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História Parceiros no Crime - Capítulo 17


Escrita por: arrow_smoak

Notas do Autor


Bem essa história chegou ao fim..Espero que gostem...e comentem!
Em breve estarei de volta...
beijos e obrigado a todos.

Capítulo 17 - Capítulo 17


Capítulo 17

Cinco dias antes da data da transferência das barras de ouro do Banco Amro, uma enorme pilha de fotos se acumulara na mesa do inspetor Van Duren.

“Cada fotografia é um elo na corrente que vai prendê-la”, pensou Cooper. A polícia de Amsterdã não tinha imaginação, mas ele não podia deixar de reconhecer que eram meticulosos. Cada passo levando ao crime iminente fora fotografado e documentado. Não havia possibilidade de Felicity Smoak escapar à justiça. “A punição dela será a minha redenção.”

No dia em que pegou o veículo que acabara de ser pintado, Oliver levou-o para uma pequena garagem que alugara perto de Oude Kouk, a parte mais antiga de Amsterdã. Seis caixotes de madeira vazios, com a palavra MAQUINARIA pintada, foram entregues na garagem. Uma fotografia dos caixotes se achava na mesa do inspetor Van Duren enquanto ele ouvia a última gravação.

A voz de Oliver:

- Quando levar o caminhão do banco para a barca, mantenha-se dentro do limite de velocidade. Quero saber quanto tempo dura a viagem exatamente. Aqui está um cronômetro.

- Não vai comigo, querido?

- Não. Estarei ocupado.

- E Monty?

- Ele chegará na noite de quinta-feira.

- Quem é esse Monty? – perguntou o inspetor Van Duren.

- O homem que se apresentará como o segundo guarda – explicou Cooper. – Eles precisarão de uniformes.

A loja fica na Pieter Hooft, num centro comercial.

- Preciso de dois uniformes para uma festa a fantasia – explicou Oliver ao vendedor. – Parecido com aquele que está na vitrine.

Uma hora depois o inspetor Van Duren estava olhando para a fotografia de um uniforme de guarda.

- Ele pediu dois uniformes. Disse ao vendedor que iria buscá-los na quinta-feira.

O tamanho do segundo uniforme indicava que o outro homem era muito maior que Oliver Queen. O inspetor disse a Cooper:

- Nosso amigo Monty deve ter em torno de 1,90 metro e pesar uns 100 quilos. Pediremos à Interpol para passar esses dados por seus computadores e teremos a sua identificação.

Na garagem particular alugada por Oliver, ele estava em cima do caminhão, enquanto Felicity sentava ao volante.

- Tudo pronto? – gritou Oliver. – Agora!

Felicity apertou um botão no painel. Pedaços grandes de lona desceram pelos lados do caminhão, com as palavras HEINEKEN HOLAND BEER.

- Funciona! Exclamou Oliver exultante.

- Cerveja Heineken? Por favor!

O inspetor Van Duren correu os olhos pelos detetives reunidos em sua sala. Diversas fotografias ampliadas e memorandos estavam pregados nas paredes.

Daniel Cooper sentava no fundo da sala, em silêncio. Em sua opinião, aquela reunião era uma perda de tempo. Há muito que antecipara cada movimento que Felicity Smoak e seu amante fariam. Eles haviam caído numa armadilha, que começava a se fechar inexoravelmente. Enquanto os detetives na sala ficaram dominados por um crescente excitamento, Cooper experimentava uma estranha sensação de anticlímax.

Todas as peças se ajustaram em seus lugares – o inspetor Van Duren falou. – Os suspeitos sabem a que horas o verdadeiro caminhão blindado deve chegar ao banco. Planejam se apresentar meia hora antes, posando como guardas de segurança bancária. Quando o caminhão verdadeiro chegar, eles já terão desaparecido há muito tempo.

Apontando para a fotografia de um carro blindado, Van Duren acrescentou:

- Eles sairão do banco parecendo assim, mas a um quarteirão do banco, em alguma rua transversal... – Ele apontou para o caminhão de cerveja Heineken. - ... o carro ficará assim!

Um detetive no fundo da sala falou:

- Sabe como eles planejam sair do país, inspetor?

Van Duren apontou para uma fotografia de Felicity entrando na barca.

- Primeiro, de barca. A Holanda é cruzada por canais em que eles poderiam se perder indefinidamente. – Ele indicou uma fotografia aérea do caminhão avançando pela beira do canal. Calcularam o tempo que se leva para percorrer o caminho do banco à barca. Teriam bastante tempo para transferir o ouro para a barca, antes de alguém suspeitar que há algo errado.

Van Duren aproximou-se da última fotografia na parede, uma foto ampliada de um cargueiro.

- Há dois dias, Oliver Queen reservou espaço de carga no Oresta, que zarpa de Rotterdam na próxima semana. A carga foi indicada como maquinaria, destinada a Hong Kong.

Ele virou-se para os homens na sala.

- Muito bem, senhores, faremos uma ligeira alteração nos planos deles. Deixaremos que retirem as barras de ouro do banco e as ponham no caminhão. – Ele olhou para Daniel Cooper e sorriu. O flagrante. Pegaremos esses ladrões espertos em flagrante.

Um detetive seguiu Felicity até o escritório da Aftel Express, onde ela pegou um pacote de tamanho médio, voltando ao hotel imediatamente.

- Não há possibilidade de saber o que havia no pacote – disse o inspetor Van Duren a Daniel Cooper. – Revistamos as suítes quando eles saíram, mas nada encontramos.

Os computadores da Interpol não foram capazes de fornecer qualquer informação sobre um Monty de cem quilos.

No Amstel, tarde da noite de quinta-feira, Daniel Cooper, o inspetor Van Duren e o detetive Witkamp estavam no quarto do andar de cima, escutando as vozes lá embaixo. A voz de Oliver:

- Se chegarmos ao banco exatamente trinta minutos antes dos guardas, isso nos dará tempo suficiente para carregar o ouro e partir. Quando o caminhão de verdade chegar, já estaremos transferindo o ouro para a barca.

A voz de Felicity:

- Mandei o mecânico checar todo o caminhão e encher o tanque. Está pronto.

O detetive Witkamp comentou:

- Quase que se pode admirá-los. Eles não deixam coisa alguma ao acaso.

- Todos os criminosos acabam cometendo um erro, mais cedo ou mais tarde – disse Van Duren, bruscamente.

Cooper manteve-se em silêncio, escutando.

- Quando tudo isso terminar, Felicity, você gostaria de fazer aquela escavação sobre a qual conversamos?

- Na Tunísia? Parece o paraíso, querido.

- Ótimo, providenciarei tudo. Daqui por diante, não faremos outra coisa que não relaxar e gozar a vida.

O inspetor Van Duren murmurou:

- Eu diria que seus próximos dez ou quinze anos já estão muito bem definidos. – Ele se levantou e se espreguiçou. – Acho que podemos ir para a cama. Tudo está marcado para amanhã de manhã e creio que precisamos de uma boa noite de sono.

Daniel Cooper e os dois detetives de plantão no posto de escuta ouviam a conversa de Felicity e Oliver ao café da manhã.

- Um pãozinho doce, Oliver? Café?

- Não, obrigado.

Daniel Cooper pensou: “É o último café da manhã que eles farão juntos.”

- Sabe o que está me deixando mais excitada? A nossa viagem na barca.

- Este é o grande dia e você está excitada com uma viagem de barca? Por quê?

- Porque seremos só nóis dois. Acha que sou doida?

- Absolutamente doida. Mas é a minha doida.

- Beije-me.

O som de um beijo.

“Ela deveria estar nervosa”, pensou Cooper. “Eu quero que ela fique nervosa.”

- De certa forma, Oliver, lamentarei ir embora daqui.

- Veja a coisa por outro ângulo, querida. Não ficaremos mais pobres pela experiência.

A risada de Felicity.

- Tem razão.

A conversa continuava às nove horas e Cooper pensou: “Eles deveriam estar se preparando. Deveriam estar aprontando os planos de última hora. E Monty? Onde irão encontrá-lo?”

Oliver estava dizendo:

- Querida, você poderia cuidar de tudo na recepção, antes de sairmos? Estarei muito ocupado.

- Claro. O concierge tem sido maravilhoso. Por que não existem concierges nos Estados Unidos?

- Acho que é somente uma instituição europeia. Sabe como começou?

- Não.

- Na França, em 1637, o rei Hugo construiu uma prisão em Paris e pôs um conde para dirigi-la. O rei deu-lhe o título de comte dês cierges ou concierge, significando “conde das velas”. Seu pagamento era de duas libras e as cinzas da lareira do rei. Posteriormente, qualquer um no comando de uma prisão ou um castelo passou a ser conhecido como concierge. E, finalmente, isso incluiu os que trabalham em hotéis.

“De que diabo eles estão falando?”, perguntou-se Cooper. “Já são 9h30. Está na hora de partirem.”

A voz de Felicity:

- Não me diga onde você aprendeu isso...já namorou uma linda concierge.

Uma voz estranha de mulher:

- Goede morgen, mevrouw, mlinheer. (bom dia, senhora, senhor)

A voz de Oliver:

- Não existem lindas concierges.

A voz da mulher estranha, perplexa:

-Ik begrifp het niet. (eu não entendo)

A voz de Felicity:

- Aposto que você as descobriria se existissem.

- Que diabo está acontecendo lá embaixo? – indagou Cooper.

Os detetives estavam aturdidos.

- Não sei. A camareira está no telefone, ligando para a sua chefe. Entrou para arrumar o quarto, mas diz que não compreende...ouve vozes, mas não vê ninguém.

- O quê?

Cooper estava de pé, correndo para a porta, descendo apressadamente a escada. Momentos depois, ele e os detetives irromperam na suíte de Felicity. Exceto por uma confusa camareira, se achava deserta. Um gravador tocava numa mesinha diante de um sofá. A voz de Oliver:

- Acho que vou mudar de ideia sobre o café. Ainda está quente?

A voz de Felicity:

- Está sim.

Cooper e os detetives se entreolharam incrédulos.

- Eu...eu não compreendo – balbuciou um dos detetives.

Cooper indagou bruscamente:

- Qual o telefone de emergência da polícia aqui?

-222 0022

Cooper correu para o telefone e discou. A voz de Oliver no gravador estava dizendo:

- Acho que o café deles é melhor que o nosso. Como será que conseguem?

Cooper gritou pelo telefone:

- Aqui é Daniel Cooper. Entre em contato com Van Duren imediatamente. Diga-lhe que Smoak e Queen desapareceram. Avise-o para verificar a garagem e descobrir se o caminhão ainda continua lá. Estou indo para o banco.

Ele bateu com o telefone. A voz de Felicity estava dizendo: - Já tomou alguma vez café fermentado com cascas de ovo? Fica uma coisa...

Cooper já passara pela porta.

O inspetor Van Duren disse:

- Está tudo certo. O caminhão saiu da garagem. Eles se dirigem para cá.

Van Duren, Cooper e dois detetives se achavam no posto de comando da polícia, no telhado de um prédio em frente ao Banco Amro. O inspetor acrescentou:

- Provavelmente eles decidiram apressar seus planos quando descobriram microfones nas suítes. Mas relaxe, meu amigo. Dê uma olhada.

Ele empurrou Cooper para a luneta no telhado.  Na rua lá embaixo, um homem de macacão polia a placa de latão do banco. Um gari varria a rua...um jornaleiro estava parado na esquina...três eletricistas trabalhavam, todos equipados com comunicadores em miniatura. Van Duren falou pelo seu comunicador:

- Ponto A?

O homem de macacão disse:

- Estou ouvindo, inspetor.

- Ponto B?

- Na escuta, senhor – respondeu o gari.

- Ponto C?

O jornaleiro levantou a cabeça e balançou-a.

- Ponto D?

Os eletricistas suspenderam o trabalho por um instante e um deles disse pelo comunicador:

- Tudo pronto aqui, senhor.

O inspetor virou-se para Cooper.

- Não se preocupe. O ouro ainda se encontra em segurança dentro do banco. E eles só poderão levá-lo se vierem buscar. No momento em que entrarem no banco, os dois lados da rua serão bloqueados. Não poderão escapar. – Ele consultou o relógio. – O caminhão deve aparecer a qualquer momento.

Dentro do banco, a tensão era crescente. Os empregados haviam sido informados e os guardas tinham ordens para ajudarem a levar as barras de ouro para o caminhão, quando este chegasse. Todos deveriam cooperar plenamente.

Os detetives disfarçados fora do banco continuavam a trabalhar, observando a rua furtivamente, atentos à aproximação do caminhão. No telhado, o inspetor Van Duren perguntou pela décima vez:

- Algum sinal do maldito caminhão?

- Não.

O detetive Witkamp olhou para o relógio.

- Eles estão treze minutos atrasados. Se...

O comunicador entrou em funcionamento abruptamente:

- Inspetor! O caminhão acaba de aparecer! Está cruzando a Rozengracht, a caminho do banco! Deverá vê-lo aí do telhado em um minuto!

O ar tornou-se subitamente carregado de tensão. O inspetor Van Duren falou rapidamente pelo comunicador.:

- Atenção, todas as unidades. O peixe está na rede. Vamos deixá-lo nadar.

Um caminhão blindado cinzento encaminhou-se para a entrada do banco e parou. Enquanto Cooper e Van Duren observaram, dois homens saltaram, usando uniformes de guardas de segurança, avançaram para a porta do banco.

- Onde ela está? – indagou Daniel Cooper em voz alta. – Onde está Felicity Smoak?

- Isso não tem importância – disse o inspetor Van Duren. – Ela não ficará longe do ouro.

“E mesmo que fique, isso não faz diferença”, pensou Cooper. “As gravações vão condená-la.”

Nervosos empregados ajudaram os dois homens uniformizados a levarem as barras de ouro do cofre do banco para o caminhão blindado. Cooper e Van Duren observavam os vultos distantes do telhado no outro lado da rua.

O carregamento demorou oito minutos. Depois que a traseira do caminhão fora trancada e os dois homens se encaminhavam para a boleia, o inspetor Van Duren gritou por seu aparelho:

- Todas as unidades fechem o cerco!

O pandemônio irrompeu. O homem de macacão, o jornaleiro, os três eletricistas e um enxame de outros detetives correram para o veículo blindado e o cercaram, empunhando armas. A rua foi isolada, não havendo tráfego em qualquer direção. O inspetor Van Duren virou-se para Daniel Cooper e sorriu.

- Vamos descer.

“Está tudo acabado finalmente”, pensou Cooper.

Eles desceram apressadamente para a rua. Os dois homens uniformizados foram colocados contra a parede, as mãos levantadas, cercados por detetives armados . Daniel Cooper e o inspetor Van Duren se adiantaram. Van Duren disse:

- Podem se virar agora. Estão presos.

Os dois homens, muito pálidos, viraram-se para enfrentar o grupo. Daniel Cooper e o inspetor Van Duren ficaram chocados. Eram totalmente estranhos.

- Quem...quem são vocês? Indagou o inspetor.

- Nós...nós somos os guardas da agência de segurança – balbuciou um dos homens. – Não atirem. Por favor, não atirem.

Van Duren virou-se para Cooper.

- O plano deles saiu errado. – Havia um tom de histeria se insinuando em sua voz. – E eles acharam melhor cancelar tudo.

Um bolo surgiu no estômago de Cooper e lentamente começava a subir pelo peito e garganta. Quando ele  conseguiu finalmente falar, a voz era sufocada:

- Não...nada saiu errado.

- Do que está falando?

- Eles nunca estiveram atrás do ouro. Não passava tudo de uma armação.

- Mas é impossível! O caminhão, a barca, os uniformes...temos fotos...

- Será que não compreende? Eles sabiam que os estávamos vigiando durante todo o tempo!

Van Duren empalideceu.

- Oh, Deus! Onde eles estão?

Na Paulus Potter Straat, em Coster, Felicity e Oliver se aproximavam do centro de lapidação de diamantes. Oliver estava de barba e bigode maiores do que o habitual, alterara o formato das faces e do nariz com esponjas de espuma. Vestia uma roupa esporte e carregava uma mochila. Felicity estava de peruca preta, uma bata de maternidade e enchimento na barriga, muita maquiagem no rosto e óculos escuros. Carregava uma valise e um embrulho redondo de papel pardo. Os dois entraram na sala de recepção e se juntaram aos turistas que haviam chegado num ônibus e escutavam as palavras de um guia:

- ... e agora, se me acompanharem, senhoras e senhores, verão nossos lapidadores de diamantes em ação. Terão também a oportunidade de comprarem alguns dos nossos excelentes diamantes.

Com o guia na frente, a multidão passou pelas portas que levavam à oficina. Felicity acompanhou-os, enquanto Oliver ficava para trás. Assim que os outros desapareceram, Oliver virou-se e desceu apressadamente a escada para o porão. Abriu a mochila e tirou um macacão manchado de óleo e uma caixa de ferramentas. Vestiu o macacão, foi até a caixa de fusíveis e olhou para o relógio.

Lá em cima, Felicity seguia o grupo de uma sala para outra, enquanto o guia mostrava os diversos processos que convertiam os diamantes brutos em gemas polidas. Felicity olhava para seu relógio de vez em quando. A excursão estava com um atraso de cinco minutos. Ela desejou que o guia se apressasse. Tudo dependia de uma precisão de fração de segundo.

O grupo entrou finalmente na sala de exposição. O guia foi até o pedestal cercado por cordas e anunciou, orgulhoso:

- Nesta caixa está o diamante Lucullan, um dos mais valiosos do mundo. Foi outrora comprado por um famoso ator de teatro para sua esposa, estrela de cinema. É avaliado em dez milhões de dólares e protegido pelo mais moderno...

As luzes se apagaram. Um alarme soou no mesmo instante, placas de aço desceram nas portas e janelas, fechando todas as saídas. Alguns turistas começaram a gritar.

- Por favor! – gritou o guia, acima do barulho. – Não precisam se preocupar. É uma simples falha elétrica. Dentro de um momento o gerador de emergência vai...

As luzes tornaram a se acender.

- Viram? – disse o guia, tranquilizadoramente. – Não há motivo para preocupação.

Um turista alemão apontou para as placas de aço.

- O que são essas coisas?

- Uma precaução de segurança – explicou o guia.

Ele tirou do bolso uma chave de formato estranho e inseriu-a numa fenda na parede, virando-a. As placas de aço nas portas e janelas se retraíram. O telefone na mesa tocou e o guia atendeu:

- Hendrik falando. Obrigado, capitão. Não, está tudo bem. Foi um alarme falso. Provavelmente um curto-circuito no sistema elétrico. Mandarei verificar imediatamente. Está bem, senhor.

Ele repôs o fone no gancho e virou-se para o grupo. – Minhas desculpas, senhoras e senhores. Com algo tão valioso quanto esta pedra, nunca se é cuidadoso demais. E agora, aqueles que quiserem comprar alguns dos nossos excelentes diamantes...

As luzes tornaram a se apagar. O alarme soou, as placas de aço tornaram a fechar as saídas. Uma mulher na multidão gritou:

- Vamos sair daqui Harry!

- Quer calar a boca, Diane? – berrou o marido.

No porão, Oliver estava parado diante da caixa de fusíveis, escutando os gritos dos turistas lá em cima. Ele esperou um momento e depois suspendeu a chave elétrica outra vez. As luzes lá em cima se acenderam.

- Senhoras e senhores – gritou o guia, por cima do tumulto-, é apenas um problema técnico.

Ele tirou de novo a chave do bolso e inseriu na fenda na parede.As placas de aço se levantaram. O telefone tocou. O guia se adiantou apressadamente para atender.

- Hendrik falando. Não, capitão. Está certo. Consertaremos o mais depressa possível. Obrigado.

Uma porta para a sala se abriu e Oliver entrou, carregando a caixa de ferramentas, o boné de operário empurrado para trás da cabeça.

Ele se aproximou do guia.

- Qual é o problema? Alguém informou que houve qualquer coisa com os circuitos elétricos.

- As luzes estão apagando e acendendo – explicou o guia. – Veja se pode consertar bem depressa, por favor.

Ele virou-se para os turistas, com um sorriso forçado nos lábios, e acrescentou:

- Por que não se adiantam até aqui, onde poderão escolher alguns excelentes diamantes, a preços bem razoáveis.

Os turistas começaram a se aproximar dos mostruários. Oliver, sem ser observado no meio da multidão, tirou um objeto cilíndrico pequeno do bolso do macacão, puxou o pino e jogou o artefato por trás do pedestal que guardava o Lucullan. O artefato começou a desprender fumaça e faíscas. Oliver gritou para o guia:

- Ei, ali está o seu problema! Há um curto no fio por baixo do assoalho.

Uma turista gritou:

- Fogo!

- Calma, por favor! – suplicou o guia. – Não há necessidade de pânico. Mantenham a calma.

Ele virou-se para Oliver e acrescentou, incisivamente:

- Conserte logo isso!

- Sem problema!

Oliver aproximou-se das cordas de veludo que cercavam o pedestal.

- Nee!- disse o guarda. – Não pode chegar perto daí!

Oliver deu de ombros.

- Para mim, não faz diferença. Conserte você  então.

Ele virou-se para ir embora. A fumaça saía agora mais depressa. As pessoas recomeçavam a entrar em pânico.

- Espere! – suplicou o guia. – Só um minuto!

Ele foi apressadamente até o telefone e discou um número.

- Capitão? Hendrik falando. Terei de pedir para desligar o alarme. Estamos com um pequeno problema. Pois não, senhor.

Ele olhou para Oliver.

- Quanto tempo vai demorar ?

- Cinco minutos.

- Cinco minutos – repetiu o guia pelo telefone.

Ele repôs o fone no gancho e disse a Oliver:

- O alarme será desligado em dez segundos. Pelo amor de Deus, apresse-se! Nunca desligamos o alarme antes!

- Só tenho duas mãos.

Oliver esperou dez segundos, depois passou para dentro das cordas e se aproximou do pedestal. Hendrik fez um sinal para o guarda armado, que acenou com a cabeça e ficou olhando fixamente para Oliver.Oliver trabalhava por trás do pedestal. O frustrado guia virou-se para o grupo de turistas.

- E agora, senhoras e senhores, como eu estava dizendo, temos aqui uma seleção de excelentes diamantes, a preços especiais.

Aceitamos cartões de crédito, traveller’s checks...- Ele soltou uma risadinha. - ...e até mesmo dinheiro.

Felicity estava parada na frente do balcão e perguntou em voz alta:

- Também compram diamantes?

O guarda fitou-a.

- Como?

- Meu marido é garimpeiro. Acaba de voltar da África do Sul e quer que eu venda isto.

Enquanto falava, ela abriu a valise. Mas segurava-a ao contrário e uma cascata de diamantes faiscantes caiu, espalhando-se pelo chão.

- Meus diamantes! Gritou Felicity. – Ajudem-me!

Houve um momento de paralisia e silêncio, depois começou o tumulto. A multidão polida transformou-se numa turba incontrolável. Todos se puseram de quatro a catar os diamantes, empurrando-se e gritando.

- Peguei alguns...

- Leve um punhado, John...

- Largue que esse é meu...

O guia e o guarda estavam completamente atordoados. Viram-se empurrados para o lado por um mar de seres humanos gananciosos e em luta, enchendo os bolsos e bolsas com diamantes. O guarda gritou:

- Recuem! Parem com isso!

Ele foi derrubado no chão. Um grupo de turistas italianos entrou na sala. Quando perceberam o que acontecia, os italianos juntaram-se à luta frenética.

O guarda tentou se levantar para acionar o alarme, mas a maré humana tornava isso impossível. Ele era pisoteado pela multidão. O mundo subitamente enlouquecera. Era um pesadelo que parecia não ter fim.

Quando o atordoado guarda conseguiu finalmente se levantar, cambaleando, abriu caminho pela confusão, aproximou-se do pedestal...e parou ali, olhando fixamente, incrédulo.

O diamante Lucullan desaparecera.

E o mesmo acontecera com a mulher grávida e o eletricista.

Felicity removeu seu disfarce num reservado do banheiro público em Oosterpark, a alguns quarteirões do centro de lapidação. Levando o embrulho de papel pardo, ela foi para um banco de parque. Tudo corria com perfeição. Ela pensou na multidão brigando pelos zircônios sem valor e soltou uma risada. Viu Oliver se aproximar, usando um terno cinza-escuro, a barba e o bigode haviam desaparecido. Felicity levantou-se, Oliver chegou ao banco, sorrindo.

- Eu te amo sabia? – Ele tirou o diamante Lucullan do bolso do paletó e entregou a Felicity. – Dê isto a seu amigo, querida. Até mais tarde.

Felicity observou-o se afastar. Seus olhos brilhavam. Eles pertenciam um ao outro. Pegariam aviões separados e se encontrariam no Brasil. Depois disso, estariam juntos pelo resto de suas vidas.

Felicity olhou ao redor, a fim de certificar-se que ninguém observava. Abriu o embrulho. Lá dentro havia uma pequena gaiola, com uma pomba cinzenta. Quando chegara ao escritório da Aftel Express, três dias antes, Felicity a levara para sua suíte e soltara o outro pombo pela janela, observando-a voar para longe, desajeitadamente. Agora, Felicity tirou da bolsa uma bolsinha de camurça e nela pôs o diamante. Retirou a pomba da gaiola e segurou-a firme, enquanto amarrava a bolsinha em sua perna.

- Boa menina, Margô. Leve isso para casa.

Um guarda uniformizado surgiu subitamente.

-Ei, espere um pouco! O que pensa que está fazendo? O coração de Felicity parou por um instante.

- Como...qual é o problema, seu guarda?

Os olhos dele se fixavam na gaiola, a expressão era furiosa.

- Você sabe muito bem qual é o problema! Uma coisa é dar comida aos pombos, mas é proibido agarrá-los e meter em gaiolas.

E agora trate se soltar esse pombo antes que eu a prenda.

Felicity engoliu em seco, respirando fundo.

- Está bem, seu guarda.

Ela levantou os braços e jogou a pomba para o ar. Um sorriso lindo iluminou seu rosto, enquanto a pomba se elevava, cada vez mais alto. Circulou uma vez, depois seguiu na direção de Londres, 370 quilômetros a oeste. Um pombo-correio voava a uma média de 65 quilômetros por hora, como Gunther lhe dissera; portanto, Margô estaria com ele dentro de seis horas.

- Nunca mais tente isso – advertiu o guarda a Felicity.

- Está bem – prometeu Felicity solenemente. – Nunca mais.

Quatro horas depois, Felicity estava no Aeroporto Schipol, encaminhando-se para o portão pelo qual embarcaria num avião, seguindo para o Brasil. Daniel Cooper estava parado num canto, observando-a, com uma expressão amargurada nos olhos. Felicity Smoak roubara o diamante Lucullan. Cooper tivera certeza disso desde o momento que tomara conhecimento da notícia.

Era o estilo dela, ousado e imaginativo. Contudo, não havia nada que pudesse fazer. O inspetor Van Duren mostrara fotografias de Felicity e Oliver ao guarda.

- Nee. Nunca vi qualquer dos dois. O ladrão tinha barba e bigode, as faces e o nariz eram mais gordos. A mulher dos diamantes tinha cabelos pretos e estava grávida.

Também não havia qualquer pista do diamante. As pessoas e as bagagens de Oliver e Felicity haviam ido meticulosamente revistadas.

- O diamante ainda está em Amsterdã – garantira Van Duren a Cooper.

- Nós o encontraremos.

“Não, não encontrarão”, pensou Cooper, furioso. Ela trocara os pombos. O diamante fora levado para fora do país por um pombo-correio.

Cooper ficou observando, impotente, enquanto Felicity atravessava o pátio. Ela era a primeira pessoa que conseguia derrotá-lo. Iria para o inferno por isso.

Ao chegar ao portão de embarque, Felicity hesitou por um momento, depois virou-se e fitou Cooper nos olhos. Percebera que ele a seguia por toda a Europa, como uma espécie de anjo vingador.

Havia nele alguma coisa bizarra, assustadora e ao mesmo tempo patética. Inexplicavelmente, Felicity sentiu pena dele. Deu-lhe um pequeno aceno de despedida, depois virou-se e embarcou no avião.Daniel Cooper tocou na carta em que pedia demissão, guardada em seu bolso.

 

Era um luxuoso 747 da Pan American e Felicity sentia-se excitada. Dentro de poucas horas estaria com Oliver. Casariam no Brasil.

“Nada mais de aventuras”, pensou ela. “Mas não sentirei saudade. A vida já será bastante emocionante sendo apenas a Sra. Oliver Queen”.

Sentiu uma felicidade tão grande e seus olhos marejaram.

- Com licença.

Felicity levantou os olhos. Um homem obeso, de meia-idade, aparência devassa, estava parado ao seu lado. Ele indicou a poltrona junto à janela.

- Aquele é o meu lugar doçura.

Felicity virou-se para que o homem pudesse passar. Quando sua saia levantou um pouco, o homem contemplou-lhe as pernas com uma expressão apreciativa.

- Grande dia para um voo, não é mesmo?

Havia um tom insinuante em sua voz. Felicity acenou com a cabeça e virou-se. Não tinha interesse em conversar com ele. Havia muito em que pensar.

“Toda uma vida nova pela frente. Eles se fixariam em algum lugar e se tornariam cidadãos exemplares. Os ultrarrespeitáveis Sr. e Sra. Oliver Queen.”

O companheiro de viagem cutucou-a.

- Já que estaremos juntos neste voo, mocinha, por que não nos apresentamos?

-Meu nome é Maximilian Pierpont.

 

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