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História Paranoid - Tudo mudou.


Escrita por: sympathize

Notas do Autor


Oi, oi galeran. Boa leitura ;*

Capítulo 22 - Tudo mudou.


Fanfic / Fanfiction Paranoid - Tudo mudou.

Era como se ele ficasse cada dia mais impiedosamente bonito, como se fosse uma espécie de carma sempre encontrar algo novo em sua aparência que me fizesse adorá-lo ainda mais, e eu não tinha mais controle algum contra aquilo. E mesmo tendo a enorme consciência de que deveria – e queria – superar, já não me abalava tanto, além do mais, eu havia aceitado a realidade, contudo, não significava que eu estava disposta a viver nela. No decorrer dos últimos tempos, o Justin havia feito diversas tatuagens que ocuparam seu antebraço direito e que ficaram incríveis, entretanto eu achava um pouco exagerado ele extrapolar tanto somente para aliviar as vozes, até porque aquilo aparentemente já estava se tornando uma espécie de mutilação. Marcando seu corpo inteiro, quando na verdade ele poderia simplesmente procurar outra forma de alívio. Ou até mesmo uma ajuda mais específica. Contudo, era extremamente sexy seus braços fortes cobertos por tatuagens e nem que eu quisesse, poderia negar aquilo. Também havia as novas tatuagens por seu corpo e todas eram particularmente fascinantes – principalmente  a palavra Patience em seu pescoço – e eu já havia me tornado uma adoradora de cada uma delas. Honestamente, eu era uma adoradora de tudo nele e reconhecia o quanto estava ainda mais atraída – mesmo depois de todo esforço para ultrapassar aquele sentimento –, da mesma forma que sabia que nada aconteceria entre nós. Por imbecilidade cheguei até mesmo a cogitar que ele sentisse algo semelhante, que correspondia minha atração, no entanto tudo fora pura alucinação de minha mente insana e eu, mesmo a contragosto, estava satisfeita por ter conseguido ajudá-lo a conquistar a garota que tanto queria. Entretanto, fora difícil aceitar no primeiro momento e desde então, como uma maneira de escapar, passei a me encontrar mais com Jonah. Aproveitando-me do fato do mesmo sempre querer ficar próximo de mim. Tínhamos boas conversas e de certa forma ele me fazia esquecer toda a confusão que o Justin me causava, pois quando estava por perto me distraía tanto, que eu simplesmente me esquecia das outras coisas e me focava completamente nele e em suas histórias hilárias. Em seu jeito fácil de me envolver e me fazer enxergar de outra maneira, me influenciar a esquecer o resto do mundo e seus problemas, mesmo que por pouco tempo, e aquilo me fazia um bem enorme. Mesmo assim, não podia negar o quanto aquelas quatro semanas foram complicadas para mim, o quão difícil foi ter que ignorar a presença do Justin, ainda mais quando morávamos na mesma casa, contudo, o que de certa forma me ajudava, era o fato de que ele igualmente passou a me ignorar. Ou talvez fosse apenas reflexo das minhas atitudes. Talvez ele só estivesse distante porque eu demonstrava querê-lo distante. O fato dele ultimamente passar mais tempo fora era o que também ajudava e quando o mesmo estava em casa, e ocorriam certos encontros casuais, apenas forçávamos um sorriso e cada um ia para o seu lado. No entanto, ele sempre batia na porta do quarto para avisar que as refeições estavam prontas – depois de já ter comido, pois não o fazíamos mais juntos – e eu esperava um tempo antes de descer, deparando-me com a insistente e estúpida sensação de solidão com a solidão. O que me deu tempo o suficiente para terminar de ler A culpa é das estrelas e, obviamente, chorei horrores com o decorrer da história – principalmente com o final –, ainda mais devido ao estado melancólico em que já me encontrava. O que se tornou algo parcialmente traumático.

 As coisas na biblioteca iam bem, já havia me adaptado bem ao trabalho – da mesma forma que já havia me acostumado com a Melanie, além do mais, era ridículo ao extremo odiá-la quando, na verdade, a mesma não havia me feito nada – e os encontros com Jonah – mesmo que fossem rápidos devido ao meu cansaço em alguns dias – que ocorriam após o expediente me ajudavam a distrair minha cabeça, a me focar na realidade e me manter mentalmente equilibrada. O trabalho também me distraída e minhas folgas, nas quartas-feiras, eram sempre intercaladas entre passar o dia com a Lauren – quando folgávamos no mesmo dia – ou com Jonah, que constantemente estava disposto a estar comigo em seus momentos vagos. Pelo o que eu andava ouvindo falar sobre Justin, até porque a Melanie não parava de falar dele um segundo quando estávamos juntas na biblioteca, as coisas estavam bem para ele, principalmente entre eles e eu já tinha consciência daquele fato, uma vez que ele já havia até mesmo passado a noite na casa da mesma quando seus pais saíram em uma viagem de fim de semana, e, mesmo que não quisesse saber, não havia como fugir daquilo. Não havia como fugir do óbvio, como realmente fugir da verdade. Eu poderia tentar o quanto quisesse, mas a realidade era que quanto mais eu tentava me iludir, mais me machucava. Queria que aquilo parasse, contudo, quanto mais eu desejava acordar em uma milagrosa manhã e ter simplesmente superado, era como se as coisas somente retrocedessem. Sentimentos cada vez mais intensos e insuportáveis. Me afastar dele se mostrou ainda pior do que tê-lo sempre por perto, pois mesmo que fosse doloroso ouvi-lo falar sobre ela, era ainda pior não ouvi-lo falando nada. Flashes dos últimos tempos passavam em minha cabeça e eu enxergava o quanto tudo havia mudado, o quanto tudo estava ainda mais fora do lugar.

Suspirei fundo e joguei a ultima peça de roupa dentro da mochila, jogando os cabelos que caíam sobre meu rosto para trás e fechando fortemente meus olhos. Eu queria tanto que aquilo acabasse, que aquela horrível sensação de desconforto e vazio saísse de dentro de mim, que chegava a doer. Chegava a doer até mais do que ter que estar aturando aqueles sentimentos me massacrando constantemente. Dói até mais do que o dia em que presenciei a última coisa que queria ter visto naquele momento imensuravelmente calamitoso da minha vida. Senti meu coração diminuir em meu peito enquanto imagens me torturavam, enquanto minha mente traiçoeira usava de suas artimanhas para me fazer sofrer ainda mais, pois quando eu achava que as coisas não podiam piorar, elas triplamente pioravam.

Flashback ON

— Meu professor tem pegado pesado nos últimos dias. — A garota loira falava enquanto andávamos pelos corredores colocando os livros novos que haviam sido entregues naquele fim de tarde em suas devidas prateleiras. — Tenho tantas coisas para ler na próxima semana que nem sei por onde começar.

Riu nasalmente e inconscientemente repeti seu gesto. A verdade era que eu nem ao menos estava prestando atenção nas coisas que ela estava dizendo.

— O pior é conseguir encontrar tempo para conciliar vida pessoal e faculdade. — Torceu os lábios. — Por isso preciso aproveitar esse fim de semana, porque não sei quando vou ter essa oportunidade outra vez.

A lembrança caiu sobre minha cabeça, fazendo-me suspirar frustrada sem que antes ao menos pudesse conter. O convite que ela havia me feito para passar o fim de semana na casa de veraneio de seus pais veio átona, fazendo-me lembrar que havia ficado de dar a resposta para a mesma o mais breve possível e eu aceitaria numa boa se não fosse o fato de que, obviamente, o Justin estava incluso no passeio e para piorar – ou talvez aliviar, eu procurava acreditar somente nesse lado – a mesma também havia convidado o Jonah. O que era entendível ao associar o fato de que ela achava que estávamos namorando e o que significava um fim de semana parcialmente infernal.

— Sobre isso... — Falei pela primeira vez desde que ela havia iniciado sua tagarelice. — Não sei se vou...

Adotei a maior expressão tristonha possível e ela analisou-me, negando com a cabeça segundos depois.

— Vai ser bom para você, Savannah! — Protestou, utilizando o mesmo argumento que havia usado durante os três dias que tentou me convencer a aceitar sua perturbadora proposta. — Você tem trabalhado demais e a Nancy me disse que estava pensando em vir até mesmo em seus dias de folga — negou veemente com a cabeça —, qual é o seu problema? É tão jovem, ainda tem uma vida inteira para aproveitar!

Arqueei uma sobrancelha e ela riu baixo, guardando os dois livros que estavam em sua mão um ao lado do outro e pegando mais dois na caixa que eu carregava.

— Gosto do trabalho. — Soprei dando de ombros.

Era irritante a maneira robótica com a qual eu ultimamente andava me encontrando, no entanto era mais forte do que eu e não ficaria fingindo felicidade por aí quando nem ao menos sabia como fazia aquilo, quando tudo o que mais queria era me isolar da sociedade, no entanto sabia que aquilo acabaria me matando – lenta e dolorosamente. Por aquela razão procurava ocupar minha cabeça, uma vez que, longe de pensamentos eu também estava longe de sentir e longe de sentir eu estaria longe de sofrer.

— Tudo em excesso faz mal! — Sorriu em incentivo e eu forcei um sorriso. — E você vai poder passar um tempo com seu namorado, sei que deve ficar triste assim por não poder vê-lo o dia todo, porque quando se encontram você fica tão mais animada.

Rolei meus olhos com sua declaração e ela riu.

— Sei que vai dizer “Ele é só meu amigo”... Tudo bem. — Abanou com as mãos e só então notei que havia terminado de guardar os outros livros. — Vai ser bom passar esse tempo com ele, não acha? Vamos nos divertir.

Abriu um sorriso pidão e eu me xinguei mentalmente por estar me deixando levar pela mesma, me deixando levar pela pressão e eu nunca pensei com racionalidade quando alguém – ainda mais tão persuasiva como Melanie – utilizava de tantos argumentos.

— ‘Tá bom. — Me rendi e ela sorriu de ponta a ponta.

Eu sabia que iria me arrepender no último segundo, assim como sabia que não haveria como voltar atrás.

 — Vai ser incrível! — Garantiu, depositando um estalado beijo em minha bochecha e eu liberei um riso nasal, ainda pouco habituada com suas reações impulsivas.

— Então avise seu... — Olhou-me momentaneamente, sorrindo de leve em seguida. — amigo — fez aspas — e amanhã me dê à resposta.

— Aquele lá topa tudo. — Comentei, rolando os olhos e ela riu.

— Tudo combinado então, nem tente fugir, mocinha.

Rolei os olhos nas órbitas pela centésima vez e logo saímos do corredor, caminhando de volta para o balcão e a Melanie ia mais a frente enquanto eu, carregando a caixão de papelão vazia, ia mais atrás. O arrependimento de ter aceitado aquela proposta já pesando em meus ombros, aliás, eu deveria ser alguma espécie de masoquista. Uma maldita masoquista por sinal.

— Deixa que cuido disso. — A garota avisou, pegando a caixa das minhas mãos e passando então a desdobrá-la habilidosamente, guardando-a atrás do balcão para o caso de precisar da mesma em outra ocasião.

Pouco a fim de conversar e aproveitando-me do fato da Melanie estar aparentemente ocupada demais com seu celular, decidi me concentrar em outras tarefas. Ajeitando todas as coisas que ficavam atrás do balcão, fazendo a contagem do caixa e fechando-o, já que faltava pouco menos de meia hora para meu expediente terminar. Apanhei a vassoura e varri somente para tirar o excesso da sujeira e os pedacinhos de papéis que ficavam no chão. Peguei o lustra-móveis e uma flanela, começando a passar por todo balcão e nem ao menos tirei meu foco ao ouvir o sininho da porta de entrada anunciando que alguém havia chegando, afinal a Melanie provavelmente iria atender.

— Oi. — Ouvi a voz da garota soando entusiasmada.

— Oi, Mel. — Aquela voz conhecida logo soou e eu ergui meu rosto, arrependendo-me logo após ver a cena do mesmo depositando um demorado beijo nos lábios da mesma e aquilo me corroeu por dentro.

“Como sou estúpida.” Pensei, sentindo uma combustão devastando-me e abaixei meu rosto, tentando inutilmente voltar a focar no que estava fazendo.

— Vamos? — Ele perguntou e eu me segurei para não olhar novamente.

— Claro, erm... Savannah — limitei-me a somente resmungar, para demonstrar que estava ouvindo — algum problema você fechar sozinha?

— Tranquilo. — Disse apenas e mesmo sem olhá-la, sabia que a mesma havia sorrido.

— Até amanhã. — Rebateu eufórica e eu respirei fundo, esfregando o pano com mais força do que o necessário no móvel.

— Até. — Falei de maneira tão inaudível que até mesmo duvidei que ela houvesse escutado.

Mastiguei o desgosto que amargava minha boca e coloquei a mexa de cabelo que caía em meu rosto para trás da orelha, erguendo meu olhar e por uma razão desconhecida levando-o na direção da porta, deparando-me com o olhos do Justin vindo em direção aos meus no mesmo instante e uma sensação forte passou por meu corpo. Quebrei o canto rapidamente, fugindo de maneira dolorosa e agachando, colocando o produto no lugar, porém ficando por lá mesmo. Sentando-me e abraçando minhas pernas, puxando-as contra meu corpo, sentindo meu rosto queimando e minha respiração acelerada enquanto uma sensação massacrava meu peito de forma incômoda. Só saí daquele breu quando Jonah chegou chamando por meu nome e ao me levantar e encontrá-lo – sorrindo de maneira encantadora – encontrei forças para mais uma vez esquecer tudo, mesmo que parecesse extremamente ridículo insistir em tantas falhas tentativas de tapar o sol com a peneira, no entanto funcionava. Mesmo que fosse momentâneo. E o pouco em relação a tudo aquilo que eu pudesse esquecer já era o suficiente para tirar um pouco do peso que eu carregava, tanto internamente quanto exteriormente, em mim.

Flashback OFF

Analisando o celular em minhas mãos, após aquelas lembranças aborrecedoras, eu tentava encontrar a coragem necessária para ligar e dizer que eu não iria mais. Que eu havia desistido, porém não existia uma razão para aquilo. Não havia uma desculpa convincente para minha desistência. Quem sabe fosse até bom mesmo eu ir naquela viagem, por mais que o causador de toda minha falta de vontade estivesse lá. Além do mais, Jonah também iria – havia ficado extremamente eufórico quando lhe fiz o convite – e tê-lo por perto poderia me ajudar a manter o controle, ajudaria a me manter desligada. Reabri os olhos, balançando minha cabeça negativamente e fechei a mochila, encarando-a momentaneamente enquanto me auto-incentivava mentalmente a não dar para trás. A não ser tão mais fraca. Peguei-a em seguida e com dificuldade caminhei para fora do quarto. A casa estava vazia, o Justin aparentemente havia havia saído bem cedo e era bom não ter que encontrá-lo naquele momento ou então era ainda mais provável que eu desistisse. Quando estivéssemos no caminho não tinha como retroceder, por aquela razão agradeci incontáveis vezes por não precisar vê-lo antes que realmente fosse necessário e até lá, esperava fortemente, eu já estaria devidamente preparada. Dispersei os pensamentos, descendo as escadas cautelosamente e, devido ao fato de estarmos indo passar o fim de semana em outra cidade, passei a chave – que o Justin havia me entregado uma cópia alguns dias atrás – na porta, enfiando-a de qualquer jeito em meu bolso. Caminhei até o carro, destravando as portas na metade do caminho e adentrando-o assim que me aproximei, colocando a bolsa no banco do passageiro ao meu lado.

Durante a partida até a biblioteca tentei ajeitar meus pensamentos enquanto uma música ambiente ajudava a me manter focada, distante daqueles irritantes e repetitivos devaneios. Ao me aproximar do local, avistei uma silhueta ao longe e logo a reconheci como sendo Jonah, que tinha uma grande mochila em suas costas e olhava em direção ao meu carro. Sorri instantaneamente ao vê-lo ali e quando estacionei ao seu lado, ele sorriu em comprimento. Deixei a mochila no carro e saí, dando a volta e me aproximando do rapaz que ainda sorria, sendo surpreendida por um abraço apertado logo após. 

— É uma honra estar presente no primeiro dia em que Savannah Curtis se atrasa em um compromisso. — Zombou, apertando-me levemente enquanto ria e eu ri nasalmente. — Dormiu mais do que a cama?

Soltou-me ainda rindo e eu rolei os olhos, ajeitando a camiseta em meu corpo.

— Na verdade, não. — Dei de ombros. — Ontem cheguei cansada, então deixei para escolher as roupas hoje cedo.

— Ah claro, agora está explicado. — Adotou uma expressão de entendimento e divertimento. — Não vou levar essa, porque não combina mais com meu estilo... Essa já está fora de moda... Essa me deixa gorda... — Gesticulou com as mãos, forçando uma voz afetada e eu tentei controlar a gargalhada, entretanto antes que pudesse me conter, estava rindo escandalosamente.

Era impressionante. Incrível como ele conseguia me tirar risos fáceis, como ele era capaz de me distrair sem muitos esforços e por isso eu fazia questão de tê-lo por perto. Jonah sempre era a mais eficiente anestesia para minhas dores e mesmo que parte de mim repudiasse a maneira como parecia que eu estivesse apenas o usando, nada realmente importava quando estávamos juntos. Nada importava quando a presença dele e seu encantador jeito espontâneo fazia com que tudo ao redor se tornasse insignificante. Quando amenizava o peso das minhas perturbações.

Ainda em meio ao riso lhe acertei o braço com o punho fechado.

— Ai. — Reclamou, esfregando o local. — Isso doeu.

Esse é o problema da dor. Ela precisa ser sentida. — Pronunciei escarnecida e ele riu nasalmente.

— A culpa é das estrelas?

— Você leu? — Questionei arqueando as sobrancelhas demonstrando surpresa e ele estufou o peito, esboçando um sorriso triunfante.

— Claro que não, Savannah. — Riu debochado e eu rolei os olhos. — Eu vi o filme.

— Ah, imbecil. — Sussurrei e ele arqueou uma sobrancelha.

— Não me obrigue. — Disse, ainda mantendo aquela expressão perversa.

Tentei ignorá-lo e, acima de tudo, esforcei-me para ignorar a curiosidade que senti em saber sobre o que ele estava falando. E por mais que soubesse que viria algo estúpido, até porque se tratava do Jonah e estupidez constantemente fazia parte dele, umedeci meus lábios, contendo-me o quanto pude, porém antes que pudesse prever a pergunta escapou por entre meus lábios:

— Não te obrigar à que?

Tentei fingir certa indiferença, todavia tinha plena consciência de que não havia dado certo e quando olhei para o garoto em minha frente e me deparei com o mesmo sorrindo de maneira cruel, me arrependi imediatamente de não ter ficado calada. Um grito histérico ultrapassou meus lábios quando os dedos do mesmo passaram a cutucar minhas costelas, fazendo-me dar cegos passos para trás até me encontrar encurralada entre meu carro e seu corpo. Estava me debatendo, tentando fazê-lo parar, no entanto, a sequência de risos e a dor que já começava a dominar minha barriga, não ajudavam nem um pouco. Tentei empurrá-lo, mas erguer minhas mãos somente lhe deu mais acesso a pontos mais sensíveis e eu gargalhei ainda mais, tentando acertá-lo com chutes, porém todas as minhas investidas eram frustradas.

— Jo-Jonah, c-chega por f-favor. — Implorei com dificuldade e ele mexeu ainda mais seus dedos em minhas costelas, me fazendo contorcer loucamente. — CHEGA! — Gritei, tentando outra vez empurrá-lo, mas de nada adiantou.

— Só se você disser “Jonah, você é o melhor.” — Ordenou, descendo as cócegas para minha barriga e eu soltei outro grito agudo, rindo feito uma hiena e ele ria junto, se divertindo da minha desgraça.

— Pare com isso logo. — Rebati, finalmente conseguindo lhe acertar um tapa no ombro e ele olhou-me indignado, passando a aumentar ainda mais sua tortura. — M-Meu D-Deus, pára! — Disse entre risos, tentando acertá-lo outra vez.

— Diga, Savannah. — Repetiu. — Ou então vamos ficar nessa o dia todo.

— Jonah, você é o melhor. — Falei de uma só vez e de imediato ele parou.

Respirei fundo, passando o dorso de minhas mãos em meus olhos lacrimejados, me recompondo e ele permaneceu parado em minha frente.

— Você quase me matou. — Dramatizei ofegante e ele riu, pendendo levemente a cabeça para trás.

— Você merece o Oscar.

— Você não vai entrar em minha lista de agradecimentos.

Ele olhou-me com expressão de falsa ofensa e eu me limitei a não rir, já que minha barriga estava dolorida. Apenas fingi impassibilidade.

— Eu vou ser o primeiro na fileira e se você não falar sobre mim, irei jogar tomate na sua cara. — Advertiu com uma sobrancelha arqueada e daquela vez me rendi a um longo riso.

— Ninguém te merece! — Cuspi com falso desdém.

— Até porque sou areia demais para o caminhãozinho das pobres garotas dessa cidade.  

Riu cheio de si e eu não pude conter o riso alto e sarcástico que saiu por minha boca. Ele, por outro lado, manteve sua pose alfa, pouco se importando com a minha investida.

— Não sei como consegue suportar todo esse egocentrismo nas suas costas. — Enfatizei, rindo ácida e ele arqueou uma sobrancelha.

— Olha — pausou, rindo enviesado e aproximando-se. —, não me obrigue.

Arregalei meus olhos, negando incontáveis vezes com a cabeça e ele riu nasalmente.

— Você é o melhor, lembra?

Ele riu sonoramente.

— Bom saber. — Deu-me uma piscadela e eu ri.

— Eu te odeio.

— Eu te odeio muito mais.

Sorriu da maneira mais cafajeste e se aproximou tentando me abraçar, empurrei-o fingindo pouco-caso e ele liberou um riso nasal, puxando-me outra vez e me rendi. No segundo seguinte estávamos abraçados e ele estava apertando meu corpo contra o seu outra vez – com ainda mais intensidade –, um sorriso permaneceu preso em meus lábios e eu passei meus braços em volta de seu pescoço, apertando-o ainda mais. Fechei meus olhos e me deixei levar pela sensação boa que era estar com ele, que era estar naquele abraço tão acolhedor e recheado de sentimentos. Abri meus olhos, com o sorriso ainda estampado em meus lábios e senti meu corpo retesar ao me deparar com aquela imagem parada na porta da biblioteca, insanamente olhando em nossa direção e meu coração disparou numa velocidade eloqüente. O sorriso fora murchando lentamente enquanto meu olhar focalizavam sua figura cada vez mais real. Seu corpo ereto e seus braços cruzados em frente ao seu peito, sua feição de maneira gélida e peculiarmente indecifrável era nítida, a estranha sensação do seu olhar vindo bem em minha direção fora a razão por eu fechar meus olhos outra vez e reabri-los em seguida, deparando-me com o nada. Engoli em seco sentindo-me estúpida enquanto rezava mentalmente para que aquilo não fosse coisa da minha cabeça, para que eu não estivesse surtando de vez. Senti o Jonah respirando em meu pescoço, acordando-me para a realidade e a cócegas que aquele ato me causou, me fizera rir e encolher meu corpo. Em seguida, apertei-o ainda mais.

— Uau, isso tudo é carência? — Questionou, numa provável tentativa de soar divertido, contudo pude sentir certa seriedade em suas palavras.

Senti um frio na barriga ao ponderar a possibilidade de ele ter percebido como eu andava ultimamente, pois definitivamente não saberia lidar se ele me perguntasse o que havia de errado, se me perguntasse o porquê de toda aquela minha perturbação. E era nítida a maneira como eu me demonstrava dependente de sua presença, como eu sempre o deixava manter bastante contato, porque aquilo me ajudava a fugir dos pensamentos, ajudava a me manter totalmente focada na realidade. De fato eu estava estupidamente carente, frustrada ao extremo, tentando vergonhosamente enganar a mim mesma o tempo todo e eu não queria pensar naquilo. Não queria ver as coisas daquela maneira, porque ser fracassada não significava que eu quisesse me denominar como tal, que eu quisesse completamente assumir – principalmente para mim mesma – que eu de fato era. Me auto-iludir era um artifício que minha autoproteção havia criado para diminuir a dor e em certos momentos até ajudava, porém muitas vezes só fazia com que tudo se tornasse ainda pior. Por aquela razão procurava idealizar que eu estivesse fugindo por um bem maior e por motivos diferentes, por razões menos vergonhosas e ridículas.

Chacoalhei minha cabeça, afastando os pensamentos e forcei um riso, demonstrando uma falsa indiferença que naquele momento me corroeu por dentro de maneira dolorosa.

  — Não seja idiota. — Resmunguei, dando-lhe um tapa no ombro, tentando me soltar.

— Não fique brava. — Pediu, apertando-me ainda mais e eu grunhi, sentindo-me sufocada.

— Estou tendo plena certeza de que você quer me matar. — Ri e ele riu junto.

— Bem, acho melhor entrarmos antes que aquela garota maluca tenha um infarto fulminante. — Brincou, soltando-me sorrateiramente. — Ela já veio aqui umas quinhentas vezes ver se você tinha chego.

Apenas ri de seu comentário, já sabendo que ele falava sobre a Melanie e passei a acompanhá-lo quando o mesmo iniciou seus passos. Senti o nervosismo me dominar cada vez que meus passos me levavam para mais perto do local, para mais perto de ter que ver quem eu estava tentando evitar, de todas as maneiras, mas que naquele momento estava – imbecilmente – prestes a passar um fim de semana inteiro tendo que aturá-lo. Aproximei-me inconscientemente do Jonah e passei meu braço pelo seu, mantendo-me próxima somente para me sentir menos solitária e ajudou ao menos um pouco para que eu continuasse caminhando, para que não virasse de uma vez e fosse embora. Comprimi meus lábios ao nos aproximarmos da porta e assim que adentramos, pude ouvir uma conversa alta dentro do local e logo encontrei a Melanie e a Nancy conversando animadamente próximas ao balcão, porém – para minha surpresa – o Justin não estava ali. O que só aumentou as probabilidades de eu ter alucinado ao pensar tê-lo visto parado na porta minutos atrás.

— Eu disse que ela não ia desistir. — Jonah disse, chamando a atenção da Melanie e a garota sorriu largamente em nossa direção.

— Oi, Sav. — Aproximou-se depositando um beijo em minha bochecha e abraçando-me levemente. — Pensei que tinha desistido.

— Eu disse que viria... — Forcei um sorriso.

— Quase todos já estão aqui, agora só falta a Bridgit e meu irmão... — Comentou e eu franzi minhas sobrancelhas, surpresa, aliás, não sabia que eles iriam. — Ah, eu não avisei... Espero que não tenha problema.

— Não, está tudo bem. — Sorri e ela sorriu abertamente.

Aproveitei-me que ela, Jonah e Nancy engataram em uma conversa paralela e me afastei, avisando rapidamente que iria procurar um livro e duvido que eles tenham prestado atenção no que eu disse, visto que estavam completamente centrados na conversa. Caminhei pelo corredor, adentrando um aleatório e, com os olhos, procurei por algo que pudesse levar para ler antes de dormir. Apanhei um que me parecia interessante e analisei a capa, lendo rapidamente a sinopse que havia no fundo e voltando a analisar a capa do mesmo.

— Um homem de sorte... — Sussurrei, apertando-o contra meus dedos e decidi levá-lo. — Parece bom.

Dei de ombros inconscientemente e me virei, chocando-me contra algo, ou melhor, alguém que estava parado atrás de mim e me assustei, dando alguns passos para trás até bater com a cabeça na prateleira.

— Ai. — Grunhi, erguendo minha mão livre até o local, esfregando-o.

— Me desculpe, erm... — A voz que há bastante tempo eu já não ouvia se pronunciando diretamente a mim soou próxima. — Não foi minha intenção.

Franzi minhas sobrancelhas ao constatar que realmente se tratava dele ali e automaticamente veio à tona o momento em que eu pensei ter visto-o parado na porta da biblioteca. Senti meu estômago rodopiar com a possibilidade de aquilo ter sido real e não somente coisa da minha cabeça, contudo, meu ego ferido e a certa e estranha aversão que eu havia criado pelos sentimentos que possuía pelo mesmo, fizeram-me irracionalmente liberar minha impulsão destrutiva. 

— Você não deveria ficar parado atrás das pessoas desse jeito. — Reclamei irritada por minha cabeça estar doendo e ainda mais irritada por ele estar tão perto, fazendo-me sentir todas aquelas estúpidas sensações que eu tanto detestava e queria superar.

— Me desculpe...

Em resposta inconscientemente soltei outro gemido sôfrego, sentindo pontadas no local em que havia batido e a pancada havia sido tão forte, que até mesmo me senti levemente tonta nos primeiros segundos.

— Ei, está tudo bem? — Ouvi-o aproximando um passo e senti minha barriga gelar.

— Eu estou bem. — Respondi, secamente.

— Me desculpe. — Pediu outra vez e eu bufei.

— Pare de se desculpar, droga. — Franzi minhas sobrancelhas, o tempo todo evitando olhá-lo e o mesmo permaneceu estático no mesmo lugar, impedindo-me de sair dali de uma vez por todas.

— O que há de errado com você? — Questionou visivelmente confuso e não tive como manter meu olhar distante, erguendo-o até encontrar seus orbes cor de mel e me arrependi assim que aquela típica sensação de esmagamento dominou meu estomago.

— O que há de errado comigo? — Repeti, rindo sarcástica. — Fala sério!

Forcei-me a passar ao seu lado, empurrando-o sem educação alguma, entretanto, antes que pudesse me afastar, senti-o fechando a mão em meu braço e seu toque disparou sensações ainda mais intensas por meu corpo. Virei meu rosto em sua direção, fitando seus olhos enquanto mantinha minha expressão irritadiça – principalmente por estar sentindo todas aquelas coisas – e ele se demonstrou indiferente.

— O que ele está fazendo aqui? — Perguntou e eu juntei minhas sobrancelhas, confusa.

— Ele quem? — Rebati, erguendo momentaneamente uma sobrancelha.

Ele riu debochado e aquilo só me fizera arquear ainda mais as sobrancelhas, pois detestava quando ele ria daquela maneira.

— Seu namoradinho. — Cuspiu e eu encarei-o nos olhos, questionando-me a razão por suas palavras terem saído daquela maneira hostil e de certa forma sua audácia me irritou.

— Se está tão interessado em saber... — Comecei, forçando um sorriso irônico. — Pergunta para sua namoradinha, porque foi ela que o convidou. 

Puxei meu braço logo após, virando-me sem sequer olhar para trás outra vez e me afastei o mais depressa possível. Ainda pude sentir seu olhar me acompanhando até que eu virasse o corredor, aproximando-me ligeiramente de onde os outros estavam e eles ainda conversavam animadamente.

— Isso é insano. — Jonah disse em meio a uma risada escandalosa.

— Eu sei. — Melanie disse, no mesmo estado que ele, já Nancy ria de maneira mais contida.

— Do que estão rindo tanto? — Justin perguntou e sua voz soou inexplicavelmente mais rouca, em um tom aparentemente ríspido.

— Eu estava contando para ele sobre o dia que a Brid pulou a janela do ônibus, porque pensou ter visto o Michael Jackson caminhando na rua.

Ele riu nasalmente e eu mantive meu olhar distante do mesmo, sentindo-o parar bem ao meu lado e praguejei-o mentalmente por fazer aquilo.

— Falando nela, onde ela e seu irmão estão?

— Ligaram a pouco tempo avisando que estão chegando. — A garota respondeu, caminhando na direção dele e por minha visão periférica a vi passando os braços em volta do pescoço do mesmo.

Afastei-me deles disfarçadamente e me aproximei do Jonah, parando ao seu lado e conseqüentemente ficando de frente para o casal do ano.

— Jon, ‘tá a fim de esperar lá fora? — Perguntei, rezando mentalmente para que ele aceitasse e ele sorriu, concordando com a cabeça posteriormente.

— Querendo mais um tempinho a sós, Savannah? — A garota loira questionou, sorrindo marota e eu franzi as sobrancelhas. — Vocês terão o fim de semana inteiro.

Automaticamente meus olhos foram em direção ao Justin e ele igualmente me olhava, sua característica expressão de nada e aquilo era irritante. Era irritante não saber o que se passava pela cabeça dele, nem mesmo através de suas feições.

— Ela não resiste. — Jonah sussurrou passando os braços por meus ombros e eu rolei os olhos.

— Cala essa boca. — Resmunguei e ele riu, passando a guiar nossos passos em direção a porta.

— Prefiro deixar você calar. — Brincou e eu não pude conter um riso, acertando-lhe um tapa no peito e ouvi a Melanie e a Nancy rindo da cena. Assim como irritantemente podia sentir o olhar fixo do Justin em nossa direção.

Atravessamos a porta discutindo como duas crianças mimadas e ele bagunçou meu cabelo, deixando-me irritada e eu lhe acertei outro tapa.

— Você por acaso é sadomasoquista? — Indagou sarcástico e sorri perversamente em sua direção, recebendo uma gargalhada escandalosa como resposta. — Sabe — apertou meus ombros —, eu até curto. — Riu enviesado e eu revirei meus olhos, empurrando-o e conseguindo me livrar do aperto que o mesmo fazia em meus ombros.

— Pare de ficar tentando se adaptar aos meus padrões. — Ordenei, com falso egocentrismo e ele encarou-me indignado.

Puxou-me pelo braço em seguida e me deu uma leve chacoalhada.

— Garota, pare de se achar tanto.

Ri e ele continuou me balançando, rindo também.

— Chega. — Empurrei-o e ele ergueu os braços, demonstrando rendimento.

Ficamos momentaneamente em silêncio, os olhos do Jonah na estrada enquanto eu intercalava os meus entre ele e o chão. Entediada, mas também sem capacidade alguma para puxar um assunto interessante e duradouro. Estava tão focada no breu dos meus pensamentos, que facilmente me assustei, praticamente pulando de susto, quando a voz aguda de Jonah começou a cantar – gritar – uma música country.

— Jonah, cala essa boca. — Pedi, encarando-o e quando ele começou a fazer movimentos de cowboy não pude conter o riso. — Pára com isso.

Ignorando completamente os meus pedidos ele continuou, cantando cada vez mais alto e eu me aproximei, empurrando-o pelos ombros enquanto me perdia cada vez em mais risadas.

— Isso ‘tá ridículo, cara. — Comentei risonha e ele gritou ainda mais alto, completamente desafinado. — Argh, cala essa boca. — Me aproximei, ficando na ponta dos pés para tapar sua boca e mesmo assim ele continuou cantando.

Rendi-me, me afastando outra vez e tapei meus ouvidos, tentando inutilmente diminuir seus irritantes ruídos que incomodavam meus ouvidos.

 — Ah, como você é chato! — Exclamei partindo para cima dele, dando diversos tapas em seu peito e ele gargalhou, segurando meus pulsos e grudando meu corpo ao seu.

Não demorou para que estivesse cantando novamente. Estávamos perigosamente próximos naquele momento e logo meus olhos foram em direção a sua boca, fazendo-me recordar de todas as vezes que havíamos nos beijado e um arrepio percorreu minha espinha. Jonah tinha um beijo muito bom e sabia facilmente como tirar uma garota dos eixos, até porque sua beleza e charme colaboravam um bocado para aquilo, porém o mesmo igualmente dominava estratégias enlouquecedoras. Ao analisar, contemplativamente, o sorriso que se esboçou nos lábios dele, rapidamente percebi que era exatamente aquilo que ele queria. Que aquele era seu plano maligno. Ele queria que o beijasse para calar sua boca e parte de mim também queria que o fizesse, porém eu não conseguia, até porque as coisas estavam completamente e dolorosamente diferentes do que costumavam ser antes. Quando cedi a suas primeiras investidas há tempos atrás, eu estava perdida em mim mesma, revoltada e deliberada a fazer de tudo para esquecer minhas frustrações. Mas naquele momento, e naquelas circunstâncias, eu não sabia o que queria. Não sabia o que deveria fazer. A antiga Savannah o usaria sem receio algum, no entanto eu não conseguia mais usá-lo. Não era certo. Não era de fato o que eu, puramente, queria.

Forcei um sorriso e encolhi meus ombros, livrando-me do aperto de suas mãos em meus pulsos e dando alguns passos até ficar em uma distância segura. Pude ver perfeitamente seu semblante mudando para desapontado e aquilo me atingiu, contudo, seria ainda pior vê-lo alegre por estar sendo cruelmente usado. O silêncio fora sustentado até o momento em que Bridgit e o irmão da Melanie, que se não me falhava a memória se chamava Aaron, chegaram e então voltamos a entrar na biblioteca. Enquanto todos conversavam, decidindo como que seria a viagem, eu permaneci completamente alheia em meu canto, fitando o nada. Senti o Jonah se aproximando após um tempo e então o mesmo passou o braço por meu ombro, encarei-o e ele sorriu amigavelmente, me deixando aliviada e o efeito me fez sorrir abertamente.

— Então, vocês dois querem vir comigo e com o Justin ou com a Savannah e o Jonah? — A Melanie perguntou após a discussão terminar e um momentâneo silêncio se instalou.

— Eu particularmente prefiro ir com a Savannah, porque não estou com paciência para aturar melação. — Bridgit disse, revirando os olhos e eu ri nasalmente, contendo-me assim que vi a Melanie lhe lançar um olhar mortal.

Eu havia conhecido a ruiva há um tempo, havíamos conversado um pouco e aparentemente ela era uma pessoa legal, associável e divertida. Me divertia ainda mais com suas invariáveis tentativas de tirar a melhor amiga do sério e a amizade delas, de certa forma, me lembrava muito minha amizade com a Lauren.

— E você Aaron? — A loira indagou e o rapaz permaneceu momentaneamente pensativo.

— Vou com você. — Disse dando de ombros.

— Mas é claro, né. — A ruiva alfinetou rapidamente. — Vai fazer a segurança?

Não pude conter outro riso e daquela vez a Melanie riu também.

— Pega leve com ele, Brid. — Ela pediu, dando um leve tapinha no ombro do irmão.

— Não sejam imbecis. — O garoto pediu e a irmã apenas riu nasalmente.

— Tudo certo, então já podemos ir. Teremos longas três horas de viagem pela frente.

Nos despedimos de Nancy, que nos desejou uma boa viagem, e depois saímos do local completamente entusiasmados. Foquei-me em uma conversa paralela com o Jonah – que ainda me abraçava – e esqueci-me completamente das coisas que me tiravam o sossego, sentindo-me mais confiante para prosseguir com a viagem.

— Eu vou explicando para o Justin e você vem seguindo atrás, Sav. — Melanie avisou e eu concordei. — Não se percam, pelo amor de Deus.

— Melanie eu sei o caminho, qualquer coisa eu explico para eles. Pára de ladainha e vamos logo. — Bridgit resmungou, apertando as alças da bolsa.

— Santo mau humor. — A garota rebateu, dando um tapa na cabeça da amiga que praguejou baixinho. — Vamos nessa, pessoal.

Sorri de lado e o Jonah me soltou, indo até o meu carro e eu olhei ao redor antes de seguir o mesmo caminho, procurando por alguém que de imediato não encontrei e ao olhar por sobre meu ombro, vi-o parado um pouco atrás. A cabeça baixa e o corpo retesado.

— Justin? — Murmurei aproximando-me, me aproveitando do fato do Jonah e da Bridgit estarem conversando concentradamente, assim como a Melanie e seu irmão.

Ao chegar mais perto percebi que seus lábios estavam se movimentando, o que significava que ele provavelmente falava sozinho e o que, acima de tudo, evidenciava que o mesmo estava no início de um surto. Hesitante, fiquei em uma luta interna entre ir e não ir até o mesmo, ajudá-lo ou não. Contudo, eu havia me comprometido completamente em ajudá-lo e não faria sentido virar as costas para o mesmo só porque eu fui tola o suficiente por ter me deixado levar facilmente, por ter colocado muito sentimento e, daquela forma, estragado tudo. Determinada a não deixá-lo desamparado por puro capricho, apressei mais meus passos e toquei seu ombro, tentando chamar sua atenção.

— A culpa não é minha. — Ele sussurrou, apertando levemente os punhos.

— Justin? — Chamei outra vez, tocando seu ombro com cautela e olhei para trás percebendo que os outros ainda estavam distraídos. — Ei, Justin. Acorda.

Estalei os dedos em frente ao seu rosto e ele pareceu despertar, olhando em minha direção e suas pupilas dilatadas foram voltando ao normal gradativamente.

— Tudo bem? — Perguntei, tirando sorrateiramente a mão de seu ombro.

— S-sim, erm... — limpou a garganta. — Sim, está tudo bem.

Tentou sorrir, contudo, não obtivera sucesso algum. Forcei um sorriso para tentar confortá-lo, mas tinha plena certeza de que também não havia ajudado muito.

— Vamos logo antes que os outros percebam. — Aconselhei e ele anuiu, afastei-me primeiro, caminhando lentamente em direção ao meu carro e logo o senti aproximando-se.

— Obrigado. — Sussurrou antes de seguir para o caminho contrário e eu sorri minimamente, ainda fitando o chão.

Dentro do carro enquanto dirigia, e aturava Jonah e Bridgit gritando as letras das músicas que tocavam na rádio, perdi as contas de quantas vezes suspirei. Perdida em meus pensamentos, ao mesmo tempo em que tentava me manter focada no trânsito, seguindo o carro do Justin que ia bem a nossa frente, eu tentava inutilmente encaixar todas as peças do quebra-cabeça insano que minha vida havia se tornado. Questionando-me incansavelmente se aquilo passaria ou não, se eu conseguiria superar ou se estava fadada a viver com aquele sentimento me trucidando. Estava aprendendo da maneira mais dura que fugir dos problemas não era, nem de longe a melhor maneira de tentar resolvê-los, até porque um problema nunca será resolvido ao ser forçadamente escondido da realidade e era bem provável que eu só estivesse dando ainda mais espaço para que tudo piorasse. Eu estava enterrando-me ainda mais em escombros cruéis e não conseguia retornar, não sabia como desfazer os nós que se tornavam cada vez mais irreversíveis e fatais. Fugir de todo mundo não iria resolver os meus problemas, fugir dele não iria fazer com que eu superasse o que, na verdade, não havia como facilmente superar. Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira e eu não podia mais me enganar, não podia mais negar o quanto eu estava perdidamente apaixonada pelo Justin e o quão irreversivelmente desastrosa minha situação era. Não havia mais como fugir do óbvio. 


Notas Finais


Aaron: http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20110107171000/marvelmovies/images/0/07/Lucas_Till.jpg
Bridgit: http://i4.photobucket.com/albums/y107/silentwilight/Alex%20and%20Deb%20Comic%20Con/cc9copy.jpg

Uepa, olha eu aqui de novo moçada *barulho de samba* (nem gosto de samba lol). Enfim, eu pretendia postar no fim de semana, porém gente do céu eu não fazia ideia do quanto a primeira semana na faculdade era corrida! Brincadeira, fazia sim. Mas sinceramente, eu ainda estou super perdida! HAHA o semestre mal começou e eu estou LOTADA de coisa para fazer, mas todo tempinho livre que eu arrumava era para escrever esse cap (espero que não tenha ficado tão bosta heheh). Mas então, não vou ficar enrolando aqui, porque minhas notas sempre ficam enormes, vcs devem estar de saco cheio rssss. Vou dar o meu melhor para fazer as postagens de fim de semana, porque nesse meio tempo percebi que só assim vai funcionar ou então eu apareço no meio da semana mesmo. Obrigado pelos comentários do cap anterior, amei todos e perdão por não ter respondido alguns, eu estou mega sem tempo mesmo, vou tentar responder depois (obs: li, surtei, amei, adorei, chorei e destaquei todos)! Olhem só, tenho que acordar 5h30 da manhã e ainda estou aqui asdasf radicalismo total! Sqn! Mas é isso aí, até a próxima meninas e milhões de beijos! xoxo'


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