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História Paraisópolis (Romance Gay) - O convite


Escrita por: EdBeraldo

Capítulo 4 - O convite


Quinze minutos caminhando em Paraisópolis e consigo tirar algumas conclusões: 1) este lugar é GIGANTESCO; 2) Tem todo o tipo de gente aqui e 3) Estou morrendo de curiosidade de saber como é o covil do Rei de Paraisópolis.

Como eu sei que o manda chuva tem um covil? Bem, à julgar pelo sobrado bem arrumado e a placa escrita ''Meu Castelo, minhas regras'' essa casa só pode ser da realeza, ou, de quem se acha a realeza. Em baixo há duas portas metálicas de enrolar, daquelas que encontramos em algumas lojas. Uma escada ao lado dá para o andar superior que tem uma sacada, duas janelas grandes e uma porta entre elas duas. Me aproximo de uma moto estacionada perto da escada, na qual que me lembro nitidamente daquele cara estranho montado nela, e, pelo fato desse mané ser totalmente louco e aparentar ter um forte apego com o título de rei, há um adesivo de uma coroa colado no farol da frente da moto. Me aproximo para ver a moto de perto e acabo espetando o braço com a porcaria de um cacto que eu não havia percebido que havia ali.

Para completar a cena derrubo a moto com o susto.

-Merda! – praguejo passando a mão onde fui espetado.

Me ferrei! O cara vai me matar.

-Que porcaria você fez ai? - ouço uma voz. Olho para cima e vejo o mesmo rapaz dos olhos claros, o rei de Paraisópolis.

-Ops! Acho que fiz besteira. – apesar de estar em uma situação bem difícil, eu não vou perder a chance de lhe provocar. Mesmo que isso me custe alguns dentes.

-CARALHO, VOCÊ DERRUBOU MINHA MOTO, SEU ABESTADO! - ele pula da janela com um salto e desce as escadas rapidamente.

-Não foi por querer... –digo me afastando da moto - mas bem que podia.

Ele passa por mim em fúria e levanta a moto para ver o estrago.

-VOCÊ QUER LEVAR UM SOCO NO MEIO DA SUA CARA? - ele levanta o punho em ameaça.

-Nossa, foi mal!

-Você quebrou a porcaria do retrovisor! - ele diz segurando a peça na mão.

-Desculpa! –é, eu fiz uma burrada –Eu pago o conserto.

-Eu não preciso da sua grana, seu playboy metido a besta. - ele diz subindo as escadas e me deixando sozinho.

Relutante, subi as escadas e entrei de fininho em sua casa.

O local está meio bagunçado, parece que ele mora sozinho. De princípio, só vejo a sala com os dois sofás, uma televisão, uma pequena mesinha de centro e um tapete. Do outro lado do cômodo, uma espécie de escritório, mas só tem um birô e uma cadeira de cada lado da mesa. Há também uma mesa de cozinha toda em vidro e algumas cadeiras nela. Uma parede divide o outro lado da casa, não sei o que tem atrás dela.

-Eu não sou um playboy. –digo assim que entro na casa.

-Ah, não! Claro que não é! –ele diz com a voz carregada de ironia – Chega aqui achando que manda em tudo, exigindo entrar na comunidade, insulta todo mundo, derruba a minha moto e entra no meu QG sem permissão.

Dou risada.

-Tá rindo de quê? - ele esbraveja.

- QG? - indago rindo deliciosamente.

-Qual é o seu problema? Por que veio até aqui? - ele ainda está com raiva.

-Sei lá. –dou de ombro –Me mudei pra um apartamento aqui do lado ontem à tarde. Hoje cedo decidi sair para conhecer mais a região. Lá em casa tava super chato.

-Aqui do lado?

-No Morumbi.

-A tua galera não é aqui. Volta pra tua gente.

-Eu já disse que não sou como eles!

-E eu já disse que tu é totalmente igual a eles.

-Me deixe provar então.

-E como é que tu quer provar?

-Não sei, vossa majestade. –finjo uma reverência –Me convide para a night de Paraisópolis! Quem sabe eu conheça as pessoas daqui?! –dou um sorrido de lado.

-A night de Paraisópolis? - ele pergunta rindo.

-É! Vocês não fazem esses bailes que vive passando no jornal por terminar em baderna?

-Viu só? É essa a imagem que vocês riquinhos de merda têm de nós: um bando de vagabundos que só sabe dançar funk e fazer confusão.

-Nossa, que conclusão precipitada!

-Você quer conhecer a noite de Paraisópolis? Passe a noite aqui!

-Eu não posso passar a noite aqui! Meus pais vão achar que desapareci. E eu nem te conheço!

-Liga pra eles e dá uma desculpa, ué! Diga que vai passar a noite jogando golfe ou nesses clubinhos que vocês vão quando querem montar num cavalo e jogar golfe ao mesmo tempo.

-Eu não faço polo! - digo rapidamente- E de qualquer maneira eu não vou passar a noite com um babaca como você.

-Obrigado!

-De nada.

-Venha amanhã à noite...darei uma festa. –ele convida.

-Qual seria a ocasião especial para o rei dar uma festa aos seus súditos?

-Você. - ele ri e mostra seus dentes. Que sorriso lindo ele tem.

-Eu?

-Bem, na verdade é o aniversário do Muralha, mas, como você tá afim de conhecer a galera...

-Muralha? O grandalhão que me barrou? - pergunto apontando para qualquer direção.

-Sim, ele.

-É um nome bem sugestivo.

Nessa hora meu celular toca e vejo que é minha mãe quem está ligando. Ignoro a ligação, apenas olho a hora. 12:23PM

-Caraca, eu tenho que ir almoçar se não a minha mãe vai surtar. - digo descendo as escadas.

-Eu te levo até uma saída maneira.

-Não! –digo –Quer dizer, eu ferrei a sua moto. Você está com raiva de mim, esqueceu?

-Sim, esqueci. - ele diz subindo na moto- Vem.

Fico meio receoso de subir na moto daquele cara que, até alguns minutos atrás, queria me matar. E se ele me levasse para algum lugar isolado e desse uma surra em mim pelo modo como o tratei?

-Vem logo! - ele insiste.

-Não sei... -digo mordendo o lábio.

-Qual é o problema?

-Eu nem te conheço.

Ele desce da moto e vem em minha direção.

- Caio Oliveira, o rei de Paraisópolis. - ele me oferece sua mão para que eu o cumprimente- Agora vem. - ele sobe novamente na moto.

-Tá bom...se insiste- me rendo e subo na moto. A princípio seguro na parte de trás da moto, mas depois Caio acelera rapidamente e sou obrigado à segurar em seu ombro.

O vento batia no meu rosto e por alguns segundos eu senti uma gostosa sensação. Eu não costumo andar muito de moto, posso contar no dedo o número de vezes em que subi em uma.

Depois de algum tempo ele me deixa perto de um restaurante pequeno de onde posso ver meu apartamento.

-Pronto, daqui já é um bom ponto pra voltar ao seu bairro.

-Valeu. –agradeço descendo da moto.

Ele gira a chave da moto e dá partida.

-Ah, esqueci...- ele diz e tira uma caneta do bolso- me dá sua mão.

Dou a palma de minha mão para Caio e o observo riscá-la com a caneta.

-O que você tá fazendo? –pergunto.

Ele solta minha mão e vejo que escreveu suas iniciais e um número de telefone, o seu número.

-Se alguém tentar te barrar na entrada é só mostrar isso ai pros caras. De qualquer maneira, eu vou deixar a galera avisada de sua vinda.

-Tudo bem.

Caio pisca para mim e parte em sua moto tal como um rei parte em seu cavalo.

 


Notas Finais


Alex está começando a entrar em um caminho sem volta

Votem e comentem <3


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