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História Paraisópolis (Romance Gay) - Os assuntos de Caio


Escrita por: EdBeraldo

Capítulo 12 - Os assuntos de Caio


Logo cedo pulo da cama (que não é minha) com cuidado para não acordar quem ali dormia. Cato minhas roupas rapidamente no chão e me visto com pressa. Quando abro a porta ela faz um rangido que acorda a garota que adormecia em sua cama. Droga, não queria que ela acordasse e me pegasse saindo assim. Ela coça os olhos e pousa os olhos em mim por um instante. Um sorriso preguiço aparece em seus lábios.

-Já vai? –ela pergunta com sua voz sonolenta e arrastada.

-Vou. –digo escorando um pouco a porta e me virando para lhe olhar.

-Não quer me dar o seu número? –ela se senta na cama.

-Não. –lhe corto –Eu deixei claro ontem que sou só de uma noite. –eu sempre deixo claro.

-Então tchau. –ela parece se irritar. Dou de ombros e dou o fora daquele quarto.

Dou passos pesados até a porta, com pressa de sair daquele lugar. Entro no elevador e aperto o botão do térreo. Enquanto espero, me olho no espelho. Sair de Paraisópolis e ter vindo até aqui valeu a pena. A garota –que eu não sei o nome –é uma tigresa na cama. Ainda sinto os arranhões no meu corpo. O elevador do prédio antigo para e passo voando pelo portaria. Vou em direção a minha moto que deixei no outro lado da rua e arranco de volta até a comunidade.

Sinto o vento bater no meu rosto enquanto aumento a velocidade mais e mais. É disso que eu gosto: de me sentir livre, de não dever satisfação a ninguém sobre a minha vida. Eu quem faço as minhas regras. Estes são os meus mandamentos. Caio Oliveira é um homem livre e não há ninguém que tire isso de mim. É por isso que não me envolvo com ninguém. Pra quê? Para acharem que podem ter algum poder sobre mim? Eu não crio apego e nem laços. Isso acaba com você e te torna uma pessoa fraca e dependente.

Chego em Paraisópolis e vou para minha casa. Ao entrar tomo logo um banho e visto uma roupa. Quando deixo o meu quarto encontro o JP escorado na mesa da cozinha.

-Algum problema? –pergunto passando por ele e indo para a sala.

-O Cobra tá ai. –ele diz sério.

-Que merda. –digo rindo pelo nariz mas fico um pouco irritado.

-Ele não esqueceu o seu trato pra livrar a cara do Vítor.

-Vítor...aquele miserável. –lembra do idiota e então me irrito.

-Eu mando ele ir embora? –JP pergunta notando minha irritação.

-Não. –digo decidido –Tenho mesmo que resolver esse assunto com o cara. Pode chamar ele.

-Cê que sabe. –ele dá de ombros e vai em direção a porta. JP para ao ouvir o meu ‘’ Espera’’. –Fala.

-Mais alguém me procurou? –pergunto.

Ele ri de lado.

-Tipo quem? Alex? –ele pergunta com certo deboche na voz.

-Não viaja, cara. –faço um sinal para que ele saia.

Alex, o pequeno Alex. Faz tempo que ele não vem aqui mesmo depois de eu ter ligado algumas vezes para ele. Eu não é da minha natureza ir atrás das pessoas mas o Alex atendia algumas das minhas necessidades e era difícil achar um garoto igual a ele tão...gostosinho, por assim dizer.

Saio dos meus pensamentos quando um homem feioso aparece na porta de minha casa. Ele era negro e tinha uma barba por fazer e a pança fazia parte do pacote. Ele abre um sorriso amarelado ao me encarar com os olhos escuros.

-Caio, meu parceiro. –ele entra na minha casa.

-Cobra. –digo me sentando na cadeira atrás do birô.

-Que formalidade. –ele diz –Tá podendo, hein patrão?

-Será que dá pra agilizar?

O sorriso em Cobra morre e agora ele parece me analisar.

-Não vou tomar muito o teu tempo, tá bom? –ele se senta – Ontem de noite procurei por ti mas teus camarada disseram que tu tinha saído então decidi voltar hoje. O papo é o seguinte: há seis meses tu veio até mim pra tentar salvar o teu parça, o tal do Vítor. O cara tava numa dívida danada comigo por causa dos bagulhos que ele foi arranjar lá nas minhas redondezas.

-Eu me lembro bem, Cobra. –o corto.

-Então tu deve tá lembrado que tu tentou livrar a cara do malandro se oferecendo pra pagar a dívida dele.

-Eu não tenho dívida contigo, beleza? –digo sério.

-Talvez tenha. –ele sorri de lado –O trato foi que tu me pagaria o que o cara tava devendo desde que eu não desse mais a droga pra ele. Eu fiz minha parte, mas cadê a grana que tu disse que ia me arranjar?

-Vítor morreu na mesma semana, Cobra. –aumento a voz – Overdose.

-Eu não quero saber do que o vagabundo morreu. Quero saber do dinheiro que ele não me pagou. Já esperei o bastante.

-Eu não vou pagar nada. Você praticamente o matou.

-Eu não mato ninguém. Só dou a elas a coisa que tem o poder de mata-las e o resto é com elas. Tenho minhas mãos limpas. –ele leva as mãos para cima como se fosse inocente.

-Não quero saber de porra nenhuma. Eu não vou pagar e ponto final! –me levanto e ando pela sala tentando me recompor.

Cobra se levanta e solta um suspiro indo em direção a porta. Ele me olha por cima do ombro.

-Eu no seu lugar daria um jeito de me pagar...não sabemos o que pode acontecer.

-Está me ameaçando? –digo cerrando o punho.

O merdinha apenas dá de ombro e sai pela porta tranquilamente. Dou um soco na mesa que faz minha mão queimar.

-Qual foi a bomba, irmão? –JP entra acompanhado de Wesley.

-Vítor, aquele merda. Ele não tinha nada que se meter com o Cobra. –digo fitando o chão com raiva mas tentando a controlar.

-O que o cara quer? –Wesley pergunta.

-Que eu pague a dívida do Vítor. –a raiva volta ao lembrar de como o idiota ficou vidrado na droga que Cobra lhe deu –Maldito trato que fui fazer com o Cobra. Devia ter deixado o Vítor levar um tiro no meio da testa pra deixar de ser otário!

-Ei bro, se acalma. –JP diz se aproximando –Você fez isso pela Ângela, lembra? Ela tava grávida do Vítor na época.

-É, cara. Foi por uma boa causa. –Wesley tenta completar a fala de JP.

-O Vítor fez merda sim, mas você tentou reparar o erro dele. O cara tava totalmente afundado na droga e o Cobra ia matar ele a qualquer momento, só não fez isso porque você chegou lá. –JP continua a falar.

-Pela Ângela. –repito para mim mesmo –Ela precisava do Vítor. O bebê precisava de um pai.

-Isso ai, irmão. –Wesley pousa a mão sobre o meu ombro.

-Vamos dá um jeito nisso. –JP diz- Juntos, como sempre estamos.

-Vamos. –balanço a cabeça –Vamos.

Talvez eu fizesse uma exceção à regra do apego a esses caras: eu preciso deles ao meu lado.

 



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