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História Paranoid - A curiosidade matou o gato.


Escrita por: sympathize

Notas do Autor


Como sempre: Notas finais ;)
Boa leitura e espero que gostem do cap <3

Capítulo 9 - A curiosidade matou o gato.


Fanfic / Fanfiction Paranoid - A curiosidade matou o gato.

— O que você está fazendo aqui? — Ele questionou outra vez e eu analisei o quanto o tom rouco pertencente a sua voz, na segunda vez proferida, havia sido estranhamente bem acolhido por meus ouvidos.

— Eu... Erm, hm... — Pronunciei palavras desconexas e ele estreitou ainda mais as sobrancelhas, travando seu maxilar.

Fora fácil avaliar a dimensão na qual seu rosto ficava ainda mais perfeito quando ele fazia aquilo e o quanto seus olhos cor de mel caíam bem com os outros detalhes do seu rosto, da maneira que eu havia imaginado que qualquer que fosse a cor seria ótima, contudo admito que aquele era o toque final para essência de beleza dele e... Puta que pariu!”, pensei praguejando tudo o que era tipo de palavrão mentalmente.

Afinal, como? Como aquele cara diante de mim poderia ser um esquizofrênico extremamente perigoso que havia destruído a própria família? Como que aquele garoto tão lindo, atraente e normal diante dos meus olhos tinha coragem de esconder toda sua beleza de forma tão cruel? Xinguei-o mentalmente por ser tão estúpido e me xinguei mais ainda por estar devorando-o com os olhos diante do mesmo, que me olhava aborrecido por ainda não ter dito nada ou sequer caído fora da casa dele.

Notei que após um tempo ele me pareceu incomodado com meu olhar meticuloso sobre si e desviou seu olhar, travando mais ainda seu maxilar. O que só me fez adorar mais ainda sua beleza, observando o quanto o mesmo ficava muito mais bonito adotando toda aquela postura fechada.

— Vá embora. — Pediu, ao perceber que eu não conseguia dizer nada. Virando-se de costas, suas mãos se movendo freneticamente e eu mordi meu lábio inferior.  

— Eu... Quer dizer você... — Comecei e parei umedecendo meus lábios, por sorte ele permaneceu de costas, olhei para o chão momentaneamente procurando palavras coerentes. — Você não precisa se preocupar, lembra quando eu disse que sou diferente dos outros?

— Droga! Você não é! — Afirmou atordoado e o descontentamento me dominou imediatamente.

“Ouch!” Refleti e respirei fundo em uma tentativa de continuar mantendo a calma.

— Eu só quero ajudar. — Murmurei e ele virou seu rosto minimamente, seus olhos cor de mel fitaram os meus e eu preferi que ele não o houvesse feito, pois a frieza exposta nos mesmos me incomodou dolorosamente, fazendo-me quebrar o contato visual rapidamente.

— E quem disse que eu quero ajuda? Eu não preciso da sua ajuda! — Rebateu rude virando-se de costas novamente, sua voz soando baixa e controlada como da primeira vez em que ele havia se pronunciado a mim.

Senti vontade de mandá-lo para todos os tipos de lugares que meu vocabulário de baixo calão me permitisse, contudo, se estava disposta a me demonstrar diferente dos demais, tinha que procurar manter a calma. Analisei aos arredores e permaneci em minha posição enquanto procurava um bom argumento. O medo ainda me dominava, mas eu não iria embora antes que ele me desse um bom motivo para fazer aquilo.

— Eu não acredito nas coisas que eles dizem. — Desconversei após um tempo, fingindo não ter me abatido com sua resposta, erguendo meus olhos na direção dele e reparei que o mesmo respirou intensamente.

— Não deveria estar tão confiante, além do mais, a curiosidade matou o gato, sabia? — Foi tudo o que dissera após um tempo pensativo. 

Senti minhas mãos soarem, minhas pernas estremeceram e acabei dando alguns passos involuntários para trás. Apenas por precaução. 

— Se você é realmente o que eles dizem, então por que ainda não me fez mal algum? — Perguntei um tanto quanto desafiante e deixei a pergunta no ar mesmo temendo a possível resposta para a mesma.

No primeiro momento ele permaneceu calado e estático em sua posição defensiva. Algumas suposições rondaram minha mente e muitas delas não me agradaram fazendo o pânico se intensificar dentro de mim. Eu definitivamente não queria que ele me fizesse alguma coisa.

— Droga, o que você quer? — Indagou titubeante e confesso que me aborreceu o fato dele ter ignorado minha pergunta, mas decidi que não bateria na mesma tecla, pois não estava nem um pouco a fim de irrita-lo ao ponto do mesmo realmente me fazer algum mal.

— Quero saber o seu lado da história. — Sussurrei em resposta e ouvi-o rindo sem humor, senti uma forte pontada em meu coração e minha boca secou fazendo-me lamber meus lábios instantaneamente.

— Só vá embora... Por favor. — Suplicou após incontáveis segundos em silêncio.

— Você aparenta ser mais gentil quando está dormindo. — Pensei alto, de uma maneira aparentemente sarcástica e ele me fitou furioso, engoli em seco após ponderar minha atitude irracional.

— Vá embora. — Ele rosnou entredentes e eu travei meu maxilar contrariada. 

— Mas...

— Eu não quero te contar meu lado da história, você não é diferente dos outros e essa é a minha casa! — Bradou virando-se abruptamente de frente para mim, fazendo-me dar cambaleantes passos para trás aproximando-me da parede. Meu coração dando fortes solavancos e minhas pernas se encontravam ainda mais trêmulas. — Agora eu quero que você vá embora, você nem deveria estar aqui! Isso é invasão de propriedade e privacidade!

Senti uma revolta crescer dentro de mim e analisei a situação, observando o quanto era ridículo eu estar me rebaixando tanto diante de um ser extremamente presunçoso que desde o primeiro momento havia me enxotado sem sequer me dar uma chance de provar que eu podia realmente não ser como os outros. Decidi que não ficaria ali pisando em meu ego por um cara que eu não conhecia e nem ao menos imaginei que fosse tão rude, que eu cheguei a pensar que fosse somente um incompreendido e recriminado injustamente, mas mesmo se ele não houvesse feito nada do que diziam, naquele momento eu o via como um grande monstro por conta de sua extrema prepotência. Seus olhos me fitavam com uma enorme revolta e sua expressão carrancuda ao invés de me deixar com medo novamente, simplesmente fez com que uma fúria gigantesca crescesse dentro de mim.

“Você é uma babaca, Savannah! E esse esquizofrênico é um imbecil.” Pensei estreitando minhas sobrancelhas, lançando na direção dele um olhar impassível.

— Argh, dane-se! — Foi à última coisa que eu disse antes de caminhar rapidamente até a porta e atravessei-a rapidamente. — Babaca, imbecil, idiota, arrogante filho de uma... Argh!

Resmungava diversas coisas enquanto descia as escadas com pisadas brutas e assim que cheguei até a sala, passei feito um furacão pela mesma e escancarei a porta saindo da residência ligeiramente. Deixei a porta aberta não me importando nem um pouco e passei a caminhar velozmente na direção da trilha que iria me levar até meu carro. No entanto, antes de adentrar a mesma dei uma última olhada na direção da casa e me deparei com a figura ainda revoltado do Creed parado na janela do quarto que naquele momento se encontrava totalmente aberta. Precisei me segurar um bocado para não lhe lançar um dedo do meio e parecer muito mais infantil do que já havia aparentado diante da situação estúpida em que eu havia me metido e permaneci olhando-o durante um tempo não poupando em lhe lançar um olhar até mais furioso do que o dele em minha direção. Virei-me após um tempo e voltei a caminhar com pressa na direção da trilha adentrando-a sem hesitação e atravessei a mesma com uma agilidade absurda. Assim que alcancei meu carro destravei as portas, em seguida adentrei o mesmo ligando o motor e sem demora dei início à partida.

“Curiosidade imbecil! Rapaz imbecil!” Exclamei mentalmente e naquele exato momento eu observei o quão imbecil eu também era.

O que eu estava esperando, afinal? Que eu iria chegar lá e seria recebida com rosas e chocolate? Que quando ele descobrisse que eu estava invadindo sua casa iria me convidar para tomar o chá das cinco e falar sobre as obscuridades de sua vida? Fala sério! O quão estúpida eu havia sido? Talvez nem houvesse um nível de estupidez para minha atitude completamente desnecessária e hipócrita. Talvez eu devesse ter aceitado o conselho da Lauren e me mantido longe, até porque ela realmente estava certa, eu não deveria ter me envolvido naquilo e se eu tivesse seguido aquele conselho não estaria passando por aquela combustão desprezível que me assolava naquele instante.

Cheguei até a casa da Lauren mais rápido do que eu havia imaginado e assim que estacionei o carro, vi a mesma abrindo a porta sustentando um semblante de poucos amigos. Respirei densamente me preparando psicologicamente para ouvi-la surtar e sinceramente não estava com cabeça para mais problemas. Permaneci dentro do carro durante um tempo, somente por enrolação já que não queria sair e ter que escutá-la pronunciando sua palestra moralista e o que mais me irritava era que ela tinha razão, aliás, ela sempre tinha a porra da razão! Praguejei diversas vezes por não ter seguido o conselho da minha melhor amiga, por ter sido uma imbecil e só ter quebrado a minha cara, pois naquele momento minha curiosidade estava totalmente afetada, completamente insatisfeita e resmungona e, por mais que a mesma almejasse para que eu continuasse investigando aquilo, eu estava determinada a não ir mais atrás do Creed. Iria por um fim naquilo tudo, ele que se danasse lá no meio daquela mata e, principalmente, se resolvesse sozinho com a recriminação que as pessoas infligiam sobre ele. Minha vida já andava uma completa droga nos últimos tempos e eu não procuraria mais problemas inúteis que só piorariam ainda mais minha situação e me trariam uma dor de cabeça desnecessária. Eu tinha um ego e, por mais que o mesmo estivesse se encontrado perdido durante um tempo – na verdade, desde que o encapuzado havia aparecido no campo de visão da minha curiosidade ridícula – ele havia retornado com força e meu lado coerente não me deixaria pisoteá-lo somente para quebrar à cara novamente. O encapuzado não merecia os meus esforços, minha atenção e sequer a minha ajuda. Ele não era o que eu pensei que fosse e eu tinha uma visão completamente contraria e desprezível dele depois do que o mesmo havia me feito. Tudo bem que eu havia ultrapassado os limites da racionalidade ao ter invadido a casa dele, mas eu não fui mal-educada em momento algum, então diga-me o que custava ele ter sido, ao menos, mais educado comigo? Não que ele precisasse ter sido doce feito cupcake, mas um pouco de gentiliza não arrancaria os perfeitos lábios avermelhados dele.

“Deixa de ser otária, Savannah.” Minha mente recriminou-me por ainda ter a capacidade de adorar a beleza dele – mas óbvio que não havia como negar que ele era estupidamente lindo –, pois do que adianta a beleza se a pessoa era completamente podre por dentro? Ele era oco, hostil e insensível. Não merecia minha clemência, minha adoração e meus elogios, não merecia mais nada que viesse de mim.

Ouvi três batidas no vidro do carro e olhei ligeiramente para o lado me deparando com uma Lauren extremamente furiosa.

— Pare de enrolar e saía logo desse carro! — Ordenou e eu revirei meus olhos, respirei fundo e ela se afastou da porta dando espaço para eu abri-la.

Saí e ela me olhou momentaneamente como se estivesse esperando que eu desse o início à nossa conversa, porém eu sequer queria conversar, só queria ir para o meu quarto e ficar trancada lá até que a vergonha que estava sentindo sumisse.

— Antes de qualquer coisa — comecei assim que observei-a abrindo a boca para se pronunciar já que eu ainda não havia dito nada. —, você estava certa, ‘tá legal? Não era meu dever me envolver na vida do Creed e eu deveria ter ficado na minha. Sei que você está brava e querendo soltar os cachorros em cima de mim, mas isso é tudo o que eu tenho à dizer.

Permaneci olhando-a e vi seu semblante ficando mais sereno, seus olhos analisando os meus intensamente e cogitei que minha expressão de derrotada era o que havia a feito desistir de começar com seu discurso censurável. Admito que me surpreendi quando a mesma me abraçou de uma hora para outra, contudo minha única reação foi envolver meus braços em volta do seu pescoço intensificando o aperto do abraço e senti um pouco de toda aquela revolta evaporando-se. Não era preciso palavras naquele momento e era impressionante como um simples abraço conseguia me fazer sentir a paz adentrando, mas não era somente o abraço em si e sim, quem me abraçava. Lauren sempre colocava uma intensidade imensa naquele simples ato e então ele se tornava magnífico, uma espécie de nirvana que me cercava, me atribuindo uma áurea branda e formidável. Ficamos abraçadas durante incontáveis minutos e ela não disse nada, após um tempo nos afastamos e ela sorriu complacente, passou seu braço por meu ombro e me guiou para dentro de casa. Sentei-me no sofá e ela foi até a cozinha, deitei-me e fitei o teto branco enquanto permanecia completamente perdida dentro de mim mesma e nem sabia mais o que se passava em minha mente. Estava divagando por lugares desconexos, ininteligíveis e indescritíveis. Tão frustrada que sequer tinha forças para tomar qualquer outra decisão, pois tudo o que eu fazia dava errado, todas as minhas decisões resultavam em fracassos. Não me compreendia e também nem queria mais compreender, tentar me desvendar só fazia com que eu caminhasse mais e mais para o fundo do poço, já que todas as minhas decisões eram insensatas e desnecessárias. A impulsividade era meu maior infortúnio, o meu maior defeito e não conseguir controlá-la era o que se encontrava no segundo lugar dos milhões de defeitos que eu tinha. Notei o quão robótica eu havia ficado depois do acontecido na casa do esquizofrênico-prepotente e ponderei o tamanho da estranheza por eu estar tão decepcionada e abalada com algo tão banal e que não deveria ter importância alguma para mim, mas sabia que parte da inquietação que me dominava era a minha curiosidade – que ocupava 99% do meu ser – se sentindo esmagada e descontente.

— Quer conversar? — Ouvi a voz de Lauren ecoar no ambiente após um tempo e arrastei meus olhos na direção dela, observando-a em pé ao meu lado.

Me sentei dando espaço para ela fazer o mesmo. Fitei a mesinha de centro e permaneci perdida em meus enleios incoerentes, me sentindo afundada em alucinações que, por mais que me parecessem invisíveis, infligiam um peso enorme sobre o meu corpo.

— Estou começando a ficar preocupada com você, Sav. — Murmurou após um tempo e eu fitei-a brevemente, minha mente ainda distante. — O que aconteceu? Ele fez alguma coisa com você?

Consegui acenar negativamente com a cabeça e ela respirou fundo, visivelmente aliviada. Em seguida colocou sua mão sobre o meu rosto, depositando um carinho gostoso em minha bochecha que me prendeu novamente na realidade. Sorri de lado e ela repetiu meu gesto.

— Eu deveria estar um bocado brava com você agora. — Soprou e eu assenti veemente, desviando meu olhar do dela por sentir a vergonha retornando e ela pegou minhas mãos fazendo-me olhá-la novamente. — Mas vou me sentir melhor se você me contar o que aconteceu, por que você está assim tão distante?

— Eu não sei. — Admiti e ela intensificou o aperto de nossas mãos. — Estou tão frustrada e irritada comigo mesma.

Franzi minha testa, respirando fundo e ela repetiu meu gesto. Apertando suas mãos contra as minhas.

— Você encontrou a casa do Creed? — Questionou e eu confirmei rapidamente. — E...?

— Vi ele sem o sobretudo. — Contei, direta e vi o queixo dela caindo levemente, rapidamente uma de suas mãos abandonaram a minha e foram até sua boca tampando-a.

— ‘Tá brincando? — Lauren disse ainda chocada e eu neguei com a cabeça, minha face ainda congelada e completamente ausente de expressões. — Mas como você soube que era ele? Me conta, Sav, vamos!

 — Soube por causa das tatuagens. — Respondi sua primeira pergunta e, sua expressão de espanto se intensificou, em seguida contei para ela tudo o que havia acontecido. Detalhe por detalhe e a mesma ficou quieta durante o tempo todo. Olhou-me penosa quando eu comecei a falar sobre o quão rude ele havia sido, mas não opinou, só permaneceu me ouvindo enquanto eu desabafava.

Senti o peso consideravelmente diminuir em minhas costas quando finalmente disse tudo o que havia acontecido e a Laurie permaneceu em silêncio ponderando toda a situação enquanto eu passei a brincar com meus dedos tentando – de todas as formas – me conservar o mais longe possível dos devaneios estúpidos que andavam me dominando.

— Bem, veja pelos olhos da racionalidade, Sav. — Lauren disse após um tempo pensativa, trazendo seu olhar em minha direção e eu a olhei completamente concentrada. — A vida inteira o cara tentou esconder a identidade dele, ninguém durante esses anos inteiros nunca teve a audácia que você teve de ir até lá e pegar ele em um momento tão íntimo. — Ela se levantou caminhando para o outro lado da mesa de centro e sentou-se na poltrona em minha frente. — Então, como você acha que ele se sentiu? — Juntei levemente as sobrancelhas, ponderando aquela questão pela primeira vez. — Lembra quando o Nolan disse que ele escolhe com quem fala? — Assenti imediatamente. — Se coloque no lugar dele e pense em como você se sentiria se tentasse fugir de uma pessoa e ela fuçasse tanto que iria acabar descobrindo, mesmo contra a sua vontade. Eu sei que você odiaria isso e não que eu concorde com a forma que ele tratou você, porque foi uma arrogância desnecessária, mas essa era a principal reação que você deveria ter esperado.

Examinei as palavras dela e constatei o quanto as mesmas faziam sentido, rapidamente notando minha tamanha monstruosidade e um aperto enorme se alojou em meu peito, uma sensação dolorosa e dominante chamada culpa. Afinal, eu o havia feito ser o vilão de toda a história, havia colocado toda a culpa em dele quando na verdade a culpa era toda minha! Eu que havia perseguido ele. Eu que havia o feito se sentir coagido e ele só reagiu como qualquer outra pessoa reagiria diante de uma perseguição doentia. Porém culpá-lo fora a forma que eu havia encontrado para tirar a culpa de cima de mim e aquilo era completamente cruel, era algo que eu costumava abominar e que eu mesma havia cometido. Observei que ele estava certo quando me acusou de ser como os outros, porque aquela havia sido a imagem que eu havia passado e da mesma forma que eu o taxava como um prepotente-presunçoso, ele provavelmente me taxava como mais uma curiosa-imbecil-mimada que queria recriminá-lo e fazer da vida do mesmo um inferno. Além do mais, os outros o perseguiam, os outros não o deixavam em paz e eu havia feito o mesmo, e, para pior, fui extremamente atrevida e arrogante em tentar obrigá-lo a aceitar o fato de eu estar completamente fissurada em investigar tudo por detrás de sua vida. Aquela era uma das atitudes mais desumana que eu já havia praticado. Era algo que eu acostumava detestar e me sentia imunda, me sentia ainda mais frustrada e irritada e estava a ponto de pedir para que Lauren me desse um forte tapa no rosto para, quem sabe, eu retornasse a puxar as rédeas do meu cérebro e não me deixasse levar pela imbecilidade que andava me dominando nos últimos tempos. Minhas atitudes me lembraram das atitudes de papai e eu me odiei por ter agido como o mesmo costumava agir, pois era ele quem costumava coagir, perseguir e tentar manipular as pessoas. Senti nojo de mim mesma e a expressão de desgosto não demorou a ser exposta em minha face enquanto o gosto azedo da revolta dominava a minha boca, fazendo-me provar um pouco do meu próprio veneno.

— Por Deus, esse tempo todo eu estava tentando culpá-lo por um erro meu! — Sussurrei ainda distante e olhei para Lauren em seguida, ela estreitou as sobrancelhas e eu respirei profundamente. — Eu o persegui, Lauren! Fiz o que as outras pessoas costumam fazer e ainda tentei fazê-lo acreditar que eu era diferente, o quão monstruosa eu sou por isso?

— Você não é monstruosa, Sav. — Interveio imediatamente, mirando meus olhos. — Você só foi impulsiva demais, aliás, essas coisas acontecem e você não precisa ficar se culpando por isso.

— Mas eu só queria ajudar, Lauren, só queria saber o lado dele da história.

— Não é seu dever ajudar, Sav. Você não precisa fazer nada e tudo o que fez deu no deu, então que tal seguir o meu conselho e esquecer isso? — Olhei-a brevemente e ela suplicava com o olhar. — Estou tentando te ajudar, mas a cada dia você se afoga mais, porque simplesmente não consegue se controlar! Vai ser difícil se recuperar e voltar a viver normalmente se ficar sempre procurando problemas novos.

— Você está certa. — Concordei resignada e ela deu um discreto sorriso torto, sorri amarelo e ela me mostrou a língua.

— Agora, que tal fazermos um jantar delicioso hein? Estou cheia de fome! — Sugeriu esperançosa e eu soltei a primeira gargalhada desde o acontecido, vendo-a sorrir satisfeita por ter conseguido me tirar uma risada verdadeira.

Mostrei o dedo do meio para ela e me levantei, espreguiçando-me.

— Quem chegar na cozinha por último é a mulher do padre. — Gritei e saí correndo disparada vendo-a correr atrás de mim tentando me ultrapassar, mas eu sempre ganhava, pois sempre corria na frente dela e ela sempre fora péssima em corridas.

Separamos as coisas que iríamos usar, começamos a preparar sem demora e quando finalmente terminamos a cozinha estava uma bagunça, já que Lauren era uma catástrofe cozinhando e quando eu lhe disse isso, a mesma quase me matou. Arrumamos toda a bagunça e preparamos a mesa, aproveitamos para tomar um banho antes de comermos e quando nos sentamos para jantar ela usava o pijama do Patrick que eu havia lhe dado no dia do amigo e eu usava o do Bob Esponja que ela havia me dado no mesmo dia. Durante a refeição ficamos conversando paralelamente e eu já me sentia melhor, apesar de ainda estar incomodada com os resíduos de culpa que insistiam em me lembrar da atrocidade que eu havia cometido.

Depois do jantar eu lavei a louça enquanto Lauren as secava e ficávamos fazendo um remix completamente ridículo das nossas músicas favoritos e até mesmo de músicas que não gostávamos. E quando finalmente deixamos a cozinha completamente em ordem, fomos procurar algo para assistir e como não encontramos nada interessante, pegamos o Box com os DVDs da primeira até a sétima temporada de Supernatural e escolhemos a quarta, pois já tínhamos assistido todos os episódios de todas as temporadas diversas vezes e nos lembrávamos de até mesmo algumas falas. Ficamos assistindo totalmente concentradas e como sempre eu fiquei de um lado babando pelo Dean enquanto Lauren fazia o mesmo pelo Sam. Era completamente cômico como ficávamos surpresas mesmo sabendo o que aconteceria no final do episódio, mas o amor que sentíamos por aquela série era tão incondicional que não importava quantas vezes assistíamos, sempre iríamos surtar como se estivéssemos vendo pela primeira vez. Olhei para o sofá onde Lauren estava deitada e me deparei com a mesma adormecida, senti meus olhos pesando e lutei contra o sono durante um tempo, contudo não demorou para que tudo ficasse em uma completa escuridão e silêncio absoluto.

●●●

Movi-me e senti minhas costas doerem de forma incômoda, abri meus olhos lentamente e olhei para os arredores notando que ainda estava na sala deitada sobre o sofá e entendi o porquê daquela bendita dor nas costas. Me espreguicei ainda deitada e a casa estava completamente silenciosa, alcancei o controle sobre a mesa de centro e ao lado dele avistei um pedaço de papel dobrado ao meio, peguei-o juntamente com o controle e liguei a TV antes de abrir o papel, me deparando com outro bilhete da Lauren.

Peguei o turno da manhã de novo, na verdade, acho que vou pegar durante essa semana inteira. Como eu avisei antes a Madison quebrou a perna e eu vou ter que dobrar o turno novamente, mas minha sorte é que a Lizzie irá dividir comigo, então antes das 22h00 já estarei em casa. Pensei em te acordar para ir para o quarto, mas você estava dormindo tão bem que fiquei com pena, sei que vai acordar com uma dor nas costas (porque eu também acordei com uma tremenda dor), mas me sentiria horrível se atrapalhasse seu sono de beleza. Se quiser pode ir até a lanchonete, Hannah e James já estão com saudades e eu estou cansada deles me perguntando por você, então faça o favor de ir até lá antes que eles destruam o meu juízo. Se cuida e até mais.

Com amor, Laurie.

O sorriso involuntário logo me dominou e eu dobrei o papel colocando-o sobre o sofá levando meus olhos até a televisão onde passava Padrinhos Mágicos e eu permaneci focada no desenho durante um bom tempo. Me levantei assim que o desenho acabou, fui até o meu quarto e assim que adentrei o mesmo reparei no relógio ao lado do criado-mudo, notando que já era 13h30, o que significava que eu havia dormido um bocado e assistido TV na mesma intensidade. Caminhei na direção das roupas que eu havia usado no dia anterior e que estavam jogadas pelo chão, coloquei-as sobre a cama e dei uma ajeitada no quarto e, assim que terminei, peguei as roupas de cima da cama. Juntei-as com outras roupas sujas que eu havia separado para levar até a lavanderia que se encontrava nos fundos da casa e assim que cheguei até lá separei as roupas, fuçando os bolsos dos shorts para ver se não havia nada lá dentro. Peguei a calça do dia anterior e quando fucei o bolso direito dela encontrei meu celular e coloquei-o sobre a bancada e em seguida chequei o bolso esquerdo me deparando com o bilhete de Lauren enrolado em algo mais áspero do que o papel que ela havia usado. Observei que se tratavam de dois papéis e quando os separei meu queixo literalmente caiu assim que observei do que se tratava o outro papel.

“Puta merda!” Pensei analisando a foto em minha mão e tentando me lembrar de como a mesma havia ido parar em meu bolso.

Permaneci analisando-a e virei-a relendo pela milésima vez em menos de vinte e quatro horas a frase que havia atrás da mesma. Perguntando-me como aquilo havia aparecido em meu bolso e logo um click reverberou em meu cérebro, fazendo-me lembrar do exato momento que a coloquei em bolso, quando derrubei o molho de chaves que estava sobre a mesa de centro e para apanhá-lo, coloquei-a lá somente para pegá-lo, contudo havia esquecido de colocá-la de volta no lugar devido ao barulho da janela. 

Levei minhas mãos ate meu rosto, praguejando por não ter me deixado aquela droga de foto no lugar e já não bastava ter invadido a casa do Creed, e levado a pior, eu ainda havia roubado uma coisa dele! Comecei a rir após um tempo e aquilo acabou se tornando uma crise descontrolada de riso, aliás, qual era o nível de imbecilidade daquela situação? Um nível completamente extremo e eu estava tão nervosa que minhas reações passaram a serem infectadas pela impulsividade e eu me peguei caçoando de mim mesma, já que pressentia que o fato de eu estar com a foto do Creed – na qual havia uma profunda declaração sobre família e que deveria ser completamente importante para ele por ser a única fora de um porta-retratos – não era nada bom e algo me dizia que ele sentiria falta daquela foto e, então eu estaria mais fodida do que nunca. A reação seguinte foi o desespero que me dominou e eu peguei a foto olhando-a de todos os ângulos como se a mesma fosse desaparecer a qualquer momento ou eu fosse acordar daquele pesadelo notando que tudo não havia passado de uma estúpida alucinação. Contudo, quanto mais eu tocava naquela foto, mais ela parecia real e aquilo só fazia com que um desespero irrefreável crescesse dentro de mim. Coloquei a mesma sobre a bancada da lavanderia e caminhei de um lado para o outro, tentando encontrar uma forma de devolver aquela foto sem que eu mesma precisasse ir atrás dele e com o silêncio extremo em que a casa se encontrava eu podia morbidamente ouvir as engrenagens do meu cérebro procurando desesperadamente por uma solução para aquilo. Olhei a foto novamente e permaneci olhando-a como se o meu olhar na direção da mesma fosse fazê-la desaparecer da casa de Lauren e a fizesse voltar para a estante na casa do Creed – de onde ela nunca deveria ter saído! – e aquilo já estava começando a me deixar maluca. Esfreguei as mãos em meus olhos sem sutileza alguma e joguei meus cabelos para trás apoiando minhas mãos na bancada enquanto uma de minhas pernas se movia sem parar.

“Por que, Meu Deus? Por que eu sou tão azarada?” Questionei mentalmente fechando meus olhos com força e mordi meu lábio inferior enquanto me xingava por ter me colocado em mais apuros do que eu já me encontrava antes e permaneci naquela oração mental até que ouvi o bipe de do meu celular ecoando exageradamente no ambiente silencioso.

Rapidamente abri meus olhos, peguei meu celular, destravando-o e quando abri a mensagem senti a esperança crescer dentro de mim e olhei para o teto agradecendo mentalmente por Deus ter ouvido minhas preces.

Ei, Sav. Estou precisando conversar com você, será que podemos nos encontrar no parque em frente à Starbucks em meia hora? Xoxo, Nolan.

Não demorei para responder a mensagem confirmando o nosso encontro e ele não mandou outra mensagem. Terminei o que tinha que fazer na lavanderia e deixei a roupa na máquina, marchei velozmente para o meu quarto e tirei o meu pijama correndo de roupas íntimas para o banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água caindo enquanto me livrava das mesmas, em seguida entrei sobre a água deixando-a cair em minha cabeça trazendo-me uma breve sensação de tranquilidade. Não demorei no banho e quando terminei fui até o closet procurar algo digno para vestir, pois apesar do dia nublado, a temperatura se encontrava um pouco quente e – após separar a roupa – ainda enrolada em minha toalha me direcionei até o banheiro e sequei meus cabelos. Voltei para o quarto, comecei a me arrumar e após terminar de me vestir, calcei meus sneakers e fui até a penteadeira dar um jeito em meu cabelo. Tentei fazer diversos penteados, mas estava tão absorta que nem ao menos conseguia me concentrar, então simplesmente amarrei-o em um coque alto.

Quando finalmente me encontrava pronta, peguei meu celular que havia deixado na lavanderia e a foto que estava ao lado dele colocando-os em meu bolso, caminhei até a sala e peguei as chaves do carro sobre a estante. Tomei as providências para manter a casa segura, tranquei a porta quando estava de saída e caminhei até meu carro não hesitando em entrar e cantar pneu em direção ao parque em que o Nolan havia marcado nosso encontro no lugar cujo, estranhamente, havia acontecido o meu primeiro encontro com o Creed. Me senti estranha ao lembrar-me daquilo e balancei minha cabeça tirando aquelas ideias, aliás, já havia me martirizado demais e estava na hora de começar a esquecer tudo que havia acontecido. Eu devolveria a foto para o Nolan e ele devolveria para o Creed, mandaria um pedido de desculpas pelo mesmo e então cada um viveria sua vida.

Assim que cheguei próximo à Starbucks, estacionei em uma das vagas da cafeteria e atravessei a rua caminhando na direção do parque que estava deserto, na verdade, a rua se encontrava pouco movimentada já que naquele horário a maioria das pessoas estavam trabalhando e as poucas pessoas que caminhavam sequer prestavam atenção nas coisas ao redor. Sentei-me em um dos bancos que ficava de costas para a cafeteria e de frente para os balanços infantis, o carrossel colorido e a gangorra que eu tanto brincava quando era somente uma criança sem problemas e preocupações. Me aprofundei em devaneios antes mesmo que pudesse impedir aquilo e me peguei lembrando-me da minha infância e confesso que sentia falta daquela época, de quando meus pais me aceitavam pelo o que eu era e não demonstravam todo o interesse que tinham em me tornarem uma marionete para que então seguisse todas as escolhas deles e pisasse em todas as minhas vontades. Olhei para o relógio em meu pulso e só então notei que Nolan estava atrasado há mais de vinte minutos, bufei aborrecida por sempre estar adiantada e ter que ficar esperando entediada a boa vontade das pessoas de finalmente perceberem que tinham um compromisso com hora marcada e que deveria ser cumprido no horário certo. Levantei-me e passei a mão em meus cabelos jogando alguns fios que o vento havia desgrenhado para trás tentando cegamente prende-los ao coque novamente. Estalei meus dedos e peguei o celular em meu bolso destravando-o, iria mandar uma mensagem para o Nolan perguntando onde o mesmo se encontrava, mas antes disso me virei para dar uma checada se havia algum sinal do mesmo e quando meus olhos se fixaram na figura de sobretudo a alguns passos de mim, senti uma repressão em meu estômago e meu coração disparou imediatamente. Intensifiquei o aperto da minha mão em volta do celular e pensei em sair correndo, mas tudo o que eu fiz foi continuar parada olhando-o completamente assustada e – como das outras vezes – podia sentir os olhos dele em minha direção. Olhei sobre os ombros do mesmo e procurei por alguma pessoa próxima, mas não havia ninguém por ali – a não ser na Starbucks, mas ninguém deveria estar prestando atenção no que estava acontecendo naquele parque. Minhas mãos passaram a soar em bicas e minha boca seca já estava começando a me incomodar, o pânico contaminando cada vibra do meu corpo e eu nunca havia sentido tanto medo como eu estava sentindo naquele momento. Perguntei-me o que o Creed queria ali, aliás, ele havia ficado tão bravo comigo na tarde anterior que eu cogitei que nunca mais iria querer me ver na vida. Sentia o temor tornando-se cada vez mais forte dentro de mim e quando o encapuzado começou a dar mais passos calmos em minha direção, senti meu corpo congelar e nem ao menos consegui raciocinar ou me mover um mísero passo.

— Você está com uma coisa que me pertence e eu a quero de volta. — Comunicou, caracteristicamente pouco educado, quando se encontrava a poucos passos de proximidade e em seguida tirou o capuz mostrando-me seu típico semblante carrancudo que possuía desde quando havia me encontrado invadindo sua casa.

Respirei profundamente analisando-o enquanto me recordava de cada detalhe da beleza do estúpido rapaz diante de mim, que naquele momento aparentava ser bem mais bonito do que da última vez que eu o havia devorado com os olhos. Talvez fosse a luz do dia dando-me uma visão mais nítida do rosto do mesmo e por mais impossível que pudesse ser – já que na primeira vez em que eu havia o visto sem aquele capuz havia o achado extremamente bonito – naquele instante eu observava o quão intensamente mais bonito ele era quando a luz se encontrava em seu rosto angelical, fornecendo-me a visão da imensa beleza do cara em minha frente que, mesmo sendo um tremendo arrogante, tinha um encanto tão extasiante e fascinante que seria capaz de derreter até mesmo um iceberg. Seus olhos cor de mel que antes me fitavam com frieza, naquele momento pareciam mais relaxados e eu notei que o ex-encapuzado em minha frente estava analisando-me minuciosamente também. Meu corpo congelado, meus olhos e minha mente que adoravam a beleza do rapaz em minha frente me impediam de tomar qualquer atitude e ambos permanecemos parados na mesma posição, encarando um ao outro e por mais incômodo que aquilo estivesse sendo, no fundo – bem lá no fundo mesmo – eu estava apreciando toda aquela situação. “O que há de errado comigo?”, questionei  mentalmente, confusa e mesmo lutando para tirar meus olhos de sua direção, eu simplesmente não conseguia e o quão insana aquela situação deveria ser? Uma vez que eu não me sentia perturbada diante de tal circunstância e aquilo estava começando a me preocupar fortemente, pois boa parte de mim insanamente se satisfazia com aquele momento. Boa parte de mim se recusava a não correspondê-lo.

 


Notas Finais


look da Sav: http://www.polyvore.com/look_savannah/set?id=111930778

Oi, oi, oi! Estou postando quatro e pouca da manhã porque eu estou em debito com vocês, atrasei a postagem porque estou resolvendo umas coisas com a minha mãe (provavelmente vamos viajar na semana que vem) então as coisas estão super corridas e eu não tive tempo de criar o cap, mas daí quando arranjei uma brecha vim aqui e fiquei escrevendo até agora só para não deixar vocês na mão! Enfim, o que será que vai acontecer agora hein? Será que esses dois finalmente vão se acertar? Acho bom já irem prepararem os coraçãozinhos paranoicos ;) asjaljslajk Savannah encrenqueira levou a foto do cara, meu Deus! hahaha mas então paranoicas, é isso aí, quero agradecer pelos favoritos (ESTAMOS QUASE CHEGANDO EM 300, UHUL, MEU DEUS, ME AJUDA SENHORRR ALKSHLAKSLAJ a felicidade é IMENSAAA), pelos comentários motivadores e por todo o carinho de vocês. Fico mega feliz que vocês estejam gostando de Paranoid e cada comentário significa muito para mim (falando nisso, amanhã respondo os comentários, porque hoje não vai dar.) Para finalizar vou deixar um beijo enorme para cada um de vocês e um obrigado por estarem colaborando para todo esse sucesso da fic, Paranoid não seria nada sem vocês e eu só tenho que agradecer! Até a próxima postagem, cuidado com a curiosidade e amo vocês <3 xoxo'


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