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História Paranoid - O que diabos está acontecendo comigo?


Escrita por: sympathize

Notas do Autor


Oi paranoicas, boa leitura e como sempre: notas finais ;)

Capítulo 12 - O que diabos está acontecendo comigo?


Fanfic / Fanfiction Paranoid - O que diabos está acontecendo comigo?

Durante o caminho – que eu já conhecia perfeitamente bem – nada fora dito. O silêncio se instalava de forma incômoda, mas o Justin parecia não se importar com aquilo, pois continuava focado em sua analise na estrada que se passava pela janela que tinha o vidro aberto, liberando a entrada do vento que balançava os fios dourados de seus cabelos desgrenhados, em seu típico topete despojado. Fazendo-me novamente adorar sua beleza, observando o quanto ele se tornava cada vez mais bonito diante de qualquer situação, diante de qualquer momento e não me parecia uma percepção coerente a ser feita, porém eu pouco me importava com a coerência quando ele estava por perto. Era como se ele sugasse toda a minha saúde mental, como se sugasse toda e qualquer coesão que pudesse fazer com que eu me afastasse dele, com que eu mantivesse distante e era por aquele motivo que eu agia tão impulsivamente. O fato dele sugar minha racionalidade, deixando-me completamente insana e impulsiva, era o que fazia com que eu seguisse em frente com as minhas ideias mais absurdas, com confiança e sem discernimento. Mantinha minha atenção na estrada, mas em alguns momentos me pegava analisando-o pelo retrovisor e aquela situação estava se tornando cada vez mais ridícula. Aquelas sensações e aqueles devaneios que andavam me dominando já estavam ultrapassando os limites da imbecilidade e eu estava me sentindo péssima por não conseguir entender o que estava acontecendo, aliás, quais eram as razões para tudo aquilo? Por que eu sentia um peso estranho no estômago, minhas pernas trêmulas e meus batimentos constantemente acelerados quando ele estava perto? Além do mais, quando ele estava presente era como se o ambiente pesasse toneladas que caíam cruelmente sobre mim e a tensão que se estendia me trazia um aperto no peito e um descontentamento enorme. Era a terceira vez que estávamos próximos e eu já me sentia incomodada o suficiente para julgar que a proximidade dele não era algo que me fazia bem, que a energia carregada que exalava do corpo do mesmo disparava sensações estranhas para o meu e a beleza dele era algo que eu não cansava de idolatrar, algo fora do comum e indescritível. As imagens dele sem camisa mostrando-me sua mais nova tatuagem, e questionando-me sobre o que eu havia achado da mesma, permanecia em minha cabeça como se eu estivesse vivendo-a novamente. Meus pensamentos indo para caminhos cada vez mais distantes e desconexos, enquanto eu lutava para me manter longe de devaneios, até porque precisava me manter focada na direção e aquela confusão toda estava me aborrecendo.

— Você acha que isso vai dar certo? — Justin indagou após um tempo, seus olhos ainda permaneciam focados nas coisas que passavam do lado de fora do carro e eu olhei-o momentaneamente pelo retrovisor.

— Eu... Eu não sei. — A sinceridade escorreu por minha resposta e ele olhou-me de soslaio, em seguida voltou à atenção para o que antes ele tanto admirava.

Questionei-me quais eram as probabilidades daquilo dar certo e, a verdade era que, eu não sabia se era algo sensato a se fazer e sequer sabia o que precisaria fazer para poder ajudá-lo. Precisava começar urgentemente a arquitetar boas ideias para conseguir sucesso com aquilo, porque se aquela minha ideia não desse certo, o que aconteceria depois? Seguiríamos as nossas vidas e nunca mais teríamos contato? Tudo bem que não dependia somente de mim, entretanto eu não queria que acabasse depressa, já que tinha planos de ficar por perto tempo o suficiente para descobrir diversas coisas sobre ele e o lado da história do mesmo. Eu queria conhecê-lo e tentar desvendar as razões por detrás de tudo o que diziam que ele havia feito, precisava dar um jeito de manter aquilo até que eu conseguisse suprir e dissipar toda a necessidade da minha curiosidade. Contudo, as minhas descobertas dependiam do sucesso que ele teria com a minha ajuda para conquistar a tal Melanie e talvez se tudo desse errado, eu nunca mais teria outra chance.

— Por que quer me ajudar, Savannah? — A voz dele voltou a ser pronunciada após um tempo e eu mantive meu olhar focado na estrada, enquanto um nervosismo se instalava dentro de mim.

— Quero me desculpar pelo aborrecimento da invasão e da foto. — Respondi, simplesmente.

Olhei-o de soslaio e ele arqueou as sobrancelhas, seus olhos ainda focados nos borrões das árvores que se passavam do lado de fora e eu umedeci meus lábios sentindo a tensão poluindo o ar novamente e o mesmo voltou a ter sensação de que pesava uma tonelada que caía sobre meu corpo de uma só vez, trazendo uma sensação massacrante e agonizante.

— Qual é a verdadeira razão por você querer me ajudar? — Ele insistiu e eu engoli em seco, apertei meus dedos no volante e por sorte seu olhar estava distante de mim.

— Eu já disse a verdadeira razão.

Tentei esconder meu nervosismo, contudo não tive muito sucesso, pois ele olhou-me questionador. Sua sobrancelha esquerda erguida.

— Quando eu encontrei você na minha casa, você disse que queria ajudar. — Lembrou-me e eu travei meu maxilar, minha boca secou e eu umedeci meus lábios inconscientemente, mantive meus olhos focados na estrada e sentia os glóbulos cor de mel dele queimando minha pela daquela forma eloquente. — Você ofereceu ajuda antes de saber que eu era a fim da Melanie, então agora eu quero saber o real motivo por você querer tanto me ajudar!

— Talvez eu queira fazer por você algo que ninguém tenha feito. — Rebati rapidamente e em seguida estreitei minhas sobrancelhas, estranhando minhas próprias palavras.

Vasculhei minha cabeça e percebi que aquela razão percorria minha mente de forma dominadora e talvez aquele fosse um dos principais e importantes motivos por eu estar tão decidida, talvez eu não estivesse apenas usando-o e aquilo de certa forma me tranquilizou, contudo o “talvez” ainda me mantinha um bocado perturbada.

Olhei-o perifericamente e seus olhos me analisavam rigorosamente, notei que a mente do mesmo estava distante – já que a cor de mel de seus olhos se encontrava opaca e seu olhar me parecia completamente vago – e eu me sentia impaciente, violentada pelo olhar dele que insanamente parecia despir minha pele e vasculhar a minha alma.

— Por que escolheu ser diferente? — Questionou em um fio de voz e eu olhei-o momentaneamente me deparando com a confusão e o aborrecimento exposto em sua face, comprimi meus lábios e ele continuou fitando-me atentamente.

— Porque eu odeio metade das pessoas dessa cidade. — Rosnei não escondendo minha revolta e o olhei observando seus olhos cerrados. — Eles são um bando de hipócritas que só sabem apontar e julgar sem ao menos conhecerem as pessoas, sem ao menos conhecerem a verdade e eu decidi que não seria como eles. — Dei uma pausa e sentia meus olhos esquentando, suspirei engolindo em seco. — Decidi que eu nunca seria como eles.

O silêncio se instalou novamente, os olhos dele voltaram a analisar a estrada e eu foquei na direção tentando me manter o mais distante possível dos devaneios que queriam me dominar.  Batuquei no volante mantendo-me focada na realidade e o Justin permanecia alheio em sua posição, um silêncio incômodo e eu decidi que iria quebrá-lo, entretanto antes que eu dissesse ao menos uma palavra à peculiar voz rouca dele voltou a ecoar dentro do carro:

— Então nas horas vagas você é cupido? — Perguntou zombeteiro e eu liberei uma momentânea risada audível.

 Ele simplesmente soltou um riso nasal.

— Cupido? — Repeti com falso desapontamento e por minha visão periférica pude ver um sorriso discreto aparecer no canto dos lábios dele. — Isso soa clichê demais, estou me considerando uma conselheira amorosa, estilo o Hitch, só que em uma versão feminina, é claro.

Ouvi-o dar uma breve gargalhada e desviei meu olhar da estrada o avaliando momentaneamente, me senti péssima após ouvir o som angelical e musical de sua risada, sentindo-me envergonhada por ter uma gargalhada tão horrível e que se tornava grotesca perto da dele. Ele não disse mais nada e eu aceitei o silêncio, pois pelo menos naquele momento não sentia aquela tensão incômoda e me sentia imensamente satisfeita por ter conseguido fazê-lo sorrir. Não demorou para que chegássemos até o Forest Park e me atrevo a dizer que a ida com ele ao meu lado havia sido mais intensa do que da outra vez que eu havia ido sozinha, aliás, eu havia chegado tão rápido e presumi que talvez eu houvesse ultrapassado os limites de velocidade, o que era completamente ridículo visto que eu havia corrido tanto e tudo o que consegui fora uma enorme rejeição. Entrei na Leif Erikson Drive e percebi que o Justin parecia inquieto no banco do passageiro ao meu lado, olhei-o pelo canto dos olhos e ele tinha as sobrancelhas franzidas e os lábios comprimidos em uma linha fina, enquanto um semblante abatido substituía a expressão serena que antes o mesmo adotava. Senti-me preocupada com a mudança de feição dele e subitamente lembrei-me que o mesmo sofria de distúrbio de personalidade, o que significa que todo o bom humor que ele havia demonstrado durante nosso percurso até a sua tão sombria casa havia desaparecido e eu tive uma vontade imensa de pedir para que ele descesse do meu carro, então eu daria meia-volta e dirigiria o mais rápido possível para a casa da Lauren e para o mais longe possível dele. Pois se eu já estava com medo de ir na casa dele quando o mesmo se encontrava em um humor mais associável, me encontraria mais assustada ainda se ele continuasse adotando aquela expressão de aversão e aflição.

Estacionei assim que chegamos próximos da trilha que nos levaria para a casa dele e desliguei o motor do carro mantendo minhas mãos no volante enquanto o Justin ainda permanecia fitando a janela atentamente, creio que o mesmo se encontrava perdido em seus devaneios e nem ao menos havia notado que já havíamos chegado em nosso destino, contudo eu não iria chamar a atenção dele, pois ainda precisava me preparar psicologicamente para seguir com aquilo, para continuar com aquela loucura que tinha uma enorme possibilidade de me atribuir grandes consequências. Afundada em devaneios – como de praxe – recordei-me que havia dito para Lauren que eu iria ajudar o Justin na casa do Nolan e se ela ao menos imaginasse que eu estava indo para a casa dele, ela teria um ataque de revolta incontrolável e estaria certa em gritar o quanto eu era maluca e irresponsável, porque eu realmente era. Minha melhor amiga mal podia imaginar o quão intensamente maluca eu andava ultimamente, o quanto me parecia mais difícil do que nunca controlar minha impulsividade, reações corporais e curiosidade. Eu me sentia perdida e alienada, mas não tão perdida quanto quando eu fui expulsa de casa, contudo não conseguia mais reconhecer perfeitamente a mim mesma e se antes eu me sentia péssima, nos últimos tempos eu me sentia milhões de vezes pior. Aliás, estava mais submergida do que anteriormente, tomando decisões incoerentes e que não me ajudariam a construir uma nova vida. Aonde eu andava com a cabeça nos últimos tempos? O quão bizarro era eu estar me colocando em apuros somente para ignorar os problemas, somente para liquidar minha curiosidade e suprir meus estúpidos anseios? Eu me sentia horrível e por mais que me sentisse monstruosa não conseguia me odiar por estar agindo daquela forma ultimamente, aquilo não me afetava, aquilo não me incomodava e eu me sentia cada vez mais desumana. Eu estava sendo covarde por fugir dos problemas, irresponsável por estar me colocando em risco e infantil por estar usando uma pessoa somente por conta da minha curiosidade hipócrita, contudo nada daquilo me aterrorizava e eu não me sentia insensível mesmo com todos os indícios que indicavam que eu estava agindo como tal. Em alguns momentos acreditava que era impossível que eu estivesse fazendo aquilo tudo somente por estúpidos caprichos, porém não sabia o porquê de ainda permanecer decidida a dar continuidade naquele plano quando na verdade eu tinha todos os motivos para desistir e voltar a viver minha vida, tentando idealizá-la e me manter distante de encrencas, mas acontece que eu era uma encrenqueira de primeira, sempre fui para ser sincera. Minha vida inteira eu trouxe problemas para os meus pais, já que eu sempre fiz de tudo para contrariá-los e deixá-los decepcionados como eles costumavam fazer comigo quando eu tentava dar minha opinião e era dolorosamente recriminada por isso. Nunca soube me manter longe de problemas e era por aquele motivo que eu ainda estava ali, por aquele motivo que eu continuava seguindo com aquela deliberação absurda e seria por aquele motivo que eu acabaria me metendo em uma grande enrascada.

— Você não vem, Savannah? — Ouvi uma voz destorcida soando dentro dos meus devaneios e olhei para o lado ligeiramente me deparando com a porta do carro aberta e um Justin confuso do lado de fora me olhando indigesto.

— Ahn, erm... — titubeei e ele cerrou o cenho questionador, pigarreei e anuí, deixando a ideia de falar algo de lado, já que quando eu abria a boca soava peculiarmente imbecil.

Saí do carro batendo a porta com uma força um pouco desnecessária e fechei as janelas ativando o alarme posteriormente, dei a volta no mesmo e o Justin me aguardava na entrada da trilha virado de costas analisando a mesma. Respirei profundamente e apressei meus passos indo ao encontro dele e quando o mesmo notou minha proximidade passou a caminhar, enquanto eu seguia atrás do mesmo, completamente calada. A trilha se encontrava escura iluminada apenas pela luz da Lua que nos dava uma visão pouco nítida, contudo eu o seguia silenciosamente. Os passos dele eram calmos e eu mantinha os meus igualmente, caminhando há poucos passos de distância e o mesmo se encontrava alheio na obscuridade de seus pensamentos, enquanto eu me encontrava esquematizando estratégias para dar início à minha operação conselheira amorosa. A cabeça dele baixa enquanto o mesmo mantinha as mãos dentro dos bolsos da calça jeans de lavagem escura e me deixei analisar o corpo dele, aproveitando-me do momento e observando que ele usava uma camiseta gola V branca, uma calça larga e caída, falsamente segura pelo cinto que era somente um acessório inútil. Nos pés o mesmo calçava um par de vans preto e seus cabelos estavam desgrenhados por conta do vento, seus ombros largos me tiravam as faculdades mentais e eu mordi meu lábio inferior enquanto o devorava pelas costas e me senti uma pervertida diante daquela situação.

“Qual é seu problema, Savannah?” Refleti desviando meus olhos da figura fascinante em minha frente e estreitei minhas sobrancelhas lutando contra aqueles pensamentos desconexos que andavam me dominando.

 Quando finalmente alcançamos o fim da trilha avistei a casa dele que se encontrava iluminada por algumas lâmpadas que se encontravam na varanda e o vento batia forte, chacoalhando as folhas das árvores. Respirei profundamente e o Justin permanecia caminhando de cabeça baixa, joguei meus cabelos para o lado e avaliei a casa novamente vendo-a mais ameaçadora do que da primeira vez que eu havia a visto. Nos aproximávamos cada vez mais e o pânico se tornava cada vez mais nítido dentro de mim, minha coerência ficando para trás enquanto eu permanecia caminhando na direção da minha possível perdição. Chegamos até varanda e ele foi na direção da porta abrindo-a rapidamente, continuei hesitante durante um tempo e ele virou-se olhando-me ambíguo, no entanto antes que ele dissesse qualquer coisa voltei a caminhar indo na direção da porta e ele adentrou a residência deixando a mesma aberta para que eu entrasse. Dei uma breve analisada no local que continuava perfeitamente organizado igual da última vez em que eu estive ali, olhei para a estante e a foto que eu havia pegado estava lá novamente, analisei-a e depois desviei meu olhar fitando um ponto invisível pelo chão.

— Vou deixar a porta aberta pra você se sentir melhor. — Sussurrou olhando-me momentaneamente e eu umedeci os lábios, continuei em silêncio. — Vem. — Chamou caminhando na direção da cozinha e eu segui-o lentamente.

Quando adentrei o local tudo permanecia extremamente organizado por ali também, Justin caminhou na direção do fogão e abriu o forno tirando de lá uma bandeja com diversos cupcakes. Estreitei minhas sobrancelhas e avaliei-o atentamente enquanto o mesmo colocava a bandeja sobre a bancada e apanhava um bolinho, em seguida ele caminhou em minha direção com os olhos ainda focados no cupcake. Assim que se aproximou de mim, ele estendeu o bolinho em minha direção olhando-me brevemente nos olhos e após um tempo hesitante peguei-o e analisei-o sentindo minha boca enchendo d’água, visto que eu adorava cupcakes e aquele me parecia estar extremamente delicioso, além do mais o cheiro estava maravilhoso. Ignorando completamente qualquer pensamento negativo levei o bolinho até minha boca e dei uma pequena mordida, somente para averiguar se não havia nada errado e, assim que o pequeno pedaço invadiu minha boca, o gosto doce e fascinante do chocolate fizera com que um suspiro involuntário ultrapassasse meus lábios.

 — Uau, muito bom! — Exclamei boquiaberta e quando o olhei havia um pequeno sorriso no canto de seus lábios. — Você que fez?

Ele assentiu e eu sorri sem mostrar os dentes, em seguida dei uma mordida maior no bolinho e o Justin soltou um riso nasal, passou ao meu lado e eu me virei fitando-o confusa. Vi-o abrindo a porta de vidro que dava para o grande quintal nos fundos da casa e o mesmo saiu deixando a porta aberta como havia feito com a porta de entrada de sua casa, caminhei cautelosamente atrás dele e já sabia por onde iria começar a tentar ajudá-lo.

— E então... — Ele disse parando próximo a algumas árvores e eu mastiguei o pedaço de cupcake que havia em minha boca engolindo ligeiramente.

— Já flertou alguma garota antes? — Questionei e em seguida comi o último pedaço que restava do delicioso bolinho.

— Bem, acho que não preciso flertar quando estou pagando para ficarem comigo. — Articulou friamente, vi seu maxilar travando e analisei-o minuciosamente.

— Você paga garotas para saírem com você? — Indaguei surpresa e chocada, ele olhou-me brevemente, seus glóbulos cor de mel penetrando os meus naquele contato visual intenso.

— Acha mesmo que alguém sairia com um problemático de graça? — Contrapôs impassível e eu notei o quanto o mesmo desdenhava de si próprio, o nojo que ele sentia ao se referir a si mesmo.

Respirei intensamente.

— Quantas? — Questionei e vi as sobrancelhas dele estreitarem-se, seu semblante questionador e eu respirei profundamente elaborando mentalmente a pergunta, pois não queria agir como uma estúpida novamente. — Quantas garotas você já pagou pra saírem com você? 

— Na verdade foram poucas. — Disse normalmente, movimentou os ombros lentamente e meus olhos desceram até seu movimente.

Lembrei-me que o havia visto sem camisa e a imagem de seus músculos atraentes retornou em minha mente, desviei meu olhar mordendo meu lábio inferior instintivamente. Imediatamente percebi o quanto era inacreditável ele ter que pagar garotas para saírem com ele, quando, na verdade, ele era deslumbrante por detrás daquelas roupas e qualquer garota em sã consciência iria querer uma chance. 

— Tinha uma garota que eu saía sempre e eu não precisei pagar para isso, ela ficava comigo por vontade própria, o que é um milagre. 

— Fala como se você fosse horrível. — Chiei estreitando minhas sobrancelhas, o fitei e ele arqueou uma sobrancelha, vi um pequeno sorriso aparecer no canto de seus lábios após um tempo.

— Está querendo dizer que sou bonito? — Questionou, em uma tentativa de ser divertido, mas sua voz saiu com certa seriedade.

Me contive para que não revirasse os olhos, respirei fundo e mordi o lado interno da minha bochecha.

— Creio que já se olhou no espelho. — Foi tudo o que eu disse, visivelmente incomodado com o rumo da conversa, pois, por mais que ele fosse a definição da perfeição, eu jamais conseguiria dizer aquilo diante dele, até porque minha timidez extrapolava os limites quando se tratava dele por perto e não precisei de muito tempo para perceber aquilo. 

—  Sim e não gosto muito do que vejo.

— Você é maluco. — Rebati involuntariamente e em seguida pressionei meus lábios um no outro, notando o quanto minhas palavras, por mais que não houvessem sido ditas com maldade, pareciam ofensoras demais quando direcionadas a ele. 

Porém, me surpreendi quando o olhei e me deparei com um sorriso torto em seus lábios.

— Já ouvi isso diversas vezes, acho que está na hora de encontrarem definições novas para mim.

— Eu... — pausei umedecendo os lábios, analisei o chão momentaneamente e depois olhei-o arrependida, contudo ele não me parecia nem um pouco aborrecido ou ressentido, mesmo assim continuei: — Não queria ofender, me desculpe. 

— Não me ofendeu, Savannah. — Rebateu calmo e eu suspirei pela milésima vez observando o quanto meu nome soava atraente quando proferido pela típica voz rouca e sedutora dele. — Eu sei que não disse por mal. 

— É só que... Não acredito que não se acha bonito, porque sabe... — respirei fundo me xingando mentalmente por estar tão perdida com as palavras. — Cadê o seu amor próprio?            

Seus olhos abandonaram os meus e então o ressentimento se apoderou de seu rosto, senti uma pontada em meu peito e analisei minha pergunta notando o quanto ela fora maldosa e o quanto eu não deveria ter feito-a sabendo que ele era um problemático odiado por metade dos cidadãos da cidade onde morávamos. Me senti mal por ter o colocado entre a cruz e a espada, por ter dado o primeiro furo em nossa primeira tentativa de entendimento e por mais que eu quisesse retirar a pergunta, não havia como fazer aquilo. O que estava feito, estava feito e eu teria que aturar a consequência seja ela qual fosse, pois fora a minha impulsividade que me permitiu cometer aquele ato desumano e seria ela que pagaria por ter me feito agir como uma imbecil novamente, mas a pior parte era que eu pagava junto e sofria por não saber me controlar.

— Amor? Honestamente, eu nem sei o que é isso. — Proferiu após um tempo e eu saí das minhas abstrações o analisando, seus olhos tristes que antes fitavam o chão, naquele momento se encontravam na direção dos meus, transpassando sua dor através do contato visual e eu senti um peso se alojando em meu estômago. — Minha vida inteira eu odiei a mim mesmo e durante anos não me olhei no espelho, porque sentia nojo de mim mesmo. Nojo por causa do que as pessoas dizem e elas estão certas, todas estão certas. 

— Então... Elas estão certas? — Perguntei confusa, minhas sobrancelhas se juntaram sozinhas e a dor também passou a se transparecer em meu rosto. 

— Eu... — as mãos dele subiram até os cabelos do mesmo bagunçando-o e o desespero dele chegava a ser doloroso até mesmo para mim, aquilo era estranho, totalmente indescritível e incompreensível. — Eu não sei. 

— Eles dizem coisas horríveis sobre você. — Sussurrei e ele me olhou momentaneamente. 

— E você acredita? — Arqueou as sobrancelhas, sua feição demonstrando certa súplica. — Acredita neles?

Fora minha vez de quebrar o contato visual. Olhei para o chão brevemente enquanto vasculhava a minha mente em busca de um bom argumento, até porque eu não acreditava no que os outros diziam, mas também não discordava. Tinha minhas dúvidas, dúvidas que eu tinha esperanças que ele as tirasse, contudo não havia como eu dizer aquilo para ele, seria muita cara de pau e frieza da minha parte assumir minhas reais intenções e ele acharia que eu estava apenas usando-o, mas no fundo eu sentia que não era só aquilo. Eu não estava só o usando, tudo bem que eu havia me oferecido para ajudá-lo a conquistar a garota com segundas intenções, porém eu não estava me aproveitando dele. Eu não sabia ao certo o porquê de ter tanta convicção de não estar o usando quando tudo indicava que era exatamente aquilo que eu estava fazendo, mas eu queria ajudá-lo desde o princípio e me aproximar contribuiria para que eu conseguisse fazer aquilo.

— Não. — Assumi após um tempo e ele me olhou intensamente. — Eu não acredito neles. 

— Por quê?

Respirei profundamente, fitei o chão brevemente e depois voltei meus olhos na direção dele respondendo-o com a toda sinceridade: 

— Eu não sei. 

Ficamos em silêncio durante incontáveis minutos, o barulho das árvores chacoalhando e o vento batendo em meu rosto desgrenhando ainda mais os meus cabelos. Olhei aos arredores analisando aquelas árvores novamente enquanto o Justin ainda permanecia alheio diante de mim, os olhos fitando seus próprios e sua respiração estava tranquila. 

— Como é sentir amor próprio? — Ele questionou após um tempo e eu o mirei surpresa, porém não precisei pensar muito para responder:

— Não é uma coisa que eu costumo sentir sempre, mas é bom estar de bem consigo mesmo, olhar seu reflexo no espelho e sentir orgulho de ser quem você é, por mais errado que você seja para algumas pessoas. 

— E por que não sente sempre? 

A confusão estava exposta em seu olhar, soltei um riso nasalado e analisei aos arredores, em seguida olhei-o momentaneamente. 

— Porque ultimamente não ando muito bem comigo mesma. — Respondi, simplesmente.

Pensei que ele fosse me perguntar o porquê, mas ele permaneceu calado analisando-me serenamente, seus lábios se retorceram após um tempo e eu me vi repetindo seu gesto. 

— Enfim, não sou muito bom com cantadas. —  Desconversou, retornando para o assunto anterior e eu não contive uma gargalhada. 

— Fala sério! Qualquer cara sabe flertar uma garota. 

— Estou longe de ser qualquer cara. — Advertiu, sem tom de presunção e eu engoli a risada rapidamente. — E qualquer cara não tem o passado que eu tenho.  

Cerrei o cenho e me senti dolorosamente incomodada com o fato dele sempre referir-se daquela maneira fria e desdenhosa julgando a si mesmo.  

— Passado é passado, Justin. — Sussurrei, franzindo a testa. — Ele nunca vai te deixar se você não o deixá-lo. 

— No meu caso é o contrário. — Rebateu e eu engoli em seco, aliás, eu havia captado rapidamente o significado de suas palavras e aquilo causou um incomodo forte dentro de mim. — Ele nunca vai me deixar, Savannah e essa coisa de que passado é passado não existe, é a maior inverdade do universo! Porque quanto mais obscuro o seu passado for, mais ele vai te perseguir, pelo resto da sua vida. 

As palavras dele se repetiam em minha mente de forma incessante, fazendo-me sentir a dor presente nelas, fazendo-me partilhar – de forma completamente estranha – do sofrimento dele e eu não apreciava aquela situação. Aquilo era estranho, fora do comum e totalmente desconexo. Eu não deveria sentir tanto por ele, não deveria me sentir culpada, até porque eu estava tentando ajudá-lo. Eu não era como os outros, quer dizer, não em partes já que ninguém é melhor do que ninguém, mas eu queria fazer uma diferença, queria fazer algo por ele que eu não houvesse feito por ninguém antes. Queria ajudá-lo a superar aquilo, a ver o mundo de outra maneira e quem sabe ele pudesse ter a chance de aproveitar o resto de sua vida, pois ele era jovem demais para estar tão perdido, era jovem demais para estar tão amargurado e conformado com o fato de que não havia mais jeito para si mesmo. Eu precisava ajudá-lo a ver algo bom por mais que não houvesse um, precisava fazê-lo entender que a vida não era feita só de larva, que nem tudo na vida nos queima, machuca, nos marca e nos deixa com medo de tentar de novo. Precisava fazê-lo acreditar na felicidade, pois se ele não acreditasse, jamais a sentiria. Eu queria fazê-lo enxergar que ser feliz era deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história, é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios. Que ser feliz era não ter medo dos próprios sentimentos, era saber falar e lidar consigo mesmo, ter coragem para enfrentar seus problemas e atravessar desertos fora de si enquanto permanecia em paz de espírito, encontrando um oásis na própria alma que não o deixasse se perder novamente. E, por mais que eu não vivesse com a paz de espírito que eu desejava que ele provasse, eu queria ajudá-lo a enxergar tudo aquilo, queria fazer por ele algo bom, algo digno para que eu deixasse de me sentir tão inútil e suja. Eu já havia feito coisas na vida das quais não me orgulhava nem um pouco, aliás, todos possuímos nosso lado mais sombrio, nossos segredos mais obscuros, contudo eu me sentia em débito com a vida e acreditava que ela houvesse colocado o Justin em meu caminho para que eu pudesse saldá-lo. Eu havia estragado boa parte da minha vida e não havia como voltar atrás, não havia como mudar o que havia acontecido e eu queria ajudar o Justin a aprender a viver, porque de alguma forma a vida que eu havia perdido seria reutilizada por ele e por mais estranho e ininteligível que me parecesse, a única certeza que eu tinha no meio daquilo tudo, era que eu precisava ajudá-lo, que eu precisava dar o meu melhor para fazê-lo aceitar a vida e acima de tudo aceitar a si próprio. 

— Acho que muitas pessoas passam por isso. — Murmurei e ele me olhou confuso. — Quero dizer, muitas pessoas têm um passado obscuro, sabe? 

— Você não me parece o tipo de pessoa que tem um passado obscuro. — Disse serenamente, parecia tão confiante e eu senti um aperto em meu peito.

Comprimi meus lábios e não gostava nem um pouco de lembrar-me daquilo, não gostava de remoer aquela situação, porque me sentia insatisfeita, impiedosa e desmerecedora. 

— Não tenha tanta certeza disso.

Senti seu olhar me escaneando e rezei mentalmente para que ele não fizesse mais perguntas sobre aquilo. 

— Então... — Proferiu após um tempo em silêncio. — Sobre as cantadas: eu vou me dar mal com isso!

— Ah, qual é? — Questionei incrédula, até porque todo cara sabe uma cantada e por mais que ele não fosse como os outros, era impressionante o fato dele não saber como flertar uma garota. 

“Se bem que com essa beleza ele não precisaria flertar ninguém”, pensei e em seguida me chutei mentalmente por ser tão estúpida e clichê. 

— Tenta me flertar, Justin. — Pedi inconscientemente e ele analisou-me meticulosamente. 

— Quer que eu flerte com você? — Indagou surpreso e eu umedeci os lábios, concordei com um aceno de cabeça posteriormente.

— Exato.

— Erm, tudo bem...

Hesitou momentaneamente, uma expressão pensativa se expôs em seu rosto. Se aproximou subitamente e instantaneamente prendi minha respiração, comprimi meus lábios e ele olhou profundamente em meus olhos.

— Vou postar uma correspondência, me dá um selinho?

Senti minha sobrancelha se arqueando instantaneamente e ele me olhava sério, analisei as palavras que havia acabado de escutar e forcei um sorriso numa expectativa de passar algo positivo para ele, contudo obviamente não tive sucesso. 

— Viu só, você está com cara de quem quer sair correndo! — Exclamou se afastando e eu suavizei minha expressão, notando que estava olhando-o como se ele tivesse três cabeças. 

— Ei, erm... não foi tão ruim. — Menti e ele me fuzilou com os olhos, umedeci meus lábios e fitei o chão, voltei meus olhos para os dele ligeiramente. — Tudo bem, tenta outra. 

— Bem, ahn... que tal essa: — pausou umedecendo os lábios e olhou-me nos olhos. — Eu beberia o mar se você fosse o sal. 

Minha primeira reação foi franzir a testa e a cantada dele se repetia em minha cabeça incessantemente e em seguida, antes que eu pudesse controlar, me encontrava gargalhando descontroladamente. Rindo tanto que eu sequer conseguia respirar em meio àquela risada completamente dominadora que não me permitia parar e minha barriga já estava começando a doer. Olhei para ele e me deparei com sua feição séria e afetada e, subitamente como eu havia começado a rir, engoli a gargalhada e estreitei minhas sobrancelhas enquanto me esforçava ao máximo para não voltar a rir. 

— Era sério ou você estava querendo me fazer rir? — Questionei e ele revirou os olhos, bufou aborrecido e eu torci os lábios, arrependida por ter caçoado dele. 

— Eu sou péssimo com isso! — Grunhiu decepcionado. — A Melanie vai sair correndo se eu disser essas coisas para ela. 

— Ah, tem garotas que curtem uns caras engraçados. — Intervim tentando ajudar e ele me olhou tristonho. 

— Mas ela é diferente. — Rebateu e o desgosto se espalhou por meu corpo.

“Ela é careta!”, rebati mentalmente e franzi minha testa estranhando aquele pensamento, balancei minha cabeça tirando as ideias e voltei a focar nele. 

— De onde você tirou essas cantadas? 

— Uma revista no estúdio do Nolan. — Respondeu e eu soltei um riso nasalado. 

— Nolan e suas coisas idiotas! 

Ele me olhou cabisbaixo e eu respirei intensamente procurando alguma forma de ajudá-lo.

— Sabe, eu também não entendo muito de cantadas, porque eu sou uma garota e normalmente são os caras que cantam as garotas. — Expliquei, torcendo os lábios e ele me olhava atentamente. — Mas gostamos de coisas românticas ou algo que nos deixe sem fala, algo que nos surpreenda e que não tenha como dizer “não”. Atitude também conta bastante. 

Vi um sorriso aparecer no canto dos lábios dele e estreitei meus olhos desconhecendo aquela reação, seu olhar distante como se ele estivesse esquematizando alguma coisa e o senti aproximando-se calmamente de mim com um olhar tão sedutor e profundo que fez com que meu estômago girasse em trezentos e sessenta graus. Quando ele se encontrava próximo o suficiente para me tocar, sua mão direita foi até a minha cintura puxando-me para mais perto do mesmo, deixando-nos há poucos centímetros de distante. Não demorou para que seu perfume amadeirado e exótico dominasse minhas narinas fazendo-me apreciá-lo e adorá-lo fortemente. Minha boca secou e eu senti minhas pernas estupidamente tremerem e – sem dúvida alguma – se ele não estivesse me segurando eu desabaria em sua frente de forma vergonhosa. Após um tempo senti a respiração do mesmo batendo em meu rosto com lufadas que traziam o cheiro mentolado de seu hálito e me perguntei o que diabos ele estava fazendo e por que eu ainda não o havia empurrado? Um peso se alojou em meu estômago e minha mente girou deixando-me anestesiada e débil diante da situação, não demorou para que minha respiração descompassasse e meus batimentos se encontrassem acelerados enquanto ele permanecia em minha frente, hesitante e extremamente calmo. Tomei coragem para fitá-lo nos olhos e quando o fiz, vi seus perfeitos glóbulos cor de mel faiscando em direção aos meus de forma tão intensa que fez com que uma excitação crescesse dentro de mim e eu senti cada fibra do meu corpo corresponder à intensidade do olhar dele. A mão livre do mesmo subiu lentamente e ele colocou a mexa solta de meu cabelo atrás da minha orelha, nossos olhares ainda conectados e eu me encontrava completamente submissa. Vi um sorriso sacana aparecer no canto dos lábios dele e analisei-os atentamente observando o quão pecaminoso aquele ato era, aquele tipo de sorriso que faz as pernas tremerem. “Aquele tipo de sorriso que não deveria fazer as minhas estúpidas pernas tremerem.”, ponderei e inconscientemente lambi meus lábios. Não demorou para que o sorriso nos lábios dele se alargasse e eu notei o quanto ele estava se divertindo com o fato de eu estar parada, deixando-o concluir o que quer que ele estivesse planejando. Sentia a ansiedade em saber o que ele faria e aquilo deveria ser mórbido e inaceitável, no entanto eu mal conseguia raciocinar diante da situação e tudo o que se passava em minha cabeça era o quanto ele era lindo, o quanto seu cheiro era bom, seu sorriso era perfeito e sua boca era extraordinariamente atraente e convidativa. 

— Aposto um beijo — ouvi-o murmurar após incontáveis minutos e a sensação em meu estômago se intensificou, apertei meus punhos e xinguei-o mentalmente. — que você vai me dar um fora!

Um sorriso involuntário dominou meus lábios e eu desviei meu olhar do seu, sentindo minhas bochechas queimarem furiosamente e a ideia de sentir os lábios dele tocando os meus pareceu-me tentadora, no entanto quando ouvi uma gargalhada estourando no ambiente, antes silencioso, tudo o que eu consegui fazer fora franzir minha testa e juntar minhas sobrancelhas. “Filho da puta!”, refleti furiosa comigo mesma por ter acreditado que ele havia feito aquilo por outro motivo, quando na verdade ele só estava treinando uma possível cantada e o quão estúpida eu havia sido diante da situação? Afinal, eu havia caído! Havia caído da forma mais ridícula no falso jogo de sedução dele e a decepção me dominou lastimavelmente e, da mesma forma abrupta que ele havia se aproximado, o mesmo se afastou fazendo-me suspirar frustrada, no entanto por sorte ele não havia percebido. 

— Atitude, Savannah. — Disse convencido e eu forcei um sorriso enquanto me espancava mentalmente por ser sempre uma idiota na presença dele, por sempre agir impulsivamente e me colocar em saias justas na presença do cara problemático cujo eu andava tendo uns pensamentos maliciosos por ser um tremendo bonitão enquanto ele não estava nem aí para mim, e só conseguia pensar na tal Melanie e no quanto seria legal se ela o aceitasse do jeito que ele era. 

“O que diabos está acontecendo comigo, afinal?” Questionei-me mentalmente e apertei meus punhos irritada com tudo aquilo, irritada com toda aquela situação e era tudo culpa minha, foram as minhas escolhas e eu estava pagando o preço por elas. 

Sentia a tensão em meu corpo e aquilo não era nada bom, eu precisava ajudá-lo, mas não ajudaria em nada se ficasse usando os olhos da luxúria ao invés dos olhos da razão, pois era óbvio que qualquer garota no mundo que estivesse no meu lugar iria se sentir atraída pelo Justin, até porque pela aparência ele era o sonho de qualquer garota que procura a definição e a essência masculina mais forte de beleza. Mas eu sabia que aquilo não era tudo, que o fato de eu me encontrar tão atraída por ele era, porque após tanto tempo um cara havia conseguido chamar minha atenção, porque após tanto tempo remoendo a traição do Andrew eu havia encontrado um cara que o superava e seria extremamente prazeroso vê-lo se contorcendo de raiva por me ver com outra pessoa melhor - em termos - do que ele. Entretanto aquilo era totalmente ridículo, pois já não bastava o fato de eu estar ajudando o Justin para conseguir informações sobre o passado do mesmo, eu ainda estava querendo usá-lo! Me senti ainda mais monstruosa, aliás, eu não tinha o direito de querer usá-lo para atingir o Andrew, aquilo era baixo e não somente baixo com o mesmo, mas também baixo comigo mesma. Eu precisava superar aquilo, precisava esquecer o que havia acontecido, visto que eu vivia falando que passado era algo para ser esquecido enquanto eu era incapaz de esquecer o meu, enquanto eu vivia o remoendo e querendo vingança mesmo sabendo o quão baixo aquilo seria, o quão suja eu me tornaria após sucumbir ao declínio de me tornar digna de ser comparada aos demais por estar agindo como uma insensível querendo usar alguém para beneficiar a mim mesma. 

— Nada mal. — Falei após um tempo dando de ombros tentando demonstrar indiferença e sentia o olhar dele queimando minha pele, olhei-o nos olhos e ele sorriu de lado, repeti seu gesto de forma forçada. 

— Acha que essa daria certo com alguém? — Indagou rindo e assenti veemente, não demorou para que seus perfeitos dentes estivessem expostos em um sorriso enorme. 

— Mas vai ter que tomar muito cuidado com as cantadas sobre correspondência e mar. — Zombei e ele liberou uma breve gargalhada. 

— Sou um pouco enferrujado, porque realmente nunca precisei lidar com uma garota. — Ele explicou gesticulando com as mãos. — Quer dizer, eu saía sempre com uma garota de Beaverton, conheci-a no pub do pai dela e ficamos juntos durante um tempo. 

— Vocês namoraram? — Questionei arqueando as sobrancelhas. 

— Não exatamente. — Soprou e em seguida umedeceu os lábios. — Quer dizer, o pai dela achava que era. 

— Não era namoro pra vocês? — Interroguei confusa e ele sorriu de lado, passou a mão nos cabelos bagunçando-os e depois me olhou divertido. 

— Não e eu já era a fim da Melanie. — Respondeu, meramente. 

Soltei um muxoxo, erguendo minhas sobrancelhas com uma expressão de entendimento e ele sorriu sem mostrar os dentes.

— Há quanto tempo é a fim dela? 

— Três anos. — Rebateu, rapidamente. 

— Como a conheceu? 

— Eu estava sentado no parque em um dia chuvoso, não tinha nada para fazer e decidi dar uma volta na chuva mesmo. — Contou e eu ergui uma sobrancelha demonstrando um interesse que na verdade eu não sentia, mas sabia que ele queria compartilhar comigo, porque se não quisesse teria ignorado minha pergunta. — Avistei-a saindo da biblioteca com dezenas de livros e me interessei no mesmo instante, havia uma garota ruiva ao lado dela...

— Bridgit. — Pensei alto e ele me olhou confuso. 

— Você as conhece? — Questionou surpreso. 

— Não, quer dizer — parei subitamente adotando uma expressão mais confusa do que a dele. — não. 

— Hein? — A confusão estava exposta em seu semblante. 

— Eu as vi na biblioteca algumas vezes, as conheço por nome, apenas. 

Ele balbuciou algo que não entendi, em seguida calou-se voltando a ficar alheio em seus pensamentos. Cogitei que estivesse pensando em Melanie e no quanto a garota de cabelos loiros era linda e encantadora, no quanto a beleza da mesma era fascinante e na primeira vez que ele havia visto-a. Besteira! Olhei aos arredores ignorando completamente os pensamentos estúpidos que começavam a me dominar, logo após peguei algumas mechas dos meus cabelos e passei a brincar com as mesmas desfazendo e refazendo os cachos.

— Então... — quebrei o silêncio, porém continuei mantendo minha atenção para a mecha de cabelo. — Você passou no teste da cantada. 

Olhei-o brevemente e ele sorriu de lado, repeti seu gesto. 

— Mas ainda não me sinto preparado para falar com ela. — Admitiu e eu voltei a atenção para a mecha de cabelo enrolando-a novamente. 

— Quer que eu ajude o até se sentir confiante? — Questionei e ele assentiu rapidamente, confesso que me surpreendi, contudo simplesmente sorri sem mostrar os dentes. — Tudo bem, posso tentar algumas informações do que ela gosta. 

— E como você vai descobrir? — Perguntando mantendo a testa franzida numa expressão de extrema confusão e pessimismo. 

— Dou um jeito. — Respondi e ele soltou um riso nasalado. — Eu... Você pode me dar outro cupcake? 

— Claro. — Disse rindo e caminhamos até a porta de vidro que nos levaria para a cozinha, adentramos a mesma e eu fiquei parada próximo ao balcão enquanto ele foi pegar os bolinhos que estavam novamente dentro do forno.

— Aqui. — Estendeu o bolinho em minha direção enquanto segurava outro em sua mão, dei uma mordida feroz e o saboroso gosto do bolinho se estendeu por minha boca. 

— Você realmente manda bem nisso. — Falei apontando para o cupcake em minha mão cujo eu dei outra mordida em seguida. 

— Legal que tenha gostado. — Murmurou e eu sorri sem mostrar os dentes, pois tinha certeza que os mesmos estavam sujos de chocolate. 

Terminei de comer o meu bolinho em silêncio e ele só havia dado poucas mordidas no dele, em seguida largou-o sobre a bancada e foi até a geladeira tirando da mesma uma garrafa de coca-cola e em seguida pegou dois copos caminhando para perto de onde eu estava novamente. Serviu os copos com o refrigerante e me entregou um, deu a primeira golada no seu e me olhou de soslaio, enquanto eu dava algumas goladas seguidas no líquido que descia suave por minha garganta que antes se encontrava extremamente seca. Quando terminei de beber todo o refrigerante deixei o copo sobre a bancada ao lado do bolinho dele e o mesmo ainda bebericava o seu enquanto mantinha os olhos fixos em um ponto invisível na parede, olhei pela porta de vidro notando o céu escurecendo e percebi que já era hora de voltar para casa, aliás, havia feito um trato com a Lauren e não queria quebrá-lo. 

— Erm, Justin. — Soprei após um tempo, quebrando o silêncio e ele me olhou momentaneamente. — Por hoje é só, certo? Preciso ir para casa, porque já está ficando tarde... 

Olhei no relógio e observei que faltava menos de três horas para Lauren terminar o expediente e voltar para casa, respirei fundo, tranquila por ainda ter bastante tempo. 

— Não tem problema se quiser ficar mais um pouco. — Ele sussurrou e parecia sem jeito, olhei-o confusa e ele arqueou uma sobrancelha.

Sorri de lado e depois anuí, ele repetiu meu primeiro gesto. Pegou o bolinho e os copos sobre a bancada, caminhou até a pia e colocou os copos dentro da mesma enquanto o bolinho foi colocado na geladeira, após um tempo ele deu a volta na bancada e passou ao meu lado fazendo sinal com a cabeça para que voltássemos para o amplo quintal dos fundos da casa que naquele momento tinha algumas luzes acesas para ajudar na iluminação já que o céu se encontrava cada vez mais escuro. Fitei as estrelas que se encontravam brilhando naquela linda noite e me sentia estranhamente aconchegada e o pânico não me dominava mais. Me sentia tranquila e confiante diante de tudo e, por mais que estivesse rodeada de pensamentos desconexos e inteligíveis, continuaria pondo meu plano em prática e o fato do Justin estar correspondendo a minhas expectativas só aumentava mais ainda minha convicção. 


Notas Finais


HEEEY! Minhas Creedliebers huehue (ridículo, eu sei...) Só para vocês terem uma noção essa é a Lizzie (prima do Andrew): http://static2.wikia.nocookie.net/__cb20130918040453/whatever-you-want/images/d/d5/Bridgit-mendler-photocall-hello-my-name-is-01.jpg e essa é a Hannah (adorooo): http://www.bopandtigerbeat.com/wp-content/uploads/happybirthdayjen.jpg
E aí, o que vocês acharam das cantadas do Justin? HUEHEUHUEHUE coitado, ele não leva muito jeito, mas depois SURPREENDEU, né? Savannah que se cuide viu, a situação tá ficando cada vez mais complicada!!!!
E genteeeeee, aqui na cidade que eu estou deu uma tempestade e eu fiquei sem internet, daí tive que esperar a boa vontade de resolverem o meu problema e enquanto isso fiquei criando a fic né, minha mãe quer sair o tempo todo (tô cansada de tanto andar e acordar cedo kk), mas eu estou arrumando tempo para criar a fic até mesmo pra ficar mais fácil pra postar... Enfim, aí está mais um capítulo e eu espero sinceramente que vocês gostem, amanhã respondo todos os comentários! E quero agradecer por todo incentivo, carinho e pelos favoritos, vocês são incríveis! É isso aí paranoicas, amo vocês, cuidado com a curiosidade e até a próxima postagem! xoxo ;*


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