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História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo diciassette; i need your help


Escrita por: gsoline

Notas do Autor


Hey meus bebês, como vão vocês? Hum? O capítulo de hoje será meio diferente. Por quê? Ele será composto de alguns flashbacks, desde o momento que o Liam passou a descobrir sobre o plano de Fabrizio contra ele! Estão ansiosos? Sei que sim rsrs. Mas antes obrigada por todo apoio e carinho que vocês me dão, vocês são incríveis e espero surpreender todos com o decorrer dessa trama.

Tenham uma ótima leitura. Até lá embaixo!
*Ações e diálogos em itálico são flashbacks.

Capítulo 18 - Capitolo diciassette; i need your help


Fanfic / Fanfiction Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo diciassette; i need your help

Quatro semanas atrás, antes do casamento de Zayn e Jacqueline.

O som das solas de suas botas ecoavam sobre a estrada de pedras do terreno baldio. Os olhos castanho-escuros locomoviam-se rapidamente como bolinhas de ping-pong, atrás de qualquer movimento ou sombra que lhe parecesse suspeito. Um longo suspiro mudo surgiu dos lábios de Liam ao mesmo tempo que parou em frente a porta de madeira corroída pelos cupins e a chuva. Retirando a arma posta no coldre em sua cintura, ergueu-a em frente ao corpo antes de encarar os olhos claros de Maxine sobre o ombro. 

— Tem certeza que você quer fazer isso? – o mafioso perguntou para o falso pai, porém tio, que em sua resposta retirou a própria arma da cintura e destravou-a com um estalo ligeiro.  

— Não deixarei que o meu filho enfrente tudo isso sozinho – Max murmurou para o mais novo com o dobro da coragem que havia carregado por todos os anos. Os olhos azuis do homem encaram calmamente os escuros de Liam dançarem de um lado ao outro em um ritmo calmo e até mesmo desconfortável?! 

O homem de terceira idade só não sabia descrever o porquê daquele tormento e não tendo tempo de deduzir - ou sequer perguntar; Liam cortou a conexão de seus olhos, posicionou-se em frente a porta e com apenas um impulso forte de um chute, a arrombou. 

Dias atuais.

Os pelos de seus braços eriçaram ao mesmo tempo que a notícia soou ao pé de seus ouvidos, fazendo seu corpo reagir imediatamente a um choque natural, carregado a surpresa, deixando-o estático e paralisado enquanto o único som - fora os seus pensamentos -, era da música que tocava no restaurante. Ian continuava parado feito pedra pelo sorriso que seus olhos custavam a deslumbrar, sentindo-se caindo no sombrio submundo enquanto sua pele ardia com as chamas do inferno. 

— O quê? – as primeiras palavras que pode pronunciar depois de minutos soaram como um murmuro sem fôlego. O peito de Somerhalder subiu e descia em um movimento acelerado pela maneira que sua respiração passava a pesar. Ian acariciou o próprio pescoço antes de rir com chasco – por acaso anda se aproveitando da sua anonimidade para extrair informações a seu favor? Sinto lhe dizer Liam, o seu rosto está se espalhando pela cidade inteira como uma praga – o homem de vinte quatro anos rosnou entredentes para o mafioso que assistiu o barman trazer seu uísque e acenar para ele em agradecimento – como você descobriu? Desde quando e por que diabos ainda insiste nessa história? 

— Economize saliva Ian – Liam segurou o próprio queixo com a ponta dos dedos antes de acariciá-lo e erguer a sobrancelha, da forma que deixava-o parecer seguro e confiante de si mesmo – todas as suas perguntas obtém a mesma resposta. 

— Então por favor, me responda, porque estou tentando entender... – um apelo surgiu de Somerhalder que encolheu os ombros pela fúria que passou por seu corpo como uma descarga elétrica. Mas ele não tinha motivos para estar irritado, ou tinha? 

— Me impressiono com a quantidade de pessoas que ainda insistem em me subestimar – o castanho estalou a língua no céu da boca enquanto sua cabeça movia-se de um lado a outro, censurando as ações alheias – cerca de um mês atrás, Zayn jurou que me mataria na primeira oportunidade que encontrasse... 

— E você foi atrás dele facilitar o serviço? – Ian se impôs, já começando imaginar loucuras daquela ocasião. 

— Fui atrás dele checar a força da minha concorrência – Liam o corrigiu com o mesmo som rude e ao mesmo tempo cortês. O homem apoiou o cotovelo sobre o balcão do bar e com a ponta dos dedos ergueu o copo de uísque até os lábios antes de umedecê-los.  

— E o quê isso quer dizer? – Ian piscou mais uma vez confuso com aquela situação. D'Angelo ganha dez na matéria de deixar os outros confusos e desconfortáveis, irritados também. 

— Isso quer dizer Ian que ao invés de tentar me matar, Zayn se aproximou – o mafioso assistiu o homem de olhos azuis a sua frente erguer o queixo e engolir a seco.

O castanho abaixou o olhar, antes de virar seu corpo na cadeira alta e observar o salão cheio de clientes sorridentes e satisfeitos com o serviço.

— O que de fato é estanho... – Liam continuou, soltando uma risadinha sem emoção, erguendo o copo em frente aos lábios – o que um homem que jurou te matar na primeira oportunidade que teria, do nada, resolvesse simplesmente ignorar todas as questões e todo o ódio para simplesmente... aproximar-se! Mesmo que através de toda a briga e a discordância, havia hora ou outra que ele dava um passo atrás como se pedisse silenciosamente para que eu confiasse nele. 

— Como você descobriu? – Ian estava atônito.

Okay, Liam era realmente inteligente - muito mais do que Ian se quer um dia imaginou. Mas o que fora dito para ele antes não chegava nem ao alcance do que Liam havia descoberto naquela pequena jornada de uma batalha travada com Zayn, antes daquilo se transformar em algo, antes daquilo se transformar em um relacionamento. 

— Apesar das minhas suspeitas, não tomei nenhuma iniciativa antes de ter provas – Liam apoiou seus cotovelos no balcão sobre ambos lados, o copo ainda em sua mão enquanto os olhos de Ian estudava-o em silêncio – mas depois do sequestro do meu filho e quando ouvi coisas da boca do cretino que tomou o meu filho de mim, não pude mais ignorar o fato que eu estava arriscando-me demais brincando de pique-esconde com Del Frazi! Então juntei algumas peças do quebra-cabeça e fui atrás de respostas. 

— Alguém te contou?  

— Não, por Deus... – Liam riu sem humor do comentário de Ian, voltando a fixa-lo nos olhos antes de falar – ninguém precisou me falar nada, e mesmo que tivesse dito, não daria essa informação para você. Não tenho essa confiança toda em você! 

Liam cuspiu as palavras na cara do outro homem sem se importar se realmente poderia o ofender. Aquilo tudo era um jogo, não era? Todos eram participantes e ninguém juntava forças; e se por alguma razão viesse a ocorrer, seria por um motivo. Vantagens.

— A única pergunta que não quer se calar aqui Ian, é como você descobriu sobre esse assunto. Mas como você veio direto me contar, darei a você o desconto de não entregar a sua fonte – a ironia vinda de um D'Angelo era como o veneno mortal de uma cascavel, que escorria, metaforicamente, no canto dos lábios até o final do queixo. 

— Inacreditável – o ex amante do mafioso rosnou entre dentes ao balançar a cabeça – você ao menos tem um plano? – Liam grunhiu com a pergunta dirigida a si e em um gole virou todo o líquido âmbar contra sua garganta, formando uma careta ao que voltava a virar-se para Ian. 

— A única coisa que ando tendo ultimamente é uma enxaqueca infernal – confessou em uma revirada de olhos – tirando isso, não, nada. Estou esperando algo... 

— Esperando o que exatamente, Liam? – Somerhalder interrompeu-se por um segundo apenas para mirar cuidadosamente o rosto alheio – esperando que Del Frazi vá se tocar que você é o alvo do pai dele e te entregará a ele? Ou você simplesmente está esperando que ele te mate, é isso?  

— Zayn não vai me matar – o mafioso rosnou em um fio de voz baixa, grosso e frio, estremecendo todas as extremidade de seu corpo.  

— Como pode saber disso? Ele é o seu inimigo, Zayn pode esta fingindo ser algo que não é até o momento de te apunhalar pelas costas... 

— Da mesma forma que você fez?

Já sentindo a irritação esquentar suas bochechas, Liam não conseguiu segurar o grito que rasgou sua garganta. Assistiu que logo após que sua amargura foi despejada sobre o rosto de Ian, o rosto do homem adquiria uma cor mais rubra e seus olhos arregalavam-se sutilmente pela recente troca de humor.

— Acha que ele vai me apunhalar pelas costas da forma que você fez à dois anos, ham? – D'Angelo inclinou o rosto para mais próximo de Ian a medida que o tom de sua voz ia diminuindo, dificultando a compreensão dos curiosos que viraram-se para eles no mesmo instante de seu surto – acha que ele teria a coragem que você teve de quebrar a minha confiança e depois entregou-me de bandeja para o seu pai? 

— Fiz aquilo para lhe proteger – os olhos azuis de Ian marejaram ao mesmo tempo que sua voz ressoava rouca e chorosa – tudo que fiz foi para proteger você. 

— Ah Ian, você é o meu herói – D'Angelo ironizou com um sorrisinho chasco – toda sua boa vontade de proteção me rendeu a dias intermináveis em fuga e, logo após, mais dias em coma. Seu pai cuidou muito bem de mim quando conseguiu me pegar, quer ver as lembranças que tenho disso nas minhas costas? De verdade, muito obrigado por foder a minha vida. 

— Liam... – Somerhalder sentiu sua respiração ficar ruidosa – não vamos misturar as coisas, por favor. Estamos aqui para falar do Zayn. 

— Ah, sim. Do meu namorado – Liam relembrou – do homem que quer me matar, não é? O homem que fez um tratado com o pai para me livrar da face da terra. 

— Por que não acredita que a qualquer momento esse homem que você acredita que mudou, pode se virar contra você e estourar os seus miolos? – Ian se irritou pela primeira vez aquela noite, expondo os seus limites e reagindo negativamente a todas aquelas acusações.  

— Porquê ele teve inúmeras oportunidades e em todas elas, ele sempre recuou – Somerhalder balançou a cabeça descrente, deixando que suas lágrimas escorressem por suas bochechas rosadas – houve oportunidades Ian, houve muitas – por um momento Liam sentiu toda a aflição do corpo alheio transmitir ao seu em uma pequena distância. 

Seu corpo reagia as reações de Ian e espontaneamente suas mãos correram até o rosto do outro homem, segurando-a e secando as lágrimas que escorriam no rosto tão bonito.  

— Está ficando louco – era outro tiro no escuro para Ian tentar fazer D'Angelo entender, porém ele tinha que tentar – você não o conhece Liam, não sabe o que ele é capaz de fazer. 

— O conheço suficiente para ter a certeza que Zayn não vai dá um tiro em minha cabeça – Liam deu de ombros após tais palavras, custando-se a se afastar do outro homem que pareceu que entraria a qualquer segundo em um mar nevoeiro de desespero – se eu tivesse que morrer, agora estaria a sete palmos abaixo do chão! Você não faz ideia de como foi no começo, eu o desafiei, o dei oportunidades e já coloquei uma arma em frente ao meu peito enquanto o dedo de Zayn alisava o gatilho! Entenda uma coisa, Zayn sempre foi a maioria e ele nunca teve a coragem de tirar a minha vida. 

— Você o ama.

Seus olhos já vermelhos foram mirados com atenção pelos castanho-escuros de Liam que engoliu em seco com a nova acusação. O mafioso sentiu um nó formar em sua garganta ao mesmo tempo que um peso massacrante apertava seu estômago contra as caixas torácicas o deixando sem ar.

— Você o ama – Somerhalder afastou-se do castanho, batendo nos pulsos do homem e o fazendo se afastar. Seus dedos trêmulos apertaram as madeixas de seu cabelo – achei que ele havia o cegado, só que vejo que um sentimento fez isso antes que Zayn tivesse a oportunidade de o fazer, não é? – remoeu-se por dentro percebendo que os cacos de seu coração escapavam nos vãos de seus dedos. O homem levantou-se da cadeira alta e deu um pulo para trás antes que Liam pudesse tocá-lo novamente – você o ama. 

Por que aquilo soava como uma maldição?! 

— Amo – Liam confessou sem realmente olhá-lo nos olhos. Liam não queria ter que assistir toda aquela explosão de sentimentos corroendo os olhos do ex amante ao mesmo tempo que as lágrimas voltavam a habituar o antigo lugar, o castanho suspirou fundo ao que brincava com seus dedos. 

— Isso é loucura – Ian riu sem humor. 

— Isso é lutar pelo o que acredito – Liam encarou-o sobre os cílios antes de se levantar e ao mesmo tempo que fazia tal ato, retirava a carteira do bolso e de lá uma quantia em dinheiro, colocando-a sobre o balcão – e acredito que Zayn Del Frazi não terá coragem de me matar – Liam devolveu a carteira ao bolso. Seus olhos escuros encararam o mar agitado de Ian, sentindo pena por ele. 

Pena, um sentimento que não estava familiarizado a sentir. O olhar, a forma que uma pessoa tratava a outra - Liam não precisava da pena de ninguém, e por tal motivo detestava ter que sentir pelos outros. Mas mesmo assim aquele sentimento corroía as suas entranhas, fazendo-o agir em um movimento calmo e suave, guiando-se em direção ao ex-namorado enquanto seus dedos procuravam pela nuca dele e quando a encontrou, seus lábios tocaram a testa de Ian que relutou até o último segundo para não tocar D'Angelo - ou fora isso que Liam imaginou.  

Por mais que a situação atual dos dois homens atraía o remorso de um lado e arrependimento e rancor de outro, ambos compartilharam uma vida juntos - por poucos meses, mas algo relativamente significativo na época , uma história e toda história mau terminada deixa rastros para trás, rastros dolorosos.  

— Eu amo você.

E aquele rastro foi sussurrado em um apelo da boca de Ian que entregava-se a sensação de estar sendo carregado até o fundo do poço, ao mesmo tempo que os lábios rosados de D'Angelo fazia pressão em sua pele. Aquela declaração esteve entalada em sua garganta por tempo demais, nunca antes havia sido dita e agora, talvez, era tarde demais para dizê-la. Por outro lado, Liam não expressou emoção ou reação, apenas a ponta de seus dedos que pressionaram sutilmente as madeixas de Ian antes que com os olhos fechados, colasse suas testas juntas e o observasse profundamente nos olhos. 

— Também achei que amava você – e com um tom calmo e com a última troca de olhares, Liam se retirou em passos leves, em comparação a sua cabeça que pesava uma tonelada, do hotel. 

❱❱❱❱  

Três dias depois. 

Seus ouvidos capitaram o som contagiante das risadas do filho que abraçava apertado um boneco de ação contra o peito. Os pequenos olhos de Enzo brilhavam com intensidade em admirar o pai sentado a sua frente, com as pernas estiradas no chão enquanto ao lado fazia dois bonecos conversarem entre si antes de ambos começarem uma pequena cena de luta.

Enzo D'Angelo ia ao delírio com os diálogos que o pai reproduzia para os seus bonecos e por outro lado, Liam parecia se divertir com o fato de estar passando o tempo que tinha com o filho antes de alguma missão de última hora chegar até seus cuidados. 

— Olha só que ironia, era você mesmo que eu queria encontrar.

Uma segunda voz, mais alta e autoritária, invadiu o espaço de pai e filho ao mesmo tempo que o dono dela adentrava a sala de estar com um jornal estendido em frente ao rosto. Liam ergueu os olhos dos bonecos presos em seus dedos até Lorenzo que caminhava até o meio do cômodo, encarando o filho sem ao menos cumprimentá-lo.

— De vilão a herói. Filho do maior mafioso da Itália é flagrado resgatando uma mulher e duas crianças de prédio em chamas – a voz do mafioso alfa alterava-se a cada palavra que relia da manchete, tão desacreditado quanto Liam que não teve tempo de amaldiçoar qualquer um – é ótimo voltar de uma viagem estressante, e estressar-me mais ao ver a cara do meu filho estampada no jornal da cidade. Não, o pior é ver a cara do meu filho grudada em postes e paredes e em todas as vielas – Lorenzo exasperou-se, livrando-se do jornal ao jogá-lo com força no estofado de veludo no canto. Liam encarou Enzo que encolheu os ombros e fez uma careta para o pai que sorriu fraco para ele – você tem titica na cabeça, James?  

— Olá pai, é ótimo recebê-lo em casa depois de muito tempo – a ironia de Liam fez o corpo de Lorenzo estremecer deixando-o a ponto de explodir. Porém os seus gritos foram deixados de segundo plano quando Enzo riu da piadinha do pai, sem realmente saber o porque estava rindo, e olhar diretamente para o avô parado com braços cruzados e expressões irritadiças. 

— Meu querido neto, venha aqui – Lorenzo agachou-se e estendeu seus braços antes que Enzo pudesse se levantar do chão e correr até ele, abraçando-o o mais apertado que podia com os seus pequenos bracinhos – como você está? 

— Bem vovô – o menino respondeu antes que sua atenção caísse na grande e grisalha barba formando-se abaixo do nariz e queixo de Lorenzo.  

— Enzo, escuta só uma coisa, não seja cabeça oca como o seu pai – o mais velho passou a dizer para o menininho que brincava com sua barba áspera e sorria sem entender nada – não se atreva a se mostrar por ai, exibindo-se e sendo irresponsável. Liam é um homem teimoso e vai acabar morto a qualquer momento com essas brincadeiras. 

— Pai, por favor – Liam o censurou ao mesmo tempo que perdeu totalmente a graça de ficar sentado naquele chão e encarar aquela cena. Se Liam tinha ciúmes do filho? Claro. Se detesta que sujassem sua imagem com Enzo? Odiava. Liam fazia de tudo que podia para educar o filho da forma que foi criado, tirando todas as armas e uma lista telefônica inteira só com inimigos. No final, Liam não se saía tão mal como um pai como foi julgado na adolescência.

Liam era inteligente, mas não para ser um pai.

Ele era problemático demais, era rebelde demais e tinha uma bagagem grande demais! Foi uma guerra para ele se casar com Elena antes que caísse nos ouvidos alheios que ela estava gravida, a família Jauregui não aceitava de forma alguma que uma moça de família se casasse com um desordeiro que só sabia encher a cara e se meter em confusão - sem contar a lista de assassinatos que Liam começava a praticar, mas por um tempo isso foi mantido em sigilo -, Lauren naquela época odiava Liam com todas as forças que alguém já teve na vida, só que a morena enxergou algo em Liam que a vez acreditar que talvez aquele homem não fosse só um adjetivo de todo ruim que pudesse existir.

E, mesmo assim, odiando-o com todas as suas forças, se não fosse por Lauren, Liam não teria se casado e depois da morte de Elena, se não fosse também por Lauren, os pais das gêmeas tomariam Enzo de Liam por não achá-lo seguro ou responsável o suficiente para uma criança que havia recém completado um ano de idade.  

O preconceito veio até mesmo do seu pai que insistiu em dizer que o destino de Enzo era ficar com os avos maternos - a questão é que ninguém no mundo, tirando Lauren e Louis, colocou fé em Liam que ele poderia enfrentar aquele desafio. E como sempre, e com o otimismo que puxou da mãe junto a teimosia do pai, provou para todo mundo que ele seria capaz e continua sendo.  

— O quê? Só estou dizendo que tipo de pai ele tem. 

— Eu acho que Enzo sabe muito bem o pai que ele tem – o castanho retrucou com os braços cruzados enquanto movia-se desconfortavelmente de um lado ao outro – tenho certeza que ele não precisa de alguém dizendo a ele o tipo de pai que sou. 

— Papai é um super herói, vovô – após chocar-se com a astucia do próprio filho, Lorenzo desceu seu olhar desnorteado até o neto que tinha um semblante chateado e os ombros encolhidos. 

Enzo detestava a forma arrogante e dura que dirigiam-se ao pai, para Enzo, Liam era perfeito e tudo que Liam fizesse o alegrava, mesmo que carregá-lo nos ombros depois de uma missão cansativa. Apesar de pequeno e da pouca idade, aquele garoto havia puxado a inteligência dos ancestrais, o menino não poderia entender tudo ou qualquer malicia, mas ele sabia muito bem os esforços que o pai fazia para tentar agradá-lo e tudo apesar de simples, era significativo.

— Ele é o meu super herói – o menino diminuiu o tom de voz, sussurrando, como se estivesse contando um segredo e quando percebeu que o rosto do avô suavizou, sorriu e cantarolando correu até o pai, o abraçou pela perna antes de ser erguido no colo de Liam.  

— Você pode arrumar os seus bonecos enquanto eu converso com o vovô? – Liam sugeriu para o menino que relutante e brincando com as mãos acenou calmamente, Enzo olhou para Lorenzo e erguendo o dedinho no ar o alertando: 

— Sem brigar com o meu papai.

Liam sorriu e assistiu o garoto seguir até onde os bonecos e carrinhos estavam espalhados. E só assim, quando notou a distância do mais novo, o castanho direcionou seus olhos até o mafioso alfa a poucos passos dele, ainda agachado, encantado e ainda surpreso com a atitude de Enzo.

— O que foi? 

— Ele me lembrou você quando mais novo – Lorenzo levantou-se sem dificuldades e coçou a nuca, os olhos ainda meio arregalados entregava que o choque ainda não tinha passado – realmente, ele me lembrou muito quando você era mais novo. 

— O garoto sentiu a sua falta – Liam declarou em um sussurro. 

— E você não? – Lorenzo conseguiu capitar uma pequena pontada de chateação surgida de Liam.

— Senti, até o momento que você resolveu abrir a boca e falar merda. 

— Não me venha com falta de respeito ragazzo – o mais velho rosnou para o filho ao mesmo tempo que seus dedos fecharam-se em punhos – odiaria ter que castigar você. 

— Quer respeito? Então me respeite na frente do meu filho – a discussão entre os homens passou a ser silenciosa, em múrmuros e grunhidos para não chamar atenção demais de Enzo do outro lado, esse que se entretinha com um boneco – como acha que me sinto quando me rebaixa na frente dele? Só Deus sabe o medo que tenho de Enzo acordar um dia e me desconsiderar como um pai, em me enxergar como sou no mundo lá fora. Só Deus sabe a dor que sinto por ter que criar esse garoto sem apoio de uma mãe, ou sei lá, do meu próprio pai que de vez de perceber que eu daria a vida pelo meu próprio filho, ele aponta todos os meus erros.

As palavras já fugiam de sua boca de forma natural, como se fosse ensaiada por muito tempo - o que de fato havia sido. Liam nunca havia tratado o pai daquela forma, por uma, Lorenzo havia dado a ele uma chance quando o mundo inteiro caiu em cima quando declarou-se gay e dois, Lorenzo arriscou a própria pele inúmeras vezes pelos erros que Liam cometeu em momentos que esteve fora de lucidez! E por tal motivo Liam escutava calado todas as reclamações, julgamentos e o que deveria ou não fazer no campo de batalha. Mas Liam não admitiria que o desrespeitasse na frente do próprio filho, como se ele fosse nada, como se ele não se esforçasse o suficiente.

— Aturo que me diga muitas coisas. Que julgue tudo o que quiser, mas você não faça o meu filho se virar contra mim Lorenzo, porque se isso acontecer irei odiá-lo até o meu leito de morte. 

— Okay, eu entendi. Um homem tem que admitir seus erros, me desculpe – Lorenzo ergueu as mãos em rendição após o breve discurso do filho, realmente espantado pela coragem que Liam usará para dirigir-se a ele. 

Não que estivesse surpreso, de forma alguma, Liam sempre foi de impor seus pensamentos, de dar sugestões e suas opiniões, sempre carregou uma personalidade forte e mesmo tendo milhões de motivos para se alterar com o mais velho, nunca havia feito. Lorenzo mais que tinha merecido aquela bronca e ela veio em dose dupla.

— Eu só me preocupo com você, está bem? E eu sei que exagero um pouco, você é crescido. Porém, como você eu também tenho medos. E o meu medo dessa manhã ao voltar para casa e ver aquele jornal, seguido de inúmeros cartazes de procurado com o seu rosto, era que eu não chegaria em casa a tempo de salvar o meu filho antes que alguém o tirasse de mim – o Dom confessou em um suspiro cansado, hesitante tocou o ombro do filho que havia ficado alguns centímetros mais alto que ele, Liam relaxou quase que espontaneamente – sinceramente?! Esse medo venho carregando desde que você tinha oito anos, nunca vi um garotinho tão respondão como você. Gesù Cristo, sempre se metendo em problema!  

— É de família – Liam sorriu de bom humor para o pai antes de receber um abraço apertado. Lorenzo havia confirmado as palavras do filho, mudo, no silêncio de sua alma enquanto seus dedos apertavam com força a camisa que o filho carregava no corpo.

Abraçava-o como se fosse perdê-lo e isso deixava-o aflito, era exagerado, era um homem arrogante, assassino e cheio de uma bagagem criminosa, mas mesmo assim continuava sendo um pai e esse pai amava incondicionalmente os seus filhos.

— Eu também senti a sua falta, meu velho – Liam confessou contra os cabelos do homem que apertou-o mais um pouco e quase resmungou o fato de ter perdido em tamanho para aquele garoto.  

— Abraço em família – um grito entusiasmado chamou atenção dos dois mafiosos que afastaram-se. Os olhos de ambos encontraram um adolescente sorridente e saltitante adentrando o cômodo, os braços de Leo estirados no ar ao mesmo tempo que ele corria em direção aos dois mais velhos que deram de ombros e o abraçou de volta – os garotos D'Angelos reunidos de novo, poderíamos fazer uma festa do pijam.... 

Leo interrompeu a própria fala ao notar o que acabaria dizendo. Seus olhos semicerram quando afastou-se do pai e irmão e jogou-se sentado no sofá, seus lábios semiabertos e seus dedos coçam a barba que passará a nascer em seu rosto, deixando-o com aparência de um homem mais velho. Liam ergueu a sobrancelha para o garoto e encarou o pai que parecia confuso, com um aceno tentando dizer que aquilo não era nada demais, voltou a encarar Leone que voltou sua atenção para o irmão mais velho.

— Por que festa do pijama se a gente poderia encher a cara até cair? 

— Encher a cara? – Enzo junta suas sobrancelhas formando uma careta que Liam achava adorável. 

— É uma forma de dizer que vamos beber suco de uva até sentirmos vontade de dormir – Liam tentou explicar da forma mais inocente, e pelo improviso, achou convincente já que o menino de cabelos bagunçados e que já começava a cobrir os olhos novamente, parou, pensou e quando chegou a uma onda de raciocínio, sorriu batendo palminhas. 

— Eu gosto de suco de uva, posso tomar com vocês? – Liam acenou que sim antes de voltar sua atenção para o irmão. 

— Tô dizendo, isso que dá passar tempo demais com aquela doida, você pega aquele jeito mimadinho e fofinho que ela tem. Ai você fica falando coisas sem sentido, e quando vê, já ta seguindo os planos doido dela e correndo pela cidade bancando o cupido – Leone passou a reclamar para si mesmo, ignorando os pares de olhares curiosos que queimavam sobre seu corpo. O adolescente riu, calou-se por mais um tempo e ergueu o olhar até Liam antes de chegar a um raciocínio, ou antes de perceber que o seu coração estava acelerado de uma forma diferente – eu vou matar o Niall – sentenciou em um grito. 

— Meu filho, por que você vai matar o garoto irlandês? – Lorenzo tentou, realmente tentou, entender o que estava acontecendo ali. Como alguém podia mudar de um humor para o outro em um estalo de dedos e se perder de todo o resto tão fácil?! – quer saber, me explica o que está acontecendo aqui. 

— Camilla, é isso o que está acontecendo – Leo grunhiu antes de bater nos próprios joelhos – Niall infernizou a minha vida dizendo que eu gostava daquela doida psicótica que eu mal notei que eu praticamente to fazendo tudo que ela pede. É só ela ligar de madrugada e fazer aquela vozinha meiga, que Leone vai correndo. Que porra, é a terceira vez essa semana que eu vou ver ela, e dessa vez ela nem tinha me ligado, eu fui, eu quis ir. Mas que merda, não tem graça. Isso não é engraçado, nem um pouquinho. Quero espaço, se uma doida de vozinha fina me ligar, diga que eu peguei um foguete para a lua. 

Lorenzo estreitou as sobrancelhas e o canto da boca, formando uma careta mal compreendida, tentando chegar a raciocínio que pudesse fazer sentindo. 

— Quem é Camilla? – Lorenzo dirigiu-se a Liam em um misto confuso e... confuso? Leone dirigiu-se para fora do cômodo, resmungando, gritando e amaldiçoando todos os ventos.  

— Pelo o que parece é a garota que ele gosta – Liam privou o máximo que pode, ou estava tão perdido quanto Lorenzo – mas ele não sabe que gosta dela, e ele também não sabe que a gente sabe. 

— Isso não faz sentido – o homem de meia idade virou-se para Liam – não faz sentido nenhum. O que foi que eu perdi? 

— Nada demais.

— Tanto faz – Lorenzo rendeu-se, já estava cansado de tentar entender as loucuras dos mais novos. Tinha cinquenta e sete, já tinha passado por loucuras demais nos últimos séculos para tentar entender da atual geração. 

Massageando suas têmporas, o Dom deu um passo em direção a saída ao mesmo tempo que Leo voltava de cara emburrada com uma tigela de cereal na mão e jogava-se sentado no sofá, mastigando de forma rude e de cenho franzido. 

— Antes que eu me esqueça. Fiquei sabendo que o rosto do filho de Fabrizio também foi divulgado... 

Ah não, aquilo não soava bem.

— E antes que ele mate você, ou o contrário, eu gostaria de saber como é o rosto do garoto que andou tomando o tempo do meu filho. Então mandei os meus homens atrás de um....

— O quê?

Tão espontâneo e ao mesmo tempo apavorado, Liam gritou enquanto Leone engasgava e cuspia de volta na tigela o leite e o cereal. 

Lorenzo imediatamente percebeu a situação, a tensão, o humor fugindo dos corpos como uma fumaça e os rostos se tornarem pálidos. 

O líder do império D'Angelo juntou as mãos em frente ao corpo, ergueu a sobrancelha. Deixando totalmente de ser um pai preocupado com a segurança dos filho, e sim, tornando-se um líder preocupado com as reações suspeitas dentro do seu covil.  

— Por que todo esse espanto? – o homem riu sem humor algum, os passos lentos e calculados – estou realmente surpreso de encontrá-lo inteiro, ou pelo menos vivo. Mas, por que todo essa surpresa vinda de vocês dois? Realmente acharam que eu não iria querer saber quem é o responsável pelos hematomas deixado no seu rosto semanas atrás?

De volta em frente a Liam que manteve-se firme o tempo inteiro, tirando o fato que ele estava suando mais que o normal. Nervosismo, Lorenzo reconheceria de longe, só não imaginou que um dia o veria sendo de Liam, a menos que ele...

— Demorei tempo demais para me interessar na forma desse garoto, agora, terei um retrato dele em minhas mãos em poucas horas. Dependendo da agilidade dos meus homens, mas... 

— Lorenzo, quanto tempo.

E ali estava Louis que tinha saído de lugar algum e caminhava casualmente em direção ao mafioso. Liam encarou o amigo e percebeu pela forma que o britânico o encarava que Lou estava ciente do assunto discutido e, com um lufo de alívio, Liam agradeceu com um sorriso a Tomlinson por ter chego e salvado sua pele.

— Você está bronzeado, foi para o Caribe? 

— Brasil – o homem sorriu para o britânico que pareceu se entusiasmar com o assunto. 

É assim na maioria dos casos quando Liam está encrencado, Louis chega com sua simpatia e seu entusiasmo infinito e prende qualquer um em uma bolha de distração - Liam novamente era grato por esse fato, nem se lembrava de quantas vezes Louis havia livrado seu pescoço da forca por ser tão simpático daquela forma.

— Lá nessa época do ano é incrivelmente quente. 

— E para que cidade você foi? – Tomlinson passou o braço arredor do ombro do homem que passou a falar e falar, sem perceber Louis lentamente tirava-o da sala - mas não antes de virar-se para o amigo e piscar para ele, lançando também aquele sorriso como se quisesse dizer a Liam: Está me defendo uma. 

— Estou... – Liam mal conseguiu terminar suas palavras quando seus joelhos cederam e derrubou-o no sofá, ao lado de Leone que ainda segurava a tigela abaixo do queixo. 

— Fodido? Concordo maninho – Leo dizia encarando os próprios pés – e é bom que aquele lance de que, desde que você esteja feliz, funcione nessa ocasião. Caso contrário, é bom procurar um ótimo esconderijo.

Liam não pareceu assustado, apesar de desejar estar. Se o seu pai descobrir sobre Zayn, descobrirá sobre todo o resto, saberá que o moreno esteve infiltrado em sua casa e que o filho de certa forma teve alguma relação com ele.

Lorenzo deduziu na manhã de segunda, dia após o aniversário de Liam, que a festa no quarto do filho na noite interior estava mil vezes melhor, comparada a aquela no salão, quando presenciou o moreno, para o mafioso Isaac, saindo da casa pela manhã no maior silêncio que poderia. O mafioso alfa não deixou de imaginar o filho namorando o outro garoto, até que ambos combinariam, pensou. 

Quando Lorenzo foi perguntar para Liam o quê de fato estava acontecendo entre os dois, Liam engasgou-se na própria refeição e apenas disse; nada que possa julgar de importante. 

Mas no fundo era, era mais do que importante, era valioso - só que naquele momento não era a lembrança da festa que o afetava e sim o quê aconteceu antes dela.  

O sequestro, Zayn sendo agredido, o momento que ambos tiveram e as promessas sendo carregadas por seus gemidos e movimentos sôfregos de seus quadris e assim, instantes mais tarde, quando Liam achou que a situação de estar envolvido com o inimigo, de ter se apaixonado pelo inimigo, fosse pior, vem Liam e age como um tolo deixando Zayn ser visto pelo seu pai e permitir que seus amigos e irmão, cobrissem sua história. 

Para Lorenzo, Zayn era Isaac, o velho amigo encrenqueiro de Liam e que ao vê-los de mãos dadas passou a acreditar que existia algo entre eles, mesmo que ambos não pudessem notar ou se quer admitir. E todos presentes naquela sala concordaram, acolheram o inimigo e o acobertou, então se um caísse, os demais iriam junto e essa era uma das coisas que Liam precisava impedir. 

— Tenho que dar um jeito nisso – Liam declarou para o irmão antes de se levantar e procurar por seus homens. Liam teve consciência desde o início que se apaixonar por Zayn Del Frazi era um desafio, amá-lo era um erro e estar com ele era um perfeito desastre. 

Liam só desejava que todo aquele desastre um dia pudesse valer a pena. 

❱❱❱❱  

Quatro semanas atrás.

A cada som de tique-taque do infernal relógio de parede, era uma pontada a mais em seu ego e infelizmente, também no seu orgulho. Por um lado, ter descoberto o quê estava o maltratando durante semanas deixava-o estranhamente feliz - era gratificante e ao mesmo tempo uma onda de alivio percorria o seu corpo como raios de sol iluminando os seus dias, porém, ao mesmo tempo que a luz se espalhava e aquecia o seu interior, uma nuvem negra o prendia naquela realidade infernal e o corroía com ácido até que seus ombros estivessem encolhidos e seus olhos se cansassem de ler o quê tinha naquelas cartas.  

"Por muito tempo estou esperando por isso, não falhe, ou você pagará as consequências." 

"Não tire os olhos do meu filho e se Zayn a ameaçar, diga a ele que tenho planos que envolvem o mesmo sofrimento de setenta e sete." 

"Se você desistir agora, eu lhe mato." 

"Liam D'Angelo, ele é o meu alvo...." 

"Esconda bem essas cartas querida, não queremos que os meus planos caiam em mãos erradas. E se cair, eu saberei exatamente quem deverei exterminar primeiro!" 

"Às vezes sua incompetência chega a ser cômica, não falhe comigo, querida Jacqueline." 

Argh! Cada palavra que era reproduzida em sua mente dava-o a sensação de náuseas e uma forte enxaqueca. Nas primeiras cartas, Liam mal pode acreditar se elas realmente existiam, por um único instante levou-se a considerar que estava tendo algum tipo de alucinação real demais e que tirou-o dos eixos - e ao mesmo tempo que sofria com a desilusão o homem voltava a realidade e enxergava onde vivia. 

Liam não aguentava mais o cheiro de mofo daquele galpão ou muito menos encarar o cenário patético e perturbador na parede a sua frente, em cima da escrivaninha destruída por suas mãos. D'Angelo havia encontrado diversas imagens de Zayn naquele local e uma especificamente, eram os dois juntos na festa de aniversário de Camilla. 

Mas o que o aterrorizou não foi as fotos e muito menos os remédios quase vencidos de Jacqueline, que Max encontrou espalhados pelo lugar, que deixou Liam com um pequeno frio na barriga foi o que encontrou dentro de uma das gavetas de um móvel e, sentando sobre um banquinho com a madeira rangido, suspirou. 

As cartas tinham datas curtas de no mínimo três dias, ou seja, Fabrizio e Jacqueline não usavam o correio comum para se comunicar e sim uma pessoa ia e vinha entregando e levando as cartas. A pergunta era; Quem?  

— Achou alguma coisa? – Maxine voltou minutos depois com as mãos atadas. O som de seus sapatos caros ecoavam no assoalho solto, rangendo a madeira a cada passo.

Liam ainda meio perdido ergueu o olhar e encarou o vazio por curtos segundos tentando entender o que aquele holocausto de sentimentos que acumulavam em seu peito significavam. Estava chateado, mas com o quê? Tudo estava se transformando em uma encruzilhada e Liam não sabia qual caminho seguir.

— Liam? – Maxine o chamou, conseguindo atenção do mafioso apenas segundos depois. Liam sem conseguir encontrar palavras para descrever o que havia acabado de encontrar ali, ergueu o glossy paper no ar e estendeu em direção ao tio que logo após encará-la quase teve um inicio de um infarto – James, o que significa isso? – sr.Payne exasperou atrás de mais informações do mais novo que continuou estático – Liam James Barboni D'Angelo, o que significa isso? 

— O quê você acha que eu sei? – Liam o censurou com um vocifero entristecido. D'Angelo piscou duas vezes antes de coçar a nuca e murmurar palavras desconexas – ela guarda a foto do namorado morto e eu que sei de alguma coisa? 

— Deveria saber. Foi você que o matou, não foi? – a culpa voou nos ombros de Liam que fecharam os olhos e suspirou pesadamente – porém isso não explica muito o caso da sua foto quase beijando o noivo da minha filha está grudada na parede.

E com aquela acusação, Liam teve uma ideia do porquê a obsessão de Jacqueline por Zayn - estava óbvio que aquilo não era só pela ganancia, não era porquê Fabrizio a ameaçava. Liam passou a acreditar que ali realmente havia um interesse, e quando seus olhos ergueram-se até aquele mural assustador, seus dedos puxaram uma das fotos que continha o rosto de Zayn, os lábios fechados e erguidos no sorrisinho convencido, sabichão, arrogante e frio - o brilho dos olhos quase morto. A aparência de um homem bonito, mas apagado pelas dividas da sua vida, pelas dividas da máfia.  

— Olhe... – após admirá-lo por um longo tempo, Liam se levantou e deixou cuidadosamente a gaveta sobre a escrivaninha antes de dirigir-se ao lado do tio – eles são basicamente iguais – D'Angelo apontou para a foto de Pierre, o namorado morto, e Zayn o atual noivo de Jacqueline. 

— Mon Dieu, c'est fou! – sr.Payne tampou os lábios ao mesmo tempo que seus olhos passavam de um rosto ao outro, reconhecendo as aparências, os traços, os olhos, o sorriso. Poderiam dizer que ambos nas fotos eram irmãos gêmeos ou que eram a mesma pessoa, porém existia uma coisa que os diferenciavam e era a cicatriz grossa que Pierre carregava no rosto, que desenhava um risco sobre a sobrancelha, até a baixo de seu olho esquerdo – será que...? 

— Talvez ela possa estar imaginando que Zayn seja Pierre, eu não sei... – Liam coçou a nuca, tão perdido quanto cego em tiroteio – ela parou de tomar os remédios e realmente, Jacqueline pode ter alucinações ou imaginar que Zayn seja o falecido e o fato dela querer afastá-lo de mim...

— É por medo de você tirá-lo novamente dela, o quê é irônico. De tudo ela só se lembra disso – Max deduziu a compreensão do mais novo que meio deslocado voltou a sentar-se no banquinho – isso pode explicar, pelo menos cinquenta por cento do que está acontecendo aqui... – Max voltou a realidade impedindo que Liam voltasse ao passado e se remoesse por um erro que cometeu. Mas isso não pareceu funcionar, não da forma que Liam queria – escuta, garoto, você não sabia que Jacqueline tentaria fugir com ele naquela tarde. Logo, você não teve culpa do que aconteceu com ela, aceite isso, eu já aceitei. Eu só preciso da sua ajuda para entender tudo isso, só preciso que clareie a minha mente antes de tudo se transformar em uma desgraça total e por mais que Zayn se pareça com Pierre, isso não justifica cem por cento o quê estamos procurando aqui – Liam sacudiu com a cabeça em concordância, puxando a gaveta de volta para o seu colo. 

— Jacqueline está grávida – Liam compartilhou a recente informação antes de jogar o teste sobre a escrivaninha – ela tem documentos e passaportes falsos – a cada palavra que surgiam de seus lábios, seus dedos trabalhavam em pegar os objetos e jogá-los sobre o móvel, atraindo atenção de Max que aproximou-se e pegou um a um em suas mãos – mais remédios vencidos e mais fotos de Pierre – o mafioso espalhava as coisas sobre o móvel, atraindo ainda mais o desconsolo do falso pai que suspirou em entristecimento – e o pior de tudo, encontrei cartas recebidas de Fabrizio Del Frazi, o homem que tem os outros cinquenta porcento de culpa na chantagem contra Zayn. 

— O quê? – os olhos de Max voaram até as cartas, lendo uma por uma antes de sentir o seu coração pesar – Zayn é filho de Del Frazi. Porra Liam, como não percebi isso antes? 

— Talvez porquê ele é um ótimo ator? – Liam sugeriu – mas a sua filha sabe, como pode perceber. 

— Não pode matá-la por desonra.  

— Será que não percebeu que estou metido nisso até o pescoço? – Liam apontou para a foto na parede – desde o início eu soube. Eu só confiei nele. 

— Confiou em um inimigo? Está escrito nessas cartas que Fabrizio quer matar você e você acredita no filho dele? 

— Você acha que eu não as li? – Liam se levantou, ficando de frente ao tio – tudo isso está desabando e está se transformando em uma grande merda.  

— Eles podem vir te matar, nos matar – Maxine sugeriu ao garoto que acenou com a cabeça. 

— Vocês estão seguros – Liam sugeriu, observando o tio que abriu a boca para relutar – Fabrizio dirigiu-se a mim o tempo inteiro como Liam D'Angelo, nada citado como Damien Payne, ou seja, ele não sabe que o alvo dele está infiltrado na mesma família que Jacqueline, e Jacqueline ainda não se lembra de quem sou, então temos um ponto. Ela também foi inteligente em mudar o sobrenome quando foi se encontrar com Fabrizio. Zayn me contou uma vez que muda os sobrenomes para o pai não causar nenhum problema futuro, levo a acreditar que ele também pode alterar das suas companheiras. 

— Você confia mesmo nesse garoto? – Maxine perguntou a Liam.

— No final tio, todos são apenas marionetes nas mãos de Fabrizio e tenho motivos suficiente para acreditar que Zayn também é – o homem suspirou cansado.  

Seus pés o levou de volta em frente o móvel, onde seus olhos vagaram sobre as fotos, todas elas tendo o rosto de Zayn. Algumas ligavam para um papel em branco escrito Liam D'Angelo. O mafioso sacudiu a cabeça, se Jacqueline tinha um momento para recordar-se das coisas, o momento não era agora, porque se isso acontecer tudo que Liam planeja voara junto ao vento. 

— O que nós vamos fazer? – o homem mais velho perguntou sem esperanças. E antes que Liam pudesse o responder, colocou sua mão dentro do bolso de sua jaqueta, tocou o papel dobrado que guardava ali, uma das cartas trocadas entre Fabrizio e Jacqueline, uma que Fabrizio revela as verdadeiras intenções por trás daquele plano sem cabimento apenas para usar aquela vantagem contra Jacqueline caso ela falhe com ele. Naquela carta em especial, Liam leu coisas que desejou nunca poder existir e tais palavras o deixava atordoado e mais desolado do que Max.  

— Tenho um plano, mas garanto que parte dele não irá só depender de mim – Liam sugeriu cansado de tentar entender, havia pensado demais, havia chego a conclusões precipitadas e no final nada era o quê ele imaginava ser. O jogo havia mudado e D'Angelo deveria agir rápido antes que o prazo esgotasse – pode parecer loucura, mas por favor, acredite em mim.  – Max suspirou cansado e derrotado. O homem relaxou os ombros antes de dizer qualquer coisa.  

— Teve alguma vez que não confiei em você?  

❱❱❱❱ 

— Por que diabos fui chamado aqui? – Liam se aproximou da mesa que era acomodada por três garotos. Dois deles sendo morenos e um loiro. O mafioso revirou os olhos quando sentou-se em frente aos adolescente, reconhecendo com clareza cada rosto e cada brilho esperançoso que brotavam nos olhos alheios. 

— Olá para você também – Camilla revirou os olhos por cima do sorrisinho cínico. 

— Escute, bando de pirralhos... – Luke espremeu os lábios contra o canudo da bebida que tomava pelo apelido que havia recebido do outro mafioso e em resposta, levou uma cutucada incomoda de Camilla na costela – se isso for algum tipo de intervenção para me convencer a ir naquele casamento ridículo, logo aviso que é perca de tempo. 

— Credo, você é tão caroço – Camilla resmungou em um lufo entediado. 

— Eu sou o quê? – Liam juntou as sobrancelhas. 

— Ela está tentando usar as gírias – Leo coçou a nuca quando explicou em baixo som o quê estava acontecendo – mas as gírias que ela encontrou, é da época da nossa avó.

O garoto coçou a nuca olhando desconfortavelmente para outra direção - Liam juntou as sobrancelhas e passou sutilmente a língua entre os lábios quando notou o desconforto do irmão, mas mal teve tempo de pensar quando ouviu um grito fino, não alto demais, surgido de Camilla. 

— Não importa o que estou fazendo. E não, Liam. Nós não estamos aqui para tentar convencê-lo, apesar de ser uma das intenções de estarmos aqui, enfim... – sempre mais esperta e um passo a frente dos outros, Cams sorri graciosamente na direção de Liam que logo pensa, fodeu – você e o Max nos deixou plantados naquela casa enorme com cara de bode... 

Outra gíria e outra reação de Leone. O menino bateu na própria testa atraindo risadas baixinhas de Luke que inclinou-se para trás. Camilla por outro lado ignorou e prosseguiu.

— ...Depois daquele seu surto de realidade. Então mocinho, não pense que pode fazer esse bate e volta e nos deixar na deprê. Nós estamos envolvidos nisso tanto quanto você, não é porque as coisa dá tilt nessa bagaça.... 

E quanto mais ela falava, mas Liam sentia vontade de um meteoro cair na sua cabeça. De lábios entreabertos e sobrancelha erguida, o homem de vinte e três anos encarou os garotos a sua frente, Luke estava tão estático quanto ele, a mão estava estendida em frente ao rosto e ele tentava manter a maior distância possível com medo de que aquilo pudesse ser contagioso, do outro lado, Leo cruzou os braços sobre o peito e rolava os olhos ao mesmo tempo que movia os lábios imitando a garota em som mudo.   

— Pega leve garota – o irmão de D'Angelo se manifestou depois de ouvir bufunfa, sério mesmo que aquilo estava acontecendo? 

— Estou me saindo bem? – Camilla perguntou para o garoto ao lado, os dedos ajeitando a franja espalhada sobre a testa e uma enorme trança era jogada sobre o seu ombro.

— Tão bem que se você falar mais uma gíria na sua vida, eu arranco os seus órgãos fora e vendo no mercado negro – Leone ameaçou com aquele típico sorrisinho angelical. Cams bufou irritada e mexendo no próprio cabelo inclinou-se para trás, onde Luke ainda a encarava como se a mesma possuísse duas cabeças – resumindo toda a bosta que ela disse, nós estamos curiosos e queremos saber para onde foram e o que encontraram?!  

Naquela versão era mais claro e Liam custava a compreender como Leo havia entendido o que havia saído da boca daquela menina. Balançando a cabeça e relembrando-se do que havia feito no dia anterior, o mafioso olhou a volta e em baixo som, tomando cuidado para que informações cruciais não escapulissem, revelou a eles toda história; sobre o que descobriu, como chegou lá e o quê estava acontecendo por baixo do nariz de todos. Mas Liam ocultou uma pequena parte da história. 

— Ma ciò che... – Camilla grunhiu em indignação quando Liam recordou de um pequeno trecho escrito na letra de Fabrizio - ou de alguém que pudesse fazer isso para ele – mas o que... – Camilla repetiu. 

Liam olhou a volta e esperou o espanto inicial passar. 

— Meu Deus, Zayn não comentou nada com a equipe. A quanto tempo acha que Fabrizio e ele estão planejando isso? – mais perguntas e Liam temeu em respondê-las quando encarou com firmeza os olhos azuis de Luke e perdeu-se neles por um curto instante, como se eles fossem safiras raras e belas, apenas para se distrair. 

Mas o homem grunhiu para si mesmo quando notou que até mesmo o mais profundo azul, o mais intenso e o mais apaixonante, tornou-se inútil depois que sua alma encantou-se com o tom sem graça como âmbar. 

— Semanas, meses, anos... Não faço ideia da noção de tempo – Liam declarou em um suspiro cansado, realmente cansado – e enquanto a Jacqueline, bem, sei muito menos. 

— Ordinária francesa, metida e.... – Camilla interrompeu-se, atrás de uma ofensa que fosse o suficiente para livrá-la daquela angustiante vontade de gritar – e... vagabunda – rosnou, grunhiu, gemeu e bateu a mão na mesa até resmungar de dor. Leone já acolhendo a menina que além de persuasiva e implicante, também é manhosa, rolou os olhos e voltou sua atenção ao irmão mais velho. 

— Encontrou mais alguma coisa além dessas cartas?

O homem de olhos castanho-escuros batucou os dedos na mesa, olhando a volta, os pés movendo-se desconfortavelmente. O que Liam estava fazendo, afinal? Aquelas pessoas a sua frente eram adolescentes, não deveriam estar envolvidos nessa história, deveriam estar estudando para alguma prova ou preocupando-se com a vida pessoal dos ídolos, assistindo algum jogo ou fumando maconha embaixo da arquibancada do colégio.

É isso que adolescentes fazem quando os pais não estão por perto, fumam maconha, bebem, transam. Mas não, ao invés de agirem de acordo a suas idades, Leone e Camilla simplesmente escolhendo ajudar a compreender os sentimentos dos irmãos mais velhos e fazê-los enxergar que por fato, Zayn e Liam nasceram para ficarem juntos apesar de toda aquela diferença. Primeiro Strike, porquê aqueles adolescentes estavam fazendo os papeis dos irmãos mais velhos, eles estavam suando em os proteger dos próprios sentimentos e deles mesmos, para que nenhuma outra briga pudesse os enlouquecer e enquanto a Luke, o garoto tem dezenove anos e é um dos homens de mais confiança de Zayn Del Frazi, habilidoso e tem um histórico e tanto. 

O que estava acontecendo, afinal? Se Liam pudesse ao menos voltar atrás e ter uma adolescência normal, nem que fosse por um dia, aproveitaria até o último segundo, porquê quando acaba, quando requer responsabilidades de verdade - o mundo se torna um saco. 

E no final os olhares pidões o convenceu. Liam poderia ficar a tarde inteira ali e dizer a eles para não desperdiçarem tempo, para aproveitarem enquanto eram jovens e enquanto ainda os sobravam tempo de ter sonhos e esperanças, só que ele sabia perfeitamente que tudo que diria entraria em um ouvido e sairia pelo outro e no final ainda seria chamado de coroa, se não por Camilla, obviamente por Leo.  

Sem mais tempo a perder puxou a foto que estava guardada em seu bolso, a mesma que passou a carregar por todos os lados e encará-la quando mais ninguém estava por perto, apenas para ter certeza de que aquilo um dia poderia ser verdade, que em um futuro Zayn e Liam poderiam ser um nós e não duas pessoas que se odiavam constantemente. 

— Onde ela encontrou isso? – Luke perguntou com os olhos arregalados, tirando a foto da mão de Camilla que paralisou assim que analisou direito o que tinha em mãos. Hemmings encolheu os olhos tentando reconhecer os rostos - na foto havia sorrisos, expressões suáveis e dois homens confortáveis no próprio corpo, no mesmo curto espaço e na mínima aproximação. 

— Nas suas coisas – Liam apontou para Cams antes da mesma dar um grito e rir sem emoções. 

— Aquela francesa abusada – jogando o cabelo para trás, camuflando a raiva da mulher ruiva com um sorriso no rosto, Cams ergueu-se sobre o móvel coberto por uma toalha perolada – não lembro de ter tirado essa foto na festa, na verdade, eu nem tirei nada. Eu juro, eu.... Akemi – Camilla rosnou um nome alheio antes de socar a mesa e fazer os talheres voarem por curtos segundos. 

— Quem? – questionou Luke. 

— Quer pegar leve? – Liam pediu movendo suas mãos, como se tentasse a tranquilizar com tal movimento. 

— Ah não, vou acabar com a raça daquela asiática de cabelinho chanel. 

— Diabinha, menos – Leone manifestou entre risadas fracas – toma o seu chá. 

— Liam, na festa uma amiga minha achou fofa a maneira que você e Zayn se tratavam! Fiquei a noite todinha com ela surtando por achar que vocês combinam muito e então nós duas começamos a imaginar a carinha dos filhos de vocês juntos, e foi uma coisa de louco. Ela disse que acha o Zayn mais bonito né, ai eu disse pra ela que ele é seu, ai ela disse que não vai... 

— Camilla, foco – Leo coçou a garganta e Liam agradeceu mentalmente por aquilo. 

— Ta, desculpa. Quando vocês estavam no sofá e antes do Leo chegar e deixar o meu irmão bufando de ciúmes, Akemi bateu uma foto de vocês e essa mesma foto foi entregue para mim no final da festa – a menina confessou timidamente, movendo seus ombros e mãos de forma quase que por vergonha – mas eu prometo que ela não quis prejudicar vocês. Juro de dedinho, eu guardei essa foto com todo o cuidado no meu porta joias que tem um fundo falso, não achei que alguém pudesse encontrá-la e usá-la contra vocês. 

— Mas Jacqueline deu um jeito de descobrir e se sabemos a arma que ela está usando contra o Zayn, podemos usá-la contra ela – Hemmings sugeriu com um sorrisinho diabólico. 

— Sim, mas se Liam usar contra ela acaba o encanto – Leone deu de ombros ao entrar no assunto junto ao louro do outro lado da mesa – ela nem se quer imagina que Zayn deixou escapar para o Liam sobre a chantagem, só que ela teria uma vantagem já que Liam não sabe a natureza da tal. 

— Mas agora ele sabe – Luke gesticulou para o garoto. 

— Só que para Jacqueline Liam é Damien, não Liam. E se Liam chegar falando um monte de bosta, vai cair a ficha da doida, ela entrega o Liam, o Zayn sofre, eu sofro, você sofre, todo mundo sofre e fode a porra toda – disse Leone e os adolescentes relaxaram os ombros ao mesmo tempo que suspiravam em bom som – o que você vai fazer Lee?  

— Vou entregar a foto para o Zayn, então ele decide o quê fazer depois... 

— Entregue no casamento – Camilla o interrompeu com aquele típico tom esperançoso – sei que está chateado pelas bostas que o Zayn faz, ele também está. Mas não fique agindo como se fosse a única vítima nessa história! Vai lá, entregue a foto e não dê explicação para ele, diga como você se sente e mostre para ele que é capaz de engolir esse orgulho maldito e ter algo com ele, mesmo que o nosso passado não permita – os olhos de Camilla brilhavam como estrelas cadentes - raro e magnifico. O mafioso ajeitou-se desconfortavelmente no acento, onde percebeu mais uma vez que adolescentes poderiam ser mais complexos e entenderem mais o mundo adulto do que eles mesmo julgavam.  

— Irei... – a esperança já emotivo um pequeno grunhido de comemoração – apenas para entregar a foto. O que Zayn decidir fazer depois será problema dele – e sem mais conversas, soando totalmente frio, Liam levantou-se e ajeitou a cadeira sobre a mesa – e é melhor vocês ficarem de bico fechado a respeito do que contei para vocês aqui. Não gostariam de saber o que faço com dedos duros – piscando de forma insana para os mais novos, Liam ajeitou o chapéu em sua cabeça antes de seguir até o corredor. 

— Escuta, vocês para mafiosos são muito covardes – Leo expôs sua opinião, encarando o irmão sobre o ombro ao que sua mão o segurava pelo pulso – vão ficar até quando brincando de salve ou não salve nesse oceano agitado? O tempo está acabando, você sabe disso e dependente do que esteja acontecendo, sinceramente Liam, não acho que aquele idiota do Zayn seria capaz de machucar você.  

— E isso vem de Leone, o cara que odeia mais o Zayn do que odeia acordar cedo – sugeriu Luke, tentando persuadir o mafioso que puxou o pulso e rolou os olhos. 

— Zayn não quer machucar você – Camilla usou o tom mais doce que pode, encolhendo os ombros ao que sentia os olhos de Liam queimar em seu rosto – teve um tempo que sim, admito, mas... Isso mudou, eu sei que mudou! Ele não vai te machucar. 

— Eu sei... – Liam se manifestou, alcançando os dedos na foto que Leone o entregava – mas alguém vai tentar. 

Leone assistiu quando o irmão mais velho retirou-se do recinto em passos largos, praticamente correndo. Suspirando, virou-se para os outros dois que suspiraram em exaustão - quem disse que o trabalho de cupido era fácil? 

— Eu vou tirar o carro – dando-se por vencido e cansado de encarar o mesmo lugar por muito tempo, Luke levantou-se e retirou-se do restaurante em silêncio. 

— E agora? – Camilla perguntou para Leo quando o silêncio voltou a se instalar, Leo suspirou e sacudiu a cabeça. Se nem mesmo Camilla sabia no que mais investir, como Leone poderia saber? Se o cérebro daquela operação estava cedendo, como pés e mãos poderiam mover-se sem seus comandos? Mas para tudo há esperança e naquele momento, eles estavam esperando pelo momento que ela aconteceria. 

— Você sabia que Akemi significa aquela que brilha lindamente? – D'Angelo recordou-se de algo que tinha lido em algum livro tempo atrás, obviamente o significado dos nomes, com certeza na sala de espera de algum consultório.

O porquê de estar dizendo aquilo, era o pilar da questão. Talvez para puxar assunto. 

— A única que brilha aqui sou eu – Cams o ditou, fazendo Leo rir de lado – só que a minha luz está ofuscada e tudo isso é culpa daqueles dois patetas.  

— Mostre-me um homem que não seja escravo das suas paixões. 

— Momento errado para citar Shakespeare, Leone – Camilla rolou os olhos entediada.

— Sim, mas isso me deu uma ideia.

E ali estavam suas esperança.

❱❱❱❱ 

Dias atuais.

— Você quer me explicar por que a cara do meu namorado está estampada em todos os jornais de Verona essa manhã? – Zayn não deu tempo a Liam de respirar, muito mesmo a si mesmo quando assistiu o castanho adentrar o quarto de hotel que ambos haviam alugado para passarem o tempo juntos. 

Liam juntou as sobrancelhas ao mesmo tempo que colocava Enzo no chão e assistia-o correr até o corredor, certamente para o quarto que havia brinquedos já que percebeu que o titio Zaini não estava de bom humor.

— Que tipo de merda você tem na cabeça, D'Angelo?  

— Já disse que você fica sexy com essa cara emburrada? – Liam realmente tenta conter a risada quando livrava-se do casaco que usava e os óculos escuros, jogando-os sobre a poltrona próxima a entrada - não era um apartamento chique, muito menos o mais espaçoso deles. Ambos colocaram na cabeça que queriam algo simples para não chamar muita atenção, mas também concordaram que não deveria ser um muquifo e se alguém ali os perguntassem o que eram, para todos os defeitos, primos.

O apartamento ficava quarenta minutos da fronteira da cidade, longe o suficiente do centro e de toda a bagunça e de todo o resto que passará a descobrir os filhos de mafiosos. 

— Não me bajule Liam – o mais novo rosnou para o namorado assistindo-o caminhar em passos calmos em sua direção. Urrou em reprovação, porque diabos Liam sempre tinha que carregar aquele sorrisinho debochado? Zayn se irritava facilmente com ele – você só pode te merda na cabeça, sabe como a situação está pro seu lado e fica se expondo para toda câmera que vê? Agora até mesmo cego te reconhece Liam. 

— Não seja exagerado, amor – Liam revirou os olhos, parou em frente do mais baixo que jogou o jornal sobre o seu peito, sem realmente machucá-lo, apenas para irritá-lo – está parecendo o meu pai reclamando. Ouvi a manhã inteira, não tenho que ouvir de você também. 

— Será que você não se preocupa com isso? – Zayn vociferou para ele, chutando os pés do namorado cobertos pelas botas com o seu descalço – a situação já não está boa, Deus e o mundo está querendo o seu pescoço e você continua se arriscando dessa forma? 

— Ta, para de gritar. Você não combina com esse estilo de mulherzinha barraqueira... Ai. 

— Barraqueira é a sua avó – Zayn rosnou após chutar a canela do namorado com mais força dessa vez, fazendo-o gemer e mover-se desconfortavelmente – se você não se preocupa, tem gente que se preocupa. E eu não sou obrigado a ter um infarto toda vez de ouvir o seu nome e ficar imaginando besteira, achando que alguém te pegou, te estrangulou, te esfolou ou seja lá o que for... 

Naquele ponto já choramingava, chutava o namorado sem motivo e com força apenas para fazê-lo sentir um pouquinho de dor. Queria fazer Liam sentir dor, só porque Zayn podia fazer aquilo, e também porque estava irritado.

— Fica por ai se aventurando mundo a fora como se fosse o Superman, ai um doido com aquele troço verde... 

— Primeiro, aquele troço verde é chamado de kriptonita.

Era tão irônico Liam estar falando de kriptonita naquele momento, já que a arma que estavam julgando que seria usada contra si seria de fato algo que tomaria as suas forças. Em primeiro lugar, antes de descobrir que de fato era Zayn, Liam se levou a crer que um dos seus amigos ou até mesmo o próprio irmão havia se virado contra ele apenas para provar Liam alguma coisa. E enquanto aquela ideia tomava a sua mente, mal havia notado que de fato Zayn havia se tornado a sua fraqueza e a sua fraqueza era a arma que usavam contra si.  

Segurando o moreno pelos pulsos e puxando-o até que estivesse sentado em seu colo, com ambos joelhos em ambos lados, suas mãos deslizaram até o quadril de Zayn coberto pela samba canção que ele tanto adorava. Pensou que sim, estava afundando e não fazia esforço algum para salvar a si mesmo. Confiava em Zayn, sim, Liam confiava, cegamente, de mãos atadas. 

Havia algo no moreno que deixava-o sem fõlego, desde o inicio, mesmo com todo aquele ódio envolvido Liam soube que Zayn não era e nunca seria como outro inimigo e ali estava ele, sendo abraçado com tanta força pelo pescoço, com ambos corpos tão próximos que podia sentir os batimentos de seus corações se misturarem-se em uma melodia.

— Segundo, querido eu prefiro o Batman. 

— Cala a porra da boca Liam, antes que eu esqueça que amo você e te encha de porrada – o moreno ameaçou contra a pele do pescoço de Liam que rendeu-se antes de retribuir a um abraço cheio de promessas vazias. Ou talvez não.

Liam às vezes pensava que o quê Zayn fazia era nada mais que teatro, uma perfeita encenação que envolviam os dois corpos de forma intensa e avassaladora. Então ele sentia algo arder dentro de si como um tapa na cara, aquilo não poderia ser encenação, certo?!

Havia visto os dois lados de Zayn, havia sentido o ódio de verdade dele, o nojo e o desprezo misturando-se com a pressa de mantê-lo longe ou de exterminá-lo de uma vez. Agora, aqueles sentimentos não estavam mais lá - pelo menos o nojo e o desprezo. Já que desespero era sentido todos os dias e seus corpos apenas relaxavam quando se tocavam.

O desespero na verdade era o medo que os cegava, o medo que alguém pudesse chegar antes e tirar tudo que esforçaram-se ao extremo para confessar e já o ódio, bem, o ódio por eles era compartilhado secretamente, mas não por eles mesmos e sim por um certo homem que estava tramando coisas horríveis contra um deles. 

Liam se perguntava se Zayn sentia vontade de contar a ele sobre isso, se Zayn estava realmente disposto em seguir com aquele relacionamento, se sentia-se confortável o suficiente ou se apenas contracenava de uma forma pateticamente perfeita e fazia Liam acreditar em todas as suas mentiras. Mesmo que o castanho não quisesse, ele acreditava. Já tinha caído, agora tinha que reparar o estrago antes que outro chegue e destrua tudo aquilo de novo. 

— Se alguém te reconhecer, você pode ser morto... – Zayn disse contra o pescoço de Liam com a voz sonolenta. Quanto tempo eles ficaram ali? Aproveitando o silêncio e deixando que a bagunça em suas mentes se bagunçasse mais um pouquinho antes de decidirem o que era melhor a se fazer.

Apesar de ambos terem trocado aquelas palavras que havia mudado tudo, ainda sim existia uma vozinha e suas cabeças que os perguntavam; isso é mesmo o certo a se fazer?  

Liam mexeu a cabeça confortavelmente no encosto do sofá, também quase caindo no cochilo quando Zayn resolveu o acordar.  

— Por que se preocupa tanto assim? – Liam enxergou as dúvidas que aquela perguntou deixou transparecer nos olhos âmbar assim que Zayn ergueu o rosto para encara-lo. O moreno hesitou por alguns segundos, pouco tempo até contorcer-se e soltar um suspiro cansado.  

— Porquê eu amo você, idiota – Zayn deixou transparecer suas dúvidas sobre si mesmo. Enquanto Liam entrava em uma luta interna tentando descobrir se Zayn o contaria algum dia sobre Fabrizio, mas Liam não sabia que Zayn maltratava-se por não conseguir o contar. Mas as palavras que havia dito e o sentimento era verdadeiro e grande o suficiente para torná-lo apenas mais um na multidão. Só que Zayn enxergava algo nos olhos de Liam que fazia-o sentir-se diferente e por mais que ele fosse apenas mais um, Zayn sempre teria algo que ninguém mais tinha em mãos. 

Liam sentiu quando seus lábios foram tocados com aquele misto de gentileza e urgência, momentos raros surgidos de Zayn, já que seus beijos compartilhados sempre eram selvagens e ardentes. 

— Isso é válido – Liam sorriu para o namorado, apertando-o mais um pouco em seu braço enquanto o beijo que desferiu no ombro do moreno pedia a confiança que faltava para acabar de uma vez com tudo aquilo. 

Eu te amo, palavras fortes e elas sempre aqueceriam seu coração vindas de Zayn, mas daquela vez Liam sabia que não era aquilo que queria ouvir - enquanto ambos sussurravam baixinho um para o outro e desfrutavam do momento de tranquilidade raro que compartilhavam, ouviram os passinhos de Enzo correndo pelo corredor, jogando-se no sofá e lascando um beijo inesperado no rosto de Zayn que juntou as sobrancelhas. 

— Eu esqueci de falar com você quando cheguei – Enzo soltou uma risada olhando para o pai que beijou-o delicadamente na testa antes de puxá-lo contra seu peito e acolhe-lo ali, juntamente a Zayn. 

Os olhos âmbar fecharam-se quando ele ouviu o som do coração de Liam batendo em um ritmo gostoso e um sorriso doce formou em seus lábios quando os dedos de Enzo acariciou o seu rosto, ao mesmo tempo que o garotinho cantava alguma musiquinha de nanar - aquilo vez Liam rir, que resultou no movimento de seu peito e fez Zayn apertá-lo mais um pouquinho. 

E Zayn havia acabado de encontrar sua fraqueza.  

❱❱❱❱ 

Seus pés moveram-se em um ritmo acelerado quando a notícia indesejada caiu em seus ouvidos. Leone sentiu suas curtas unhas cravarem na palma de suas mãos, o suor escorrer sobre suas costeletas ao mesmo tempo que o coração aumentava os ritmos cardíacos - por um momento desejou estar em alguma espécie de pesadelo e que logo despertaria.  

— Ah, olha só quem apareceu – a voz de Lorenzo alcançou a distância do corpo do filho que havia adentrado o extenso corredor. Leone tentou manter a respiração calma quando reconheceu o pequeno ser de cabelos longos e negros – filho, essa bela garota... 

— Camilla! – a caçula sussurrou para o mafioso encolhendo os ombros, parte envergonhada, parte desconfortável em estar na presença da maior força da máfia nos últimos tempos. 

— Camilla, disse que é sua amiga – Lorenzo abraçou o filho pelos ombros quando o mesmo se aproximou. O homem sorriu para Leo, também notando as bochechas coradas e os olhos brilhantes – e também disse que veio te ver. Ela é educada filho, me pergunto onde a conheceu. 

— Me pergunto o quê a trouxe até aqui – Leone soprou as palavras no vento, Camilla as ouviu e encolheu-se mais um pouquinho. 

— Tem uma tensão aqui ou estou imaginando coisas? – o mafioso provocou os mais novos – bem, vou deixar vocês crianças a sós. Creio eu que tem algumas questões a serem resolvidas, e eu não quero atrapalhar o casal. 

— Somos amigos pai – Leone corrigiu o mafioso que afastava-se aos poucos. 

— Claro, amigos – o homem fez aspas com as mãos. Despedindo-se com um sorriso animado, o homem dirigiu-se resmungando para si mesmo – esses meus filhos acham que me enganam! Sou velho, não burro... – negou com a cabeça – amigos, ha. 

— Ele parece divertido – Camilla assistiu o pai do amigo se retirar e sumir de seu campo de visão. Suas mãos seguravam com força as mangas da jaqueta jeans surrada enquanto seus olhos voltavam a fitar Leone que não havia tirado a atenção de si – está bravo? 

— Não, nem um pouco – Leone mentiu fingindo paciência – eu te disse que o meu pai voltava hoje, o que diabos passou na sua cabeça que a fez pensar que poderia vir aqui? 

— Vim ver como você estava – a menina usou a primeira desculpa que chegou a sua cabeça, fazendo Leone soltar um lufo de ar pelas narinas. 

— Nos vimos de manhã – relembrou-a de um fato. Leone não gostava de lembrar sobre mais cedo, havia entrado em uma guerra emocional com os seus próprios sentimentos. 

— Ta bom espertalhão, fiquei entediada e vim encher a sua paciência. Satisfeito?  

— Não, aqui não é seguro – Leone sem pedir permissão agarrou o pulso da menina e saiu puxando-a casa a fora. Seus passos eram rápidos e medidos, seu olhar vagava no chão tomando todo o cuidado do mundo para não tropeçar, seu coração parecia falhar uma batida ou outra segundo após outro.

— Não contei ao seu pai de qual linhagem vim – a caçula informou Leone que apertou os olhos e direcionou-a até a garagem – e ele não parece saber quem sou. 

— Pode não saber, mas isso não o impede de ter curiosidade – Leo tirou as chaves da Mercedes do bolso – meu pai está procurando imagens sobre todos os integrantes da sua família, ele quer saber para ter vantagem e eu não vou arriscar que meu pai decorre o seu rosto. 

—  Para onde vamos? – perguntou a mais nova quando o maior abriu a porta do passageiro para ela. 

— Para uma área segura... – Leone disse – entra.. – ordenou em um sussurro, a menina reconsiderou as considerações de onde estava. Obviamente não era seguro, obviamente havia recebido ordens de não comparecer ali por Zayn.

O moreno tinha medo que a irmã falasse demais e se colocasse em encrenca. Mas ela estava ali, quebrando ordens só para ter a oportunidade de ter mais um pouquinho da atenção de Leone - ela não sabia o porquê, mas gostava de estar com ele. 

— Tudo bem – então Camilla cedeu, reconsiderando o fato que a situação não poderia ficar mais esquisita do que já estava. 
 
                  ✧  

— Você está quieto – a filha de Fabrizio disse em um murmuro quando o veículo parou no segundo sinal vermelho e nenhum dos dois pronunciou uma única palavra por mais de quinze minutos – aconteceu alguma coisa? 

— Nada... 

Cams percebeu que Leone demorou tempo demais para se pronunciar. Observou com calma a mão pálida do garoto apertar o volante enquanto a outra massageava o couro cabeludo, atrás de conforto.

— Querido, você acha que esta falando com quem? – Camilla o censurou, suas intenções fora parecer engraçada mas a careta formada na cara de Leone lhe fez encolher os ombros pela falha. Suspirando, deslizou sobre o banco e olhou através do vidro – não me engana, sei que está acontecendo alguma coisa. 

— Está, só que não é importante – Leone se manifestou com uma risada sem ânimo – é só uma pequena bagunça, tenho como arrumá-la. 

— Mesmo?

Leone distanciou sua atenção da estrada apenas para perder-se por alguns segundos no olhar perdido de Camilla; mesmo? - Sentia-se horrível, mas por quê? Não havia motivos, não tinha feito nada de errado. 

— Camilla... – o nome foi pronuncia com calma e até pouco nervoso, os olhos do garoto pararam ao mesmo tempo que estacionou o carro no meio fio e por mais que ele quisesse dizer alguma coisa, as palavras foram roubadas da sua boca quando reconheceu o homem que saía do carro a frente e como se fosse uma maldita brincadeira de mau gosto do destino - o homem notou a presença no carro detrás e principalmente, quem vinha nele.

— Camilla.. – e Leone novamente a chamou, a calma sendo substituída pelo desespero e o medo correu o seu corpo. 

— Garoto, você está passando mau? – perguntou a menina tentando entender o que estava acontecendo com o outro ao seu lado, os olhos de Leo faltavam pular para fora das caixas oculares e o peito do garoto subia e descia em uma velocidade relativamente rápida – Leo! – agora preocupada sacudiu o braço de D'Angelo que abriu a boca diversas vezes tentando pronunciar uma palavra se quer. 

— Querida, eu não sabia que você estava de namorado novo. 

E como uma sombria maldição, Camilla sentiu o ar fugir de seus pulmões ao mesmo tempo que a cor fugia de seu rosto. Os olhos da adolescente seguiram até o pai apoiado na janela do motorista, o sorriso brincando maligno nos lábios e olhar diabólico que tirou-a de estação.

—  E pelo jeito, é um D'Angelo – Fabrizio balançou a cabeça discordando da cena que via, a língua estalando no céu da boca – desçam do carro, quero conversar com vocês. 

Fabrizio afastou-se do veiculo e deu espaço para os adolescentes descerem do mesmo, ao arredor dele um monte de outros homens o cercou, fazendo Leone virar para Camilla e quase fazer a garota chorar em desespero. 

— Camilla, eu... Calma! – o garoto tentou tocá-la, acolhe-la, mas Fabrizio foi mais rápido e quando Leone se viu já estava sendo arrastado pelo mafioso inimigo que puxava-o pela gola da camisa. 

— Eu não consigo entender qual é a porra do fetiche, dos idiotas dos meus filhos, com vocês D'Angelo... 

Fabrizio começou a conversar com Leone enquanto o puxava para dentro de um restaurante. Eles passaram pelas fileiras de mesas até chegarem na cozinha, cursando o caminho até uma porta branca e quando foi aberta, um ambiente totalmente diferente os receberam. 

O cheiro de maconha queimava suas narinas e a fumaça não ajudava suas retinas. Leone segurou-se para não tossir e virou a cabeça para tentar procurar por Camilla que era carregada no ombro de um dos homens de Fabrizio e gritava o quão eles eram estúpidos.

— O que vocês tem? Um pau grande? – o mafioso riu do próprio comentário depois de passar com Leone para outra sala, agora ambos adentravam uma espécie de garagem abandonada. O cheiro de mofo impregnando o ambiente, as goteiras e o piso liso totalmente encharcado – deve ser isso. Além de grande vocês devem foder muito bem, é a única razão que enxergo para os incompetentes dos meus filhos quebrarem as minhas regras e se aventurarem com os meus inimigos – Fabrizio rosnou entredentes, espremendo seus lábios ao que usava mais força para puxar Leone e empurra-lo para longe, fazendo-o cambalear e cair no chão molhado. 

— Não machuca ele – Camilla gritou quando foi colocada no chão, seus passos foram impedidos pelos homens de seu pai. O segundo riu das ações da filha e bagunçou os cabelos negros. 

— É melhor você ficar quieta querida, se não quem sairá machucada é você – Del Frazi ameaçou. 

— O que você quer de mim? – Leone rosnou baixo, levantando-se e inutilmente tentando limpar as roupas com as mãos. 

— Vejam, o gato não comeu a língua dele – Del Frazi aproximou-se do inimigo e tocou o rosto dele.

Leone recuou, mas não teve para onde fugir quando uma arma foi pressionada atrás de sua cabeça.

— Não banque o engraçadinho. Estou de bom humor, mas o Filippo não – apontando para o outro homem de careca brilhante atrás de Leone, Fabrizio voltou seus dedos até o queixo, alisando-o – é um prazer finalmente conhecê-lo, Leone. 

— Queria dizer o mesmo – o garoto retrucou já sentindo a raiva apodrecendo suas entranhas. 

— Quanta rebeldia, tenho certeza que é de família – Del Frazi disfarçou a modéstia com um sorrisinho cínico – ah, eu me lembro do seu irmão. Ele era um pouco mais velho que você quando o vi de perto pela primeira vez e quando falei com ele... – Fabrizio calou-se por um instante, rindo consigo mesmo, compartilhando uma piada interna com o próprio consciente – James sempre teve uma personalidade forte, e isso é admirável. Vendo você, enxergo um grande futuro! Mas não adianta só ser forte, tem que ser corajoso e esperto – Del Frazi deu dois passos para trás, sua atenção agora era Camilla que continuava sendo repreendida por dois de seus homens – você se considera um homem corajoso e esperto Leone? 

Seus dedos seguraram com força o maxilar da filha, pegando-a desprevenida. Camilla gemeu de dor quando sua cabeça foi jogada para trás, e recuando alguns passos, sentiu o gosto de sangue escorrer de sua língua quando a mordeu.  

— O que fazer com você? – Fabrizio balançou a cabeça – você tinha que ser a minha princesinha, o meu orgulho. Já que o idiota do seu irmão só sabe desrespeitar as minhas ordens, como se ele fosse realmente alguém sem mim – interrompeu-se, somente para apreciar o terror da menor – vocês não aprendem, não é? Você e o Zayn. Sempre me decepcionando! Se eu soubesse que fossem me dar tanto desgosto teria obrigado sua mãe a abortá-los – as palavras não doeram tanto em Camilla, não quando ela ouviu Leone se pronunciar para defendê-la e quando ela percebeu, o garoto estava caído no chão com o soco surdo que havia recebido. 

— Não, por favor. Não faça isso – a caçula implorou, mas no final tudo que lhe restava fazer era chorar já que ir até Leo naquele momento era uma missão difícil. 

— Tirem ela daqui – Fabrizio gritou para os seus homens.

Um deles retornou a colocar Camilla sobre os ombros e foi com ela para outro lugar, diminuindo os sons dos gritos.

— Vejo que você é corajoso moleque, só que não é esperto o suficiente para manter a boca fechada – o mafioso agachou-se próximo ao corpo do garoto que segurava o próprio queixo, o sangue escorrendo entre os lábios rosados fazia Fabrizio sorrir – não se preocupe. Vai ficar dolorido, mas não marcado. Nós não queremos chamar atenção do papai, não é? – interrompeu-se com uma risadinha de desdém – tire esses pensamentos da cabeça, não vou matá-lo. Não hoje. Tenho planos bastante complexos e já que tive o prazer de vê-lo hoje, você facilitará bastante para o meu lado... 

— O que você quer dizer com isso? – o garoto gemeu entre as palavras. 

— Quero dizer que você será o meu pombo correio dessa vez – Fabrizio deu de ombros – chega do seu irmão matar os meus homens. Muitos deles tem família, não é mesmo? – e o sorriso continuava na cara do homem que ergueu a mão e recebeu um envelope preto de um dos outros homens. Trazendo-o até frente aos olhos alheios, o mafioso puxou a mão livre do garoto e amaçou o envelope na palma da mesma – você irá entregar esse envelope nas mãos do seu irmão. E é bom que Liam receba isso Leone, posso machuca-lo muito sério caso isso não aconteça e, claro, se não importar com a sua própria segurança, eu machucarei a vadia da sua namorada... 

— Ela é a sua filha....  

— Não tenho filhos Leone, apenas funcionários desobedientes – a frieza era explicita na voz do homem que se reergueu – e por esse motivo que não tenho nenhum pingo de remorso em dizer. Entregue a carta ao Liam, ou a Camilla morre, capiche? 

Leone apertou os olhos e virou o rosto. O seu pior pesadelo estava se transformando em real, agora entendia o porquê foi mandado para longe quando as coisas pioraram anos atrás. Para que ele não fosse o alvo e principalmente não ser obrigado a fazer coisas que não queria.  

Leone nunca quis fazer parte disso, por isso tentou odiar Zayn - por isso tentou envenenar a cabeça do irmão contra o moreno. Por isso não quis se aproximar de Camilla, por que no fundo Leo sabia que se apegar a ela seria como ignorar o aviso perigo nas entrelinhas.

Sabia que estar ao lado do inimigo o renderia a uma vida desgraçada e naquele momento Leone sentia sua vida desmoronar em seus pés, deixando-o tonto e desnorteado, e só naquele momento Leo enxergou o que Niall queria o dizer. Leone fazia tudo por Camilla, até entregar um pedaço de papel que carregava uma informação duvidosa para o próprio irmão. 

— Capiche? – Fabrizio insistiu e balançou o corpo do mais novo com o pé, impaciente. 

— Capiche! 

Leone respondeu sem realmente olhá-lo nos olhos. Sentia-se desabando, sentia-se chegando no fundo do poço e sentia-se afogando e naquele tempo mal havia percebido quando Fabrizio se afastou com os homens dele, deixando-o sozinho sentado naquele chão, com o envelope preto em uma mão e o coração em outra. 

Nem o soco que latejava seu queixo doía tanto quando ele tentou imaginar o que fazer para livrá-lo daquela situação. Leone só queria a proteção de Liam, só queria livrá-lo daquele oceano agitado e sem perceber estava afogando-se junto e não havia nenhum sinal de salvação. 

— Ai meu deus, Leo... 

Minutos mais tarde Leone escutou a voz desesperada de Camilla ecoar pelo lugar abandonado, fazendo-o reerguer os olhos perdidos até a menina abalada com a situação.

— Me desculpa, por favor. Não me odeie por causa disso, me perdoa... – Leone assistiu-a jogar-se de joelhos a sua frente, sem importar-se com suas roupas caras e com a boa aparência. Ainda perdido, tentou entender o porquê daquelas palavras. 

Que culpa ela tinha? Que diabo de culpa Camilla tinha por ter um pai daquela forma? 

Leone passou anos ouvindo coisas sobre os Del Frazi, sobre todos eles durante muito tempo, mas no final o único da família que deveria ser exterminado era Fabrizio e ninguém mais. No final, os filhos de Del Frazi eram apenas pessoas tentando sobreviver, não ao mundo e sim as ordens do próprio pai.

— Eu sinto muito... – a caçula já soluçava quando foi acolhida por um abraço apertado de Leo que a trouxe até o seu peito e pressionou seus lábios contra os cabelos da menor. Tentou, mas no final estava na mesma onda de desespero, manchando-se em lágrimas na tentativa de lavar a sua alma e livrar-se de seus demônios.   

❱❱❱❱ 

— Você está bonito – Liam escutou as palavras serem direcionas a si com o misto de simpatia com a mistura de algo puro. O castanho encarou sobre o reflexo do espelho o namorado se aproximar.

O analisando o tempo inteiro e quando chegou próximo o suficiente, o abraçou apertado e beijou sua nuca, arrepiando-o por completo.

— O quão importante esse compromisso é? 

— Bastante o suficiente – Liam o disse, entrelaçando seus dedos aos de Zayn que juntou as sobrancelhas em confusão – se eu te contasse teria que matá-lo – era uma brincadeira, mas D'Angelo arrependeu-se de fazê-la quando sentiu a força do abraço ser duplicada em sua cintura –  ei, está tudo bem? 

Liam se virou, segurando o rosto de Zayn e seus corpos aproximaram-se como imãs. Os olhares se encontraram e seus corações aceleraram. Eram tantos segredos a serem revelados e tanto medo que os impediam.  

— Vai demorar? – Zayn formou um sorrisinho no rosto após perguntar. 

— Duas horas, no máximo – o castanho deu de ombros. 

— Algum ex seu vai se encontrar lá? – Zayn ajudou Liam a terminar de arrumar a gravata prateada pendurada no pescoço dele. Formou uma careta quando o nó foi feito, era um acessório importante no modelo porém o deixava angustiado.  

— É uma reunião, não um reencontro do colégio – retrucou em tom humorado. 

— Não banque o engraçadinho – Zayn voltou para a cama, jogando-se na mesma e escondendo seus olhos com o braço. 

— Não banque o namorado possessivo – Liam retrucou com um sorriso convencido no rosto. Namorado, aquela palavra o fazia sentir uma energia vibrante – na verdade, banque. Adoro esse seu lado – o castanho apoiou suas mãos no colchão, uma de cada lado do outro corpo. Inclinando-se sobre ele, tomou os lábios do menor em um beijo suave e breve – você fica extremamente sexy quando está com ciúmes. 

— Eu já disse que não é.... – Zayn interrompeu-se quando sentiu o hálito quente de Liam bater contra seu rosto, quebrando quaisquer onda de raciocínio coerente e o deixando sem chão – eu odeio você – sussurrou contra os lábios do maior que sorriu em sua resposta. 

— Sei que sim – D'Angelo observou-o por alguns instantes antes de beijá-lo finalmente, envolvendo-o em sua sobrecarga quente e eletrizante – mas eu tenho que ir. 

— Tudo bem.

Não, não estava bem. Mas Zayn recusava-se a virar dependente de Liam para tudo, sabia que ambos tinham vidas individuais, o trabalho, as gangues e suas rivalidades que só existiam na frente dos outros - uma perfeita encenação teatral. 

Mas quando estavam sozinhos aquela coisa toda se tornava fumaça e ambos eram como dois adolescentes. Tinham tudo para sentirem-se daquela forma. Um relacionamento escondido dos pais e não aceito, as condições ilimitadas de ficarem juntos e a doce ilusão que um dia poderiam fugir juntos. Zayn sabia, havia virado dependente de todo aquele amor e aquele carinho que nunca havia recebido antes e por tal motivo, odiava vê-lo longe.

— Enquanto ao Enzo... 

— Não se preocupe com isso, você vai se sair bem – Liam levantou-se com o menor agarrado em seu pescoço, com ele em seu colo carregou-o até a porta – Enzo não vai acordar antes que eu volte. 

— Como sabe disso? 

— Conheço o meu filho, amor – Liam riu com o nervosismo escondido por trás dos olhos âmbares. Zayn nunca na vida havia ficado com uma criança, até então ele detestava todas elas por achá-las irritantes – mas se ele acordar, não o dará trabalho. Apenas o coloque pra ver qualquer coisa na televisão e não o dê chocolate. 

— Por que não? – Zayn juntou suas sobrancelhas. 

— Não dê chocolate pra ele. 

— Só porque você está falando pra não fazer, eu vou acordá-lo agora e fazer – o moreno cruzou os braços na altura do peito, implicando com o mais velho que tomou a pose de um homem estático e até um pouco encantado. Zayn poderia ser o que fosse, mas no fundo ambos sabiam que naquele momento o menor estava libertando algo que nunca teve a oportunidade de ser. 

Os sentimentos de Liam eram afetados quando aquele tipo de fenômeno acontecia, se é que pode chamar daquela forma. Liam sabia o que o fez perder toda a vida e o colocou no campo de guerra, mas, o quê foi que trouxe Zayn a aquela vida? O quê havia acontecido no passado daquele homem que conheceu e o aparentou ser tão sombrio e sem coração - só que no final Liam havia descoberto que sim, existia um coração, ele só estava congelado e D'Angelo estava disposto a aquecê-lo.  

— Tenho que ir – tinha, mas não queria. Liam sentia que se ficasse um pouquinho mais naquela posição, analisando o namorado, estudando-o, se encantando cada segundo mais com todas as camadas que encontrava naquele homem, perderia totalmente a noção do tempo e o seu rumo. Naquele momento, por mais que suas vontades falassem para que ele ficasse, uma voz superior, uma a qual ele nunca havia ouvido antes pedia e o ordenava para sair – não quero, mas não posso ficar – as mãos de Liam voltaram a agarrar o rosto moreno, trazendo-o de volta a si e o beijando-o novamente. 

Apenas para ter novas lembranças, para ter uma boa sorte.

— Amo você.  

E sem dize-lhe mais nada, retirou-se. O castanho não olhou para trás quando fez o percurso até a porta de saída, seguia até os elevadores e quando estava na garagem subterrânea seu coração estava a ponto de explodir.  

Liam amava Zayn, havia notado isso semanas atrás, só que não havia reparado que aquele amor crescia a cada segundo mais, que o sufocava, que o trazia de volta a vida e ao mesmo tempo a arriscava só para proteger outro homem. 

Talvez Ian estivesse certo; Liam estava cego. Não era apenas o sentimento que havia o cegado e sim o homem que o fazia sentir. Tudo em Zayn o intrigava, o tirava dos eixos e mantinha-o em uma bolha imperfurável. 

Qualquer mania e até mesmo qualquer defeito, que eram muitos, tornou-se tão divino, tão perfeito! E por mais que todos os seus instintos o direcionava para o caminho de arrumar suas malas e sumir com Zayn e Enzo, estava acontecendo algo por baixo do seu nariz e Liam não ignoraria mais aquele fato.

— Senhor D'Angelo. Sou Luca, o chofer – o homem negro e de cabelos grisalhos aproximou-se de Liam assim que o avistou seguir até a limousine em passos largos – o senhor Michelangelo me mandou vir buscá-lo. 

— Já fui informado sobre isso, obrigado – o mafioso cumprimentou o homem vestido a um smoke e chapéu tradicional ao cargo. 

— Claro, mas antes... – Sebastian caminhou até o veículo e quando voltou, trazia em suas mãos uma caixa de tamanho médio – o senhor Michelangelo pediu para que eu lhe entregasse isso – Liam assistiu quando o homem mais velho esticou o braço até que a caixa estivesse ao seu alcance. 

Hesitante recebeu-a e com um sorriso, seguiu até as portas traseiras, onde uma foi aberta para a sua entrada e logo fechada enquanto acomodava-se no estofado de couro macio.   

Liam não percebeu o tempo que ficou perdido encarando a espessura da caixa deitada em seu colo, quando voltou a realidade já estava prestes adentrar a avenida principal. Então suspirou fundo e desistiu do maldito jogo de adivinhação que havia começado em sua mente.

Em um movimento rápido a tampa da caixa era colocada ao seu lado no banco e em seguida seus dedos retirou o papel de ceda vermelho que cobria seja o que fosse.

— Só pode estar de brincadeira – sobre um tecido vermelho vivo estava pousado o acessório principal para a festa qual se dirigia naquele momento.

Um pequeno fato incomodo que havia sido lhe ocultado. A máscara em tom preto, tinha detalhes prateados contornando os olhos e as berradas, alguns riscos de desenhos aleatórios davam o realce a mais - por mais que fosse bonito, Liam sentiu o frio correr sua espinha e agitar sua corrente sanguínea quando suas lembranças o levou de volta no último baile de máscaras que compareceu e por mais que quisesse se perder, não permitiu quando puxou o cartão para fora da caixa e leu a caligrafia cursiva.  

Reconheço o seu desprezo por bailes que exigem máscaras, só que na situação a qual se encontra a anonimidade é indispensável. Não seja petulante em não usá-la!

Atenciosamente, Bruce. 

— Palhaço – Liam murmurou em tom divertido balançando a cabeça em negação. Seu olhar voltou a janela e assistiu a noite cair do lado de fora.  

❱❱❱❱ 

— Meu amigo, você está deslumbrante – Bruce recebeu Liam com o seu tom calmo e gentil, passando a acompanhá-lo até as entradas da residência que os acolheriam aquela noite – parece que acertei na cor, já que a máscara combina com a sua gravata. 

— Não me venha com esse papo de maricas – o mafioso o censurou em um grunhido. Seus passos foram rápidos pela multidão, passando despercebido e totalmente anônimo aos olheiros – ela está aqui?  

— Sim meu caro, a sua espera – Michelangelo sorriu para o amigo quando encontraram-se no centro do salão, Bruce olhou a sua volta e piscou sobre a máscara para o amigo – ela está no bar, segundo banco a sua esquerda – sem mais explicações, Michelangelo sumiu em meio aos outros convidados, camuflando-se entre eles.  

Liam procurou e não foi difícil reconhecer a silhueta sentada em uma das cadeiras altas. Enterrando sua mão no bolso do paletó, o homem elegantemente aproximou-se do bar e fez o seu pedido. 

— Existem outras bebidas além de uísque escocês – a voz suave da mulher sentada ao lado foi ouvida por Liam, fazendo-o sorrir de canto e inclinar-se sobre o balcão. 

— Não é qualquer uísque – o homem pronunciou-se em tom de humor – é um The Macallan 1946. É um clássico! – Liam recebeu a bebida lhe servida e sem esperar muito umedeceu seus lábios com o sabor forte o suficiente para fazer sua garganta anestesiar-se.   

— Claro que é – a mulher de cabelos compridos e ondulados cruzou as pernas por dentro da saía do vestido vermelho – fiquei surpresa quando Bruce me procurou dizendo que você precisava da minha ajuda – um suspiro indescritível soprou dos lábios da mulher que tomou um único gole da sua taça – depois do que aconteceu, não imaginei que me procuraria novamente. 

— Não costumo guardar rancor de pessoas que possam me ser útil – Liam ergueu sua sobrancelha quando analisou discretamente sua companhia – e o que você fez me deixou irritado, mas não a ponto de querer matá-la. 

— Agradeço por isso – a mulher remexeu-se desconfortável – como posso ajudá-lo?

— Preciso de alguns contatos – o homem passou a medir o volume de suas palavras ao mesmo tempo que seus olhos vagavam pelo salão a procura de algo suspeito. 

— Seja mais específico – a mulher pediu assim que endireitou a máscara no rosto também vermelha. 

— Algumas pessoas de confiança – Liam virou-se para ela, apertando seus dedos no copo em sua mão – pessoas que possam se infiltrar entre outros, documentos falsos e álibis. Muitos deles. 

— Por que tenho a sensação que está tramando alguma coisa...?  

— Sou tão previsível assim? – o homem riu com ironia antes de tomar outro gole de uísque. 

— ...Alguma coisa que possa colocar a sua vida em risco – a garota de olhos castanho-escuros prosseguiu como se nunca tivesse sido interrompida – o que está acontecendo dessa vez?  

— Se você ouvisse saindo da minha boca, não iria acreditar – o castanho coçou sua nuca pelo desconforto que o cercou. Suas mãos passaram a suar ao mesmo tempo que um sorrisinho nervoso brotava em sua boca – por isso... – hesitou por um instante – é melhor você ler – e sem segundas intenções, Liam tirou a carta que fora encontrada no galpão de Jacqueline. O papel foi colocado sobre o balcão e sem cerimonias puxado pelos dedos finos e delicados da mulher que remoía-se em curiosidade.  

Liam poderia estar se arriscando em ceder informações fáceis para alguém que um dia já quebrou a sua confiança, mas no presente em que ele vivia aquela mulher era a única saída que ele poderá encontrar. Giulia era a única que poderia fazer os seus planos prosseguirem sem nenhum furo, já que ela fora a única que havia entrado na vida de um mafioso, o provocado e ter saído com a anonimidade intacta e obviamente viva. 

— Gesù, Maria, Giuseppe... – a mulher recorreu-se aos céus quando não encontrou palavras para descrever o que tinha em suas mãos – isso é... – novamente perdia-se em seu raciocínio ao que seus olhos voltavam a reler as palavras desenhadas no papel – isso é sério, e perigoso. Liam, por Deus, se isso for verdade.... 

— Não é, – Liam apressou-se a dizer, já sentindo seu estômago sacudir o deixando enjoado – e por não achar que isso é real e por todo o resto que está envolvido nessa merda de história, tenho que agir rápido já que tenho tempo limitado – Liam engoliu a seco o nó que subiu por sua garganta, fazendo-o fechar os olhos e acalmar-se – preciso da sua ajuda e não aceito um não como resposta. 

— Você não pode achar real, mas o Fabrizio acha – a mulher alisou o cabelo atrás das orelhas – e se ele acha que é real, não vai desistir até ter você da forma que quer. 

— Por isso tenho que fazer algo que vai provar o contrário. Tenho certeza que provocará a ira dele, só que antes disso acontecer pretendo ter todo esse plano desenvolvido para que tenhamos uma vantagem... 

Liam interrompeu-se por um segundo, apenas para observar calmamente as expressões alheias.

— Quero garantir que minhas conquistas fiquem intactas quando a guerra de verdade começar, mesmo que eu não consiga sair dela vivo, eu preciso que o resto saía e eu não falo só do dinheiro.

O homem calou-se quando não encontrou mais palavras para prosseguir, tudo que tinha que dizer havia sido dito, tudo que tinha que mostrar havia sido mostrado e Liam ainda suspeitava que tudo aquilo era a ponta do iceberg. Também sabia se que aquilo que planejava falhasse, não decepcionaria só a si mesmo, como a tudo que um dia jurou proteger.

— Giulia, eu só preciso da sua ajuda. E como eu havia dito anteriormente, não aceitarei um não como resposta...

A mulher nomeada como Giulia ergueu o queixo após ser pronunciada com o nome de batismo, o peito estufou e a mulher ergueu sua sobrancelha - Liam sabia a resposta a qual havia recebido pelos gestos e o olhares maquiavélicos que estudou durante meses. 

— Com o que posso ajudá-lo chefe?


Notas Finais


Estou decepcionada comigo mesmo, tinha escrivo um pequeno flashback onde Liam encontrava as cartas e Max o remédios de Jacqueline, mas no meio da correria perdi e com certeza em uma parte deixe um grande ponto de interrogação na testa de muitos :/ Não tive tempo de reescrever então dei um jeitinho e espero que me perdoem por isso ):

Desculpem-me também pelo capítulo bosta, minha mente está meia bloqueada e fiz dei o máximo que pude nesses parágrafos! Mas mesmo assim espero que tenham gostado.

Até o próximo,
All the love.


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