História Parchments and Death Eaters- Dramione - Sobre uma reliquia e uma antiga magia

Pov. Narcisa

Meus pés não respondiam muito bem o meu comando, senti as pernas falharem quando vi meu filho naquela cama, meus olhos se deterão sobre a mão enfaixada, sobre cada hematoma e a pele pálida. Senti como se tivesse uma pedra no estomago, os olhos picaram com as lagrimas que lutavam para sair. Mais eu fui criada; educada e treinada para não demostrar sentimentos. Eu era uma Black antes de tudo, e também uma Malfoy, e como tal, deveria estar vazia de sentimentos; deveria ser o que esperam de mim. Ainda que isso me quebre por dentro, como estava quebrando agora...

Desviei os olhos para a cama que estava ao lado do meu filho, essa era a mulher, lembrava vagamente do rosto dela no dia anterior.  Era apenas uma lembrança embaçada e com fleches de memoria. Mas o rosto dela era impossível de esquecer, Hermione Granger, a mulher que estava destinada a ser o futuro do meu filho, a mulher sem nome e rosto que me atormentou em sonhos durante tantos anos, era a mesma que tinha sido torturada na minha casa, a que tinha sido humilhada e que ensinei ao meu filho que era uma inferior.

Que curiosa era a vida, ela foi a mulher que arriscou a vida pelo meu filho por amor, como eu sabia que aconteceria quando ele ainda era um bebe.  Eles tinham uma ligação inquebrável, estavam destinados, assim como dizia a profecia.

Eu tinha visto meu filho criar uma obsessão por ela, por perturba-la, persegui-la e humilhar sempre que tinha oportunidade, e conhecendo meu filho, se não tivesse oportunidade ele criaria. Era inadmissível para ele que ela o desafiasse como se fosse uma superior. Era inadmissível que ela não se interessasse por ele. Durante os anos escolares ele me enviou cartas com palavras que não são dignas de serem repetidas; porque a viu chorando por brigar com os amigos, por raiva, ciúmes, ou simplesmente por capricho.

"A sangue ruim chora mamãe, você acredita? Que coisa mais humilhante, ainda bem que sou um Malfoy!" D.M

No segundo ano ele ficou mortificado, porque eu descobri que ele tinha arrancado a pagina de um livro que falava sobre o basilisco e tinha colocado nas mãos da menina petrificada; sabia que esse devia ser o mostro que estava atacando. Ele mandou cartas para mim reclamando sobre a ineficiência da professora de Herbologia em fazer as Mandrágoras crescerem.

"Vou ter que esperar essas plantas estupidas crescerem; só então os sangue ruins que foram atacados poderão falar quem foi o responsável por abrir a camara, e enfim farei amizade com alguém digno. Imagino que isso deixara você e o meu pai muito satisfeitos." D.M

No ano seguinte recebi cartas durante semanas com queixas e reclamações.

"A maldita galinha me atacou; sabe o que a sangue ruim fez? Ela mandou Hagrid me levar a enfermaria. Salazar... espero que ninguém esteja pensando que ela se preocupou comigo, isso seria um verdadeiro insulto." D.M

"Você acredita que essa impura, empina o nariz cada vez que passa por mim? Eu tenho evitado encontra-la pelo corredor; embora esteja sendo muito difícil, já que ela parece estar em todos os lugares da escola. Meu pai precisa fazer algo, e rápido..." D.M

"As coisas estão saindo do controle em Hogwarts, você acredita que a sangue ruim me bateu?
A mim; que descendo de uma linhagem de bruxos de sangue puro...( toda a historia da família Malfoy e algumas palavras um tanto baixas). Enfim mãe, fiquei quatro horas no banheiro para tirar a impureza que ela deixou no meu rosto. Embora acredite que nunca me sentirei limpo novamente." D.M

No quarto ano acreditei que a obsessão dele estava ficando cada vez pior, e estava certa, em todas as cartas ele falava sobre ela. Não importava o assunto. Eu podia me lembrar de cada uma delas e como a cada ano ele se alimentava de uma rancor e outro sentimento que manteve oculto ate mesmo para ele, chegou a pedir que lhe retirasse da escola quando foi transformado em uma doninha pelo professor.
 

"Estou definitivamente decepcionado, hoje vi o Victor Krum cumprimentar a sangue ruim, como ele pode cair tão baixo? Pessoas como nos, não cumprimentamos escorias como ela. Acredite que ele não teve uma educação tão boa quanto a minha. É uma pena, eu já estava pensando em sermos amigos..." D.M
 

"Eu sou a piada da escola, a sangue ruim não consegue esconder a felicidade a cada vez que cruza comigo. Por favor, não prolongue o sofrimento do seu único filho... Exijo que o papai consiga a demissão desse professor estudo e louco." D.M

"Hoje fui na biblioteca, na cessão proibida, para pegar o livro que você me indicou; não sabe a minha consternação ao ver a sangue ruim e o Victor Krum conversando. Definitivamente de hoje em diante, só falarei com ele para manter as aparências." D.M
 

"Sabe quem foi a "Coisa " de valor do represente da Durmstrang na prova do lago? A sangue ruim... Por Salazar, que valor poderia ter uma sangue ruim. Estou me sentindo extremamente agredido por isso. Se eu lançar uma maldição nele, teria possibilidade de não receber nenhuma represália?" D.M
 

"Estou agradecido pela sabia decisão de não me enviarem a Durmstrang. Aquela escola parece não ensinar aos alunos corretamente. O comportamento do campeão da escola não corresponde a fama que a mesma tem.  Krum levou a sangue ruim, amiga do santo Potter, para o baile. Não imagina a minha indignação... Se você tivesse visto concordaria comigo, precisava ver como ela sorria e dançava, acredito que ela se sentiu em pé de igualdade comigo.- Eu estou com indigestão ate agora... Por favor, me envie daqueles doces que gosto, quem sabe assim esse mal estar passa. "

P.S: Para minha eterna alegria ela terminou a noite chorando, afinal a noite não terminou tão ruim como eu pensava...  D.M

"Enfim esse torneio ridículo acabou, não aguentava mais os sorrisos e atenções aos outros alunos. Enfim a escola voltou a rotina normal, eu estou sendo desejado por todas as bruxas de valor da minha idade e estou desfrutando essa atenção; enquanto a sangue ruim parece decepcionada com a partida da única possibilidade que ela tinha de se ligar seu nome trouxa a um bruxo "quase" digno." D.M
 

Logo depois as coisas ficaram serias, ele se viu envolvido nos problemas de Lucius; meu filho aos poucos perdeu o sorriso, as cartas cada vez eram mais serias, menos carinhosas e muito mais preocupadas. Ele foi forçado a suportar um peso muito maior do que poderia aguentar, quando recebeu a marca negra. O vi vomitar a cada vez que ia aos treinamentos com Belatrix; era incapaz de matar um coelho indefeso e na primeira vez que o fez, chorou durante a noite e não comeu por dois dias. No dia seguinte que a professora de Estudo dos Trouxas foi engolida pela cobra ele vomitou sem parar, enquanto ouvia os ossos dela sendo quebrados pela maldita cobra.
O brilhos nos olhos se perdeu, assim como a inocência; mais foi quando Hermione Granger foi torturada, que vi  ele se negar a chamar o Lord das trevas e deixou que o Potter recuperasse as varinhas; que eu realmente percebi o que estava acontecendo. Depois que eles fugiram, fomos torturados, ele mais que todos porque se negou a sair da minha frente, me protegeu ate o ultimo minuto da ira de Voldemort. Meu menino... meu pequeno, se mostrou forte diante do próprio medo. Mas depois, durante dias...meses... eu ouvia ele chorar enquanto dormia e acordar gritando tendo pesadelos horríveis; não comia e pouco dormia, se não fosse pelas poções que Severo preparava para ele, provavelmente  ele tivesse sucumbido por não aguentar mais.
Ate que a guerra acabou; ate que ele enfrentou o próprio pai; rompeu o relacionamento com Astoria;  ate que ele decidiu viajar pelos mesmos países que ela estava viajando.
Só então percebi que ela era a mulher da profecia. Então era isso; tinha chegado a hora...

_Ele esta bem, esta fraco pelos acontecimentos dos últimos dias. Mas em três ou quatro dias estará totalmente recuperado. _A jovem era uma Weasley, era a noiva de Potter, eu a tinha visto em vários jornais nos últimos anos. O sentimento de proteção dela com a amiga era palpável, mas tinha algo mais na maneira como ela estava entre as camas.

_Não... Você esta errada! _Respondi depois de divagar alguns segundos

_Como disse? _Toquei os cabelos suaves do meu filho enquanto pensava em como explicar sem realmente revelar muito.

_Uma poderosa maldição foi lançada contra ele, não vou explicar nada, o único que precisa saber é que houve um sacrifício, e por isso ele esta vivo. _A jovem bruxa ficou com a boca aberta, piscou algumas vezes quando começou a entender o que eu tinha dito.

_Um sacrifício voluntario? _Não respondi, sabia que era uma pergunta retorica, ela olhava a amiga com os olhos cheios de lagrimas e isso me incomodou um pouco. _Por amor! _Mantive o silencio, dizer em voz alta faria o sentimento real.

Levei minhas mãos ao pescoço, tirei com cuidado o delicado cordão de prata que tinha o pingente com uma rosa e uma serpente apertando-a. Olhei o colar por alguns instantes, provavelmente seria a ultima vez que eu o usaria. Logo tirei o anel de prata que elevava duas serpentes enroladas.
 Dei um passo ate meu filho e me surpreendi quando ela se colocou na minha frente, numa posição claramente defensiva; me senti ultrajada, como ousava supor que eu machucaria meu próprio filho? Mais por outro lado me senti agradecida por isso.

Ignorei o que ela fez, e segurei a mão do meu de Draco para colocar o anel, era tão parecido a mim, as mãos eram fortes e elegantes, senti uma pontada de satisfação quando a prata tocou a pele dele e as serpentes cobraram vida e se moveram lentamente, se ajustando ao tamanho do seu dedo. Os olhos das serpentes eram pequenas esmeraldas que brilhavam discretamente antes de ficarem imoveis. Olhei o colar outra vez; parecia irreal que uma joia que estava na família a gerações fosse usada por uma impura.

Me aproximei da cama sendo seguida pela Weasley, ela me olhou com atenção e percebi que ela segurava a varinha. Precisava fazer isso de forma pacífica. Para que tudo desse certo, principalmente pelo bem do meu filho.

_Preciso que você coloque o calar nela. _Mostrei o colar a ela, e percebi a desconfiança no seu olhar 

_Porque eu faria isso?

_Porque isso pode salva-la, pode salvar os dois.

_Eu não tenho motivos para confiar na sua palavra Senhora Malfoy.

_Eu não preciso que confie, apenas faça-a usar e os dois estarão bem._Deixei o colar ao lado da almofada, tentando manter a sanidade e não cair.

_Porque é importante que ela use isso? É uma joia muito... Sonserina... não vejo um motivo para confiar em você!

"Porque é uma joia de família, essa joia é passada para as esposas dos herdeiros Malfoy a gerações, o colar e o anel fazem uma ligação magica entre os que estão usando, se o casal desejar podem sentir o sentimento do outro, posem sentir os piores e melhores sentimentos juntos. Serão incapazes de mentir ou de esconder informações entre eles. Podem tomar para si a dor do outro, parcial ou totalmente; essa ligação intensifica o prazer e a ligação emocional que eles tem. É uma união única, uma vez que ela use, meu filho  jamais poderá usar com outra mulher, mesmo que eles não sejam casados; mesmo que ele case com outra;  mesmo que não estejam juntos no futuro.  Uma vez que ela usar, ela será por direito a dona do colar ate o próximo herdeiro dos Malfoy tomar uma esposa." Mas eu não podia dizer isso a ela, era uma informação que compartilhar ou não era decisão de Draco. O único que eu sabia, é que, contra todos os meus princípios e desejos; ela era a mulher que deveria leva-lo agora. Disso dependia a vida do meu filho.

_Não vou te dar motivos para confiar em mim._ Ela estendeu a mão para segurar com certo receio, decidi ajuda-la a tomar a decisão final._ Sua amiga salvou meu filho, agora a vida dela esta em suas mãos Srta. Weasley .

Observei ela segurar o colar com as mãos tremulas e desconfiança, parecia estar em uma briga interna, sentei na cama por não aguentar estar de pé, ela me olhou assombrada por eu estar na mesma cama que a amiga dela; quando os dedos dela tocou o pingente, as serpentes cobraram vida e se enredaram na rosa numa atitude protetora e não opressora como parecia quando estavam paradas. Ela afastou os cabelos castanho da amiga e depositou com cuidado o colar no pescoço, tomando muito cuidado em cada movimento; antes de fechar ela me olhou, assenti e ela soltou o ar ao prender o fino cordão prata. Imediatamente o fecho sumiu. Ela olhou para o colar que já não tinha como ser retirado e para as cobras que não se moveram ao tocar a pele da amiga.

 _ Não foi feito para o sangue dela, apenas o nosso faz com que elas cobrem vida. _Levantei enquanto via o quarto girar

_Não foi feito para uma nascida trouxa. _Ele riu sem humor, com os olhos apertados _ Grande surpresa!

_Por favor, ninguém pode saber o que aconteceu hoje, pela segurança deles. É muito importante que você mantenha esse segredo.  _ Segurei as mãos dela apertando levemente para faze-la entender._ E... Weasley, só meu filho pode tirar esse colar.

Abri a porta e sai do quarto me apoiando na parede, meus pensamentos começavam a ficar vagos e não enxergava bem como antes. Sentia minha tormenta voltando; a inconsciência se apoderando de mim, tinha feito um esforço sobre-humano para conseguir fazer o que precisava, agora já tudo dependeria deles.

Já não tinha forças, senti meus joelhos cederem e um shock pelo meu corpo quando cai com um baque surdo. Minha visão estava embaçada. Apenas consegui distinguir o cabelo de cor laranja tocar o meu rosto, a voz de um homem e logo meu corpo sendo erguido. Fechei os olhos, fiz o que tinha que ser feito, agora podia descansar.