História Paraíso Proibído - Mudanças

POV Elizabeth
Eu vou esclarecer algo desde já: EU ODEIO MUDANÇAS. E não estou falando de mudança de casa, também é isso mas não é só isso, é mudar de cidade, escola, de rotina... enfim, de vida.
Desde os meus 4 anos eu me mudo de casa praticamente a cada 2 anos, o maior período de tempo que fiquei em uma casa em todos esses meus 17 anos foi 5 anos, na verdade quatro anos e meio mas enfim...
Eu nunca concretizei amizades, eu perdia contato com elas a cada mudança, e depois dos meus 12 anos, perdendo tantas amizades, acho que peguei trauma e parei de tentar fazer amigas. Por isso sou tão "fria e calculista" como dizem que eu sou, prefiro ignorar quando alguem quer ser gentil e quando são grosseiros... eu sou pior ainda. 
  Então, resumindo, sou uma pessoa solitária que toma anti-depressivos. Sou filha única, minha mãe não parece me amar muito, meu pai é super-protetor mas também é muito ligado ao trabalho então não temos muitos momentos de diálogo. Passo a maior parte do tempo: a) trancada no meu quarto ou b) na casa da minha tia Euníce (durante as férias) que parece ser mais minha mãe que a própria. 
Estou nesse momento caminhando, com minha mochila preta acabada, a cara amarrada, a corrente com vários pingentes, uma cruz, uma caveira, e outras coisas. Minha jeans com rasgos leves no joelho, minha regata preta de uma banda de Rock chamada Winged Skull  que eu curto muito, e meu all-star preto surrado. Vejo meu cabelo vermelho e amarelo cacheado voar pelos meus ombros com o vento, parecendo labaredas de fogo.
A escola não me parece ser ruim, olhando de longe parece ser uma boa escola, deve ser cara pra caramba mas considerando que meu pai dá a alma pelo trabalho, não deve ser um grande custo pra ele. De longe vejo as letras estampando a frente do colégio, Sweet Amoris, e quanto mais me aproximo, mais estudantes começam a aparecer.
"Vish, colégio de filhinho de papai, só pode ser...", pensei em silêncio, garotos de cabelinho mais ajeitado que o meu, garotas cheias de brincos e "penduricalhos" aqui e alí, com roupas ou curtas demais ou arrochadas demais. 
Abaixei a cabeça pra pegar os fones no bolso e continuo andando, quando derrepente esbarro em alguém.
- Olha por onde anda garota! - falou um garoto de cabelos tão vermelhos quanto os meus se levantando do chão e pegando o caderno que ele derrubou. Reparei que a camiseta dele era exatamente igual a minha mas em modelo masculino.
- D-desculpe, eu não te vi.
- Então presta mais atenção.
- Já me desculpei! Desculpe se estraguei seu penteado! - falei me levantando e sai pisando forte, eu disse que se fossem estúpidos comigo eu seria pior...
Entrei naquele colégio estranhamente organizado e dou de cara com várias pessoas conversando encostadas em armários, vi um garoto encostado na parede, ele tinha os cabelos pretos e os olhos perfeitamente azuis e estava jogando algo num PSP com fones nos ouvidos, só ai lembrei dos meus fones. Puts! Eu deixei cair quando esbarrei naquele idiota na entrada da escola. 
Sentei em um banco e fiquei olhando minha ficha de inscrição, minha foto, a assinatura do meus pais e lembrei de quantas vezes já passei por essa mesma situação e sem que eu percebesse começaram a sair lágrimas dos meus olhos. 
- Com licença, a senhorita está bem? - falou um garoto de cabelos brancos meio acinzentados, e nele havia uma mecha preta, um estilo de se vestir bem estranho, acho que é "vitoriano" a palavra, mas o que me chamou mais atenção foram seus olhos heterocromaticos.
- E-eu... tô... não - descabei novamente, não conseguia mais guardar pra mim, e por mais que eu tivesse acabado de olhar pra esse cara, eu precisava desabafar pra alguém.
- O que houve? Quer um lenço? - ele falou sentando ao meu lado com expressão preocupada.
- Não, mas obrigado - agradeci e tentei sorrir, mas quando fui explicar pra ele meu sorriso sumiu - É que... eu... já é a oitava mudança que eu faço na minha vida.
- Como assim? Mudança de escola?
- Não. De cidade, de casa, de escola, de... de tudo.
- Imagino que seja péssimo... - ele falou e dessa vez voltou seus olhos coloridos pra mim - Oh! Onde estão meus modos... prazer, Lysandre.
- Er... prazer Lysandre, eu me chamo Elizabeth, mas pode me chamar de Lizzie.
- Se quiser pode me chamar de Lys - ele sorriu e estendeu a mão e eu a apertei gentilmente - Quer que eu te mostre a escola?
- Acho melhor não... não sou muito amigavel - tentei explicar de um jeito gentil, não queria me apegar a ninguém.
- Bom... então tá bom Lizzie. Mas se precisar, eu estudo naquela sala ali - ele falou se levantando e apontando pra uma sala.
- Obrigado Lys. Ah, falando em sala, você sabe com quem eu falo pra saber onde é minha classe?
- Você tem que falar com o Nathaniel, o representante da turma, ele deve estar na sala de reuniões. Que é ali - ele apontou pra outra sala e eu me levantei.
- Tá bom, e obrigado de novo.
- Não há de que - ele sorriu e se afastou pra sala dele, e sinceramente: Que carinha lindo e simpático. 
NÃO! Não, não e não Elizabeth Oliver! Se me afastar de amigos já me fazia sofrer imagina se eu me apaixonasse? Não! Ele até que é legal mas... ah não sei, não quero sofrer e nem fazer ninguém sofrer. 
Fui andando até a sala de reuniões que Lysandre me indicou, quando alguem me barra com o braço e eu o encaro já o fulminando com os olhos, era o garoto estúpido da entrada.
- E ai ceguinha? Já conseguiu esbarrar na escola toda?
- É Elizabeth garoto, e se quer encher o saco de alguém escolha outro - o encarei ainda com meu olhar mortal.
- Chamo quem eu quiser do jeito que eu quiser. E é Castiel. - ele sorriu sem nenhum tipo de alegria naquele sorriso, apenas sarcasmo - Só achei que iria querer isso. - ele estendeu meu fone preto no ar e quando fui pegar ele ficou puxando o fone até eu conseguir pegar.
- Obrigado, Castiel - sorri sarcasticamente e guardei meu fone, ele sorriu igualmente e saiu andando, aff que garoto idiota.
 Fui ainda querendo ir até a sala de reuniões esbarrando em umas garotas até que me pararam DE NOVO, e dessa vez foi uma garota loira de olhos azuis que ficou me encarando com cara de nojo.
- Hey, novata - ela me encarou - Elizabeth não é?
- Como sabe meu nome? - falei intrigada.
- Meu irmão é o representante da turma. Mas então? Acha que pode chegar aqui e sair por ai paquerando quem você quiser?
- O-o que? - perguntei sem entender.
- Fica longe do Castiel. Ele é meu! - ela falou me encarando com ódio, mas por que? Bom, ela pode se achar a rainha da cocada preta e da branca, eu com raiva sou pior que o próprio Satã.
- Até onde eu sei, ninguém pertence a ninguém, então você pega essa sua ignorância e... - me controlei, calma Lizzie, calma!
- Então tá, se prefere assim. Se aproxime de novo do Castiel e eu vou fazer da sua vida um inferno! - ela falou e esbarrou propositalmente no meu ombro junto com outras duas garotas que fizeram o mesmo. 
Retomei a pose e voltei ao meu percurso, andando mais rápido pra não correr o risco de alguém me barrar novamente. Finalmente cheguei a sala, bati na porta e uma doce voz masculina falou "entra!".
- Com licença - falei abrindo a porta. 
- Toda senhorita - falou um garoto loiro sem olhar pra mim, estava mexendo em uns papéis - Como posso ajuda-la?  - dessa vez ele se virou pra mim, ele tinha olhos dourados como o mel. 
- Eu estou procurando o Nathaniel. 
- Então pode falar senhorita. Muito prazer, Nathaniel. - ele estendeu a mão.
- Elizabeth. O prazer é todo meu - sorri e apertei sua mão.
- Então... o que a leva a me procurar?  - ele falou prestando atenção em minha resposta.
- Eu preciso saber onde é minha classe...
- Ah, então você é a Srta. Oliver?
- Er... acho que sim. Mas prefiro Lizzie - falei enrolando um dos meus cachos no dedo.
- Okay Lizzie - ele sorriu - Você fica na Sala 12. - lembrei do "12" em frente a porta que Lysandre me indicou como sua classe, que bom que caí na classe dele, ele parece ser legal.
 - Okay. Obrigado Nathaniel.
- Mas, recomendo que fale com a Diretora primeiro. Entregue sua ficha à ela. - ele falou apontando pra os meus papéis - E, por favor, me chame de Nath - ele voltou  a dar um sorriso angelical. 
- O-okay Nath - falei e dei o melhor sorriso que consegui - Obrigado pela ajuda, tchau. 
- Que nada, tchau Lizzie - ele sorri.