Pov. Draco
Acordei com uma sensação de angustia no peito, em algum momento enquanto dormia; o sono que até então estava sendo tranquilo foi tomado pelos sonhos que eu tinha todas as noites; no exato momento que me senti sozinho na cama, o sonho que eu tinha com meu pai veio me assombrar como de costume. Levantei e vesti a calça, mais não encontrei rastros da minha camisa; senti o corpo mais dolorido do que estava no dia anterior, o que me deu uma estranha satisfação... Não que eu seja um adepto a dor; nada mais longe da realidade, mas nesse caso era uma dor muito bem vinda, arrumei um pouco o cabelo no espelho antes de sair do quarto; me sentia bem e queria sentir o cheiro e as mãos dela em mim outra vez.
Sorri com satisfação quando a vi sentada de costas na cozinha, vestia minha blusa, o cabelo era um vestígio inegável do que aconteceu a noite, ignorei o incomodo que sentia na perna enquanto andava mais rápido; queria poder enredar minhas mãos nos seus cabelos longos e beija-la, senti-la entregue a mim, ter certeza que ela ainda me desejava como na noite anterior; saber que ela não tinha se arrependido. Mas então ouvi outra voz que eu já conhecia bem, o Potter... eles falavam sobre mim. Parei sentindo a tensão no corpo ao ouvir o nome da minha mãe.
_E como esta Narcisa? _ A voz dela estava baixa e estranha, o que me fez estremecer.
_A ultima vez que passei no hospital ela estava dormindo. Esteve consciente mais só perguntava pelo filho... Ele também deve estar querendo ver a mãe; em todo caso, esta claro que não foi ele que a atacou. Acho que posso acompanha-lo ate o hospital depois de falar com ele.
Senti o coração romper; minha mãe estava ferida... depois de tudo que eu tinha feito para proteger e mante-la segura, depois de todo o mal que fiz as pessoa para que ela estivesse a salvo, ela estava ferida e eu sentia toda a insegurança, impotência e ódio voltar...
_Harry... ele não sabe que a mãe foi ferida, ele não pode ir; e perigoso...
Ela levantou derrubando o banco quando Potter percebeu que eu estava ouvindo; não me movi, não podia desviar os olhos dela. Não nesse momento. Eu a odiava... quase tanto quanto a queria. Eu tinha falhado com a missão de matar Dumbledore; como castigo fui torturado, recebi a missão de matar alguém próximo a Potter como um castigo ao meu pai, pelo fracasso dele. Dumbledor tinha sido a escolha perfeita porque ele era um grande apoio ao Potter; mas para minha redenção o Lord me deu outra missão... Eu também não pude cumprir; não pude matar a Granger... na época ele disse que ela era perigosa. Deduzi equivocadamente que ela seria perigosa por se tratar de uma Sangue-ruim, por ser inteligente... Mas não, esta claro que não. Afinal ele podia ver dentro das pessoas e sabia que ela era perigosa, muito perigosa para mim. Tive pesadelo com os gritos dela durante anos, me culpei por nao ter feito nada para ajuda-la, sabia que para Bellatrix era uma questão de honra pra a família que a Granger fosse morta. Fui torturado no mesmo dia que ela porque deixei o Potter recuperar as varinhas, porque me neguei a convocar Voldemort. Fomos castigados; eu mais que todos porque me neguei a sair da frente da minha mãe. Precisava protege-la; meu pai não tinha a coragem necessária, não tinha o aprumo que precisava. Tudo que sofri pelas decisões dele; ate chegar ao ponto de odia-lo... Agora mais uma vez alguém esta tomando decisões por mim, querendo escolher o que eu devo ou não fazer... colocando a vida da minha mãe em risco. Desta vez era ela que estava fazendo o mesmo que meu pai fez por tantos anos.
Ficamos parados em silencio; um silencio de mal pressagio, me ouvi perguntar ao Potter como minha mãe estava. Mas a voz não parecia ser minha... eu podia ouvir cada batida do meu coração; a visão turva. Só consegui assimilar algumas palavras ¨ esta bem ; segurança ¨. Todo o demais parecia estar acontecendo com outra pessoa... Fiz alguma outra pergunta; minha cabeça trabalhava em um ritmo diferente do meu corpo, eu não conseguia entender o que eu mesmo estava falando.
_Malfoy... _ Cada parte do meu corpo queimou de ódio e rancor e uma vontade de ... beija-la ? Maldita seja...
Virei para sair da cozinha, aprendi muito cedo que a melhor defesa era esconder os sentimento é oculta-lo . Virei um pouco o rosto e olhei pelo canto dos olhos, ela estava vermelha, tinha os olhos marejados e parecia assustada. Sorri... não porque estivesse achando divertido; sorri porque mesmo sabendo que ela tinha me ocultado algo tao importante; naquele segundo que olhei para ela a desejei, com fúria e desespero. Vi a compreensão nos olhos do Potter quando o chamei, e seguimos em silencio até a sala, paramos quando ele abriu uma porta que eu ainda não tinha visto. Era um escritório; parecia muito serio com a madeira escura, era muito masculino e me senti incomodo lembrando as muitas vezes que meu pai me chamou ao escritório dele;sempre para me castigar por não ter superado suas expectativa .
Potter sentou ao meu lado em silencio; não somos mas inimigos, mas também não somos amigos; o relacionamento do Blasio com a Luna nós aproximou o suficiente para não haver rivalidade.
_Tem algo mais que eu preciso saber Potter?
_Além do que você ouviu ? Sim, infelizmente... O Zabini foi atacado; à Luna foi levada, a sua casa foi atacada é acredito que eles estavam procurando você, Malfoy. _ Apertei a mão no apoio da cadeira até sentir dor, não desviamos os olhos por alguns segundo,eu não podia respirar. _ Estamos fazendo tudo que podemos para encontrar a Luna... eu vim falar com a Hermione, acho que ela pode ajudar!
_Ela tem que ficar fora disso Potter. _ Eu estava rígido apertava a varinha com forca,apensar de me sentir tenso e desesperando minha voz soava impassível.
_Como disse ?
_O que você escutou! Eu vou ajudar no que for preciso para resgatar a Luna; pode me usar como isca. A única condição e manter minha mãe em segurança e a Granger fora de perigo. _ Desviei o olhar quando vi um brilho estranho nos olhos dele, não queria demostrar fraqueza agora. _ Não tenha tanta imaginação Potter, ela me salvou. Isso e tudo... _ Ele apenas concordou, mais não desviou o olhar, o que me deixou desconfortável outra vez.
_Eu conheço minha amiga mais do que você pode imaginar Malfoy, digamos que não gostei do que vi hoje. _ Dei de ombros com indiferença, ele me olhava muito serio.
_ Você é bom em oclumência Potter?
_Andei praticando...
_ Então devo supor que você controla bem a legilimência? _ Ele desviou os olhos por alguns segundos, claramente desconfortável.
_ E realmente necessário Malfoy?
_Não tenho muitas lembranças visuais para ajudar, me mantiveram vendado, então a única possibilidade que vejo é você ver minhas lembras.
Eu também não queria isso, não queria que ninguém entrasse na minha cabeça; se esse fosse o caso, a ultima pessoa do mundo que escolheria seria o Potter, mais eu precisava ajudar a salvar a Luna; pelo Blasio, ele sempre foi meu amigo. Eu era um ótimo oclumênte, aprendi com meus pais e com a tia Bellatrix, eu poderia proteger algumas lembranças...
_ Não acredite que vai ser confortável para mim Potter, mas quero ajudar. _ Olhei o Potter com desafio, ele levantou a varinha e moveu a boca a contragosto, então senti a pressão na cabeça...
Pov. Harry
_Legilimens... _ As imagens começaram a aparecer lentamente, vi Malfoy caminhando por uma rua que não sabia definir qual era, mas não parecia trouxa... Ele olhava para trás algumas vezes e apressava o passo, segurando a varinha com força. A capa negra e longa roçando o chão era o único ruido audível, a rua parecia estranhamente silenciosa, de repente um raio de Luz vermelho o atingiu pelas costas e ele caiu com um grito mudo. A lembrança mudou, ele estava sentado com a cabeça coberta o rosto estava inchado, gritava a cada vez que era atingido por um feitiço; estava sendo torturado por alguma maldição, possivelmente por cruciatus.
_Repellere Sangui... Harry estremeceu quando ouviu o feitiço, já tinha lido sobre ele, Malfoy começou a sangrar pela boca e ouvidos, cortes profundos surgiram nos pulsos e ele engasgava com o próprio sangue enquanto tentava respirar convulsionando.
_ Onde ele esta Malfoy? O contrafeitiço foi feito e o sangue voltou para o corpo, os cortes foram fechados para logo serem abertos novamente... essa tortura parecia insuportável ate mesmo para Harry, que não estava sentindo a dor.
_Eu não sei, não sei o que vocês querem...me matem de uma vez. _ Harry ouviu uma risada sarcástica, podia ouvir o som de um sapato batendo no chão com tédio, estremeceu e desejou acabar logo com isso.
_Musculus Expandere; Aer Negatio... _Gritos e logo um silêncio agoniante _ Esta doendo muito Malfoy?
_Ele se contorcia, tentava respirar e não conseguia pelo feitiço que lhe tirava o ar dos pulmões, também não conseguia gritar enquanto os músculos eram distendidos dolorosamente. _Isso é realmente comovente Malfoy, mais eu já estou ficando cansado de brincar com você!
_ Desipiens...Com um grito de dor excruciante Draco se entregou a inconsciência, pouco antes da lembrança mudar Harry pode ouvir a voz entediada perguntar pela ultima vez ..._ Onde esta?
Na lembrança seguinte Malfoy estava deitado no chão, gemia baixo e ouvia passos, Harry ouviu o grito agoniado quando o ergueram pela perna quebrada e arrastaram descuidadamente, Harry ouvia risos e não conseguia distinguir as vozes, sabia que tinha muitas pessoas no lugar; as lembranças passaram rapidamente... momentos de consciência em que Malfoy era torturado.Algumas lembranças duravam apenas segundos e Malfoy estava sobre efeito da maldição império, abrindo cortes no próprio corpo com uma adaga. Então a lembrança mudou, ele estava sendo arrastado fora do lugar que esteve preso, foi jogado no chão e erguido com feitiço para logo ser arremessado com força contra o solo, então ele ficou muito quieto quando foi chutado.
_Que pena, o filhote de comensal não aguentou... e realmente uma pena, já que eu estava me divertindo...
Então algo aconteceu muito rápido, Malfoy estava segurando a varinha dessa pessoa que Harry não conseguiu identificar, ele sentiu asensação de ser sugado. Viu Hermione, uma luz iluminava o rosto dela. Malfoy estava quase desmaiando; Hermione se aproximou com cautela, tinha a varinha em mãos e se movia com rapidez apesar de estar com um vestido longo. Harry sentiu o estomago embrulhado quando viu a expressão do rosto dela enquanto ela clareava o rosto de Malfoy com um lumus; Harry a viu se assustar e olha-lo da mesma forma que tantas vezes olhou o Rony e até ele mesmo. Então Malfoy segurou o braço dela, e murmurou o nome de Blasio desmaiando em seguida.
Harry caiu sentado na cadeira, ele e Malfoy tremiam e tinham a respiração agitada. Harry sabia o que tinha acontecido depois que Malfoy desmaiou. Eles se olharam por alguns segundos; e Harry ficou em pé e começou a dar voltas pelo escritório. Estava nervoso demais para ficar parado; estava muito preocupado porque eles tinham visto Hermione, Luna estava vulnerável e todo o pesadelo e os perigos do passado parecia recomeçar.
_Você quer se colocar como isca? Sabe que eles vão te matar, não sabe?
_ Como eu disse Potter! Não me importo; desde que você garanta a segurança da minha mãe... e da Granger.
_Malfoy, vocês dois estão... _ Harry parou quando Draco levantou com o rosto serio; ele também não queria pensar nisso; mais a preocupação que viu no rosto da amiga nas lembranças de Draco, e o que aconteceu na cozinha não deixava muita margem para duvidas.
_ Comece a pensar Potter, eu disse que me coloco como isca; mas espero que você tenha um bom plano.
_ Harry viu no olhar dele todas as respostas que precisava e abriu a porta do escritório.
_Vou falar com Hermione, é melhor você se vestir para sairmos.
Draco entrou no quarto e pegou no armário uma calca preta e uma camisa que Hermione tinha comprado para ele, pegou o Jersey preto com detalhes prata, calcou os sapatos e colocou o sobretudo negro para se proteger do frio. Não se preocupou em pentear o cabelo, precisava sair o mais rápido possível... Mas antes de se afastar ele parou em seco e recolheu uma pequena peça de roupa que estava chão, uma peça de renda negra que o tinha feito enlouquecer na noite anterior. Com o coração acelerado ele guardou no bolso interno do casaco e desceu as escadas com todo auto controle que ele poderia reunir para deixa-la. Quando chegou a sala Harry já estava esperando, sem pensar muito Draco largou a varinha que ela tinha dado a ele em cima da poltrona da sala e saiu no meio da tormenta de neve com o Potter ao lado, este olhava para Draco com um silencio cúmplice que ele agradecia internamente.
Não queria responder perguntas; não queria olhar para trás e se arrepender. Se sentia traído, enganado por ela... No fundo tinha medo; medo de tudo que aconteceu fosse apenas por ela sentir compaixão por ele, ele tinha medo de olhar para trás e não conseguir dar mais um passo... porque queria segura-la, ele queria aperta-la entre os braços até faze-la confessar o porque... porque ocultou para ele o que acontecia fora, o que aconteceu com a mãe dele. Durante todo o dia... entre todos os beijos e caricias ela teve muitas oportunidades; mas ela escolheu não contar, escolheu por ele; e isso era algo que ele jurou não permitir a mais ninguém.
Mas se ele tivesse olhado naquela direção antes de desaparatar; teria visto pelas grandes janelas de vidro da sala quando Hermione caiu tremula no sofá chorando...porque tinha medo, medo de perde-lo e do que estava sentindo; ele teria visto que Hermione chorava...por ele.
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