentiu a respiração do namorado bater em seu pescoço, arrepiando-o por completo. 

— Onde você estava? – o mais novo o questionou, passando a beijar o pescoço de Liam que riu de canto. 

— Não confia em mim? 

— Não – Zayn ergueu o rosto para poder visualizar com clareza o rosto de Liam, mesmo com a pouca claridade saberia distinguir quais eram as emoções transferidas a cada linha de expressão. Travesso, o mais velho abriu somente um de seus olhos e encarou o rosto do moreno, casualmente. 

— Com o Louis, amor – respondeu-o com um tom de humor – ele e Harry farão um mês de namoro, e o Lou quer fazer uma surpresa. 

— Okay – o moreno deu de ombros e voltou a deitar sua cabeça no peito de Liam. O silêncio reinou sobre o quarto novamente, e o único movimento entre aqueles dois corpos eram seus peitos movendo-se pela respiração leve e a ponta dos dedos de Liam que acariciavam as costas nuas do menor – Louis não contou nada sobre a gente, não é? 

— Não... – D'Angelo rolou os olhos por dentro das pupilas – e imagino que você também não vai. 

— Claro que vou – Zayn resmungou – até já comecei. Harry sabe que estou em um relacionamento sério e ficou assustado quando eu usei a palavra apaixonado para me descrever – Liam riu ao imaginar a cara do britânico – só que esse povo parece ter fogo no rabo, porque toda maldita vez que tento aprofundar o assunto sobre nós, alguém aparece ou o próprio Harry diz que está atrasado. 

— Por que não o fraga com o Louis? – Liam sugeriu tal ideia como se não quisesse nada com nada.

Espreguiçando-se mais uma vez, virou-se de lado na cama até estar de frente para o rosto de Zayn que ergueu as sobrancelhas, como se o obrigando a prosseguir.

— Bem, contar assim não tem a menor graça. Quando meu pai descobriu que eu era gay, ele havia me pego na cama com outro homem e te garanto que por algumas semanas só ouvi daquilo – riu consigo mesmo após relembrar do ocorrido – descubra um lugar onde Louis e Harry vão, chegue lá e espere até o momento certo e os frague. E quando Styles estiver quase se descabelando achando que você vai o matar, revele o seu segredinho sórdido. 

— Liam, você é um gênio filho da puta – Zayn pulou na cama relativamente animado com a ideia que acabará de receber, Liam continuou no mesmo estado, um sorrisinho orgulhoso brincando em seus lábios – agora entendi porquê gosto de você – fazendo o maior rir de seu comentário, o moreno o virou na cama e subiu em cima do colo do mesmo, roubando-o um beijo caloroso e sedutor como agradecimento pelas ótimas ideias que acabará de fazê-lo ter.  

❱❱❱❱ 
 
Chafariz da Piazza Bra era incrivelmente deslumbrante naquela época do ano, a água cristalina que mexia-se em movimentos leves fazia Louis admira-lo, encantado até mesmo com o além daquele cenário verde e puro, dando-o a sensação de estar livre.  

Permitiu que um suspiro relaxado escapasse de seus lábios - apertando os braços cruzados em frente ao peito, aconchegou-se no encosto do banco de madeira.  

— Você é tão previsível – segundos mais tarde ouviu a voz rouca e lerda que arrancava-o o fôlego, não se moveu, já sabendo que agora estava acompanhado naquele banco de praça – sempre a mesma praça, sempre o mesmo banco, sempre em frente a Arena! Não se cansa? 

— Da vista ou de você? – Louis perguntou com feições risonhas, fazendo o namorado ao seu lado cutucá-lo com o cotovelo – não babe, não me canso. 

— Da vista ou de mim? – Harry mordeu sua bochecha ao interrogar o namorado, observando-o com expressões serenas e relaxadas.

Esperou por um tempo que considerou pela eternidade e, o seu coração faltava rasgar seu peito pela intensidade que batia, passou a implorar internamente que aquele silêncio chegasse ao fim - Lou fechou os olhos. Harry viu quando o companheiro abaixou a cabeça e a balançou, rindo para si mesmo como se estivesse recordando-se de uma piadinha. 

— A vista é bonita –  Tomlinson finalmente se manifestou, passando os olhos ao redor – só que eu estava me referindo a você.

Louis olhou para Harry, contemplando a beleza divina que era o homem que chamava de seu, fazendo-o sorrir bobamente e aliviado.

— Oi amor – sorriu, mostrando seus dentes brancos e alinhados.  

— Oi Lou – o mais novo sentiu suas bochechas esquentarem pelo carinho que recebia, fazendo-o brincar com os próprios dedos em seu colo e assistir a população passear no calçadão – como você está? 

— Melhor agora.

Sorriu consigo mesmo, deixando que suas covinhas afundassem em suas bochechas leitosas.

— Por que não solta esse cabelo? 

— Porquê está calor? – retrucou rindo da cara que Lou fazia. 

— Prefiro ele solto, fica mais charmoso – o menor gesticulou com suas mãos, fazendo caras e bocas – odeio quando o deixa preso. 

— Jura? – o mais novo mordeu seu lábio inferior, virando-se para o outro homem e segurando-se para não jogar-se em cima dele e beijá-lo intensamente - Lou confirmou com um aceno – o que mais odeia em mim? 

— Nada amor, tudo em você é perfeito – e novamente Styles sentiu que o seu peito rasgaria com as investidas de seu coração – menos o seu pé, mas isso a gente ignora né? Mas não digo que o odeio, eu só não gosto de encará-lo.  

— Você é ridículo – Harry rolou os olhos fingindo estar bravo com quando sua verdadeira vontade era compartilhar o som de sua risada. Ouviu o namorado ao seu lado soltar um suspiro leve, e lentamente a mão dele foi esticada e instantaneamente acariciou os cabelos presos do maior – Lou... – chamou em um fio de voz rouco e gago, sentindo sua bochecha arder pelo calor que os dedos de Louis faziam em sua pele quando a encontrou, trilhando até o pescoço e seguindo até o rosto. 

— O quê? – sussurrou como um mantra atraindo Styles para suas teias, deixando-o preso e hipnotizado.  

— Estamos em público – relembrou-o do provável e da infeliz realidade. 

— Eu sei amor.

Harry o encarou, assistindo o homem de olhos celeste sorrir travesso e afastar sua mão antes que mais alguém notasse aquela forte conexão e inebriante química que ambos compartilhavam.

— É só difícil me controlar quando estou perto de você. 

— Então vamos? Estou louco para agarrar você – Harry riu do próprio comentário, preparando-se para se levantar quando uma terceira voz se fez presente - essa sendo feminina e infantil.

Logo os olhos esmeralda de Harry assistiam a pequena garotinha de cabelos morenos e, vestido rosa, pular nos braços de Louis que recebeu-a com um grande sorriso no rosto.  

— Tio Lou, compra algodão doce pra mim? – Olivia sorriu para o tio após afastar-se minimante para olhá-lo nos olhos – Oi Haeuri – acenou para o segundo homem quando notou a presença do mesmo, sorrindo de forma doce e sapeca que habituava desde que passou a andar.  

— É Harry pestinha – Louis a corrigiu entre risos a fazendo juntar as sobrancelhas e morder o próprio lábio – desculpa amor, minha irmã entrou em trabalho de parto e todo o resto foi para o hospital. Então como eu sou o único decente que se recusou a ir assistir um parto, preferi ficar com ela. 

— Jack está nascendo? – os olhos do de cachos brilharam pela notícia que acabará de receber. No último mês havia ouvido o quanto a família do namorado estava feliz com a chegada do novo membro, Harry sentiu-se parte da família quando Ângela, irmã de Louis, o convidou para ajudá-la com os preparativos para a chegada do bebê. Olivia olhou para ele, com os pequenos olhos em tons azuis céu e um sorriso orgulhoso nos lábios. 

— Minha mamãe vai trazer o meu irmãozinho pra casa. Ai eu vou poder cuidar dele, brincar com ele e proteger ele também do bicho papão. 

— Isso é incrível – o maior continuou a conversar com a menina que mexia em suas mãozinhas a cada palavra. Esperta e travessa, que Hazz passou a deduzir ser de família por causa do namorado, engatou em uma conversa com a garota e até mesmo incluía o namorado para que ele não ficasse de fora. Porém a única coisa que Louis não ligava para aquele momento é se ficaria de fora, se é que tinha como ficar. Ver o homem que ama se dando bem com a garota que ama, era a coisa divina que havia pedido aos céus - ele só saberia sorrir e mais nada que aquilo. 

— Bom, em comemoração nós vamos te comprar dois algodões doce – Lou voltou a realidade como se um raio tivesse caído em frente aos seus olhos. Agora Harry puxava a menina do seu colo e abraçava-a, enchendo-a de beijos pelo rosto enquanto andava em direção ao carrinho do algodão doce.

Admirando, foi daquela forma que Louis ficou por curtos segundos sentado naquele banco de praça. E quando notou que havia ficado ali por tempo demais, resolveu juntar-se aos dois mais novos - enquanto permitia que seu coração pulsasse cada vez mais apaixonado.  

❱❱❱❱ 

Tomlinson não soube distinguir o alívio que sentiu quando finalmente chegou em casa, logo após uma manhã gloriosa ao lado da sobrinha e do namorado. Horas mais tarde, pode relaxar, almoçar e ainda brincar um pouco com Olivia que parecia ter um motor na sola dos pés. Rindo consigo mesmo em lembrar-se da menor, encheu a palma de suas mãos com a água da torneira e molhou seu rosto.

O verão havia começado com tudo e, os fortes raios de sol, estavam acabando com os meros mortais.  
 
Após secar o rosto com a toalha disposta ao lado da pia, Louis ergueu-se e encarou-se no próprio espelho. Por um momento sentiu a sensação de nostalgia, por outro momento voltou-se a mais cedo - um pouco antes de encontrar-se com Harry.  

Você parece feliz amigo. – a voz de Liam ecoou em seus ouvidos, arrepiando-o inteiramente. Sem notar, sorria para si mesmo enquanto lentamente concordava com a voz em sua cabeça. Sim, estava feliz e nunca se imaginou daquela forma antes.  

✧
 
Louis sentiu sua boca sendo atacada pelos lábios macios e molhados de Harry, quando o menor abriu a porta do banheiro. Sentiu suas costas bater contra o azulejo frio, fazendo uma pequena corrente elétrica percorrer por todo seu corpo.

Suas mãos foram levadas até o alto de sua cabeça e, em seguida, sua camisa preta subia por elas até não estar mais em seu campo de visão. 

— Minha sobrinha está em casa Harry, e... – seu gemido soou como um miado aos ouvidos de Harry que sorriu contra a pele do pescoço do menor, abaixando-se e segurando as nádegas cheias de Louis que gemeu pelo contato selvagem de seus dedos fortes.  

— E ela está dormindo – Harry completou a sentença do menor, chupando a pele do mesmo querendo deixar sua marca ali – não se preocupe amor – o seu tom malicioso fez os pelos da nuca de Tomlinson enrijecer, dando-o a coragem que faltava e a ousadia que Harry esperava acontecer.

Agora, sem que o mais novo tivesse tempo de perceber, Louis segurou-o pelas coxas e puxou-o para cima - colocando-o sobre a pia logo em seguida.

— Você poderia ser menor né, iria ser mais fácil – resmungou o mais velho após tirar a camisa de Harry. 

— Para de reclamar do meu tamanho e vamos acabar logo com isso – reclamou, segurando o rosto do moreno com suas mãos grandes e perdendo-se no sabor nos lábios de seu namorado.

Harry gemia arrastado quando as mãos menores de Lou apertava seu membro rígido e pulsante, fazendo-o se contorcer e apertar o interior de suas coxas na cintura alheia. Sem esperar, o mais velho segurou o cós da calça do britânico, puxando-o e fazendo-o colar o corpo contra o dele em uma fricção calorosa. 

Styles sorriu consigo mesmo, descendo seus lábios rosados até o pescoço do namorado e chupando o mesmo, enquanto os dedos ágeis de Tomlinson trabalhavam em abrir o zíper de sua calça - mas no segundo seguinte, após abri-lo, ambos ouviram risadas no corredor, seguidas por passos rápidos e ligeiros. 
 
Louis afastou-se de Harry. 

— Ouviu isso? – Tomlinson perguntou em um sussurro, inclinando-se para frente na tentativa de enxergar alguma coisa pela frecha aberta da porta. 

— Ouvi – respondeu-o ofegante. Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, um vulto de cabelos longos e morenos passou em frente a porta, fazendo os dois darem um pulo de susto e reprimirem o grito de espanto – Jesus, não acredito que ela acordou. 

— Essa peste – Louis grunhiu irritado, o menor afastou-se e pegou sua camisa que estava no chão e seguiu até o corredor enquanto a vestia.

— Olivia – Louis a chamou, olhando para  todos os lados, não recebeu respostas, mas ouviu passos rápidos passando do seu lado – Olivia sua garotinha demoníaca, onde você se enfiou?! 

— Lou... 

— Agora não Harry – impediu o namorado de se aproximar, dando as costas para o mesmo, seguindo pelo corredor – Olivia, onde você está? – risadas vieram como resposta – quando eu te pegar, juro que acabo com você. 

— Não fale assim com ela, idiota – Styles o repreendeu, cruzando os braços sobre o peito coberto pela camiseta – tenho certeza que Olivia está elétrica desse jeito, por causa daquela barra de chocolate. Eu disse para você não dá aquela barra inteira para ela. 

— Quem falou isso foi eu – Tomlinson apontou para o próprio peito quando referiu-se a si mesmo – você comprou a barra e você deu para ela. Não eu. E você me vem com essa? 

— Tenho que colocar a culpa em cima de alguém oras.

Louis bufou e irritado saiu marchando pelo corredor atrás da sobrinha. Olivia passou por ele novamente, rindo como se o mundo fosse acabar a qualquer minuto. Outra vez a perdeu de vista, mas que caralho, como ela poderia ser tão rápida daquela forma?! Ouviu passos na escada e ele logo desceu atrás, viu a cabeleira da menina e correu para a sala, procurou e ouviu risadinhas baixas pelo cômodo, ela estava ali, só tinha que saber aonde.

Passando seus olhos pelo lugar, notou uma movimentação atrás da longas cortinas que balançavam suavemente com o vento que passava pelas janelas abertas. Lou sorriu e aliviado olhou para os lances de escadas onde encontrou o namorado. 

— A achou? 

— Não, ela sumiu – disfarçou, seguindo até as risadinhas baixas. 

— O que você está fazendo? – Styles perguntou, assistindo o mais velho colocar o dedo em frente a boca e sinalizar para ele manter-se em silêncio. Intrigado juntou as sobrancelhas e olhou para o lugar onde o namorado seguia - só assim entendendo o que acontecia. 

— Acho que vou ter que avisar a mãe dela que a perdemos. 

— E ela não vai ganhar um irmãozinho novo – o mais novo entrou na brincadeira, fazendo Tomlinson sorrir – poderíamos pegá-lo para nós, já que Olivia não está aqui. 

— Sim amor, tenho certeza que a Ângela não vai se importar. 

— Não, não, não. Ninguém vai pegar o meu irmãozinho, ele é meu e da minha mamãe – Olivia saiu detrás das cortinas com um bico enorme e com os braços cruzados. A menina de seis anos encarou o tio parado no meio da sala, ele sorriu para ela, a fazendo perceber que tudo aquilo havia sido um plano para fazê-la se entregar por conta própria.

Olivia pensou em correr, mas antes que seus pés pudessem se mover, Louis segurou-a em seus braços e apertou-a forte enquanto ouvia risadas da mais nova ecoar em seus ouvidos.  

— Isso é para você aprender a não correr e se esconder de mim – Louis jogou-a delicadamente no sofá, enchendo-a de cócegas.  

— Titio Lou, minha barriga está doendo – Olivia tentava correr, só que suas forças comparadas ao mais velho eram inúteis. Ainda rindo, a menina conseguiu achar uma brecha e pulou no colo de Louis, abraçando-o apertado pelo pescoço e dando um beijo estalado em sua bochecha.  
 
— Você vai matar a menina com tantos beijos – Harry se aproximou, sorrindo encantando com a cena que acontecia a sua frente, quando encontrou uma pequena brecha sentou-se no sofá.

Louis e Olivia se entreolham, logo após olham para Harry que junta suas sobrancelhas em clara confusão. Mas antes que possa abrir sua boca para questionar, suas bochechas foram atacadas e espremidas por beijos molhados.  

— Não fique com ciúmes tio Haeuri, titio Lou ama você – Olivia acariciou o rosto do maior, fazendo-o sorrir para ela – eu quero mais chocolate, onde ele está? 

— Não, chega de chocolate por hoje, você... – Louis levantou-se e ousou-se a seguir Olivia, mas braços fortes o impediu de prosseguir e quando se viu estava entre as pernas de Harry que as entrelaçava no alto de seu corpo. Harry sem conseguir segurar seus desejos internos, tomou os lábios do namorado em um beijo apaixonado e saboroso, onde suas línguas se entrelaçavam em uma dancinha atenciosa. 

— Eu amo você – o de cachos declarou perdendo seus olhos verdes nos celestes de Louis, fazendo-o suspirar e sorrir bobamente para o homem. Louis sorriu de canto e acariciou o rosto dele, beijando-o mais uma vez. 

— Eu também amo você Haeuri – imitou o tom de voz da sobrinha, fazendo o mais novo jogar a cabeça para trás enquanto ria.

❱❱❱❱  

O sinal de fim das aulas do colégio Joviane ecoaram pelos corredores do prédio, fazendo Niall suspirar aliviado por mais um dia ter chego ao fim. Com sua mochila pendida em um dos ombros, despediu-se dos colegas e dirigiu-se o mais rápido possível para fora do recinto.

Seus olhos azuis procuravam por algo no meio de inúmeras cabeças e carros de pais parados em frente ao colégio.  

— Ei gatinho – o elogio saiu espontaneamente de seus lábios quando encontrou Leone encostado na Shelby Mustang que o pertencia. O irlandês seguiu até ele, sentindo suas bochechas esquentarem quando o sorriso do mais velho entrou em seu campo de visão e, sem importar-se com a plateia, inclinou-se sobre ele e roubou-o um beijo estalado.

Seguido de outro, e logo depois outro e mais um, até que sentisse seus lábios dormentes o suficiente para poder prosseguir. Suspirou, afastando-se e estudando o rosto bonito a sua frente, soando calmo e sincero. Sem conseguir resistir e ignorando já a dormência de seus lábios, beijou-o novamente. Sentiu a barba rala do homem raspar em seu queixo, fazendo cócegas e dando-o arrepios, sua língua entrelaçava-se na de Leone em um ritmo lento e gostoso, fazendo-o corroer-se novamente com outra onda de pensamentos.  
 
Por que não se apaixonar por ele? – eis a pergunta que martelou em seu consciente a manhã inteira, deixando Niall atônito e até um pouco desesperado, por não conseguir encontrar respostas o suficiente que fossem capaz de acabar com aquela dúvida.

Niall sentia-se a um passo do precipício, porém não saberia distinguir se cairia em um rio cálido ou em um monte de pedras. Grunhiu contra os lábios de Leo, repreendendo a si mesmo por estar pensando demais enquanto o beijava.

Leone beijava muito bem, após Horan descobrir que era gay, arriscou-se a se jogar de cabeça naquele mar e mesmo não transando com outro homem antes de Leone, aquele filho da puta a sua frente sabia o fazer ter múltiplos orgasmos.  

Então ai nós montamos os pós e contras.  
 

Os pós eram: 

Bom de beijo 

Sexo gostoso 

Sensível 

Carinhoso 

Protetor 

Responsável 

Fiel e o melhor de tudo: BOM DE CAMA. 
 

Organizar os contra era mais fácil, já que Leo é: 

Absurdamente teimoso 

Sarcástico 

Implicante  

e o pior de todos: Niall não estava apaixonado por ele. 
 

O porquê era algo que até mesmo o irlandês tentava entender, Leo tem mais pós do que contras e ninguém pode ser perfeito. Encarando-o profundamente nos olhos, esperou encontrar as respostas para as suas aflições, tentou sentir algum frio na barriga, alguma adrenalina correndo por suas veias ou o coração batendo mais forte. Niall queria se apaixonar por Leo, queria sentir algo forte por ele e sair espalhando para Deus e o mundo que Leone D'Angelo era seu e de mais ninguém, só que algo o bloqueava e aquilo era como se fosse uma pedra em seu caminho. 

— O quê foi loirinho? – após notar o grande tempo em silêncio que estalou-se entre eles, Leone arriscou-se a perguntar se algo estava errado - sim estava, só que ele não precisava ficar ciente sobre tudo. 

— Nada – o loiro armou seu melhor sorriso antes de roubar um último selinho de Leo e seguir até o banco passageiro, entrando e passando o cinto ao redor do seu corpo logo depois.  

— Por que será que sinto que está mentindo? – o mais velho voltou a interrogá-lo logo após ligar o seu veículo e seguir em direção a auto estrada. Niall encolheu os ombros, olhando através do vidro o mundo la fora e naquele momento acrescentou mais duas coisinhas em sua lista.  
 

Pós: 

Ele me conhece muito bem. 

Contra: 

Ele me conhece muito bem.... 
 

— Não estou – Niall sorriu para ele – o que vamos fazer hoje? – tratou-se de mudar logo de assunto, sentindo que cederia caso continuasse com ele. Leo encarou-o pelo canto dos olhos e suspirou fundo. 

— Você que manda – deu de ombros – mas antes tenho que ir buscar a Camilla...

O irlandês engoliu em seco quando o nome da filha de Del Frazi ecoou por todo o veículo, fazendo-o escorregar o corpo no banco e recostar-se no mesmo. Niall encarou Leone enquanto esse falava, o semblante de um sorriso querendo formar no rosto tão sério de Leone e, então naquele momento, Niall teve um motivo. 
 

Contra, bloqueio amoroso:

Camilla. 

Camilla..

Camilla.....

— Merda – Horan murmurou para si mesmo quando recebeu suas respostas tão ardidas como um tapa na cara.  

— O que disse? – Leo o interrompeu, virando-se para ele. 

— Nada – balançou a cabeça afastando seus pensamentos – nós vamos buscá-la de novo? Já é a quinta vez em menos de duas semanas. 

— Eu sei Ni, mas você sabe como ela é persuasiva – soou-o manso. 

— E você não sabe dizer não – resmungou para si mesmo novamente, olhando através do vidro e notando que aproximava-se do território inimigo. 

— O quê? – Leone riu sem entender o porque daquela sentença, deixando Horan irritado não por sentir ciúmes e sim por ter encontrado um motivo por não sentir e, ainda por cima, o tal motivo deixar o seu atual paquera cego.

Se aqueles dois forem outro Zayn e Liam na sua vida, consideraria o fato de cometer suicídio.  

— Você não sabe dizer não, Leone. 

— Claro que eu sei. 

— Não para ela – Niall gesticulou, segurando-se para não voar no pescoço de Leo – e ela também não parece se importar com isso. Já que Camilla adora tomar sua atenção. 

— Niall...
 
— Seu burro, será que não percebeu que ela está apaixonada por você? – Horan riu sentindo a raiva evaporar de seu corpo e ser substituída pelo humor. Niall tinha algumas crises de bipolaridade, só que na maioria dos casos não era uma pessoa agressiva e irritada. Leone encarou-o pelo canto dos olhos e negou com a cabeça – esse garoto está na cola dela a semana inteira, okay, entendo o porquê ela quer que alguém vá buscá-la. Mas por quê você e não o irmão dela? 

— Eu sou o amigo dela. 

— E Zayn é o irmão – seus olhos vibrantes fixaram-se no rosto do de olhos castanhos, fazendo-o apoiar o cotovelo na janela e enterrar a cabeça na mão – você gosta dela? – a pergunta pegou Leo desprevenido, fazendo-o engasgar em sua própria saliva. 

— Claro que eu gosto dela idiota, ela é minha amiga – afirmou o maior. 

— Você não entendeu o sentido dessa pergunta. 

— Niall, eu estou com você.  

— Responda a minha pergunta – Niall rosnou para o mais velho, apertando os olhos – você pode dizer, não vou ficar bravo, é sério. A gente nem namora cara, pelo amor de Deus. 

— Não, Niall – disse ele – eu não gosto dela desse jeito – Niall riu, surpreendentemente humorado, até para si mesmo. 

— Ah, você gosta sim e aquela doida gosta de você também – esbugalhou seus olhos quando as bochechas de Leone tomaram um tom avermelhado, quase rubras. Ele estava com vergonha? Sério que Niall estava presenciando um momento tímido de Leone D'Angelo? 

— Para com isso. 

— Vocês formariam um casal tão bonitinho. 

— Niall... 

— Zayn e Liam surtariam, na verdade, o seu pai. Os dois filhos namorando os inimigos, isso é cômico – aplaudiu ao imaginar a cara de Lorenzo quando descobrir que os únicos filhos estão em um relacionamento sério com os filhos do suposto inimigo. Com certeza aquela era uma história que Niall gostaria de contar para os seus netos. 

— Niall, eu não gosto da Camilla – Leone gritou, fazendo Niall segurar o riso.  

— Então gosta de mim? Pergunto no sentido amoroso, sem sexo e só aquelas coisas clichês que vemos em filmes.

Niall recebeu o silêncio como resposta, e por alguma razão, Niall sentiu-se aliviado por não ser o único a não nutrir sentimentos. Era aliviante, se odiaria eternamente caso Leo sentisse algo por ele e ele não pudesse retribuir.

— Viu? Não gosta de mim, mas gosta da Camilla. 

— Eu não gosto da Camilla Del Frazi – o garoto parou no sinal vermelho e rosnou alto. 

— Ta bom então grandão, sem estresse – o irlandês se rendeu, rindo da cara do motorista – mas quando os dois se pegarem sozinhos e sentirem aquele climinha estranho, não diga que eu não avisei – deu de ombros e segurou o riso engasgado enquanto o outro xingava até o seu último antepassado.  

❱❱❱❱ 

— Escuta aqui esquentadinho, vou procurar a sua namorada. Espere no carro! – o loiro zoou com a cara de Leo antes de descer do carro do mesmo, riu consigo mesmo quando fechou a porta e escutou um "Vá se foder".

Niall seguiu entre os alunos que saíam entre fofocas, risadas, gritos e se pegando pelo calçadão em frente ao colégio. Perdendo-se no meio daquele mar de pessoas tediosas, ouviu gritos finos que não foi difícil identificar a quem pertencia.  

— Vá procurar alguém da sua turma e me deixe em paz – Cams apareceu trajada em seu típico uniforme azul e amarelo de cheerleaders, com o cabelo preso em uma faixa amarela, marchou pesadamente apertando os livros em seus braços – babaca.

A líder de torcida xingou seja quem for no meio daquelas pessoas, com um bico enorme cravado em seus lábios, seus olhos avelã encontraram Niall - que acenou para ela assim que foi notado.

— Oi Nialler – saltitante e até mais alegre, Camilla correu até Niall e o abraçou apertado.

Niall sorriu para si mesmo e acariciou as costas da menor. Camilla não era uma pessoa ruim, longe disso - ela era uma das melhores pessoas quem já conheceu e não demorou muito para simpatizar com ela, só que ela era o bloqueio que não permitia que ele se apaixonasse por Leone - estranhamente sentia-se infiel em se apaixonar pelo cara que sua amiga gosta, mesmo que ela não tenha dito nada e mesmo que ele tenha o conhecido primeiro.

— Aonde está o Leo? 

— No carro – com o dedão Niall indicou o caminho por cima do ombro. Camilla sorriu para ele e o irlandês pode jurar que viu os olhos da menina brilhar intensamente – então vamos? – esticou sua mão para ela, fazendo-a sorrir e pega-la logo em seguida. 

— Olha só, a tampinha tem um namorado – e lá estava ele com os seus cabelos castanhos rebeldes, roupas de couro e sorriso irônico que tirava Camilla do sério - e não era um bom sinal – até que ele é bonitinho, você tem bom gosto – o garoto mediu Niall de cima a baixo que entreabriu os lábios,  e ergueu uma de suas sobrancelhas. 

— Quem é esse troglodita? – o loiro retrucou já perdendo a paciência. 

— Só um idiota que não tem coisa melhor para fazer – Cams rosnou, apertando seus livros com os dedos gélidos. 

— Ai garotinha, essa doeu – o garoto todo vestido de preto resmungou, pousando sua mão sobre o peito e fingindo ofensa. 

— Você é o idiota que está enchendo o saco dela? – o irlandês ousou-se a perguntar 

— Ui, você andou falando de mim, amor? – o garoto ousou-se a encostar seus dedos no rosto de Camilla, só que uma voz grossa o interrompeu no meio do caminho. 

— Não ouse a encostar nela – Cams soltou todo o ar de seus pulmões quando Leo finalmente apareceu. O garoto, obviamente mais alto que ela, se pôs a sua frente e impediu que o outro garoto se aproximasse, fazendo-o rir sarcasticamente. 

— Ah não, pela cara, você é o namorado dela – o garoto zombou mordendo seu lábio inferior. 

— Qual é o seu nome? 

— Me chamo Josh gracinha – sugeriu-se a Niall – Josh Devine, só que para você é futuro marido. 

— Tá repreendido – Horan deu um passo atrás horrorizado com o que havia acabado de ouvir. Aquela coisinha estava mesmo dando em cima dele? 

— Não comece com as suas palhaçadas para cima dele, Josh – a caçula rosnou para o garoto que ergueu as mãos em rendição. 

— Tudo bem, tudo bem – Josh riu consigo mesmo, como se estivesse deliciando-se de uma piadinha interna – já vi que não sou bem vindo aqui... 

— Pelo menos é inteligente – Niall murmurou para a menina que segurou o riso. 

— E esse cara alto aqui pelo jeito não gostou da minha cara. 

— Nem um pouco – Leone sorriu ácido, árduo e sentiu a menina atrás de si segurar em seu antebraço, como se o impedisse de fazer algo que pudesse se arrepender. 

— Irei embora, mas antes quero saber de uma coisa... – D'Angelo juntou suas sobrancelhas estranhando, Devine viu a oportunidade de continuar quando o trio permaneceu em silêncio– eu quero saber o seu nome, loirinho.

O irlandês engoliu a seco, arregalando seus olhos e vendo Leone que encarou-o com os semblantes fechados. O que Leone queria dizer com aquele olhar? Diga, não diga. Pelo amor de Deus. Camilla balançou a cabeça, como se pedisse para ele não dizer e então Niall sorriu e voltou a olhar o outro castanho. 

— Para você querido, é James – respondeu-o com ignorância – agora vamos embora, estou com fome e minha barriga está roncado – resmungou e saiu marchando sem esperar ninguém o seguir. 

— Você é nojento – Camilla dirigiu-se a Josh que riu. 

— Não me culpe meu doce, sou apenas mais um homem sedento por prazeres novos. 

— E eu sou um homem sedento para te dar um soco na cara – a voz de Leo se manifestou rapidamente aos ouvidos dos demais, fazendo Josh encará-lo e rir nasalmente. 

— Quem é você bonitinho? 

— Leone D'Angelo babaca, e é melhor ficar longe dele – Camilla se manifestou e segurou na mão de Leo, que não teve tempo de retrucar, puxando-o para longe - deixando Josh para trás que ficou imóvel pego pela surpresa. É, aquele nome tinha certo poder. 
 
Camilla Del Frazi puxou Leone pela mão que ainda estava meio que estático por aquele contato tão repentino e, quando a voz de Niall ecoou em sua cabeça, Leo resolveu ignorar. Só que o seu corpo não soube obedecer os comandos do seu cérebro daquela vez. 

— Camilla...

Leo resolveu chamou-a e ela simplesmente o ignorou, continuando a andar como se não tivesse ouvido nada. Então como um ato de coragem, Leone puxou-a e o corpo da menina voltou com força batendo contra o seu, e Leone prendeu a respiração em seus pulmões.

Ambos se encararam por algumas frações de segundos, talvez minutos ou por que não horas? Seus olhares entraram em uma conexão tão forte que ambos sentiram que seus joelhos cederiam, só que olhando para a árvore genealógica de ambos, o orgulho era um infeliz sentimento que sempre venceria,  os cegariam até que eles resolvessem lutar contra tudo que acreditavam.

— Você está bem? – Leo perguntou em um sussurro, seus olhos movendo-se como duas bolinhas de ping pong, analisando cada expressão dada no rosto mais novo. Camilla tentou respirar, só que o máximo que conseguiu fazer foi sorrir, quando sentiu os dedos de Leo acariciar o seu punho. 

— Estou, obrigada.

Sem dizer mais nada, a caçula ficou na ponta dos pés e inclinou-se para beijar a bochecha do maior, só que seu esforço foi falho, já que seu beijo estalou no queixo do mais velho que fechou os olhos apenas para apreciá-lo.

Quando Leone voltou a abri-los, espontaneamente encontrou Niall alguns passos mais a frente, o mesmo balançava a cabeça em negativa, como se repreendesse o mais velho de alguma coisa e, no segundo seguinte, encenou estar tirando uma flecha das costas e depois atirando-a em Leo e Camilla que continuaram na mesma posição. Niall simulou que havia rolado uma explosão e fazia coraçõezinhos com as mãos.  

— Eu odeio você – o mais velho moveu os lábios para o loiro que saltitou gargalhando alto.

— Leo, vamos? 

— Sim – Leone sorriu para a caçula e sem se tocarem mais, ambos seguiram em silêncio até a Shelby Mustang, onde Niall os esperavam com um sorrisinho malicioso nos lábios.

❱❱❱❱ 
 
— Papai, eu não quero cortar o meu cabelo – o choramingo de Enzo ecoou nos ouvidos de Liam que encolheu os ombros e suspirou.

Quem diria que um homem tão durão como D'Angelo desmoronava por completo só de ver os semblantes tristes e chorosos do seu filho. Zayn não acreditaria se o dissessem, e é por tal motivo que considerava-se sortudo em estar vendo aquilo: o namorado enfrentando uma luta interna e tentando manter-se firme em sua palavra com o único filho. 

— Amor o seu cabelo está muito grande – o maior se agachou em frente ao garotinho, segurou as mãos do mesmo e as acariciou cuidadosamente – e você quase não está enxergando nada com essa franja nos seus olhos. 

— Mas o titio Zaini gosta do meu cabelo assim papai.

O moreno segurou o riso quando escutou o seu nome ser pronunciado no meio daquela conversa, assistiu quando Liam exalou o máximo de ar que poderia antes se olhá-lo sobre o ombro, repreendendo-o com o olhar. 

— Desculpa papai – Zayn moveu os lábios para o namorado que sacudiu a cabeça. 

— Então vamos fazer o seguinte – nova tática, Liam pensou consigo mesmo, olhando para Lauren que tinha o típico sorrisinho sacana aveludado com a doçura – e se a tia Lauren cortar só um pouquinho? 

— Um pouquinho quanto papai? 

— O tanto que não te deixe cego – riu de si mesmo tentando não falhar como pai - então Enzo sorriu – só um pouquinho, titio Zayne gosta do seu cabelo grande, mas o papai gosta de ver os seus olhinhos.

Liam acariciou o queixo de Enzo, seguindo até a testa e levantando a enorme franja que tapava os olhos castanhos, quase esverdeados a luz do sol, puxados para o lado da mãe.

— Por favor campeão. 

— Tá bom papai – Enzo sorriu, dando-se por vencido – mas só um pouquinho tá? – virou-se para a tia que concordou com sua cabeça, sorrindo para o sobrinho que posicionou-se no banco – o papai vai ficar feliz em ver os meus olhinhos? 

— Muito mais do que feliz – Liam aproximou-se e suavemente beijou o rosto do menino – obrigado. 

— Tudo bem meu anjo, vamos começar – Lauren passou a pentear o cabelo do menor, cortando as pequenas madeixas de Enzo que passou a conversar com ela sobre assuntos desconexos.

Ouvindo Lauren apenas concordar e conversar de uma forma animada com Enzo, Liam foi até o namorado apoiado sobre a parede, com os braços cruzados e a cabeça para trás.   

Zayn sorriu ladino quando notou a aproximação necessária de seu homem, voltando a deixar sua coluna reta o puxou pelo cós da calça, abraçando-o pela cintura logo depois. 

— Você e suas manias de deixar o meu filho contra mim – Liam repreendeu o mais novo, afastando o rosto para longe quando o mesmo tentou beijá-lo. 

Zayn jogou a cabeça para trás, soltando uma gargalhada sonora e aconchegante logo depois. 

— Você e sua boquinha linda que deveria estar me beijando agora – o moreno retrucou, fazendo o maior rolar os olhos e inclinar-se para beijá-lo.

Liam segurou no rosto de Zayn e aprofundou o beijo que estava já acostumado a compartilhar e surpreendentemente, nunca se enjoava dele - e esperava nunca enjoar. O moreno sentiu suas pernas tremerem, nada que não fosse normal e assim fincou suas unhas na cintura do maior por debaixo da camisa. 

— Vocês dois ai, tem uma criança nesse cômodo. Arrumem um quarto. – Lauren censurou os dois que separaram-se do beijo entre risadas, a mulher ainda cortava o cabelo de Enzo e conversava com o mesmo sobre algum desenho que ele tinha visto na tevê. 

— Bom saber que existe alguém que tenha efeito sobre você – Liam olhou-o sem entender – você é sempre tão mandão, é raro vê-lo submetido a alguém. 

— Estou submetido a você o tempo inteiro amor, só você não percebeu.

Liam deu de ombros e assistiu algumas mechas de cabelo do menor irem ao chão, enquanto Zayn o metralhava por dentro por Liam ter o deixado naquele típico momento: obrigado por me deixar sem o quê dizer.

Mas Del Frazi sorriu e apertando o maior em seus braços, beijou a bochecha do mesmo mordendo-a logo depois.  

— Você é aquele clichê que todo mundo enjoa – disse em um sussurro, atraindo a atenção que queria – que sorte a minha, não é? Ai tenho você só pra mim. 

— Que merda, hein. Depois eu que sou o clichê – o castanho riu, abraçando o namorado pelos ombros e roubando um beijo casto do mesmo.

❱❱❱❱ 
 

Um estrondoso som de vidro quebrando ecoou naquele escritório, fazendo o homem de olhos negros urrar palavras desconexas e xingamentos ofensivos para todos os quatro cantos do mundo.

As mãos trêmulas de Fabrizio passaram entre os cabelos, puxando-os para trás em um movimento violento enquanto o homem tentava raciocinar direito - no chão, em sua mesa, haviam fotos e quem estavam nelas e como estavam, era o que havia deixando-o em um estado crítico de estresse. 

— Havia o dito que eles estavam se aproximando de uma forma contrária do que imaginamos – a voz de Andy ecoou entre os gemidos de frustração do mafioso alfa que virou-se para ele e metralhou-o com apenas um olhar – isso está indo contra tudo que estamos lutando a anos para conquistar, temos que encontrar outro jeito.

Del Frazi riu da tamanha inocência que aquele imprestável poderia ter. 

— Você está falando com Fabrizio Del Frazi, idiota – rosnou para o mais novo que encolheu os ombros e tomou outro gole de uísque – eu sempre tenho um plano B – e após fechar a boca, o som de batidas na porta preencheu o ambiente.

Mandando entrar seja quem for, lá estava o seu plano B e ao vê-lo, Fabrizio não evitou em sorrir. 

— Senhor Somerhalder, é um prazer recebê-lo – o Dom forjou a modéstia, aproximando-se do homem de olhos azuis e cumprimentando-o com um aperto de mãos. 

— O quê o senhor quer? – Ian foi logo ao que interessa, o homem não fazia a mínima ideia do porquê ter sido convidado até ali - mas como estava lidando com mafiosos, achou melhor não arriscar. 

— Curto e direto, da forma que eu gosto – o mafioso soltou uma risadinha irônica – bem, senhor Somerhalder, eu prefiro mostrar do que dizer. Então espero que tome suas conclusões e entenda o porque o convoquei...

Sempre com poucas palavras, Fabrizio fez o percurso até a mesa, pegou diversas fotos sobre ela e voltou até Ian, entregando-as logo em seguida até o dono do hotel mais famoso da cidade, que engoliu a seco.

Ian encarou o homem a sua frente antes de repassar foto por foto, e quando o fazia, um sentimento novo brotava em seu peito. Sentindo seus olhos marejarem pelo recente ódio, Somerhalder disse as palavras que Del Frazi ansiou em ouvir:

— O que você quer que eu faça?