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História Paranoid - Livre para você.


Escrita por: sympathize

Capítulo 31 - Livre para você.


Fanfic / Fanfiction Paranoid - Livre para você.

— Por que está tentando me proteger de você? — questionei minha voz soando tão baixa que ele provavelmente não teria me escutado se não estivéssemos tão próximos e cercados por tanto silêncio. 

Ele expirou exasperado e deixou de me olhar por um tempo, movendo-se inquieto, erguendo as mãos até embrenhar os dedos por entre os cabelos e bagunçá-los. Dava para enxergar a aflição em seu rosto e eu podia ver o quanto, em algum lugar de seu interior, ele queria poder me dizer o que quer que estivesse acontecendo, entretanto, era ainda mais visível que havia algo o impedindo.   

— Droga, Savannah, eu estou aqui agora, não é mesmo? — disparou, após soltar o ar pesadamente. Meus olhos se arregalaram minimamente, em alerta. — Por que temos que falar sobre isso? 

— Por que sempre tenho que esquecer quando se trata de você? Por que devo lhe dar satisfações e você não pode esclarecer certas coisas comigo também? — contestei, indignada. — Se você espera que eu não deixe você por fora, não me deixe também, droga! 

Ele fechou os olhos e respirou profundamente, apertando os punhos e eu me afastei um passo, completamente na defensiva. Tentando não reparar no quanto ele ficava bonito daquela maneira, ainda que estivesse zangado. No quanto ele ficava inacreditavelmente mais bonito com o maxilar tensionado, a expressão endurecida. No quanto ele ficava injustamente bonito de qualquer maneira e em qualquer ocasião, até mesmo nas menos apropriadas. 

— Mas no seu caso, era algo relacionado a mim — apontou na direção do próprio peito. 

— O quê? — balbuciei descrente. — Você não acha que isso seja algo relacionado a mim também? — imitei o gesto anterior dele, apontando o indicador em minha direção. — Você estava tentando me proteger de você, Justin — repeti, aproximando-me dele e cutucando o centro de seu peito.  

Ele suspirou. 

— Eu não quero brigar com você — murmurou, pegando minha mão com cautela e afastando-a, mas continuou a segurando quando me puxou até que nossos corpos se tocassem. — E eu não sou mais um perigo pra você agora. 

Apenas me calei, profundamente abalada por suas últimas palavras e pela repentina proximidade, me permitindo ser vencida pelo cansaço, pois ele, visivelmente, não me contaria nada. Quando se tratava de si e de seus mistérios, Justin Bieber era tão teimoso quanto uma porta emperrada, portanto, conseguia facilmente ultrapassar os limites de minha paciência.  

No final das contas, ele não queria brigar e tampouco eu, então se fosse preciso deixar aquilo para trás e esperar até que a poeira abaixasse, e ele se sentisse suficientemente confiante para me contar, eu o daria o tempo que fosse.  

— Não fique brava comigo — ele pediu, erguendo o meu rosto e eu suspirei, maneando a cabeça. 

— Não estou brava — murmurei, balançando o ombro sutilmente, tentando parecer o mais convincente possível. 

— Está sim — retrucou, grudando-me completamente nele, encostando sua testa na minha. — Me desculpe, eu não queria aborrecê-la. A culpa é minha e eu assumo isso, mas, por favor, não precisamos insistir nesse assunto. 

— Se você prefere assim, Justin, tudo bem. Eu o respeito. 

Ergui minhas mãos até segurar as dele, que estavam em minha cintura, e as afastei com delicadeza. Daquela vez ele não tentou me impedir e permitiu que eu me afastasse, vi seu peito subindo e descendo, pesado, e sentia seus olhos focados em meu rosto, mas estava muito perdida em meio a um amontoado de pensamentos para igualmente prestar atenção nele. 

— Eu vou... — comecei, dispersando os pensamentos e apontei na direção da porta. — Vou subir para tomar banho. 

— Tudo bem — concordou, após um tempo quieto, explicitamente forçando a indiferença, e eu dei a volta na bancada. 

Ele se ocupou em fazer o quer que fosse e eu hesitei antes que pudesse realmente sair da cozinha, um conflito entre meu coração e meu cérebro, até que acabei escolhendo mandar a razão para os quintos dos infernos e dei meia volta, retornando para perto dele. Cutuquei-o sutilmente o braço e ele se curvou em minha direção, um pouco assustado, mas não tardou para se virar completamente e eu cheguei mais perto, pausando minhas mãos, uma de cada lado, no rosto dele. Ergui-me nas pontas dos pés para alcançá-lo, ele estava mais ereto do que de costume, e juntei nossas bocas. Não houve o aprofundamento do beijo, no entanto, os meros segundos em que nossos lábios permaneceram pressionados foram o suficiente para fazer cada parte – interna e externa – do meu corpo entrar em combustão.  

Justin permaneceu rígido e parecia surpreso demais para realmente associar o que estava acontecendo, e eu teria rido da reação dele se não estivesse profundamente louca para vê-lo perdendo controle e me tomando em seus braços, porém ele não o fez e então me afastei. Temendo que minha atitude não houvesse o feito baixar à guarda, entretanto, sentindo-me genuinamente aliviada ao ver a expressão no rosto dele suavizando, mesmo que ele ainda parecesse dolorosamente exausto.  

Mordi meu lábio inferior para esconder um sorriso tolo, sentindo-me estranha por conta da sensação patética, e ao mesmo tempo extremamente encantadora, de que eu fosse uma fascinada garotinha em seu primeiro beijo; nem mesmo quando era uma garotinha inexperiente, e em meu verdadeiro primeiro beijo, havia me sentindo daquela maneira.  

Justin e eu partilhamos um sorriso antes que eu me afastasse por completo e caminhasse, um tanto quanto saltitante, para fora da cozinha. Ainda estava preocupada e, de uma maneira ou de outra, ficaria enquanto não soubesse o que andava acontecendo de errado com ele, mas, no momento, com a repentina e tão esperada volta dele, eu só queria aproveitar e não estragar as coisas. 

Não demorei tanto no banho por já ter lavado meus cabelos pela manhã, então apenas foquei na higienização do meu corpo – minha menstruação já havia desaparecido completamente e eu fiquei vergonhosamente ansiosa e contente por aquilo.  

Fucei todos os locais possíveis do imenso armário do banheiro em busca de um barbeador e, assim que finalmente encontrei, fiz uma depilação completa. Cantarolando baixinho enquanto a água do chuveiro caía sem parar e, pela segunda vez, eu repassava o barbeador em minha perna; certificando-me de que não escaparia nenhum pelinho atrevido.  

Quando, enfim, terminei, saí do banheiro enrolada em uma toalha e remexi em minhas roupas, em busca de algo confortável para vestir. Escolhendo um short de moletom preto, bastante curto e com listras azuis-bebê nas laterais, e uma regata que mostrava boa parte de minha barriga.  

Olhei-me no espelho grande, na porta do guarda-roupa, meus cabelos estavam amarrados em um coque malfeito e depois de refletir sobre deixá-los daquele jeito ou soltá-los, acabei optando por amarrá-los em um rabo-de-cavalo alto. Não esborrifei perfume por já ter utilizado o creme corporal de mesma essência e quando estava ajeitando todas as coisas, pensando no que faria depois, sobressaltei-me ao ouvir teclas do piano serem pressionadas numa sequência grave. Congelei em minha posição, com as roupas sujas completamente emboladas em minhas mãos, e, tempo depois, minha boca abriu-se um pouco, em uma expressão de total surpresa, quando uma canção doce e ritmada começou a ecoar. As notas eram suaves e harmônicas, uma melodia que eu não me recordava de já ter ouvido, e que em alguns momentos travava e depois a sequência se repetia com surpreendente perfeição. 

Sorri ao imaginá-lo decifrando sozinho, ao imaginar sua expressão pensativa e concentrada. Sentindo meu coração bater forte e um desejo imenso de vê-lo, naquele exato momento, crescendo em meu interior na velocidade de um cometa. 

Movida por aquela necessidade, completamente desajeitada e alvoroçada, joguei as roupas dentro do cesto e depois corri na direção da porta. Meus pés descalços colaboravam para minha total descrição e a porta do quarto onde ele se encontrava, estava encostada, uma fresta aberta, o suficiente para que eu pudesse o ver, sentado no banquinho, de costas para mim e sem camisa, numa posição completamente corcunda que lhe parecia estranhamente confortável. Os músculos das costas se salientando conforme os braços se moviam, de um lado para o outro, atingindo teclas que se fundiam em um efeito sonoro que me fazia querer fechar os olhos e simplesmente apreciar. A bermuda tão caída que a cueca boxer branca que ele vestia se encontrava praticamente toda à mostra, o que me fez rir comigo mesma, e então coloquei a mão na frente de minha boca para impedir que qualquer som escapasse e permaneci em presença oculta; vendo-o pressionando as teclas com gentileza e intensidade, com tanta paixão que era como se já houvesse nascido para tocar piano – como as pessoas diziam que eu costumava ser antes de me perder completamente em mim mesma.  

Meus olhos o admiravam. A música envolvente tornando-se trilha sonora de minha adoração a ele. Uma melodia melancólica que estranhamente não me perturbava e sim, por uma razão adversa, parecia habitual. Aceitável.   

Entre uma pausa e outra, resmungos consigo mesmo e total devoção ao que fazia, o Justin pareceu finalmente conduzir a melodia até o fim e eu empurrei a porta lentamente; o suficiente para que pudesse me esgueirar para dentro. Talvez por estar tão absorto, encarando diversas partituras em sua mão como se fossem provas de álgebra escritas em hebraico, ele não notou minha aproximação e eu parei há alguns passos de distância dele. O cheiro de sabonete e colônia masculina logo adentraram minhas narinas e eu os aspirei em veneração, em seguida, facilmente chegando à conclusão de que assim como o perfume dele não me passava despercebido o meu também não lhe passava, não tardou para que eu fosse descoberta. 

Justin inclinou a cabeça em minha direção e sorriu da maneira mais linda que eu já havia o visto sorrir. Suas feições pareciam genuinamente revigoradas e ainda que as olheiras ainda estivessem lá, o brilho em suas íris cor de mel haviam retornado. Meu Justin finalmente havia retornado e vê-lo daquela maneira encheu meu coração de um sentimento insuportavelmente incandescente. A paixão resplandecente rasgando minha carne. Irrefreável e dominante. Uma libertação irreversível.  

— Venha até aqui — ele chamou, despertando-me dos devaneios e eu sorri timidamente.  

Sentou-se mais para o lado e bateu no espaço vazio, me aproximei sorrateiramente. 

— Vejo que andou praticando.    

Minha voz saíra baixa quando finalmente dei um basta no silêncio entre nós, um pouco depois de me sentir ao seu lado, nossos olhares estavam enlaçados, conectados, de um jeito inexplicavelmente incomum.  

— Tocou bem pra caramba — prossegui e ele soltou o riso pelo nariz. — Qual é o nome da música? 

— Não faço ideia — riu outra vez e eu abafei a risada. — Achei essas partituras nas coisas da minha mãe — continuou, me mostrando os papéis —, fiquei tentando decifrar algumas, mas a que toquei foi a que única que obtive real sucesso.   

Liberei o riso audível e ele riu de modo contido.   

— Precisei praticar sozinho, já que você me negou outras aulas — acusou, rindo sutilmente e eu repeti seu gesto, desviando meu olhar ao sentir as maças de minha bochecha esquentando e, daquela forma, tentando esconder o rubor.   

— Você aprendeu muito melhor sem a minha interferência — murmurei e ele soltou o riso pelo nariz, dedilhando algumas teclas após um breve momento de total silêncio, o que me fizera rir com o susto que tomei e ele riu também.   

— Encontrei a Melanie hoje — contou, distraído, conquistando minha atenção. 

— Sério?  

Ele assentiu e eu fiquei pensativa, lembrei-me da conversa que tive com ela e pensei nas prováveis coisas que eles haviam conversado. Pela expressão no rosto dele, nada havia dado errado. E ainda que eu quisesse detalhes, me contentaria com qualquer coisa que ele quisesse me contar no momento. 

— Ela me contou que vocês conversaram — ele comentou e eu maneei com a cabeça. — Fui a uma loja comprar uma camisa para usar amanhã à noite e a encontrei na rua, fiquei surpreso quando ouvi alguém chamar meu nome e então era ela. Conversamos, ela se desculpou e eu me desculpei também apesar de ela dizer que não precisava antes mesmo que eu o fizesse. Porque eu também errei com ela, não é mesmo? 

Sorri, erguendo minha mão para tocar no rosto dele e ele suspirou, inclinando-o contra a palma de minha mão, os olhos se fechando. Ele segurou minha mão tempo depois, afastou-a com cautela e beijou cada um de meus dedos, segurou o torso contra seus lábios quentes, e eu quis beijá-lo, mas me contive. 

Após mais um breve segundo de silêncio, ele expirou e sorriu bem largo. Afastou minha mão de sua boca, porém continuou a segurando. 

— Agora que está tudo resolvido, estou completamente livre para você. 

Ele sorriu, feito uma criança travessa, e eu sorri também, anestesiada, sacudindo a cabeça sutilmente. Justin era sempre tão encantador e a maneira como o mesmo me fazia sentir era tão misteriosa e fascinante, e ainda assim eu não deixava de me impressionar com sua influência sob mim. Há tempos eu não me sentia daquela forma tão intensa e positiva. 

Honestamente, eu nem mesmo me recordava de já ter me sentido de tal modo. Pois, por muito tempo, era como se eu estivesse trancada em uma gaiola, tentando encontrar uma maneira de fugir, lutando inutilmente, quando, na verdade, o tempo todo, a chave de minha salvação estava nas mãos dele.  

Justin Bieber era o meu libertador e eu não tinha dúvidas daquilo. Desde o primeiro momento eu tinha conhecimento, mas havia me cegado diante das renegações. Havia me cegado diante da insegurança e de meus medos. Mas agora eu não precisava mais. Não precisava mais me esconder atrás de minhas grades imaginárias. 

Sorrimos um para o outro e então me aproximei para finalmente fazer o que tanto desejava. Sentindo-me aquecendo de dentro para a fora com o extremo contentamento por finalmente tê-lo somente para mim, consciente de não precisaria sentir qualquer tipo de receio e/ou culpa. O beijo evoluiu de calmo e contemplativo, para violento e impaciente. A libido tomando completamente o controle e antes que pudesse prever já me encontrava sentada no colo dele, com uma perna de cada lado, e no instante seguinte ele nos erguia e me sentava no piano. Algumas teclas foram pressionadas, o que nos rendeu um breve riso, mas não nos fez parar. Os toques do Justin eram firmes, mas não agressivos. Cada parte do meu corpo formigando com todo aquele contato e minha barriga, despida, se contraía sempre que a mão dele se arrastava pela região, o que em certo momento tirou-me um gemido baixo e a selvageria dele se desencadeou completamente. Nossos lábios se devoravam, nossas salivas se misturavam e a cada segundo a necessidade tornava-se irreprimível, como se ainda não fosse o suficiente e não era. Eu queria mais. Queria que ele me desse mais. 

No instante em que os lábios dele tocaram meu pescoço, minha mente fora contaminada pelo breu e nada mais pareceu coerente, nenhum raciocínio entendível, eu só era capaz de sentir. Sentir numa intensidade vulcânica o quanto era, acima de minhas expectativas, extraordinariamente prazeroso senti-lo me tocando de tais maneiras. 

Entretanto, antes que eu pudesse verdadeiramente me deleitar com suas carícias, ele parou. Permaneceu com o rosto escondido em meu pescoço e eu senti sua respiração pesada batendo contra a minha pele, até que ele simplesmente se afastou e me olhou, e eu não demorei a entender o que estava acontecendo, afinal de contas lembrava muito bem de minha ideia absurda de que fôssemos devagar e, pela expressão no rosto dele, era exatamente o que ele estava fazendo. E eu quis dizer que meu período já havia passado e que estava tudo bem, que estava tudo muitíssimo bem se continuássemos daquela vez – porque eu o queria, céus, como o queria –, porém minha voz perdeu-se completamente quando ele pressionou os lábios contra a minha testa e em seguida me abraçou afetuosamente.  

Apenas o correspondi, sem nenhuma hesitação, pensando no que havia acontecido horas atrás, recobrando-me do sumiço dele e de sua declaração a respeito de querer me proteger de si mesmo, e talvez aquele não fosse mesmo um bom momento para termos nossa primeira noite. 

Pensar isso me fez automaticamente lembrar as palavras de Lauren: Vista a sua melhor lingerie e capriche na produção, se ele não arrancar suas roupas depois da festa, você está namorando o seu pai. Quase dei risada, como havia feito no momento em que ela as disse, mas me refreei. Porque, àquela altura – sentindo cada parte do meu corpo arder em excitação –, a ideia já não me parecia tão absurda, afinal de contas eu o desejava daquela maneira e aquilo não era novidade alguma. E não podia mais esperar, não precisava mais esperar. No início era forte e, agora, depois de tudo, havia se tornado insuportável. E o sorriso que esbocei no segundo seguinte possuía mais intenções do que o Justin, que me fitava completamente imaculado e radiante, provavelmente havia captado.  

Ele sorriu docemente e beijou-me os lábios com cautela. 

—  Está com fome? — questionou e distraidamente toquei o queixo dele, fitando seus lábios avermelhados. Em tom mais baixo, ele prosseguiu: — Ainda tem o macarrão que você fez. Você cozinha bem. 

— Era molho pronto — brinquei, prendendo a risada e mordi meu lábio, umedecendo-o em seguida. Beijei o canto da boca dele e depois o lábio inferior, ele suspirou. 

— Gosto muito de macarrão — começou e eu fitei os olhos dele, apesar de estar bastante dispersa —, mas nunca consigo cozinhar até o ponto certo e o seu ficou ótimo. 

Abafei a risada e ele afastou delicadamente minha mão do rosto dele. Não podia negar o quanto ele ficava uma gracinha forçando todo aquele autocontrole, aquilo estava me divertindo. 

— Seus olhos estão vermelhos, você está com sono? — indagou e eu neguei, mas, na verdade, estava mentindo, pois realmente já começava a sentir certa sonolência. — Vem, vamos descer. 

Ele se afastou e eu continuei sentada no piano, encolhendo-me um pouco ao me sentir desprotegida e com um pouco de frio após perder o contato com o corpo quente dele. Justin só caminhou dois passos e depois olhou em minha direção, eu continuava o encarando, paralisada. 

— Você não vem? — ele questionou, apontando na direção da porta e eu deixei meus ombros caírem, soltando um suspiro preguiçoso e ele abafou o riso. — Você é muito folgadinha. 

— Não tente me ofender no diminutivo para parecer fofo — retruquei, arqueando uma sobrancelha e ele gargalhou. Aproximou-se de mim e virou-se, agachando-se um pouco e inclinou a cabeça para trás, em um pedido mudo para que eu subisse em suas costas. E, sem hesitar, eu o fiz. 

— Eu mal acostumei você — ele ressaltou, começando a caminhar e eu prendi-me contra o corpo dele, agarrando-o pelo pescoço.  

— Realmente, Justin Bieber — murmurei, perto do ouvido dele e ele abafou a risada. 

Quando chegamos até a cozinha, Justin desceu as escadas com extrema facilidade, fiquei escorada na bancada enquanto ele aquecia a comida. Depois, ajudei-o a levar as coisas até a sala de jantar e comemos enquanto conversávamos paralelamente – questionei novamente se ele queria mesmo ir até a social e ele insistiu que sim, e ficou perguntando qual roupa eu usaria, para que ele pudesse escolher algo que combinasse. 

— Não é um baile de gala — provoquei, após mastigar e engolir o macarrão em minha boca. 

— Então vou usar um paletó amarelo, estilo o do Máskara.  

— O quê? — soltei uma risada estridente. — Não, eu mato você se fizer isso. 

— Qual é o problema? Eu acho maneiro! 

— É maneiro no Máskara — rebati, provocante e ele fechou a expressão por um tempo, mas era visível o quanto se esforçava para prender a risada.  

— Você é inacreditável, folgadinha. 

Forcei o melhor sorriso meigo e ele revirou os olhos, enfiando uma garfada cheia na boca e eu prendi o riso, em seguida fiz o mesmo que ele.  

Terminamos de comer em silêncio, a atmosfera bastante agradável e o macarrão estava realmente muito bom – ou eu estava muito faminta.  

Eu retirei os objetivos da mesa e fui à direção da cozinha, o Justin seguia atrás de mim, infantilmente batendo a garrafa de refrigerante vazia contra a palma da mão. Coloquei os pratos, os talheres e os copos dentro da pia e estava prestes a começar a lavá-los quando ele me puxou e tomou meu lugar. 

— Gosto de lavar a louça, a partir de hoje podíamos fazer assim, você cuida do jantar e eu cuido da louça, o que acha? 

Dei risada e em seguida concordei com a cabeça, ele sorriu.  

— Eu particularmente prefiro a sua comida — rebati e ele fez uma careta engraçada.  

Ri novamente, caminhando até o balcão e impulsionei-me até conseguir sentar, o mármore estava absurdamente gelado contra minha perna exposta pelo pequeno short e eu me encolhi. Fiquei ali, meus olhos fixos nas costas do Justin, contemplando as tatuagens e a bunda dele, mas não demorou até que ele terminasse, só tinha o que havíamos sujado naquele momento, e virasse em minha direção. Fitou minhas pernas, que naquele momento estavam cruzadas, e eu senti meu rosto ardendo. Ele me olhou e sorriu enviesado, se aproximou e colocou a mão gelada em meu joelho, meus poros eriçaram-se. 

— É assim que eu deixo você? — perguntou malicioso, e eu ri. 

Ele a deslizou por minha coxa, seus olhos estavam fixos nos meus, e quando acariciou minha barriga, eu oscilei e prendi a risada, pois dependendo da maneira como me tocava, eu acabava tendo cócegas naquela região. Mesmo que me causasse uma tremenda excitação também. 

— Suas mãos estão geladas — reclamei, ele soltou o riso pelo nariz e se aproximou mais, fez com que eu descruzasse minhas pernas e as afastou, ficando entre elas. 

— Você é linda demais — murmurou, encarando-me de perto, sorrindo e eu sorri timidamente. Ele riu. — Gosto de você assim. 

— Assim como? — questionei baixinho. 

— Envergonhada — provocou e eu revirei os olhos, prendendo o riso. — Sem maquiagem e com roupas curtas. 

Não pude conter a gargalhada e acertei um tapa no ombro dele, ele riu e massageou o local, fingindo que aquilo realmente o havia machucado. Na sequência ficamos em silêncio, analisando um ao outro, compartilhando sorrisos e perdidos em nossos próprios pensamentos, mas tudo parecia nítido agora. Todas as nossas vontades pareciam apenas se somar. 

— Só falta uma coisa — murmurou, puxando-me para a realidade e eu franzi as sobrancelhas, inquiridora.  

Ele afastou a mão de minha perna e a ergueu até o laço em meu cabelo, o desfez e os fios despencaram pesados por meus ombros, viciosamente partindo-se ao meio e uma mecha ficou em meu rosto.  

Eu ri e ele também, joguei alguns fios de cabelo para trás. O cheiro de shampoo se estalando entre nós e o Justin inalou uma mecha e depois a afastou, aspirando contra a pele de meu pescoço. A mão dele desceu por meu braço e tocou minha cintura, ele espalmou cada uma de suas mãos em minhas coxas e causou uma leve pressão. Senti meu coração bombeando forte, a pulsação atingindo meus ouvidos. Minha visão ficou turva e então meus olhos apenas se fecharam.  

No entanto, tão breve quanto começou, ele deixou de me tocar e encostou a testa na minha. Fiquei brava, porém igualmente estava anestesiada demais para protestar. Queria que ele continuasse me tocando e, acima de tudo, queria que nos perdêssemos no corpo um do outro, contudo aquilo precisava ser algo da vontade dele também. E naquele momento era apenas nítido o quanto ele somente queria me provocar, me deixar envergonhada. Me enlouquecer até que eu chegasse ao ponto de simplesmente não suportar e mesmo que parte de mim detestasse, a outra parte se excitava profundamente com aquilo. A parte que sabia que valeria completamente à pena quando o momento finalmente chegasse e tinha que ser o momento certo para nós dois. 

Amanhã o faria me desejar tanto que é você quem não conseguirá suportar, Justin Bieber, pensei, convicta. Um sorriso confiante e travesso delineando meus lábios. 

— No que está pensando? — ele perguntou, olhando-me desconfiado. 

— Nada em especial — menti, descaradamente, e mordi o lábio inferior, contendo o riso. — Você não precisa ir de terno amanhã. 

Ele riu, maneando a cabeça. 

— Eu não vou, estava brincando. 

Ri nasalmente, revirando os olhos e ele selou meus lábios ligeiramente. 

— Use cores escuras ou neutras, ainda não escolhi o que vou vestir, mas vou encontrar algo em um destes tons. 

Ele assentiu e eu o puxei pelos ombros, encostando nossos lábios com mais pressão e por mais tempo. Quando nos afastamos, por alguma razão ridícula, eu bocejei e ele esboçou um sorriso divertido. 

— Amanhã você vai trabalhar cedo, não é? — questionou, colocando uma mecha solta de meu cabelo atrás da orelha. — Vou colocar você na cama. 

— Ah, Justin — retruquei, fazendo beicinho e ele riu. — Não estou com sono. 

Agarrei-o pela nuca e ele expirou, eu fiz o mesmo.  

— Não discuta comigo, mocinha — rebateu, em tom baixo e rouco, aproveitando-se da proximidade para passar um dos braços por trás de meus joelhos e me erguer em seu colo. 

Eu gargalhei, pendendo minha cabeça para trás, soltando o peso do meu corpo contra ele, o que o fez perder um pouco do equilíbrio enquanto atravessava a porta na direção da sala, e ele resmungou e eu ri ainda mais. Enquanto ele subia as escadas, eu balançava minhas pernas, cantarolando uma música infantil lhe tirando breves risos quando forçava o agudo, e então eu acabava rindo também. Meus braços estavam ao redor do pescoço dele e meu rosto contra o seu peito.  

Quando chegamos até o quarto, ele chutou a porta com cautela e o adentrou, caminhou na direção da cama e me sentou, mas fiquei segurando o pescoço dele quando o mesmo tentou se afastar. Justin riu, me beijou e, por eu ter baixado à guarda, conseguiu se livrar de mim.  

— Espertinho — resmunguei, o quarto estava escuro, parcialmente iluminado pela luz do corredor e ele acendeu a luz do abajur. Nos encaramos. 

— Vá escovar os dentes — ordenou e eu bati continência na direção dele antes de me levantar e seguir na direção do banheiro. 

Escovei os dentes duas vezes e lavei meu rosto, pensei em prender meu cabelo, mas deixou-o solto mesmo e retornei para o quarto. O Justin já havia ajeitado minha cama e estava ao lado dela, me aguardando. 

— Deita. 

Sem dizer nada, eu o obedeci. Fiquei o olhando enquanto ele me cobria, um sorriso preso no canto dos meus lábios e a expressão dele naquele instante era enigmática.  

— Tão sério — enruguei o nariz e ele me olhou, sorriu, e parecia desconcertado, depois se distanciou. 

Ficamos um tempo em silêncio, ele parado ao lado da minha cama, me olhando como se quisesse dizer algo que simplesmente não saía, até que subitamente ele caminhou até o abajur e desligou a luz, em seguida caminhou na direção da porta. Ergui-me impensadamente e o nome dele escapou por meus lábios, ele ignorou no primeiro momento, contudo, quando o chamei outra vez, ele parou rapidamente e, no mesmo ritmo, se virou em minha direção. Eu não podia vê-lo completamente, mas podia sentir o olhar fixo dele. 

— Volte aqui — pedi, um pouco sem jeito, e os ombros dele subiram e desceram com a respiração profunda. Ele hesitou por um momento e depois fez sinal negativo com a cabeça. — Vem, Justin. 

Ele negou outra vez, mas continuou parado lá e então eu me estiquei até o abajur e acendi a luz, permaneci com o edredom me cobrindo da cintura para baixo, sentada de pernas cruzadas. Ele me encarava, inexpressivo. Meus olhos desceram pelo corpo dele, a ausência da camisa e as tatuagens, as entradas na cintura e a bermuda baixa, a tira da cueca da Calvin Klein. Quanto mais eu o olhava, mais quente me sentia, como se estivesse em um quarto em chames ou até mesmo caminhando na direção do inferno – não que eu soubesse como era a sensação da segunda opção, mas se continuasse com aqueles pensamentos até o fim de minha vida, provavelmente acabaria descobrindo. 

— Justin — ronronei e ele comprimiu o maxilar —, vem. 

Chamei-o, sem nenhuma inibição, com o indicador. Ele me olhou em um misto de surpresa e descrença durante um longo tempo, uma longa tortura para mim. Em seguida, engoliu em seco e sacudiu a cabeça levemente, como se para clarear os pensamentos. Forçou um sorriso.  

— Não — ele vacilou na hora de negar e eu mordi meu lábio inferior —, eu vou deixar você dormir. Boa noite, Savannah. 

Ele se virou e estava prestes a deixar o quarto quando eu o chamei outra vez, manhosa, e ele parou, mas daquela vez ficou de costas para mim; os punhos apertados. Tirei o edredom do meu corpo e aproximei-me da beirada da cama. 

— Dorme aqui — murmurei e ele permaneceu estático, eu desejei poder ver a expressão no rosto dele. Naquele momento, eu estava com mais sono e minha voz soava calma, lenta e baixa. — Dorme comigo. 

— Savannah — rosnou, virando em minha direção, o desespero estampado em suas feições. 

— Por favor — implorei e ele fechou os olhos, respirou fundo. — Eu não quero perder você de vista, não vou deixar você sumir de novo. 

— Eu não vou — rebateu de imediato, reabrindo os olhos. 

— Dorme aqui — insisti e ele ficou calado por um longo tempo, visivelmente em um conflito interno, até que finalmente se rendeu ao meu charme e assentiu veemente.  

Sorri satisfeita, ele revirou os olhos. 

— Eu só vou ali ao meu quarto rapidinho — avisou e eu confirmei, ainda sorrindo, e ele riu um pouco nervoso. E então caminhou na direção da porta. 

— Justin — chamei-o outra vez e ele inclinou-se ligeiramente em minha direção. — Se você não voltar, eu vou até lá e derrubo sua porta. 

Sorri sem mostrar os dentes, pendendo a cabeça para o lado e ele riu antes de se retirar, sacudindo a cabeça em sinal negativo. Me larguei completamente na cama, sorrindo de ponta a ponta.  

Realmente não havia má intenção alguma em meu pedido para que ele dormisse comigo àquela noite, pois eu só queria mantê-lo por perto mesmo. O melhor estava guardado para quando voltássemos da social do James. Será incrível, pensei, fechando os olhos.  

Mesmo quando o Justin retornou, e encostou a porta sorrateiramente, continuei da mesma maneira e ele demorou certo tempo até desligar a luz do abajur. Deitou-se, cautelosamente, ao meu lado, de barriga para cima, e se demonstrou surpreso quando me aproximei, passei o braço dele por baixo do meu pescoço e enlacei meu braço na cintura dele, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço. Naquele momento ele cheirava a creme dental e a pele dele estava quente. Beijei àquela região, era tão macia que senti vontade de passar minha língua, mas me controlei. Nos cobri com o edredom. 

— Boa noite, Jay — sussurrei inerte, e ele demorou um considerável tempo antes de finalmente me responder: 

— Boa noite, Sav. 

*** 

Aos sábados e domingos eu trabalhava meio-período, entrava às 08h00am e saía às 02h00pm. O horário pareceu passar voando naquele dia em especial, talvez por conta de minha euforia e por eu estar sorrindo até para as paredes, dançando pelos corredores enquanto guardava os livros que haviam sido entregues naquele dia e rindo comigo mesma. O movimento era maior nos finais de semana, no entanto, 01h00pm era o horário de pico – era enlouquecedor.  

Naquele instante, no entanto, eu estava retornando para casa, na verdade já estava na frente dela, com um embrulho em mãos, apertando-o contra o meu corpo. Metade de mim sentia-se absurdamente envergonha por conta do que eu carregava, mas a outra metade pouco se importava e apreciava imensamente aquilo. 

Quando atravessei a porta da sala, me deparei com o Justin jogado em um dos sofás, com uma garrafa de cerveja entre as mãos. 

— Bebidas e medicamentos não se misturam, o senhor sabia?  

Àquela foi à primeira vez que fiz um comentário em relação àquilo e ele olhou-me surpreso, um pouco assustado por conta da súbita quebra de silêncio, em seguida sorriu. 

 — Está chamando minha atenção só por que o Nolan está aqui? — ele rebateu e eu arqueei as sobrancelhas, só então notando Nolan Green, completamente largado no sofá ao lado e ele sorriu para mim, erguendo a garrafa de cerveja em minha direção. 

— Oi, Sav. 

— Oi, Nol — sorri na direção dele e apertei o pacote ainda mais contra o meu corpo. 

— O que você tem aí? — o Justin indagou e eu sacudi a cabeça. 

— Não é nada — respondi, estreitando as sobrancelhas. — Quer dizer, é alguma coisa, mas não é nada que você precise... saber. — Agora, completei mentalmente. 

Ele me olhou confuso e o Nolan me olhou da mesma maneira. Eu sorri desconcertada, incomodada com toda aquela atenção. 

— Podem voltar a fazer o que estavam fazendo — falei, forçando o sorriso, gesticulando freneticamente com as mãos enquanto caminhava cegamente na direção das escadas. 

— Savannah — Justin me chamou quando me virei na direção da escada e, depressa, me curvei novamente na direção dele. — Você não vai dar "Oi" pra mim também? Eu sei que dormimos juntos, mas você saiu antes que eu acordasse... 

Senti meu rosto inteiro queimando e o Nolan prendeu a risada. Justin, por outro lado, se mantinha sério, mas eu podia enxergar o divertimento em seu olhar. E então acabei facilmente me distraindo ao me recordar de como foi bom acordar e vê-lo ao meu lado naquela manhã, dormindo serenamente e eu passei um longo tempo o admirando até me obrigar a levantar e me preparar para o trabalho; acabei me atrasando alguns minutos por conta daquilo.  

 — Você é inacreditável, folgadinho — repeti o que ele havia me dito noite passada e ele sorriu de lado, da maneira mais irritante e sedutora possível. 

Arrastei-me na direção dele, fingindo pouco-caso, e agachei, aproximando-me para depositar um beijo demorado contra seus lábios, deixando o embrulho de lado por um tempo.  

— Seja um bom garoto ou então eu serei muito má com você hoje à noite — sussurrei no ouvido dele e depois me afastei, a expressão comicamente perplexa no rosto dele e eu sorri inocentemente antes de me afastar e caminhar à passos firmes – rebolando mais do que o normal – na direção das escadas; minha arma secreta prensada contra meu peito outra vez e eu a fitei, sorrindo em triunfo.  

 

Olhei para o vestido em cima da cama e suspirei. Era um dos mais lindos que eu tinha em meu closet e era o único que eu nunca havia usado. Mamãe me deu de presente em meu último aniversário, um pouco antes do caos total se instalar em nossa casa. Era preto, de mangas cumpridas e completamente justo, da cintura para cima – chegava até mesmo a parecer sufocante –, o comprimento alcançava até metade das minhas coxas. Não era justo nos quadris, mas também não era completamente rodado; era solto na medida certa e possuía um decote em V que terminava em cima do meu estômago. Meus seios não eram tão grandes, mas, apesar disso, ficavam bonitos e menos chamativos. Não era necessário sutiã, mas a calcinha que eu estava usando era digníssima, um azul escuro, quase negro, tão fio dental que fora difícil conseguir vesti-la. 

Àquela era a minha arma secreta, Lauren havia me ajudado a comprar assim que saí do trabalho e ela saiu para o horário de almoço, antes que eu viesse para casa; vinha com um lindo sutiã também, mas àquela noite eu não o usaria.  

Não acredito que estou fazendo isso, pensei, um pouco envergonha.  

Para ser honesta, era como se eu estivesse completamente nua por baixo daquele vestido, visto que eu mal podia sentir a micropeça íntima e eu nunca havia utilizado nada naquele estilo antes – Andrew havia me dado incontáveis lingeries sensuais, mas eu não havia usado nenhuma e, quando terminamos, joguei todas fora.  

Eu tentava não pensar no estúpido fato de que qualquer pessoa que me olhasse fosse capaz de enxergar através de minhas roupas, mas estava irrequieta demais para realmente controlar meus pensamentos conflitantes. 

Deixa de ser boba, uma voz mental surgiu e eu suspirei. 

Não desci do quarto em nenhum momento durante à tarde, perdendo um longo tempo fazendo as unhas dos pés e das mãos, à procura de penteados e trocando mensagens com a Lauren, e quando me dei conta o céu já estava escurecido. Olhei para o relógio que marcava 08h00pm e me sobressaltei, a social começava às 10h00pm e eu precisaria me apressar para não me atrasar, já que o Justin era extremamente pontual, e eu precisava concluir toda minha superprodução.  

Demorei mais tempo no banho, lavando meu cabelo e, só para garantir, depilando-me outra vez. Depois, vesti meu roupão, rosa e cheio de ursinhos – extremamente maduro e descolado –, e conectei meu celular nas caixinhas sonoras, deixando as músicas no aleatório, tocando em som ambiente enquanto secava meus cabelos. 

Fiz uma maquiagem básica, utilizando bastante o rímel para marcar bem meus olhos – o Justin gostava do meu rosto natural, então não abusei muito da base –, e utilizei um batom vermelho efeito matte que combinaria perfeitamente com a cor de fundo do meu par de Louboutin de couro nobuk preto.  

Na imensa dúvida do que faria com o meu cabelo, acabei optando por uma tiara de pérolas, que também havia ganho de mamãe, e deixei meus fios soltos mesmo – bagunçando-os para dar um ar de mais casualidade; o vestido, por ser de zíper na parte de trás, dava para vestir de baixo para cima, então não estragaria a produção do pescoço para cima.  

Após finalizar, olhei-me no espelho e sorri satisfeita com o meu reflexo. Bem, pensei, sorridente, não sou tão inútil assim.  

Peguei uma bolsa carteira no guarda-roupa, somente para guardar o batom e o celular, e me sentei na beira da cama para calçar a sandália. Fiquei daquela maneira, fitando o nada durante um tempo, pois ainda faltavam cinco minutos para o horário que combinei de encontrar o Justin lá em baixo – 09h40pm – e eu pude respirar um pouco, me preparar para tudo o que viria. 

Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. 

Estava tão ansiosa que me sentia como uma adolescente indo para o seu primeiro baile escolar – me lembrava muito bem de meu desespero e do quanto mamãe sofreu junto comigo. 

Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. 

Expirei profundamente e em seguida me levantei, peguei minha bolsa e caminhei, lentamente, na direção da porta. O mantra ainda permanecia se repetindo em minha cabeça, minha mente estava distante. Pense positivo, me motivei, vai ser uma noite incrível.  

Honestamente, eu não sabia dizer se estava mais nervosa por conta da social, por conta do que poderia dar errado durante ela ou que eu queria que acontecesse depois. Mas de acordo com o turbilhão de sensações que eu sentia, e de minha total inquietação, constatei que talvez estivesse sofrendo por tudo e um pouco mais, de uma só vez.  

O Justin ainda não estava lá em baixo quando cheguei, portanto, fiquei o esperando na sala. A casa estava silenciosa e eu estava tão em alerta, tão dominada pela ansiedade, que podia ouvir até mesmo a água que pingava na pia da cozinha. Pouco tempo depois, qualquer outro barulho fora completamente encoberto por passos firmes contra os degraus da escada e meus olhos automaticamente se ergueram naquela direção. Minha boca só não abriu porque Jesus provavelmente havia colado o dedo em meu queixo, para não me permitir tamanha vergonha. E mesmo parecendo totalmente improvável que o Justin pudesse parecer mais bonito do que já aparentava ser em todos os momentos, naquele instante, por alguma razão indescritível, ele estava assustadoramente mais bonito. 

Ele vestia uma blusa de couro sintético preto, blazer vermelho por cima, calça jeans escura, tipicamente, larga e um tênis iate vermelho, quase vinho. Os cabelos estavam penteados para trás, úmidos e o cheiro de sua colônia logo se alastrou pela sala inteira, encobrindo o cheiro da minha. 

Quem sabe todo o meu deslumbre fosse por conta de um ar diferente que o cercava, devido à maneira como ele se vestia, aparentemente muito mais elegante ou, principalmente, por estar tão centrado ajeitando as próprias vestimentas – ou pelo desejo imenso que eu sentia em já poder retirá-las.  

Ele estava fodidamente lindo. E estávamos combinando tanto que eu não pude evitar a risada, e ao perceber minha presença e igualmente notar a semelhança de nossas escolhas, ele soltou o riso pelo nariz. 

— Uau, Sr. Bieber — encarei-o de cima a baixo, inclinando os lábios em um sorriso. — Você não está nada mal. 

Ele riu, pendendo a cabeça de leve para trás. Terminou de descer os degraus e parou em minha frente. 

— Você está linda — sorriu, completamente fascinado e estendeu a mão em minha direção, fazendo-me dar uma rodopiada e eu ri tolamente. Fitou meu decote descaradamente e eu prendi o riso, contendo-me para não morder o lábio e acabar causando uma falha no batom. — Você é maravilhosa.  

Aproximou-se para tocar a lateral do meu rosto e inalou em meus cabelos, depositando um beijo em minha bochecha logo depois. Deixou o rosto diante do meu, seus olhos intercalando entre os meus e meus lábios, e prosseguiu: 

— Seu vestido é maravilhoso. 

Esbocei um sorriso semelhante aos que ele esboçava sempre que queria me provocar e cheguei mais perto, nossos lábios se tocando superficialmente quando finalmente me pronunciei: 

— Você precisa ver o quê tem em baixo dele. 

Dei uma risada sacana e ele me encarou com a mesma expressão cômica de quando o provoquei na presença do Nolan. E eu sorri ainda mais satisfeita, me afastando tempo depois, mas ainda tendo a satisfação de vê-lo mexendo os lábios em um "Santo Deus", completamente boquiaberto.  

Abri a porta e saí, seguindo em frente, utilizando o andar sensual que Lauren havia me instruído a utilizar e ainda que no fundo, onde eu havia forçadamente trancafiado – acorrentada e amordaçada – minha predominante parte inibida, eu estivesse querendo me esconder após o que havia dito, meu desconhecido lado femme fatale estava se divertindo pra caramba com toda aquela situação. E, movida por ele, sorri bem largo, sentindo a confiança de que aquela noite seria memorável florescendo dentro de mim com toda a força. 

Vai dar tudo certo! Vai dar tudo certo! Vai dar tudo certo! 

Parei perto do carro do Justin, havíamos decidido que iríamos ao dele depois de disputarmos no famoso dois-ou-um, esperando-o para abrir a porta para mim. Ele se apressou e o fez, os lábios presos entre os dentes enquanto assistia cada movimento meu e perifericamente eu podia vê-lo me encarando, e aquilo me enlouquecia, mas eu precisava ser resistente.  

Sentei-me e sorri meigamente na direção dele, ele me olhou com certo divertimento e incredulidade, sacudindo a cabeça. Depois de fechar a porta, deu a volta e se sentou ao meu lado. Nos encaramos por um tempo indeterminado e eu comprimi os lábios para não arfar em surpresa quando ele debruçou-se em minha direção, para puxar o cinto de segurança e prendê-lo contra o meu corpo. Nossos olhares se cruzaram novamente, nossos rostos próximos – os perfumes e as respirações se misturando –, meu olhar instintivamente desceu na direção dos lábios avermelhados dele, tão próximos e convidativos. Até que ele subitamente se afastou e ajeitou-se no assento, passando o próprio cinto de segurança e se concentrando em começar a manobrar o carro. 

Eu não era a única a fim de joguinhos naquele momento, mas no final da noite, sem sombra de dúvidas, sairia a campeã.  

Soltei o ar discretamente, endireitando minha postura também, um bocado impaciente, e eu definitivamente não me recordava de já ter estado tão atraída por alguém antes, tampouco lembrava de me sentir tão desejada como me sentia toda vez que os olhos dele passeavam por mim. Justin Bieber me olhava como se fosse me despir a qualquer momento, e por mais que fosse frustrante o fato de ele não o fazer verdadeiramente, aquilo causava um alvoroço extremo em meu interior. Despertava o sentimento mais incontrolável e primitivo que existia – e eu pouco conhecia – em mim. 

Quando chegamos até a saída da trilha, relaxei ainda mais no assento e virei meu rosto na direção da janela, vendo cada parte da cidade que começávamos a percorrer. Ao sermos parados pelo primeiro sinal vermelho, senti o olhar do Justin completamente voltado em minha direção e fingi não notar, tentando esconder o sorriso contente que teimava em repuxar meus lábios. Cruzei minhas pernas e ele as encarou, movendo-se impaciente. Segura a onda, Justin Bieber, refleti, virando meu rosto na direção dele, contemplando seu perfil imponente, quando ele voltou a dirigir. Ele olhou-me de soslaio e eu sorri abertamente. Ele engoliu em seco, parecia desesperado. À noite e os jogos estão apenas começando!


Notas Finais


Oi gentchy. Demorei, mas cheguei. Eu pretendia postar o mais breve possível, porém infelizmente não deu, pois tive certa dificuldade para finalizar o capítulo. Acabei não colocando a social neste, porque como Javannah estava entre muitas intrigas, preferi fazer um capítulo mais voltado para um momento de intimidade e reconciliação entre esse casal lindimais. Portanto, todas as emoções ficarão para o próximo que, eu juro de dedinho, tentarei não demorar um século para postar. Obrigado pelos comentários no capítulo anterior e pelos favoritos, vocês são maravilhosas. E é isso aí, até mais, paranoicas. Beijos e, por favor, continuem sendo pacientes comigo que uma hora, com a graça de Deus, tudo se ajeita. xX


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