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História Parece Mais Fácil Nos Filmes - All We Are Is All We've Left Behind


Escrita por: SheUsedToBeEmo

Notas do Autor


OI, PESSOAL!!!! VAMOS CONTINUAR SIM, HEIN? NEM PENSEM QUE VÃO SE LIVRAR DA FIC. AI AI AI!

Atenção: capítulo diferente Tipo 2 (Narrado por Lauren e Camila)


NÃO ESTÁ TÃO BOM QUANTO O 56 (que foi lindo e maravilhoso e já virou meu segundo favorito), MAS TÁ SERVINDO!

OBS: ME DESCULPEM PELO TAMANHO DO CAPÍTULO, EU TENTEI TATATATA CORTAR, MAS NÃO DEU.

OUTRA OBS: TEM UM ERRO GRAVÍSSIMO NA CONTAGEM DOS DIAS NA FANFIC. VOU CORRIGIR, MAS NÃO POR ENQUANTO! DESCULPA E IGNOREM ISSO, POR FAVOR!

Capítulo 57 - All We Are Is All We've Left Behind


Sábado.

   O dia de Natal.

   Acordei tão cedo quanto a minha realidade e invés de abrir presentes, só desejei que o meu tempo presente se tornasse logo um passado.

   Desci até a cozinha, preparei uma xícara com café e fiquei sentada à mesa por um tempo que não calculei. Ter noção do tempo naquele momento era o mesmo que arremessar a noite anterior contra a parede da memória.

   — Deixe-me preparar seu café da manhã!

   Escutei a voz da minha mãe e ergui a cabeça para vê-la. Ela parecia feliz e eu precisava não ver isso.

   — Não estou sentindo fome, mãe. Só preciso de um pouco de água. Obrigada. — Falei, levantando-me, deixando a xícara já vazia na pia e pegando um copo com água.

   — Querida, é Natal! Posso fazer panquecas. Há quanto tempo você não come panquecas?

   Engoli a saliva com dificuldade, assim como foi difícil engolir a alegria da minha mãe.

   — Mãe, não estou com fome. Vou subir.

   Ela parou em minha frente, impedindo que eu continuasse.

   — Você está sentindo alguma coisa? — Perguntou pousando uma mão em minha testa. — Está se sentindo bem?

   Abaixei a cabeça e ri em descrença.

   — Não estou me sentindo bem. A senhora sabe.

   Não fiquei esperando por alguma outra resposta, apenas desviei dela, saí da cozinha e fui para o meu quarto. Ao fechar a porta caminhei até à minha escrivaninha, onde estava o meu celular. Deixei o copo com água em cima da superfície quase vazia, já que todas as minhas coisas importantes estavam no apartamento, e peguei meu celular. Desbloqueei a tela na esperança de ver alguma mensagem não lida ou ligação perdida.

   Não havia nada ali.

   Suspirei e inconscientemente naveguei até a galeria de fotos, local que, infelizmente, deu acesso direto ao que eu não precisava lembrar: uma vida feliz compartilhada com mais 5 pessoas, incluindo a minha antiga namorada. Fotos que eu provavelmente não havia tirado. Todas foram Camila, já que ela agora sabia a senha de bloqueio.

   Uma série de fotos iguais dela fingindo dormir com o rosto colado ao Sparky evidenciava como Camila gastava a memória do celular com... coisas lindas. Ainda passando as imagens, encontrei uma outra série que mostrava Dinah cozinhando, Dinah posando em frente à geladeira, Dinah e Camila, Dinah, Camila e Veronica. Allyson parecendo brigar com o Sparky por ele estar em cima de um livro dela, Normani e eu sentadas ao chão da sala, Normani e Dinah posando na janela, Veronica parecendo discutir com Dinah... Camila beijando a minha testa enquanto eu dormia.

   Fechei os olhos e soltei o celular sobre a mesa, desistindo de qualquer intenção memorativa que meu (in)consciente queria me proporcionar.

 

   Mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma mensagem da Normani, perguntando como estava tudo, mas ignorei.

   E o último diálogo que tive no dia foi com a minha mãe.

   — É Natal. Você não quer ver os presentes? — Ela perguntou ao entrar no meu quarto e acender a luz quando eu estava no escuro, sentada com as costas à cabeceira da cama, olhando para o vazio.

   — Se a senhora não se importa, eu prefiro não comemorar o Natal esse ano. ­— Respondi sem encará-la.

   — Você não comeu nada hoje. Quer que eu traga alguma coisa?

   — Não. Obrigada. — Meu tom era completamente mórbido, mas não tinha como ser diferente já que eu não tinha forças para nada.

   — Lauren... Você precisa comer alguma coisa! Nem a roupa você trocou!

   — Não vejo por que tomar banho ou comer se vou morrer. Todos nós vamos, mas acho que meu processo de decomposição vital pré-morte já começou. — Eu falei.

   Minha cabeça doía, meus olhos não conseguiam mais chorar e meu estômago não pedia por comida. Meu corpo só queria ser um corpo.

   — Lauren! Pare de falar besteiras!

   Minha mãe gritou, mas eu só conseguia piscar meus olhos para o nada.

   — Mãe, deixa ela... — Escutei meu irmão falar e puxá-la para fora do quarto.

   — Chris, a sua irmã está transformando uma coisa boba num caos!

   Não ousei olhar, mas tive a impressão de que ele tentava tirá-la do quarto.

   — Não é coisa boba para ela, mãe. Vamos conversar...

   — Não vou mais conversar sobre esse assunto! Chega! Todos vocês! Principalmente você, Lauren.

   Escutei passos ecoarem pelo corredor e então a luz do meu quarto foi apagada novamente.

   — Amanhã eu venho falar com você. — Escutei a voz do meu irmão.

   Apenas assenti para ele e esperei que a porta fosse fechada.

 

Domingo.

   — Chancho, você precisa levantar e ir para sua casa. Seus pais querem saber de você. — Dinah disse.

   Afundei meu rosto no meu Alex de pelúcia e grunhi.

   — Não tenho cara para explicar aos meus pais que não tenho mais uma namorada. Na noite em que ela terminou comigo eu tive que me segurar pra chorar somente quando estivesse sozinha e ontem... bem, tive que correr pra cá assim que consegui me segurar até o almoço. — Falei abraçando o leão e inspirando, para desentupir meu nariz.

   — Você vai ter que dizer em algum momento.

   Suspirei com dificuldade, já que as horas esporádicas de choro estavam acabando comigo, e ergui a cabeça para encarar Dinah.

   — Eu sei... Só não consigo acreditar, ainda. Cheechee... Dois dias atrás ela estava envolvida com minha família e hoje ela já não é mais a minha namorada. Não sei o que será de mim sem a Lauren como a minha namorada. — Sorri tristemente ao pensar em como não fazia sentido, para mim, ter o nome “Lauren” em uma frase em que não fosse sinônimo de “minha namorada”.

   — Vamos pensar sobre isso depois.

   Concordei e puxei o cobertor até o pescoço. O cobertor de Dinah, já que era no quarto dela que eu estava me escondendo sempre que não conseguia mais fingir para meus pais que estava tudo bem e isso geralmente acontecia quando um dos dois ou Sofia citavam “Lauren”.

   — O que será que ela... — Ia perguntar, mas fui interrompida.

   — Não, Camila! Eu não vou procurar saber como ela está! — Dinah respondeu pela quarta ou quinta vez em menos de cinco horas.

   Mordi meu lábio inferior e observei-a andar até a mala, retirar um vestido e jogá-lo sobre um dos ombros.

   — Eu sei que você já sabe como ela está. Só precisa me contar. Ela está seguindo em frente? — Perguntei sabendo que ela estava se comunicando com as outras garotas e elas sabiam sobre Lauren.

   — Não vou falar nada. Só o que achei necessário você saber foi o porquê de ela querer terminar com você, por isso deixei Vero e Normani falarem. Fora isso você não precisa saber nada. — Respondeu pegando a toalha de banho e parando de frente para mim.

   — Ela podia ter me contado... Eu teria entendido. Ou não, eu certamente me magoaria se ela me contasse e depois terminasse. Mas me sinto magoada da mesma forma... Não sei o que pensar... — Tentei formular alguma coisa, mas estava confusa demais.

   Meu coração apertou com as imagens da noite em que meu namoro teve um fim. É claro que senti o fim do mundo acontecendo quando Lauren disse que não queria mais o namoro. Corri para a casa de Dinah e liguei para meus pais mentindo que iria me atrasar um pouco porque precisava passar um tempo junto com a minha amiga, por tradição. Vendo que demoraria muito, voltei para casa com uma carona da Dinah, então passamos algum tempo com a minha família, até eu pedir para dormir na casa dela. A princípio meu pais relutaram muito, mas vendo que já estava tarde e que iriam dormir, me deixaram ir. Antes de seguir pedi para que Dinah pegasse a minha pelúcia do Alex na minha mala, já que minha perna estava quebrada.

   Os pais de Dinah sorriram ao ver que eu e mais 3 garotas dormiríamos lá, o pai dela ainda falou “Certamente acostumaram-se a viver juntas!”, não deixava de ser verdade, mas a intenção não era exatamente ter diversão juntas, tudo o que fiz foi chorar nos braços de Dinah, no colo da Ally, na barriga da Normani e só não chorei no ombro da Vero porque ela estava agitada demais tentando planejar a morte de Lauren.

   — Ela tinha o dever de contar a todas nós! Ela pensa que é quem para fazer as burradas sozinhas? Quem esteve com ela todo esse tempo suportando? Todas nós! Até o Caleb entrou nessa! — Dinah disse ainda revoltada e eu suspirei sabendo que não teria informações.

   — Cheechee, calma... É a Lauren. Sabemos como ela é assim...

   Ela franziu o cenho.

   — Por que você está mais tranquila do que eu?!

   — Não sei... Depois de saber o motivo me senti um pouco menos devastada, só não acredito. — Falei sem conseguir raciocinar o que eu sentia. — Será que posso ter meu celular por uns dois minutos?

   — Camila, você não vai ligar para ela!

   Na noite em que Lauren terminou comigo, eu não conseguia escutar nada que as quatro falavam no quarto de Dinah, a única coisa que fez meu choro parar por alguns instantes foi um grito da Ally, coisa incomum, em meio a alguma discussão que estavam tendo.

   — ENTÃO CONTEM A VERDADE! — Ela berrou fazendo todas pararem de falar e me fazendo erguer a cabeça de seu colo.

   — Eu não sei se podemos contar, amiga... Se ela não contou é porque não queria. — Normani disse com a cabeça baixa.

   — Sobre o que vocês estão falando? — Perguntei sem me desvencilhar do carinho que Ally fazia em minhas costas.

   — Parece que essas duas desconfiam do motivo de a Zangada ter feito isso. — Dinah cruzou os braços de forma ameaçadora, fazendo Normani e Vero se encolherem.

   — Não sabemos! Só desconfiamos. Só isso... — Vero disse.

   — Me contem, então! — Pedi desesperada.

   Normani e Vero relutaram até não conseguirem mais, então contaram que Clara, a mãe da Lauren, havia descoberto sobre o nosso namoro e que não lidou bem com isso ao telefone. Foi então que comecei a chorar ainda mais.

   Lauren temia esse momento assim como o inseto teme o inseticida. Ele havia chegado e ela teve que lidar com tudo sozinha...

   Depois de um bom tempo chorando, decidi que Lauren era uma filha da mãe por ter terminado nosso namoro e não ter me contado o real motivo, mas um outro sentimento crescia em mim: a compaixão. Decidi que iria ligar para ela, mas Dinah tomou o meu celular e disse que ficaria de olho para que só chamadas dos meus pais fossem atendidas.

   Vencida e sem Lauren, só me restou abraçar o Alex que representava o Natal bom que tivemos no ano anterior e dormir. Depois disso não sei o que aconteceu.

   — Ok... Ok... Eu vou pra casa, então. — Anunciei na esperança de não ter minha amiga por perto e então poder mandar só uma mensagem “Oi, Lauren. Tudo bem com você e sua mãe?”.

   — Vamos. Eu levo você.  Só espere eu tomar um banho. — Dinah disse, mas já sacando minhas intenções, levou meu celular junto.

   Bufei e nem pude me movimentar por causa da perna, então continuei coberta até o pescoço com o Alex ao meu lado.

   Pouco tempo depois, Dinah apareceu usando o vestido e me ajudou a descer da cama. Pegou meu Alex de pelúcia e meu celular, enquanto eu me esforçava para descer as escadas com a muleta.

   No carro, Dinah foi dirigindo e eu fui no banco do carona. Passei alguns segundos analisando a forma que minha amiga de infância dirigia e decidi comentar sobre isso.

   — Cheechee...

   — Fala.

   — Você dirige muito melhor do que a minha nam... ex-namorada. — Tive que me corrigir.

   Dinah riu.

   — Até você é capaz de dirigir melhor do que a Lauren, Chancho.

   Sorri tristemente para isso e não pude evitar lembrar das poucas vezes em que estive ao lado de Lauren enquanto ela dirigia pessimamente.

   — Ela certamente faria um discurso sobre direção segura até desistirmos de convencê-la.

   — Faria... Inventaria mil explicações também. — Dinah completou.

   Sorri com saudade e olhei pela janela.

   — Vou sentir falta desses discursos dela... também vou sentir falta do péssimo jeito que ela dirige... e...  

   Eu tinha uma lista enorme, mas Dinah não permitiu que eu continuasse. Já havíamos chegado em minha casa.

   — Você vai sentir falta de todas as coisas ruins que ela tem. Eu sei.  Agora desce. Chega de falar sobre quem não merece.

   Concordei com a cabeça e vi Dinah descer do carro com meus pertences, aguardei-a abrir a porta para mim, mas quando reparei, ela já estava em frente à minha casa.

   Eu havia me acostumado muito mal com Lauren.

   Abri a porta, coloquei a muleta para fora e desci com dificuldade enquanto minha amiga fazia cara de impaciente.

   — Ei! Estava te procurando.

   Virei-me rapidamente e vi Ally caminhando ao meu lado.

   — Oi, Ally. — Cumprimentei-a, mas estranhei vê-la ali.

   — Como está?

   Dei de ombros quando paramos ao lado de Dinah.

   — Não sei explicar... Só... não parece real para mim, ainda... Um dia deve passar, eu acho. — Respondi sem animação.

   — Deve... Vim passar a tarde com você. — Ela disse e então eu entendi qual era o plano dela e da Dinah.

   Esperei até alcançar Dinah para poder falar:

   — Vocês estão fazendo turno de vigia? — Perguntei abrindo a porta da casa e deixando elas duas passarem.

   — Sim. Eu montei a grade com horários. Você não vai mandar mensagens e nem ligar para aquela estúpida, Camila. — Dinah disse quando fechei a porta e andei até o sofá.

   O processo para chegar até o primeiro andar me cansaria muito.

   — Eu não iria fazer isso... nunca! — Ri tentando demonstrar certeza sobre o que eu falava. — Quero que a Lauren... sofra sozinha! — Respirei fundo, olhei para minhas duas amigas que estavam em pé e então cedi. — É mentira... eu só quero que ela volte para mim...

   Dinah apenas sentou-se ao meu lado e me envolveu em um abraço. Não demorou para que ela fosse embora, deixando-me sob os cuidados da Ally. Esta, por sua vez, manteve-me entretida a tarde inteira. Sempre que eu tentava falar sobre meu ex-namoro, ela desconversava e não soltava o meu celular. Quando precisou ir embora, me fez prometer que não ligaria nem mandaria mensagens. Claro que ela não foi rude como Dinah, mas sim completamente dramática. Eu apenas concordei.

   Durante o jantar, com meus pais, tudo ocorreu normalmente e ninguém citou Lauren. Então, como me sentia em dívida com eles, ofereci-me para enxugar a louça para minha mãe enquanto ela lavava. Porém, como a minha perna não me permitia ficar em pé sem apoio, precisei ficar sentada em uma cadeira próxima à pia.

   — Filha, está tudo bem? — Perguntou e eu concordei prontamente.

   — Sim, mãe. Desculpa por eu ter me ausentado um pouco quando era para estar com vocês, mas é que essas garotas sempre arranjam o que fazer... — Tentei mentir.

   — Nós entendemos, Kaki. Está tudo bem. E a Lauren, como está? Não ouvi você falar sobre presentes de Natal...

   A esse ponto eu entendi que ela já desconfiava de algo.

   Então lembrei do presente que eu havia comprado com todo o dinheiro que havia me restado, eu até mesmo deixei de comprar lanches na universidade para poder comprar o maldito presente. Mas então Lauren decidiu terminar tudo me fazendo perceber que os lanches seriam mais proveitosos!

   Senti meu rosto pesar e precisei inspirar profundamente para não chorar.  

   — Kaki?

   Minha mãe perguntou largando o que estava fazendo e se aproximando de mim, que estava com a cabeça encostada na bancada.

   — Mãe... eu não tenho mais uma namorada. — Murmurei abraçando-a e me deixando chorar.

   — O que aconteceu? — Ela abaixou-se para poder me abraçar melhor.

   E entre soluços, fungadas e lágrimas eu contei para ela tudo o que estava acontecendo. Não sei se ela entendeu muito, mas suas mãos acariciando minhas costas demonstravam amparo e eu precisava disso.

   — Calma... Vai ficar tudo bem.

   Concordei com ela e desejei que tudo ficasse bem, de verdade.

 

Segunda-feira.

   Dois dias haviam se passado e eu ainda não conseguia ter motivação para nada. Nesse tempo, Chris deve ter contado para Normani que eu estava evitando até mesmo tomar banho, então no domingo recebi uma série de mensagens assustadoras.

   Amiga, você não quer tomar banho? – Normani.

   Saiba que isso é nojento! – Normani.

   Também é decepcionante! Logo você que preza tanto a higiene! Eu não vou ser amiga de uma viva em decomposição! – Normani.

   Estou falando sério!!!! – Normani.

   Acabei de ler que você vai ter deformações na pele se não tomar banho! Veja essa imagem!!!!! – Normani.

   Ela realmente havia mandado uma imagem nojenta.

   Depois da ameaça, finalmente levantei-me e fiz o que ela falou.

   O restante do dia não fiz mais nada, somente na Segunda-feira é que Normani me ligou para conferir se eu já havia retomado minha higiene, garanti-lhe que sim e então ela desatou a falar.

   — Amiga, quer sair hoje? Vir aqui em casa? Podemos assistir alguma coisa.

   — Vai ter mais alguém? — Foi o que perguntei de primeira antes de pensar em ir.

   — Não. As garotas estão muito ocupadas com a... a... as vidas delas.

   — Tudo bem. Eu vou.

   E, mesmo com os olhares recriminadores da minha mãe, avisei que dormiria na casa de Normani naquele dia.

   O que mais gostei em ter passado o tempo com a minha amiga, foi o fato de ela não citar nada sobre Camila e nem me perguntar. Ela simplesmente falava sobre tudo sem tocar no nome de Camila.

 

Terça-feira.

   Cansadas de escutar meus lamentos, minhas amigas decidiram me tirar de casa. Elas já haviam marcado de sair, então me levaram junto, mesmo eu sendo uma péssima companhia para uma tarde no parque.

   — Ally, ela vai se mudar do apartamento? — Perguntei quando notei as outras garotas entretidas com o Sparky e um disco que era grande demais para ele conseguir pegar. 

   — Não sei, Mila. Ela não falou nada sobre isso.

   — Mas ela falou algo sobre o geral? Digo, como ela está? O que ela vai fazer?

   Ally olhou para o lado, vendo que todas estavam voltando com meu filho e então para mim.

   — Não posso contar nada. Você sabe. A Dinah acabaria com qualquer uma que soltasse algo.

   — Ugh! Eu só quero saber como a minha nam-... ex-namorada está! — Resmunguei já irritada com toda aquela privação.

   Vero sentou-se ao meu lado e passou um braço por meus ombros.

   — Só vou te fazer uma pergunta: você conhece aquela garota. Acha mesmo que ela seguiu em frente?

   Parei para pensar nas palavras dela.

   — Eu não sei... Eu queria só perguntar como as coisas estão na casa dela... com a mãe... — Fingi não ter pensando por um segundo que ela ainda pensava em mim, quando Vero fez a pergunta.

   — Não estão muito bem, amiga. Você só precisa saber disso. — Normani disse colocando o meu filho sobre a grama, então ele veio correndo para mim com a língua para fora.

   — E nós precisamos ser imparciais para as duas. — Ally completou.

   Peguei o Sparky em meus braços e foi inevitável não lembrar de quando a outra mãe dele estava presente em momentos assim. Ela estaria com aquele chapéu, mesmo não tendo luz do sol para queimar-lhe, estaria reclamando e me recriminando por deixar o Sparky tomar um pouco de sorvete.

   — Ela... — Hesitei ao perguntar, já que Dinah estava lá. — Ela pergunta sobre mim?

   — CAMILA! — Minha amiga mais antiga berrou e eu revirei os olhos.

   — Dinah, eu só... — Tentei segurar as lágrimas, mas elas vieram com força. — Nada.

   Eu só precisava saber que ela estava bem e que fez a escolha certa, então eu poderia seguir. Eu só queria ouvir da boca dela que ela me deixou porque quis e não por pura imposição da mãe. Talvez, se ela apenas me dissesse que se arrependia eu não desistiria tão fácil.

   — Eu queria poder odiá-la, mas eu acho que a amo demais para isso... Vocês têm noção do quanto eu amo a Lauren?

   Apertei o Sparky em meus braços, mesmo ele estando mais interessado em querer lamber meu rosto.

   — Sim. Convivemos com vocês por tempo suficiente para ver.

   — E ela me ama, também. Claro que para quem vê de fora não consegue enxergar os detalhes dela, mas eu sentia, sabe? Ela, de forma única, consegue passar o amor dela em cada gesto, toque, beijo, reclamação, repreensão, risada... — Continuei desabafando.

   — Mila, nós sabemos. Nós enxergamos isso. Não precisa falar. — Normani disse.

   — Não. Eu preciso falar sobre isso. Eu não quero que a Dinah e a Vero julguem a Lauren como errada. Ela só precisa de ajuda pra pensar e agir. Ela pensa muito, sabe? Por isso eu sempre tenho que ser insistente, pois se eu apoiar os pensamentos dela, ela vai surtar e nunca vai ter atitude alguma. Ela precisa de alguém... — Lauren precisava de alguém que a entendesse e em minha mente só existia uma pessoa que combinaria com esse papel: eu. — Eu poderia só ligar para ela por um minuto?

   Tentei, mais uma vez.

   — Não. Dessa vez ela vai ter que saber o que fazer sozinha. — Dinah respondeu.

   Desisti de uma vez por todas, olhei para o Sparky e aceitei que seria mãe solteira antes dos 20 anos.

 

Quarta-feira.

   A minha Quarta-feira não foi tão legal quanto a Terça-feira. Mais uma vez estive com as meninas, dessa vez em meu quarto. Elas estavam planejando como seria a nossa festa do dia seguinte. Eu não sabia mais se queria ir.

   — Já falei que é melhor não nos vermos amanhã... Eu vou estar com as garotas e elas... bem... você sabe. Não estou evitando você! Nos vimos todos esses dias! Certo, eu sei que não no Natal, mas... — Vero, que estava próxima ao meu banheiro, falava ao telefone, baixinho. Então suspirou e pareceu encerrar a ligação.

   — Quem era, Vero? — Ally perguntou quando a outra sentou-se à cama com todas nós.

   — Ah... ninguém. Um antigo colega daqui.

   Ninguém insistiu no assunto.

   — E sobre amanhã, tudo certo? — Dinah perguntou.

   Vero logo mudou a feição preocupada e sorriu.

   — Claro! Vocês terão o melhor Ano Novo da vida de vocês!

   — A Lauren vai? — Perguntei como quem não quer nada.

   — Pelo jeito não, lindinha... — Vero sorriu com pesar. —  A Clara, pelo que a Michelle contou numa mensagem, está culpando todo o círculo de amizades dela por... Enfim, não posso falar muito até porque não sei muito. Normani foi a última a vê-la.

   Olhei para Normani buscando respostas, mas ela simplesmente desviou o olhar para o teto.

   — Não consigo ficar aqui assim sabendo que ela está nessa situação com a mãe... Eu sabia que esse momento chegaria, Vero. Só pensei que eu estaria ao lado dela... mas nem isso ela me deixou fazer. — Voltei ao assunto que ninguém aguentava mais escutar, nem mesmo a minha mãe. Certamente o Sparky também. Eu só não havia conversado sobre ser solteira com o meu pai e minha irmã.

   — É... a Michelle tem problemas que só ela poderá resolver. Sozinha. — Vero disse.

   — A Lauren precisa de um empurrãozinho... só isso... eu poderia ter meu celular por um minuto? — Pedi.

   — Não. Já estou sabendo do seu discurso desses dias todos e fui instruída a não me deixar levar. — Vero disse.

   Eu já estava começando a ficar irritada com a atitude de todas elas.

   — Por que vocês estão fazendo isso? É o meu namoro! — Precisei lembrar que não namorava mais. — Ex-namoro!

   — Não parece, mas é o melhor para vocês duas. A Lauren não vai ter você sempre ao lado dela dando “empurrõezinhos” e nem você vai tê-la sempre por perto pra... entender as besteiras dela. As duas precisam aprender algo que há muito não aprenderam. — Vero continuou falando enquanto Ally mostrava algo a Dinah no celular e Normani agora escutava atentamente.

   — O quê? — Eu quis saber.

   — Vocês precisam aprender como viver sem a companhia uma da outra. As duas começaram a depender uma da outra de forma muito rápida.

   Normani assentiu e aquilo era a última coisa que eu precisava escutar. Com muita dificuldade, coloquei minha perna engessada para fora da cama, peguei a muleta e andei até o banheiro.

   — Vocês não sabem do que estão falando! Esqueçam que iriamos sair! Não quero ver ninguém! Nem ouvir! — Falei antes de entrar e fechar a porta. Então sentei-me sobre a tampa do vaso sanitário.

   — Mila... — Normani bateu na porta, mas ignorei.

   — Deixa... Amanhã arrastaremos ela para a praia, de qualquer forma. — Escutei Vero dizer e revirei os olhos.

   — Deve ser difícil terminar um namoro desse tipo. — Ally completou.

   — A gente fica falando para ela superar, mas ninguém superaria em menos de um ano. — Normani disse.

   Eu quis gritar com elas mais uma vez, mas preferi apenas escutar. Parecia que elas, finalmente, entendiam a minha situação.

   — Sabem o que cheguei a pensar? E se a Zangada morresse? O que aconteceria com Camila? — Dinah disse e eu arregalei os olhos.

   — ESTOU OUVINDO! — Gritei.

   — Estamos indo embora, Chancho! — Ela gritou rindo.

   A verdade é que eu não superaria nem se me dessem uma vida inteira para isso e não conseguia imaginar a morte de Lauren. Apenas bloqueei o pensamento horrível de Dinah.

 

Quinta-feira.

Ano Novo.

   Ano Novo. Último dia do ano. 697 dias desde que Camila falou comigo pela primeira vez. Por falta do que fazer e decidida a não ir à festa na praia para comemorar a virada do ano, decidi ler um livro que eu não terminaria no último dia do ano e seria a minha leitura de dois anos distintos.

   Estava muito entretida com a leitura, até um trecho quase me fez desistir de continuar.

   “Ele se afastará da minha vida, esquecido, quase inteiramente ignorante do que foi para mim. E, por incrível que pareça, entrarei em outras vidas; talvez não seja mais que uma escapada, um simples prelúdio.”

      Encarei as palavras daquele trecho mais uma vez e ri por ele ser verdade, mas também por eu não ser a única amaldiçoada.

 

***

   Eu andava de um canto para o outro, vagarosamente com a muleta, tentando decidir se eu iria ou não aceitar ir à festa. Dinah já havia me ligado falando que à noite me buscaria e que ela é quem estaria com o carro dessa vez.

   Minha mãe estava sentada à beira da minha cama tentando me ajudar com a roupa que eu usaria, mas de repente lembrei que não queria ir.

   — Meu bem, vai ser bom para você ir à essa festa com suas amigas. — Ela disse de forma compreensiva.

   — É que quando planejamos ela estava no meio, mãe... — Expliquei. — E parece que ela não vai mais. Não quero ir também.

   — Você vai estar com suas amigas, Kaki. É bom passar datas assim com pessoas que você ama e vai ser muito melhor para você estar com elas do que com sua família nesse momento. Vá distrair a mente um pouco, deixe o resto para resolver depois.

   Minha mãe vinha sendo completamente compreensiva, não se irritava e aturava quando eu desatava a falar sobre meus bons momentos com Lauren.

   Parei de andar e dei uma olhada na minha mala aberta e completamente bagunçada, depois olhei para a roupa que eu vestia.

   — Eu vou ter que devolver tudo o que peguei dela, não é? — Dei-me conta ao ver que eu vestia a camiseta que prometi devolver a Lauren e que na mala havia um moletom que ela não sabia, ainda, que estava comigo.

   — Tem muita coisa? — Minha mãe sorriu. Ela devia estar achando que eu estava em meio a um complexo adolescente.

   — Só umas camisetas... um moletom também... só.

   — Bem que eu vi que essa camiseta não era sua.

   Sorri sem graça e sentei-me ao lado dela. Seus braços me envolveram e cheguei a uma conclusão coerente.

   — Mãe?

   — Hum?

   — Eu vou à essa festa na praia, mas eu não vou devolver as roupas dela.

   Minha mãe riu e eu continuei quieta.   

***

   Tentei meditar.

   Tentei terminar de ler o livro.

   Tentei ver um filme.

   Tentei ver vídeos na internet.

   Tentei ler notícias sobre o mundo.

   Tentei inúmeras coisas, mas nada conseguia tirar a inquietação involuntária do meu corpo. Minha última alternativa foi encher uma xícara com café puro e sentar na calçada em frente à minha casa. Por incrível que pareça, deu certo.

   — Você vai passar seu ano novo onde? — Olhei para o lado e vi Chris sentar-se ao meu lado.

   — Em meu quarto. Onde mais? — Respondi bebericando pela primeira vez a bebida, mas havia esquecido de adoçar.

   — Sei que não quer mais ir com as suas amigas, mas não aceita ir comigo, não?

   Arrepiei-me com o café amargo, mas não desisti de toma-lo. Certamente era a vida querendo dizer que minha vida estava tão amarga quanto aquele café e que não merecia ser adoçada.

   — E correr o risco de esbarrar nelas? Não. — Respondi tendo certeza de que todas as garotas iam, provavelmente Camila também.

   — Vai ter muita gente. Vocês teriam que ter muita sorte ou azar pra se esbarrarem.

   Neguei com a cabeça e beberiquei mais uma vez o café amargo, dessa vez tive que fechar os olhos.

   — Lauren, você precisa mudar a sua vida. Vai adiantar de quê ficar assim? Você vai comigo e Taylor, se não estiver gostando, pode voltar, o carro fica com você!

   — Não sei... Eu vou pensar.

   — Promete?

   Concordei com a cabeça e voltei a beber o café extremamente amargo ao mesmo tempo em que refletia minha vida ainda mais amarga.

***

   — Não, lindinha. Esse não está bom.

   Já era o quarto vestido que eu provava, mas Vero dizia que não estava bom o bastante. Ela chegou por volta das 19h, acabou jantando com minha família e eu, depois disse que eu precisava ver o que iria vestir, já que durante a tarde não consegui decidir com a minha mãe.

   — Realmente, Kaki. Tente aquele outro. — Minha mãe apontou para o vestido que eu já havia planejado usar, mas desisti.

   — Mas... vocês não acham esse muito... ruim?

   — Camila, prova logo!

   Concordei e entrei no banheiro para trocar-me, sentei-me sobre o vaso sanitário, já que em pé com uma perna engessada eu poderia cair, vesti o vestido branco com rendas em algumas partes e saí, para que pudessem ver.

   — Kaki, vá com esse!

   — Está maravilhoso, lindinha.

   Sorri por elas terem gostado, mas eu não queria usar aquele.

   — Mas... é que... bem... eu comprei esse com a ajuda da Lauren... Não sei se quero usá-lo.

   Lembrei-me do dia em que fomos comprar nossas roupas para a festa na praia. Lauren reclamou um pouco ao ver o vestido que eu havia escolhido, mas ao final só sorriu e disse “Ah, Camz. Você está extremamente graciosa com esse vestido, leve-o. Mesmo que ele seja um pouco curto, vou estar lá com você, de qualquer forma.”. E era por esse motivo que eu não queria mais usá-lo, Lauren não estaria lá.

   — Você ainda vai encontrá-la em muita coisa da sua vida. Com tempo vai aprendendo a lidar. — Vero disse.

   — Isso é verdade, Kaki. Agora vá se arrumar. Vou ver como sua irmã está, logo sairemos também.

   Concordei e perguntei se Vero queria se arrumar antes, ela disse que faria isso no banheiro do corredor. Concordei e voltei ao meu banheiro.

 

***

   Já passava das 20h quando decidi que iria sim à praia com meus irmãos, mas antes eu precisava terminar o meu ano de forma sincera.

   Desci à procura de Clara e então encontrei-a com meu pai e meus irmãos na sala. Não me importei em estar atrapalhando uma conversa e então simplesmente ignorei todos e cutuquei o seu braço.

   — Mãe, podemos conversar? — Perguntei, mas como eu não estava a fim de ouvir um "não", adiantei-me e sentei ao lado dela.

   Ela, que olhava para Taylor, virou-se para mim.

   — Agora?

   — Sim. — Assenti com uma segurança anormal em mim.

   — Podemos. — Ajeitou-se no sofá.

   Não olhei para meu pai ao lado de Chris no outro sofá e nem para Taylor sentada na poltrona.

   Engoli em seco e encarei-a. Eu não tinha como voltar atrás em nada na minha vida. Não podia mudar nada de errado que havia feito, muito menos errar o que acertei. Eu não tinha como achar uma falha no tempo, voltar naquele dia em que terminei com Camila e encarar a minha mãe. Mas eu tinha o agora e se era só isso que eu tinha, bastava.

   — Então, eu não estou bem. — Declarei.

   — Precisa ir ao médico? — Crispou os olhos.

   Ela sabia do que eu estava falando, mas, assim como a filha, preferia negar a existência de certas coisas.

   Inspirei e expirei antes de falar:

   — Não, mãe. Eu preciso da Camila. Preciso tê-la novamente como minha namorada. Eu pensei que estava fazendo o certo seguindo sua vontade, mas... eu não segui a minha própria vontade, então não fiz o certo!

   Ela balançou as sobrancelhas rapidamente e negou com a cabeça. Riu e ajeitou os óculos sobre o nariz.

   — Já falamos sobre isso.

   — Não falamos, não! — Bradei. — Eu apenas escutei e acatei as suas ordens! Mas e a minha vontade?

   — Você... você só está perdida. Logo passa!

   Não consegui continuar sentada, então levantei-me e continuei encarando-a.

   — A senhora não entende que é dela que eu gosto?! Eu não quero ficar longe da Camila, mãe! Também não quero uma mãe que só vai me aceitar se eu seguir tudo o que ela ditar!

   Ela também levantou-se e tirou os óculos, colocando-os sobre a mesinha de centro.

   — Lauren, pare com isso! Não tem sentido. Com tanto garoto você foi logo escolher sua amiga?! Eu não ditaria nada se você fizesse o certo!

   — Eu gosto dela!  O que a senhora acha? Que eu pedi para me apaixonar por ela? Eu não pedi! Se eu pudesse evitaria toda essa situação, mas não posso! Eu preciso aceitar que eu não vou conseguir ficar sem aquela garota. A senhora não pode apenas tentar entender?!

   Eu não estava disposta a encerrar o assunto. Não até conseguir saber se a minha mãe nunca me aceitaria ou aceitaria em algum momento.

   — Lauren, é uma fase. Você vai superar. — Ela disse calmamente e então me irritei.

   — Uma fase que dura quatro anos?! Nunca vi isso. Eu só pensei que a senhora seria diferente da Judith!

   Dessa vez foi ela quem pareceu se irritar, já que me olhou antes de sentar-se e passar as mãos pelo rosto.

   — Não é fácil para mim também!

   — Será que a senhora não vê que é mais difícil ainda para mim?! Por que acha que escondi por tanto tempo? Eu sabia que sua reação seria exatamente essa!

   — Se já sabia, por que insistiu?!

   Ela queria desviar o assunto e eu não estava disposta a ter outro assunto.

   — Eu não vou terminar essa conversa até chegarmos a um acordo. — Falei cruzando os braços.

   — Acordo? Não haverá acordo, Lauren!

   — Então eu quero a verdade. A verdade que a senhora tem dentro de si! Pare de fingir e falar essas frases!

   Ela me encarou de uma forma que eu não soube decifrar, mas voltou a abaixar a cabeça.

   — Seria outra garota se não fosse a Camila?

   A voz do meu pai fez-se presente, chegando a me assustar.

   — Não tenho como saber... mas prefiro acreditar que não. Mas poderia ser qualquer pessoa... — Respondi em um tom temeroso.

   — Entendemos.

   Após ele falar, o silêncio continuou presente até eu tomar uma decisão.

   — Sei que não vamos nos entender, então só peço que me tirem daquele apartamento. Vai ser insuportável continuar lá depois de tudo. Eu, sinceramente, não aguentarei.

   — E isso está acabando com você. — Chris disse.

   Apenas assenti, antes de falar:

   — Está sim. Tudo não passa de uma grande porcaria sem ela. Mas tudo bem, eu posso aprender a viver com isso, um dia.

   — Óbvio que não... Sejam pais de verdade! — Chris falou um pouco alto, mas não ousei erguer a cabeça para ver as reações. — É a felicidade da filha de vocês!

   Tudo o que escutei foi um silêncio que pareceu grandioso para mim, em seguida um suspiro.

   — Os olhares... O que vão pensar sobre nós, Michael?! — Foi Clara quem falou, então ergui a cabeça e vi que ela estava ao lado do meu pai.

   — Os pais dela já sabem? — Meu pai perguntou a mim, ignorando minha mãe.

   — Sabem. — Respondi.

   Pude ver a expressão de Clara tornar-se surpresa.

   — Eles não se importaram? — Meu pai quis saber.

   — Não.

   — O que suas amigas pensam sobre isso?

   — O mesmo que o Chris e a Taylor.

   Ele assentiu.

   — E os pais dela? Aceitam? — Minha mãe questionou.

   — Aceitam, mãe. Saiba que a Sinuhe está anos luz à sua frente... — Chris alfinetou.

   — Como assim?!

   Ah... ele havia tocado no ponto fraco dela.

   — Ela está sendo uma mãe. — Ele deu de ombros e mandou uma piscadela para mim.

   — Está dizendo que não sou uma mãe de verdade?! — Clara vociferou.

   — Não é isso... Mas a senhora está falhando. Não reparou em como a Lauren estava feliz com a Camila?! Eu nunca vi minha irmã daquela forma. — Meu irmão continuou.

   Então, lembrei-me que meu pai ainda não havia opinado sobre o assunto.

   — Pai, o senhor não pensa nada sobre isso? — Perguntei antes que Clara resolvesse responder Chris.

   Meu pai continuou sério, então pigarreou. Parecia estar desconfortável.

   — Não sei o que responder... — Remexeu-se sobre o sofá. — Nunca pensei que passaria por isso... É diferente. Não me sinto no direito de dizer a você que é errado e que deve parar, só prefiro aprender sobre isso. — Respondeu calmamente.

   — Michael!  — Minha mãe bradou.

   Ele virou-se para ela e segurou suas mãos.

   — Clara, no fundo você também sente isso! Pense além das pessoas que vão julgar. Você se importaria? Sua filha estaria no papel de errada se todos esses olhares não caíssem sobre você também?! É dessa forma que eu tento ver.

   Ela abaixou a cabeça e a balançou. Meu pai abraçou-a e disse algo em seu ouvido. Eu não ousava me mover.

   — Mãe, pensa bem. — Taylor falou pela primeira vez na noite.

   Meus pais não falaram nada por mais algum tempo. Tempo suficiente para minhas mãos começarem a suar e meu pescoço pedir para ser coçado.

   — Você está certa de que ama essa garota? — A versão mais velha de mim perguntou, de repente.

   Encarei-a prontamente.

   — Sim, mãe... Lembra quando a senhora me disse que quando eu encontrasse alguém que eu gostasse, saberia? Eu gostei da Camila desde a primeira vez em que a vi. Eu já gostava dela quando a senhora achava que eu não gostava de ninguém... sempre foi ela. Não é uma fase, não vai ser... ou não foi. Não sei.

   Em momento algum ela e meu pai desviaram os olhos dos meus e eu não ousei abaixar a cabeça e nem desviar o olhar. Quando terminei de falar, ela olhou para ele, que assentiu.

   — Eu não vou conseguir digerir isso com velocidade, mas... — Ela começou a dizer, mas parecia ter dificuldade para continuar aquilo.

   — Sim? — Perguntei na esperança de que ela continuasse.

   — Mas ver você nesse estado penoso me dói o coração muito mais do que os julgamentos que teremos ou que você terá. Eu não penso só no que vão falar sobre a minha filha. Eu penso em você, Lauren. Esse mundo não perdoa quem tenta ser feliz e demonstra o amor por alguém do mesmo sexo... Eu posso ter me expressado mal, mas eu só não queria ver você sofrendo! — Franziu o rosto e então pude ver uma lágrima escorrer por sua bochecha direita.

   Reprimi um sorriso ao ouvir aquilo, mas acabei lembrando que eu já não namorava mais. Tomei a atitude certa, na hora errada.

   — Mãe, as únicas pessoas que eu temia eram você e meu pai. Eu não tenho mais que temer ninguém. Estou disposta a encarar seja lá quem for que decidir me julgar, mas eu preciso que a senhora esteja ao meu lado... vocês dois. — Falei sem saber qual atitude eu teria daquele momento em diante.

   — Eu sempre vou estar ao seu lado, Lauren. Sempre.

   Ela então levantou-se e eu fiz o mesmo, sem esperar, joguei-me em seus braços.

***

   22h:00 foi a hora exata em que Vero e eu escutamos uma buzina do lado de fora. Meus pais já haviam saído com Sofia, despediram-se de Vero e eu, então ficamos no sofá esperando Dinah.

   — Vem, lindinha. Eu te ajudo.

   Sorri para ela e apoiei-me em seu ombro, uma mão rodeou minha cintura e ela começou a me guiar para fora de casa, enquanto levava minha muleta.

    Tranquei a porta de casa e segui para o carro de Dinah. Ally e Normani já ocupavam o banco de trás, Vero me ajudou a sentar no carona e acomodou-se com as outras duas ao fundo.

   Virei-me rapidamente para o lado e vi Dinah com um vestido branco longo, mas bem aberto na parte superior. Normani usava um, também branco, porém curto, assim como o de Ally, que possuía mangas curtas. Já Vero, que eu já tinha visto, estava com uma saia branca e uma blusa curta da mesma cor.

   Sorri de canto para todas elas e falei:

   — Vocês são minhas amigas, mas estou solteira... caso estejam interessadas.

   As quatro fizeram uma mistura de resmungo com risos.

   — Vero, você ensinou a ela piadas de solteiro?! — Normani perguntou e Vero riu alto.

   — Não!

   — Chancho, ninguém aqui quer beijar você. — Dinah disse dando partida no carro.

   — Você não vai me mandar colocar o cinto de segurança? — Perguntei notando que Dinah nunca me mandava colocar o cinto, nem mesmo em uma data festiva.

   — Coloca aí...

   Concordei e coloquei, sentindo uma leve falta de uma certa voz falando “Camila, o cinto de segurança! Ele está aí para nos proteger e eu sou a responsável por todos que estão sob minha carona!”. Então percebi que as garotas tinham razão, eu não podia depender de Lauren, ela não estaria sempre comigo, pelo jeito nunca mais.

 

***

   — Lauren, por que o preto?! — Chris perguntou já enchendo a minha paciência ao reclamar de toda roupa que eu escolhia.

   — Eu já tinha escolhido ele!

   — E por que, então, você tem essa roupa branca que parece nunca ter sido usada?

 — Taylor, que mexia em minha mala, falou ao tirar o que realmente era pra ser usado. Era.  

   — Porque... é... puft... vocês sabem. Comprei e vou... mandar para um brechó... porque... comprei pra isso. Quero fazer doações à brechós! — Expliquei.

   — Pode contar a verdade agora. — Ela disse, levantando-se e levando a roupa para a cama.

   — Essa seria a roupa que eu usaria se fosse com... vocês sabem. — Respondi.

   Os dois trocaram um olhar e riram.

   — Vocês combinam roupas?

   — Não! Não é combinar, mas quando compramos juntas acabamos pegando algo parecido... Ou melhor, roupas de mesma cor são parecidas. Todo mundo vai estar parecido hoje.

   — Uhum. — Pareceram não acreditar.

   — Ela me ajudou a escolher essa. — Falei. — Não vou usar. É como... vestir um fantasma!

   — Mas ela está viva, irmão!

   — Mas o nosso momento não.

   — Você vai com essa roupa sim! Depois manda para o brechó!

   — Não...

   — Lauren! Não vamos sair com você vestida para um funeral!

   — Tecnicamente, ocorrerá um funeral hoje. Estou levando o presente que Camila iria me dar, vou enterrá-lo. — Contei sobre minha ideia magnífica.

   — Por favor, não deixa ela ir assim. Eu vou terminar de me arrumar. — Taylor falou para Chris e então saiu do quarto fechando a porta.

   — Vamos. Vou lhe dar 3 minutos para trocar de roupa. — Disse.

   Então ele saiu do quarto e eu suspirei. Olhei para a roupa em cima da cama e resolvi vesti-la. Era apenas uma saia longa listrada em preto e branco com uma blusa branca. Eu não compraria aquilo se tivesse escolha.

   — Amor, você não pode usar preto de novo... — Ela disse quando mostrei um vestido longo e preto, muito bonito.

   — Mas, Camz. É uma tradição. Vou enterrar um ano! — Tentei explicar.

   — E se você usar algo que misture as duas cores? Você vai estar enterrando um e vendo o nascimento do outro.

   Sorri com a ideia e a achei um gênio.

   — Você é tão esperta...

   — Três! — Chris disse entrando mesmo sem saber se eu já havia acabado. Por sorte eu já estava vestida. — Uau... ficou incrível. Agora podemos ir?

   — Só vou terminar aqui e já desço.  

   Arrumei-me da melhor forma que eu consegui, peguei a carta com as duas pulseiras e desci. Meus irmãos já estavam à minha espera. Meus pais iriam ter uma carona de alguns amigos, então o carro estaria com Chris.

   — Divirtam-se... Se seu irmão fizer besteira, tome o carro dele. — Meu pai avisou e eu concordei.

   Virei-me para minha mãe e ela sorria fraquinho para mim.

   — Sei que é tarde para dizer isso, mas não desista do que faz você feliz. — Falou em um tom baixo, para que apenas eu escutasse.

   Eu sabia que ela estava se esforçando para dizer aquelas coisas, só precisava ter calma.

   — Obrigada, mãe. — Falei antes de abraça-la forte.

***

   A praia estava quase lotada de pessoas, assim como as ruas. Algumas das vias próximas haviam sido interditadas por causa de festas que aconteceriam próximas à praia. Alguns hotéis também estavam iluminados e lotados. Dinah demorou a encontrar uma vaga e a que encontrou era um pouco distante, então demoramos a chegar, já que eu andava devagar.

   Muitas pessoas já começavam a beber, outras a comer, algumas se banhavam, mesmo não estando calor.

   — Aqui está bom? — Ally perguntou quando alcançamos um local sem muita gente, já na areia.

   — Sim, sim. — Normani concordou.

   — Dinah, vem comigo! — Vero gritou segurando o braço da outra. — Vamos comprar algo para nossa noite começar!

   — Vou com vocês! — Ally disse, parecendo estar animada.

   — Fico por aqui. — Normani avisou, deixando que as 3 seguissem e sumissem de nossas vistas. — Mila, não sai daqui.

   — Por quê?

   — Hum... Nada. Vou fazer uma ligação e já volto.

   Normani afastou-se um pouco de mim e colocou o celular sobre o ouvido. Dei de ombros não querendo ficar sozinha sem fazer nada, então decidi caminhar até à beira do mar. Não seria fácil, na minha primeira tentativa, a muleta afundou na areia e eu precisei fazer um esforço enorme para conseguir me equilibrar, mas só precisava tentar mais um pouco.

   — Mila! — Escutei a voz da minha amiga e logo ela estava ao meu lado.

   — Só queria chegar perto do mar. — Sorri.

   — Eu ajudo você.

   Sorri em agradecimento e esperei que ela me segurasse e pegasse minha muleta. A passos curtos e lentos eu consegui chegar perto do mar, mas não muito, já que não podia molhar a minha perna.

   — Obrigada, Mani. Vou ficar por aqui. Tudo bem?

   Ela entregou minha muleta e eu logo segurei-a para me apoiar.

   — Vou estar ali atrás. Qualquer coisa acene para mim.

   Concordei e deixei que ela fosse aproveitar a noite. Senti a brisa tocar meu rosto e fechei os olhos tendo alguns segundos de paz.

***

  Fazia pouco mais de 5 minutos que o meu irmão estava dando voltas no mesmo quarteirão e isso estava começando a me agoniar.

   — Tudo bem andarmos um pouco. Pare em qualquer lugar. — Avisei já irritada por ele estar dando tantas voltas no mesmo lugar. 

   — Ok. 

   Finalmente ele encontrou uma vaga. Nós três descemos e caminhamos em direção à praia. Vi a multidão de pessoas e sugeri que fossemos encontrar os amigos de Chris e Taylor por outro caminho, com menos gente, mas meu irmão fingiu não me ouvir.

   — Chris! Taylor! — Escutei a voz que eu conhecia desde que era pequena.

   Franzi o cenho e ergui a cabeça para olhar, mas meus irmãos já haviam se afastado de mim. 

   — Oi, Mani! — Falaram. 

   Trinquei o maxilar e respirei fundo. 

   — Amiga! — Ela gritou correndo em minha direção. Abraçou-me, mas não retribuí. 

   — Vocês não sabem nem fingir. — Falei revirando os olhos, mas ela fingiu não ouvir. 

   — O quê? — Taylor perguntou. 

   — Vocês armaram esse encontro “casual”. — Fiz aspas com os dedos, com cuidado para não deixar as pulseiras e a carta caírem. 

   — Que bom que notou sem precisarmos falar. — Chris falou. 

   — Por que você trouxe o presente? — Normani apontou para o que eu segurava. 

   — Eu pretendo enterrar. Não consigo jogar fora, então prefiro enterrar vivo o meu amor, até ele sufocar e... morrer. — Expliquei. 

   — Ela tem sido muito dramática todo esse tempo? — Perguntou aos meus irmãos. 

   — O dia todo de todos esses dias! — Chris falou. 

   Suspirei e fui obrigada a escutá-los falar sobre mim por um curto tempo. Até que Normani parou de falar e aproximou-se de mim, levando o rosto para perto de meu ouvido. 

   — Faz o seguinte, pega esse presente e dá o destino que ele tinha que ter tido desde o início. — Falou em meu ouvido.  

   Afastei-me apenas para encará-la e vê-la sorrindo, mas eu não havia entendido. 

   — Oi? 

   Normani então apontou para o mar atrás de mim. Virei-me para conferir e congelei ao avistar uma silhueta esguia apoiada em uma muleta de frente para o mar. O cabelo dela voava juntamente com o vestido branco. 

   Senti o sangue sumir do meu corpo. 

   Não podia ser verdade.

   — Acho que estou tendo alucinações. — Falei sentindo o suor em minha testa. — Vou para casa. 

   Desde quando eu via alucinações?! Eu estava com claros sinais de loucura, certamente. Vi o fantasma de uma pessoa viva! 

   — Amiga, não é alucinação. É ela. Você só precisa ir lá e levar isso. — Normani disse apontando para o que eu segurava. 

   — Tem certeza que é ela? Está me parecendo alucinação. Olha o vestido... Estou assustada se isso for uma alucinação. 

   Eu tinha a total certeza de que fantasmas sempre apareciam serenamente, mas não sabia como os fantasmas de pessoas vivas se portavam no plano humano!

   — Todo mundo usa branco nessa data, para de ser boba. — Falou rindo.

   Olhei mais uma vez para a silhueta e segurei no ombro de Normani.

   — Ela está mesmo aqui? 

   — Sim. Vai lá. Você sabe o que precisa fazer. 

   Um pouco convencida, não sabia o que fazer exatamente, mas primeiro precisava conferir de perto se era ou não era um fantasma.

   — Não posso! Ela não vai me perdoar nunca! 

   — Você confia em mim? — Ela perguntou e eu assenti sem nem pensar duas vezes. — Então faz o que estou falando. Converse com ela. Só isso.  

  Respirei fundo por exatas 7 vezes. Estalei todos os meus dedos das mãos. Ajeitei o meu cabelo, que o vento logo desarrumou e ia fazer um breve alongamento corporal quando Normani me deu um empurrãozinho, literalmente.

   Automaticamente comecei a andar de encontro à silhueta que eu achava ser uma alucinação, mas quanto mais perto eu chegava, mais eu notava que era real.

   Quando cheguei bem perto, percebi que era muito real para ser alucinação fantasmagórica. Queria tocá-la para ter mais certeza, mas não podia.

   Parei ao lado dela sentindo meu corpo tremer. Creio que por reflexo, ela virou-se para me encarar. Seu rosto demonstrava surpresa.

   Eu não havia preparado um roteiro para esse momento, então precisava tentar agir com o máximo de naturalidade espontânea que eu tinha.

   — Oi, Camila. 

   Pude ver que ela prendeu a respiração por alguns segundos, mas virou o rosto para a frente novamente. 

   — Oi, Lauren. — Falou bem baixinho. 

   — Como anda a sua perna? — Perguntei.

   — Não tem andado. 

   Ri sem graça e quis enterrar minha cabeça na areia. Nem uma pergunta casual eu conseguia fazer. 

   — Ah... Imagino... Pernas assim não andam... e... nem andam, mas um dia ela volta a andar, então... é... 

   — Já entendi. — Me cortou. —  E você está bem? 

   — Não. E você? 

   — Não, também. 

   Engoli a saliva com dificuldade e pensei que ser objetiva seria mais fácil, mesmo eu tendo dificuldades para ser assim.

   — Posso fazer uma pergunta bem idiota? 

   — Pode sim. 

   1, 2, 3 e já!

   — É muito tarde e clichê para eu pedir que você seja minha novamente no ano novo? 

   Ela ergueu o rosto, sem me encarar.

   — Hum...  Eu não sei. — Disse baixinho.

   Onde eu estava com a cabeça ao pensar que seria fácil?! Nem justo era, ela não me queria mais! 

   — Você tem que saber... ou não... talvez eu não tenha mais esse direito. Me desculpe. 

   — Você realmente não tem direito de querer nada mais. 

   Escutar a verdade machucou um pouco.

   — Então isso significa que devo desistir? 

   — Você quer desistir? — Retribuiu a pergunta.

   — Quer que eu desista? 

   Ela suspirou e negou com a cabeça.

   — E os seus pais? Soube que teve problemas. — Desviou o assunto.

   — Já me resolvi com eles, se esse for o problema. 

   — Já? Pelo que me contaram, sua mãe não estava nem um pouco disposta a resolver isso e... estava te tratando mal. 

   É claro que as garotas iriam falar algo. Para mim, ninguém contou nada sobre Camila, mas para ela contaram sobre minha situação!

   — Sim... Mas já resolvi. 

   — Como foi isso? Digo, as garotas me contaram na noite em que você terminou comigo, mas não consegui ouvir nada. 

   Eu não sabia o que estava fazendo, mas sabia que precisava inteiramente sincera com ela.

   — Então, você quer a versão resumida ou a completa?

   — Você sabe que a completa. 

   Após isso, passei alguns minutos contando tudo a ela. Exatamente tudo. Desde o dia em que minha mãe ligou até o momento que havia acontecido há pouco. Só omiti a parte de eu ter ficado um dia sem banho... era muito constrangedor contar sobre isso para sua ex-namorada.

   — ... e então, hoje, eu tive que repetir toda a verdade para ver se ela me entendia de uma vez por todas.

   — Qual verdade? — Perguntou.

   — Que eu preciso de você comigo e que é de você que eu gosto e provavelmente vou gostar para sempre. Ainda citei que... você é a garota que eu amo. 

   Vi um sorriso tímido surgir nos lábios dela, mas ela não virou para me encarar. 

   — Você falou isso mesmo? Citou o amor?! 

   — Sim. Foi extremamente dramático, mas no fim deu certo. — Confirmei, mas minhas mãos tremiam e eu temia que ao fim da conversa ela não me quisesse mais. 

   — Eles aceitaram? 

   — Não exatamente. Mas se dispuseram a digerir com calma. Os dois. Nenhum estava preparado para essa situação, só preciso ir com calma.

   Uma brisa gélida passou por nós, fazendo o cabelo de Camila voar, então ela teve que tirá-lo do rosto. Sorri para o ato.

   — Fico feliz que tenha se resolvido com a sua família sobre essa questão. 

   Ela não estava entendendo a situação???

   — Você sabe que a questão toda não é somente sobre eu... não ser completamente heterossexual, não sabe? Você sabe que toda a situação é, principalmente, sobre eu amar e querer estar com você, não sabe? — Expliquei cautelosamente.

   — E é por isso que agora você me quer de volta. — Ela afirmou.

   — Sim. Mas se você não quiser...

   Precisava ter em mente que eu não merecia Camila, não depois do que eu fiz. Mas estava tentando consertar as coisas.

   — Eu não sou fácil, Lauren. 

   Senti as palavras dela e ri sem graça.

   — Imagino. Vou entender se não quiser mais nada entre nós... O que fiz foi bem ruim. Tome a decisão que achar melhor, vou entender, mesmo...

   Ela interrompeu-me.

   — Mas temos uma promessa. 

   Foi então que, pela primeira vez, em todos esses dias, lembrei-me da promessa que havíamos feito ali, naquela mesma praia. Talvez não na mesma areia porque tem o vento e pessoas andando, mas foi ali.

   “— Então me prometa o que eu pedi. Me promete que sempre vai voltar quando pensar em ir. E mesmo que chegue a ir, volte um dia. — Sussurrou em meu ouvido.   

   — Você vai me prometer sempre esperar? — Eu quis saber.   

   — Contanto que você volte inteiramente minha, eu vou esperar, inteiramente sua.“ 

   — Eu não deixei de ser inteiramente sua... — Precisei falar.

   — E eu estava te esperando, inteiramente sua. 

   Sorri ao escutar que ela estava me esperando e isso criou esperanças dentro de mim. 

   — Mesmo? 

   EU TINHA CHANCES?!

   Ela assentiu. Eu fitava seu perfil a todo instante, mesmo que ela não quisesse me olhar. 

   — Sim. Eu pensei que deveria seguir em frente, mas só conseguiria fazer isso quando a constatação de que você havia tomado a decisão certa chegasse. Mas nenhuma das garotas deu indícios de que você estava feliz com isso. Agradeça a Normani por ter deixado escapar que você só falava sobre a morte. 

   Grunhi me sentindo envergonhada.

   — Ela te contou sobre isso? 

   E mesmo quando eu pensei que ninguém havia me ajudado a resolver as coisas, eu tive ajuda.

   — Foi sem querer, mas foi por causa disso que eu lembrei da nossa promessa. Estava disposta a esperar mais tempo, ainda bem que não demorou muito. — Sorriu fraquinho e eu não pisquei os olhos. 

   — Não sei mais se consigo seguir sem você. Não poderia deixar de tentar fazer de você o meu Norte, mais uma vez. 

   Camila não respondeu de imediato e eu tentei não me desesperar. Continuei olhando atentamente para ela, fitei seu corpo e vi que ela usava o vestido que ajudei a escolher. Ela não poderia estar mais graciosa. Não. Nem mesmo se ela estivesse sem o gesso e a muleta. 

   — Mais ninguém saberia desempenhar esse papel em sua vida tão bem quanto eu. — Finalmente falou e eu suspirei aliviada. 

   Eu tinha chances! 

   — Que bom que sabe. Sem você eu fico um pouco perdida. Nada grave. Só prefiro tê-la comigo... — Mordi o interior de minha boca antes de continuar. — O que você acharia se eu tivesse a ousadia de te pedir para voltar a namorar comigo?

   Ela riu e balançou a cabeça, finalmente olhando para mim, em meus olhos. Estremeci.

   — Acho que se você se ajoelhar e implorar, eu posso pensar em aceitar a voltar a ser seu Norte e você a minha bússola. 

   Eu não hesitei, estava ali exatamente para ter Camila em minha vida de forma definitiva. Se ela quisesse que eu deitasse naquela areia e depois me atirasse no mar, eu faria. 

   Respirei fundo, andei até ficar de frente para ela e então ajoelhei-me aos pés de Camila. Ela assistia tudo com atenção, por isso ergui meu olhar e o finquei no dela. 

   — Camila, você quer voltar para o nosso namoro? Até porque não pretendo começar um namoro novo com outra pessoa e certamente só vou querer namorar com você pelo tempo que eu puder ter de todo o tempo que terei na minha vida, até que ela se transforme em morte.

   Terminei de falar e só então percebi que minhas mãos suavam frio e eu poderia desmaiar a qualquer momento. Parecendo perceber isso, Camila gargalhou e eu interpretei aquilo como uma coisa ruim. 

   — Eu estava brincando quanto a você se ajoelhar! 

   Ela não queria voltar a namorar? 

   — Idiota. Te odeio. — Falei levantando-me e limpando a areia da minha saia com minha mão livre, já que a outra ainda tinha o presente que eu iria enterrar definitivamente depois do provável NÃO que ela me diria.

   — Eu aceito. Minha vida ficaria muito sem graça sem você. — Ela disse de repente, me fazendo parar de sacudir a areia dos joelhos.

   — Como? — Indaguei.

   — Eu disse que aceito namorar com você... não de novo, mas voltar para o namoro. Não quero ter dois namoros com a mesma pessoa... 

   — Sou sua namorada de novo?! — Perguntei com os olhos bem abertos. 

   — Única e eterna. — Respondeu sorrindo. 

   Acabei sorrindo largo demais e a minha primeira reação foi aproximar-me para abraça-la, mas então vi a perna engessada e tive que fazer isso com cuidado. 

   Passei meus braços pela cintura dela, segurando-a com uma força além do necessário. Ela então largou a muleta, deixando-a cair sobre a areia e rodeou seus braços ao redor de meu pescoço. Rapidamente afundei meu rosto na curva do pescoço dela. 

   — Desejo, com todo sentimento bom que tenho em mim, que você seja a minha única e eterna namorada também. — Murmurei abraçando-a forte. 

   Acho que naquele momento as duas saudades cessaram, a minha e a dela. Ela me apertava em seus braços e eu gostei de sentir que ela também me queria por perto. 

   — Eu te amo, Lauren. — Ela falou em meu ouvido. 

   Senti-me completamente extasiada ao ouvir aquilo novamente. Ergui minha cabeça e encarei-a. 

   Eu também tinha algo a dizer, algo que eu não podia mais deixar guardado só para mim. 

   — Camz, eu te amo. 

   Vi a expressão de Camila mudar no mesmo instante. Sua boca ficou entreaberta e seus olhos vagaram perdidamente por meu rosto. 

   — Falei algo errado? — Perguntei preocupada. 

   Ela negou com a cabeça, sorriu largamente e fungou, só então vi algumas lágrimas escorrerem de seus olhos. Revirou os mesmos e bufou. 

   — Você não deveria ser linda assim. — Grunhiu. 

   Meu corpo relaxou no mesmo instante. 

   — Que susto... achei que tinha feito mal em confessar isso. 

   — Shhh... Eu gostei de ouvir isso. — Falou passando uma das mãos para meu ombro. — Eu precisava ouvir. 

   Sorri e beijei-lhe a bochecha, levei uma mão ao seu rosto, limpando suas lágrimas em seguida com o polegar.

   — Me desculpa por tudo... Mas eu realmente amo você, Camila. E me desculpa, também, por só conseguir perceber que preciso ter coragem depois dos desastres. Eu não sei o motivo de eu ser assim, mas eu sou... — Pausei e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Eu não sou perfeita, Camz.

   — Eu também não sou perfeita, Lauren. 

   Há controvérsias sobre isso! Você é extremamente perfeita para mim e a meu ver.

   — Mas isso não muda o fato de que, depois desses dias horríveis que passei sem você, concluí com a definitiva certeza, que você é a pessoa que a vida escolheu para eu passar o resto da minha vida. — Falei sem desviar meu olhar do dela. Eu precisava que ela soubesse de tudo de uma vez por todas. — Se você quiser, claro. Descobri, também, que eu amo tudo em você, amo até mesmo as coisas que odeio. Amo o fato de odiar o fato de amar você... Eu te amo. Só... isso. 

   Terminei de falar e senti meu corpo esquentar, era estranho estar expondo meus sentimentos, mas me parecia certo. Camila negou com a cabeça e ameaçou chorar novamente, mas pareceu segurar. 

   — Sabe, quando eu percebi que queria você a todo custo, eu me dispus a pagar qualquer custo, de fato. Claro que custos emocionais. Você não tem um valor baixo, Lauren. — Falou e eu senti minhas bochechas esquentarem. — Você é como um objeto caríssimo que faz com que a pessoa não tenha dinheiro suficiente, mas como a pessoa quer muito o objeto, ela compra um cofre e começa a juntar centavo por centavo de emoção. Foi isso que eu fiz. Abri esse cofre dentro de mim e comecei a juntar cada gesto, palavra ou olhar que você me oferecia. Algumas vezes eu tinha que tirar do cofre pra te devolver, pois você exigia de volta. Mas neste exato momento vejo que valeu a pena essa minha luta financeiramente emocional. Eu te amo. 

   — Imaginei um cofre dentro de você... — Ela arqueou as sobrancelhas e então percebi que não era o momento para falar sobre cofres imaginários. — Enfim... Será que eu posso dizer sim para essa sua pergunta aqui? — Ergui a carta que ela havia feito no Natal, junto com as duas pulseiras. 

   Ela sorriu reconhecendo o que eu segurava. 

   — Ah... meu presente! Na verdade, seu. 

   Voltei a me preocupar. Se era meu, ela não queria mais??? 

   — Ok. Então a pergunta não vale mais?! 

   Ela crispou os olhos e segurou meu rosto com uma mão. 

   — É claro que vale! Coloque já essa pulseira, Lauren Jauregui. Você assumiu que me ama, com todas as palavras. Não posso deixar você solta por aí! — Ordenou, mas eu ainda tinha dúvidas. 

   — Você vai usar também, certo? 

   — Claro! — Ela revirou os olhos. — Seis dias longe de você só me fizeram perceber que quero ter e estar com você pelos próximos dias que virão. Até o meu fim. 

   Sorri aliviada e afastei-me dela para poder colocar as pulseiras. Camila apoiou uma mão em meu ombro enquanto eu colocava a que pertencia a ela, nela. Em seguida segurei ela para que ela pudesse colocar a minha em meu pulso. Dobrei a carta e a guardei no cós da minha saia. 

   — Até o meu fim, também. Eu te amo. Não esquece disso. É sério. — Falei seriamente e Camila apertou minha bochecha.

   — Já entendi! 

   — É que não parece suficiente... — Eu precisava que ela soubesse. — Você já sabe que eu te amo, não é? Digo, você realmente entendeu isso?

   Ela revirou os olhos, sorriu e então trouxe seu rosto para perto do meu, selando nossos lábios. Deixei um enorme suspiro escapar e pude escutar um grunhido vindo de Camila. 

   A saudade era quase que gritante. 

   Fechei meus olhos e me rendi ao melhor beijo que eu já havia tido em toda a minha existência até agora, também é o beijo que eu desejava provar para sempre. O meu sempre.

   Então, nos fazendo voltar à realidade, alguns gritos aleatórios chamaram nossas atenções. Camila separou o contato de nossos lábios e olhou para trás.

   — Acho que o ano vai virar... Vamos encontrar as meninas? — Perguntou-me. 

   — E se a Dinah quiser me matar? Eu ouvi muito sobre isso. 

   — Eu protejo você. — Ela garantiu.

   Abaixei-me rapidamente para pegar a muleta dela e a entreguei.

   — Então vamos. Segura sua muleta, se ela avançar, impede, tá? 

   Camila riu apoiando-se em meu ombro enquanto eu a ajudava e apenas concordou. Procurei pelas garotas, mas foi a minha namorada que as encontrou. Caminhamos pacientemente até lá, sendo recebidas com gritos.

   Dinah foi a primeira a avançar, mas quando vi uma garrafa em sua mão desisti da ideia de ser assassinada.

   — Me digam que estão namorando novamente. Por favor! Chega de brigas! 

   — Sim, Cheechee. — Camila respondeu. — Nós voltamos definitivamente. Não tem mais separações. 

   — Nunca mais? — Normani perguntou. 

   — Nunca mais, Mani. Vocês serão poupadas. 

   — Eu queria matar você, Zangada. Mas se eu fizesse isso teria que consolar o choro infinito da sua namorada... Ela não parava! 

   Ri com o que a Dinah disse, mas continuei quieta. Estava muito feliz por estar de volta àquele meio, precisava aproveitar.

   — Cheechee, sabia que eu vi a Lauren chorar pela primeira vez?! Acho que esqueci de contar isso. 

   — A cena não deve ter sido bonita. — A outra desdenhou.

   — Pare... você não sabe como ela é linda até chorando... — Ao escutar isso não pude conter meu gesto, então beijei-lhe a bochecha. — Amor? 

   — Eu te amo. — Falei.

   Camila ruborizou no mesmo instante.

   — OH MEU DEUS! — Veronica gritou, aproximando-se de nós com a Allyson. — O EU TE AMO JÁ FOI DITO?! QUANDO? 

   — Gente... — Camila tentou falar.

   — Quando? Como?! — Dinah quis saber. 

   — Foi ali. — Minha namorada apontou para onde estávamos. — Faz poucos minutos. Ela me ama. 

   — Essa é uma das coisas que eu mais esperei acontecer... — Brooke comentou melancólica, o que era estranho.

   Certamente a conversa iria longe se não fosse os gritos da multidão fazendo a contagem regressiva.

   — TRÊS, DOIS, UM! — As garotas contaram junto, em seguida Allyson puxou todas para um abraço.

   Uma quantidade incontável de fogos de artifícios estourou no ar, iluminando todo o céu.

   — EU AMO VOCÊS!! Todas vocês. Amo você, Mani. Amo você, Ally. Amo você, Vero. Amo você, Zangada. E amo você, Chancho! — Dinah, que parecia já estar alcoolizada, disse para cada uma de nós.

   — Já falei para não deixarem a Jane beber! — Argumentei me sentindo sufocada no abraço em grupo, ainda mais por estar atenta à perna de Camila.

   — Qual é, Lauren Michelle! É Ano Novo! — Veronica disse.

   Finalmente consegui sair do contato, sendo acolhida pelos braços de Camila.

   — Amor, feliz ano novo para nosso namoro novo, mas o mesmo!

   — Desejo o mesmo. — Concordei encostando nossos lábios e aprofundando rapidamente o contato, até escutar um choro.

   Olhei para o lado e me surpreendi ao ver Allyson chorando.

   — O que você tem? — Normani perguntou para ela.

   — Me emocionei um pouco! 

   Aquilo estava estranho. Fitei uma por uma até lembrar da garrafa que estava na mão de Dinah. Abri a boca e entendi o que havia acontecido.

   — Veronica, você fez a Brooke beber?! — Perguntei.

   — Estou disseminando a alegria por um dia... — Minha colega de classe fez pouco caso.

   Minha vontade era falar até todas elas cansarem de me ouvir, porém o barulho da multidão de pessoas me obrigaria a gritar e eu estava sem vontade. Então, apenas deixei que Allyson tivesse seu momento emotivo em paz.

   — Amiga, vocês se merecem. — Normani gritou ao mesmo tempo em que abraçava Camila e eu. — Eu fico muito feliz por você ter virado essa borboleta! Não no sentido que você está pensando, mas no outro sentido! O da transformação...

   Camila foi a única a responder, eu preferi ignorar o estado de todas elas e sabia muito bem quem era a culpada.

   — Iglesias, você vai se virar pra cuidar dessas três! — Avisei.

   Veronica revirou os olhos e chamou Dinah, Normani e Allyson. 

   — Tchau! Vamos nos divertir! Só as solteiras me acompanhem! Isso não inclui vocês. — Apontou Camila e eu.

   — Vero, por que está nos excluindo?! — Camila perguntou. 

   — Lindinha, nós vamos flertar e achar alguém. Você não pode. 

   — Aaah. Podem ir. Estou bem aqui. Eu já tenho com quem flertar para o resto da minha vida. — Minha namorada disse apertando-me rapidamente, me fazendo sorrir. — Mas, Ally, achei que você tivesse algo com o Caleb.

   A garota aproximou-se de Camila, fazendo as outras 3 esperarem. 

   — Mas ele não me pediu em namoro! Ele sequer me beijou, Mila! 

   — Ih... agora entendi o motivo do mau humor dela nos últimos tempos. Eu passo por isso até hoje. — Minha namorada disse de forma compreensiva.  

   — Cala a boca. — Falei ao entender a indireta dela.

   — Você é a lenta da relação. Nunca vai saber como nós, pessoas decididas, sofremos. 

   Fiz sinal para que elas fossem logo, assim Camila pararia de falar sobre aquilo. Acontece que ela não parou de falar. Ela nem havia ingerido bebida alcoólica para estar falando e reclamando de tanta coisa sobre mim. Porém, eu entendia que minha atitude de terminar tudo da forma que fiz foi o bastante para criar um repertório infinito para as reclamações de Camila.

   Pensando na perna dela, ajudei-a a andar um pouco, até que encontramos um local em que pudemos sentar.   

   — Amor, eu vou ter que ser formalmente apresentada à sua família de imediato? — Questionou após um tempo.

   — Não... Por quê? Está com medo?

   — Muito. Você sabe que não tenho problemas para conhecer pessoas, mas conhecer os pais da minha namorada é meio... aterrorizante. Ainda mais que já os conheço...

   Crispei meus olhos ao escutar aquilo.

   — Você pensou nisso quando foi a minha vez?  

   — Hum... é diferente.

   Eu tinha noção de que eram situações completamente diferentes, apesar de iguais. Meus pais precisavam trabalhar a ideia enquanto os de Camila não precisaram desse processo.

   — Fica tranquila. Isso só vai acontecer quando eu perceber que você não estará correndo risco de constrangimentos. — Garanti passando um braço por seus ombros. Ela prontamente encostou a cabeça em mim.

   — Obrigada.

***

   “— Vocês precisam aprender como viver sem a companhia uma da outra. As duas começaram a depender uma da outra de forma muito rápida.”

   Fechei os meus olhos, virando a cabeça para poder encostar meu nariz no corpo da garota que me abraçava de lado. Inspirei fortemente pensando que eu não queria aprender a viver sem a companhia de Lauren. Os momentos fazem mais sentido quando ela está comigo, mesmo que não seja fisicamente.

   — Será que agora você pode apresentar Camila como sua namorada para nós dois?

   Abri os meus olhos e vi os irmãos da minha namorada abaixados em nossa frente. Sorri para eles e escutei Lauren muxoxar.

   — Amor, ele tem razão. — Falei.

   — Camila, esses são seus cunhados. — Ela disse sem vontade alguma. — Chris e Taylor, essa é a cunhada de vocês. Pronto.

   — Oi, Camila! É um prazer conhecer você como namorada oficial dela. Nós dois agradecemos muito pelo que você fez com a Lauren. — Chris foi o primeiro a falar.

   — Separamos várias fotos de quando éramos pequenos. — Taylor completou. — Vamos marcar um dia pra você ver.

   Gargalhei amando a ideia deles e gerando um resmungar da minha namorada.

   — Aceito! Podem marcar quando quiserem. — Respondi.

   — Vamos sair daqui. — Lauren disse levantando-se.

   Minha namorada não conseguia perder o mau-humor nem depois de todas declarações que trocou comigo. Coisa que era linda!

   — Vejo vocês logo! — Falei para os irmãos dela quando ela já havia me ajudado a levantar.

   — Com certeza! — Responderam e eu acenei para eles.

***

 

   Minha ideia para fugir dos meus irmãos era caminhar pela praia até não sermos mais encontradas por ninguém que pudesse nos conhecer, eu só tinha esquecido por um segundo que Camila estava com uma perna engessada. Por isso nossa caminhada tornou-se lenta e em pouco tempo a garota ao meu lado que andava aos pulinhos reclamou de cansaço.

   — Você consegue andar só até encontrarmos um lugar para você sentar?

   — Acho que sim.

   Ajudei Camila da forma mais forte que pude e seguimos, dessa vez procurando algum lugar para ela sentar. Estava muito focada em nossos pés quando ela parou de andar.

   — Amor... Espera um pouco.

   Ergui minha cabeça e olhei para o rosto dela que estava focado em algo mais à frente.

   — O que foi?

   — Me diz que não estou vendo coisas. Vamos ali. Anda. Posso descansar depois.

   — Camila, o que exatamente você quer ver?

   — Lauren, olha aquelas duas garotas ali. — Segui a direção que seu dedo apontava.

   — Ok... Duas garotas tendo um... beijo?

   Camila não me deu ouvidos, apenas mandou que eu a ajudasse a chegar lá. Assim eu fiz, mas novamente tive que me atentar aos nossos pés para que nada de ruim acontecesse.

   — Lauren, eu não acredito!

   Ergui minha cabeça e olhei diretamente para as duas garotas. Estávamos a pouco mais de 10 passos delas. Meu queixo caiu e eu não consegui falar nada.

   — Vero?! — Camila falou alto o suficiente para que as duas garotas interrompessem o tal beijo.

   As duas estavam de lado para nós, então quando viraram-se pude constatar que a visão de Camila estava ótima à distância.

   — Oi, Mila! — Veronica respondeu parecendo estar completamente sem saber o que fazer. A garota ao lado dela revirou os olhos, parecendo estar aborrecida.

   — Por que você estava beijando ela? — Camila insistiu.  

   — Errr... 

   Minha colega de classe olhou de um lado para o outro enquanto passava as mãos pela roupa. Eu quis rir.

   — Olá, Cabello! — Alexa disse. — Oi, Laur!

   Eu levantei uma mão para acenar, mas Camila percebeu e deu um tapa em meu braço, me impedindo. 

   — Alexa, deixa que eu resolvo isso aqui. Mila, você não viu nada do que viu! — Veronica disse. 

   — Vero, o que é isso?! Eu vi você beijando essa garota!

   Veronica olhou para mim, mas eu não sabia como ajudar. 

   — E-e-eu, é Ano Novo! Encontrei a Alexa aqui e... bem, somos colegas de quarto. E, olha só! Somos da mesma cidade. Pensei em cumprimenta-la e aconteceu esse abraço que você viu.

   — Veronica, conte a verdade! Eu vi um beijo! — Camila parecia brava.

   — Por que você não conta a verdade de uma vez por todas? — Alexa perguntou.

   Rapidamente cocei minha cabeça e senti o desespero de Veronica. Eu não queria estar no lugar dela.

   — Vero, qual é a verdade? — Camila insistiu. 

   — Alexa, eu resolvo! Fica quieta!

   Notando que as duas brigariam a qualquer instante e já sabendo o que estava acontecendo, cutuquei o braço da minha namorada. 

   — Camz, acho melhor deixarmos elas duas conversarem sozinhas. Vamos para outro lugar. 

   Minha namorada negou com a cabeça e ignorou o que eu disse.

   — Veronica, o que você está escondendo de suas amigas?! — Camila questionou.

   Eu queria falar “Garotas, continuem a paquera de vocês. Estamos saindo agora mesmo daqui.”, mas Camila me mataria se eu fizesse isso.

   — Cabello, Veronica e eu estamos namorando. 

   Ferrer falou e todos os olhares foram para ela, inclusive o da minha colega de classe que parecia ter visto uma assombração.

   — Estamos? — Veronica perguntou para Alexa, que lhe encarou com o olhar fulminante. — Ok... Desculpa ter escondido isso de vocês. — Olhou para nós duas. — Sei que o passado de todas vocês não é muito legal. Eu só não sabia como contar! Temi a Dinah, a Mila... Principalmente a Dinah. 

   Deixei um pequeno riso escapar.

   — Vero, você está namorando a minha inimiga?

   Parei de rir quando Camila perguntou. A situação era séria para ela e eu não queria estragar.  

   — Acabei de saber que estou namorando. — Veronica disse. — Devo ter bebido muito, certamente. Mas... aconteceu! Desculpa! 

   — Mas ela queria a Lauren! 

   — Cabello, eu deixei de querer a Lauren há tempos. 

   Alexa falou e eu me senti feliz por isso. Quem sabe assim Camila deixaria as duas garotas em paz.

   — Isso está errado. — Ela não as deixou em paz. — Amor, eu peguei meu celular? 

   — Não... Não sei se você o trouxe. — Respondi.

   — Me dê o seu agora mesmo.

   Dei de ombros e tirei o meu celular do cós da saia, entregando a Camila. Rapidamente ela o desbloqueou enquanto continuava apoiada em mim. Discou algum número e começou a falar.

   — Dinah, vocês todas precisam vir aqui. Sim. Ande para o lado do hotel. Perto daquela barreira de pedras. 

   CARAMBA! ESSA AREIA VAI SER MANCHADA DE SANGUE, foi o que pensei.

   — Me desculpem por isso. Não vamos atrapalhar. Camila, vamos? A gente encontra Dinah por lá... — Falei tentando manter a calma do lugar e tentando evitar tragédias.

   — Lauren, se você não está vendo a seriedade da situação, fique calada! — Camila disse me deixando sem respostas.

   — Mas... — Eu tentei falar, mas Camila me olhou muito feio. — Ok. Vou só ser seu apoio humano aqui... — Respondi decidindo ficar quieta.

   Alexa olhou para mim com o cenho franzido e Veronica mandou um sorriso. Certamente era terrível saber que Camila, até com a perna engessada e apoiada em uma muleta, conseguia me fazer acatar ordens.

   Ficamos um tempo em silêncio e isso foi bem ruim. Alexa estava com os braços cruzados parecendo entediada, Veronica olhava para mim tentando falar algo que eu não entendia e Camila mexia no meu celular. Provavelmente estava rastreando a minha vida nos dias em que estivemos longe.

   — Você não conseguiu terminar esse jogo ainda? — Perguntou.

   — Era a sua vez de jogar. Deixei em pausa...

   — Depois eu continuo e a gente termina.

   Havia um jogo em meu celular que eu baixei em um momento de tédio, em Nova Iorque, Camila gostou e desde então jogávamos sempre que podíamos, eu concluía uma fase e ela outra.

   — O que aconteceu?! Eu estava conhecendo um garoto! — Normani foi a primeira a aparecer.

   — Vejam com seus próprios olhos. — Camila disse.

   — O que essa garota está fazendo com vocês? — Dinah perguntou.

   Alexa grunhiu para que todas escutassem, então falou:

   — Meu Ano Novo não poderia estar pior ao ver essas quatro de uma vez só... O que aconteceu foi: eu estava beijando a Veronica e sua amiguinha resolveu atrapalhar o momento e criar esse caso.

   — Vocês... — Allyson, que parecia estar completamente alcoolizada, falou. — Veronica!

   — Eu posso explicar!

   — Vero, você enganou a gente em algum momento?!  — Dinah perguntou.

   — Amiga, você é uma infiltrada?

   Eu quis rir da pergunta de Normani.

   — Gente, não é nada disso! Eu não conhecia a Alexa até ser colega de quarto dela.

   — Isso está estranho. Conta logo. — Normani prosseguiu.

   — Desde quando a vida da Veronica diz respeito a vocês?

   — Alexa, colabora só um pouco comigo. Por favor. — Minha colega de classe pediu e Alexa apenas assentiu.

   — Acho que ela tem um pouco de razão... — Tentei falar. — Vamos deixar as duas e...

   — Amiga, fica quieta.

   Então fiquei quieta.

   — Vamos resolver logo isso. Alexa, fala pra elas que você mudou. Só você pode fazer isso.

   Ferrer olhou para Veronica de forma complacente.

   — É realmente importante pra você ter a aceitação dessas quatro? 

   Sorri fraquinho ao notar que não fui incluída. Isso era bom porque mostrava que eu não me intrometia nas vidas das pessoas de forma tão direta.

   — Você sabe que sim. Elas são minhas amigas... — Veronica respondeu.

   Era completamente estranho ver as duas agindo com tanta intimidade, mas por algum motivo até então indefinido, fiquei feliz.

   — Tudo bem, tudo bem. — Alexa suspirou e balançou a cabeça, virando-se para todas nós. — Antes que vocês me matem, preciso deixar claro que não, eu não estou com a Veronica pra conseguir estragar a relação de vocês seis e dar em cima da Lauren. Já superei a Jauregui há tempos. Acho que desde que encontrei vocês naquele dia na Columbia e percebi que a Cabello já havia encontrado a alma gêmea dela e a Lauren também. Demorei a entender isso, tive ajuda da Veronica que desde o início me contava coisas, certamente para me provocar. Quando finalmente entendi as coisas, acabei deixando para lá. Mas eu não podia deixar de implicar, certo? Afinal, vocês nunca foram pessoas que eu quisesse manter qualquer contato simpático. Até a Veronica aparecer e, por ironia do destino, vocês se tornarem amigas dela. É importante para ela que eu seja sincera com vocês. Então é isso, nunca quis acertar as coisas, porém sinto informar que a partir de hoje vamos nos encontrar sempre, já que estou com a Veronica e não quero mais deixar isso escondido. Também acho bom que vocês aceitem a decisão dela! 

   Todas nós escutamos o que ela disse no mais completo silêncio e quando acabou, ninguém ousou falar nada. Olhei para Iglesias e a vi sorrindo de canto.

   — Vero, como isso aconteceu? — Allyson foi a primeira a quebrar o silêncio.

   — Ah, gente... Outro dia, prometo, conto tudo... — Veronica disse balançando uma mão no ar.

   — Tudo o que você falou é verdade? — Dinah perguntou. 

   — Sim, Hansen.

   Brooke ergueu uma mão no ar, pedindo para que ela esperasse, e então chamou todas as outras garotas para uma rodinha. Me deixaram de fora, até Camila me soltou para ficar perto delas. Após algum tempo, Dinah passou por todas, ficando ao meu lado.

   — Não vamos ser amigas, Ferrer. — Falou. — Não depois de tudo. Mas aceitamos ter uma convivência saudável com você, pela Vero. 

   — Vamos manter a questão de territórios. Você não invade nosso apartamento e nós não vamos invadir seu dormitório. — Normani disse.

   — Mas a Veronica vai continuar tendo o tempo dela com a gente. — Dinah continuou. — Você não vai roubar isso! 

   Alexa riu e balançou a cabeça.

   — Tudo bem. Não é como se fosse fácil prender a Veronica... Também não quero muito contato com vocês. 

   — Podemos ir? Por favor. Já escutaram e falaram tudo o que foi necessário. — Pedi ao achar aquele momento de trégua maravilhoso para encerrar o assunto.

   — Vamos...

   Dinah disse encarando ferozmente Alexa antes de virar-se.

   — Eu... encontro vocês daqui a pouco, certo? — Minha colega de classe falou.

   — Veronica, não se importe. Pode ligar quando quiser nos encontrar. — Respondi antes que alguma briga começasse.

   Ela sorriu para mim e, sem aguardar mais nada, virei-me para as quatro garotas, procurei por Camila, para ajudá-la a andar, e chamei todas. Sem pestanejarem, me seguiram e nos afastamos dali o mais rápido que pudemos.

   Seguimos em silêncio sem um destino certo.

   — Você já sabia, Zangada? — Dinah perguntou quando estávamos longe o bastante.

   — Não... Eu já desconfiava, mas eu não queria contar a ninguém porque me parecia meio impossível... — Confessei lembrando das vezes em que eu quase contei a elas, mas sempre desistia. 

   — Acho que estou bêbada demais... Muita informação em uma noite. — Normani disse colocando uma mão na cabeça. 

   — Estou confusa também.

   — Amiga, até a Alexa está namorando. — Normani parou de frente para Dinah, fazendo todas pararem de andar. — Você entendeu isso? 

   — Sim. Essa é a pior parte. Até a psicopata está namorando e nós nem um relacionamento encontramos!

   Então Dinah abriu os braços e abraçou Normani. As duas estavam alcoolizadas além do aceitável.

   — Já tentaram parar de achar em festas? — Brooke perguntou.

   — Está querendo que entremos em sites de relacionamentos, Ally? — Normani perguntou ainda nos braços de Dinah. 

   — O quê? Não! Eu não falei isso! Estou falando de rapazes que querem algo mais do que beijos por uma noite! 

   E por vários minutos as 3 discutiram sobre qual era a melhor forma de achar um namorado.
  
   O restante da nossa madrugada de Ano Novo foi completamente tranquila. As garotas voltaram para a parte animada, mas Camila e eu não estávamos envolvidas pela atmosfera festiva, só queríamos ficar em algum lugar quieto, afinal, passamos muito tempo sem nos ver. Com isso, minha namorada teve a ideia de pedir as chaves do carro de Dinah, depois me falou onde estava estacionado e ficamos lá apenas conversando sobre coisas bobas,  mas importantes para nós e, o mais importante, em companhia uma da outra. Acabei contando sobre minha experiência de um dia sem banho, já que éramos namoradas novamente e Camila me fez jurar nunca mais repetir aquilo.

   Algum tempo depois, Veronica ligou procurando saber onde estávamos, então expliquei e quando estava quase amanhecendo, ela apareceu acompanhada das outras três. Ficou óbvio que eu é quem teria que dirigir, já que Dinah não estava em condições. Camila permaneceu no carona e elas quatro tiveram que se ajeitar no fundo.

   — Lauren Michelle, meus pais não vão estar lá em casa. Pode ir para lá.

   — Todo mundo?

   — Sim. Apenas vamos.

   Concordei e pedi para que ela me falasse o caminho que eu não lembrava mais. Perto das 4h chegamos à casa de Veronica. Ela desceu primeiro e correu para abrir a porta. Olhei para trás e Normani tentava acordar Allyson enquanto Dinah desceu sem se preocupar. Desci do carro e corri para o lado do carona, abrindo a porta para Camila.

   — Amor, ajuda elas. Eu consigo descer sozinha. — Disse apontando para o fundo.

   — Tem certeza?

   — Só tenho uma perna quebrada, elas não têm os reflexos.

   Bufei e concordei indo para o fundo ajudar Normani. Allyson não acordava de forma alguma, então minha amiga e eu tivemos que tirá-la do carro com um pouco de dificuldade. Entramos na casa, até então desconhecida por nós, e Veronica nos esperava.

   — Venham... Dinah já está dormindo lá no meu quarto... Não tem lugar para todas. Vocês duas — Apontou Camila e eu. — se importam de ficar no quarto de visitas? Mani dorme comigo no dos meus pais... Não vou pegar colchões a essa hora!

   — Tudo bem, Vero... Só preciso de um lugar para descansar. Vou perder a segunda perna se não fizer isso logo.

   — Podem subir com a Ally. Vem, Mila. Eu te ajudo. — Disse para Camila.

   Logo, Normani e eu passamos na frente e subimos as escadas levando Allyson que não acordava de forma alguma. Atrás, Veronica mesmo alcoolizada conseguiu ajudar minha namorada. Em pouco tempo, Allyson já estava no quarto de Veronica, deitada ao lado de Dinah. Então, a anfitriã mostrou onde ela e Normani dormiriam e em seguida onde Camila e eu ficaríamos.

   Normani e Camila foram direto para o quarto, eu ia segui-la, mas Veronica segurou em meu braço.

   — Você está pensando em me matar? — Perguntou.

   Encarei seu rosto cansado e evidentemente afetado pelo álcool.

   — Matar não, mas exterminar sim. ­— Brinquei.

   Ela sorriu e deu duas batidinhas em meu braço.

   — Ei. Foi bom ter te conhecido. 

   — Digo o mesmo. De verdade.

   Veronica mesmo estando por pouco tempo comigo, tornou-se completamente importante em minha vida, assim como cada uma das outras garotas, mesmo que eu nunca fosse admitir isso verbalmente.

   — Gostei de ter me tornado amiga das cinco. Fez minha estadia em Nova Iorque parecer mais fácil. — Ela continuou e eu assenti lembrando de como foi fácil ela se enturmar com todas nós.

   — Imagino. 

   — É isso aí. Ainda temos anos à frente, mas eu já aceitei a sugestão da sua namorada. 

   Franzi o cenho sem entender a qual das ideias da Camila ela estava se referindo.

   — O que é que Camila andou sugerindo? As ideias dela são... estranhas. 

   — Nada... Ela só sugeriu que nós sete morássemos na mesma rua. Aí seria da seguinte forma. Ela espera que o Caleb case com a Ally. Ela jura que vai casar com você. Então seriam só cinco casas. 

   — Sim... ela tem esses planos. — Ri lembrando de que ela já havia me contado aquilo.

   — Vai dar certo. Acredite. 

   Concordei, mas logo lembrei de uma dúvida.

   — Me conta uma coisa. Você ter saído do dormitório no meio daquela noite tem a ver com isso da Ferrer?

   — Sim... Eu acabei falando algumas besteiras e brigamos. Mas quando eu cheguei aqui, liguei para saber dela e nos encontramos. Eu só não sabia que estava namorando, mas ela disse... 

   — Eu sabia que não estava errada ao pensar, no dia que encontramos ela na universidade, que tinha algo. 

   — Você não se importa?

   — Não... Eu fico feliz por você e por ela. Com o tempo as garotas aprendem a lidar. Dinah principalmente por causa da briga. — Falei com sinceridade e ela me abraçou rapidamente.

   — Isso é bom...    

   — Tchau, Veronica. Vou dormir.

   A garota apenas se afastou, mostrou o dedo do meio para mim e foi para o quarto. 

   Entrei no quarto e Camila estava no banheiro que havia lá, mas eu só tinha um pensamento: como eu dormiria sem tomar banho?!

   Comentei sobre isso com Camila, assim que ela saiu do banheiro e a resposta que tive foi “você já ficou um dia inteiro sem fazer isso, algumas horas não fazem mal e você nem se sujou”. Crispei meus olhos para a falta de interesse dela e por pensar que eu não devia ter contado aquele acontecimento a ela enquanto estávamos no carro de Dinah, mas não me conformei. Entrei no banheiro, abri o armário embaixo da pia e encontrei toalhas aparentemente limpas! Sorri para mim mesma e me senti salva.

   Meu banho foi rápido, mas aliviou meu desespero, mesmo eu tendo que vestir a mesma roupa.

   Quando voltei para o quarto, encontrei Camila já sob o cobertor, enquanto mexia em meu celular. Apaguei a luz e fui para a cama. Camila estava do lado esquerdo, então fui para o direito, puxei o cobertor e estava quase me deitando, quando vi o corpo de Camila.

   Parei de respirar por um segundo e tentei fingir que não havia visto a minha namorada apenas de roupas íntimas debaixo da coberta. Deitei-me o mais distante possível e bati no tecido que nos cobria para que ele criasse uma barreira entre nossas peles.

   — Está jogando?

   Perguntei querendo um pouco de atenção para desviar meus pensamentos.

   — Uhum. Terminando a minha fase, estou sem sono. — Respondeu sem retirar os olhos da tela.

   — Ah... você contou seu plano de morar na mesma rua que todos? 

   — Contei! Como você soube? — Sorriu, ainda olhando para a tela.

   — Veronica. 

   — Ah. — Deu de ombros. — Todas gostaram. Só não falei com o Caleb porque ele não sabe ainda que vai casar com a Ally. Mas todo mundo apoiou.  

   — Uhum... — Desdenhei. 

   — E você vai casar comigo. 

   — Isso não é novidade. — Respondi.

   — Sabe, no fundo casar me parecia aterrorizante, até eu te conhecer. Agora me parece incrível... 

   Sorri e concordei com a cabeça enquanto me aproximava dela, tomando o máximo de cuidado para que a coberta mantivesse a barreira entre nós duas.

   — Então, para mim ainda parece chato, mas se for com você eu posso lidar. — Falei ao mesmo tempo em que tirava o celular de suas mãos.

     Ela virou o rosto para mim com um sorriso arteiro.

   — Pode continuar o que estava fazendo. — Falou para mim.

   Tendo a permissão, levei uma mão até o seu rosto, em seguida cheguei meu rosto perto do dela e fitei sua boca antes de beija-la.

   Os dedos da minha namorada percorreram meus ombros e então minha blusa. Aos poucos, sem desfazer o beijo, sentei-me sobre a perna boa de Camila, agarrando seu pescoço. O beijo foi aprofundado, para a minha felicidade.

   Os dedos finos tatearam meus braços até alcançarem a barra da minha blusa, que foi tirada calmamente por Camila. Apenas esperei ela terminar o ato para voltar a ter seus lábios colados aos meus mais uma vez. Senti como se fios desencapados tocassem em mim quando seus dedos tatearam minha pele agora exposta, subindo até as minhas costas. Então pousaram em minha roupa íntima, com uma agilidade impressionante Camila abriu o fecho da peça e tentou tirar, mas por reflexo, encolhi os ombros.

   Ela não desistiu. Encerrou o beijo para começar a beijar o meu pescoço, ofeguei enrolando alguns fios do cabelo dela em meus dedos.

   — Podemos dar um passinho a mais na nossa vida sexual? — Ela perguntou.

   Estranhei a pergunta e me afastei do contato que estávamos tendo, dando-me conta de que a barreira feita pela coberta não adiantou para nada.

   — Como assim? — Franzi o cenho.

   — Shhh. — Colocou um dedo sobre meus lábios.

   Continuei quieta esperando pelo próximo passo dela. Então, ela me surpreendeu ao espalmar sua mão em minha barriga, arrastando-a para minhas costas. Fez o mesmo com a outra mão, apoiando as duas em minha cintura.

   — O que você está fazendo? — Perguntei preocupada. — Sua perna...

   — Cala a boca! Já esperei muito. Dane-se a minha perna! — Tentou movimentar-se, mas sua expressão de dor foi o que consegui ver. — Ai... digo, vamos ter cuidado com ela!  

   — Podemos esperar... pra... seja lá o que for. — Tentei acalmá-la.

   — Não! Eu preciso agora.

   — Camz... — Toquei em seu rosto.

   Aquilo me parecia perigoso.

   — Lauren Michelle!

   — O que você quer exatamente? — Perguntei, temendo a resposta.

   — Tudo. Quero você, definitivamente, para mim. — Respondeu firmemente, fazendo meu estômago revirar ansioso.

   — Mas eu já sou...

   Ela me calou com um beijo ardente e naquele momento entendi o que Camila estava querendo dizer. Era basicamente me obrigar a ir a um Ginecologista dias mais tarde!

   Minha mente começou a raciocinar sobre uma possível consulta. Seria horrível! Mas não pude raciocinar muito, pois enquanto pensava, Camila foi mais ágil e retirou meu sutiã por completo.

   Olhei para ela e vi os castanhos tão vividamente brilhantes que desisti de dizer NÃO. Eu não tinha motivos para negar aquilo. Eu queria ser inteiramente dela, só não queria uma consulta médica depois.

  Suas sobrancelhas ergueram-se por um segundo e então assenti, permitindo que ela continuasse. O sorriso da minha namorada fez meu coração esquentar. Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei-a de forma apaixonada. Ela me abraçou, colando meu corpo ao seu. Um frenesi tomou conta do meu corpo, a reação que tive foi levar minhas mãos para as costas dela, indo diretamente para o fecho da roupa íntima dela. Tive um pouco de dificuldade para tirar, não levei segundos, como Camila. Mas, ao final, consegui, e sem interromper nosso beijo, retirei a peça de seu corpo, tendo o cuidado de coloca-la ao nosso lado para poder ser encontrada facilmente depois.

     Abracei Camila pelo pescoço e então senti nossas intimidades superiores entrarem em contato. Minha namorada gemeu entre o beijo e me apertou o máximo que pôde contra si mesma.

   Aos poucos e com calma, Camila foi encerrando nosso beijo e levando sua boca para o meu pescoço. Deixei que ela fizesse o que bem entendesse.

   — Amor... com essa perna vai ser um pouco complicado, mas se você me ajudar... — Murmurou contra a minha pele.

   Seu hálito quente e seus toques entorpecentes me fizeram apenas concordar. Rapidamente suas mãos foram para minhas pernas, apertando-as de forma deleitosa, até chegarem em minha outra roupa íntima.         

   Engoli em seco e abri os olhos. Ela pareceu ter notado minha hesitação, afastou o rosto do meu pescoço e seguro meu queixo, obrigando-me a olhar para ela.

   — Podemos parar se você quiser.

   — Pode continuar... só estou... um pouco insegura. Não sei o que fazer... — Confessei.

   — Lauren, confia em nós. Eu sou tão nova quanto você nisso, mas pretendo descobrir isso e muito mais com você. Juntas. — Disse de forma carinhosa.

   — Você é incrivelmente linda, apaixonante e convincente... — Falei e ela sorriu.

   — Esqueceu de citar que sou irresistível, sexy...

   — Tudo isso também. — Ri.

   — E, principalmente, sua.

   Suspirei ao ouvir aquilo e cedi por completo à garota que eu amava.   

   Ela puxou minha roupa íntima inferior com cuidado, mas precisou que eu levantasse e tirasse por completo. Quando terminei, ajeitei minha peça e coloquei-a ao nosso lado, também.

   Voltei a sentar sobre a perna descoberta da minha namorada e quase deixei um gemido alto sair da minha garganta.

   — Camz... droga! — Murmurei encostando minha testa na dela. Meus olhos fechados.

   — Sente isso. — Ela falou com a respiração pesada enquanto levava uma mão minha até o peito dela.

   Seu coração palpitava de forma rápida e forte. No mesmo instante me preocupei e não pensei em outra coisa: sinal de infarto!

   — Você está passando mal? Palpitação?! Camila, tem mais algum sintoma?

   — Lauren, estou excitada! — Disse como se eu tivesse falado um absurdo.

   — Tem certeza? Podemos ver se não tem sintomas de algum problema cardíaco.

   — Shhh. Cala a boca. Esquece isso. — Voltou a me beijar.

   As mãos de Camila deslocaram-se por minhas coxas, arrastando-se por minha cintura. Seus dedos, agora trêmulos, passaram por meu ventre e seguiram para baixo.

   — Porra... Você consegue, Camila. — Falou para si mesma, parecendo estar nervosa.

   — Ei. Fica calma. — Falei para ela. — Sei que fica difícil com a sua perna, mas eu ajudo você.

   — Obrigada.

   Sorriu para mim e voltou a me beijar carinhosamente.

   Poucos segundo a depois, ela pareceu recobrar a animação e começou a movimentar seus dedos em minha parte íntima inferior frontal.

   Fechei os olhos com força e apoiei a testa sobre o ombro de Camila. Sua outra mão encontrava-se em minha cintura.

   O contato que eu estava tendo com a perna dela e os dedos dela, causaram uma onda de lubricidade em meu corpo. A adrenalina parecia correr livremente por minhas veias. Eu não aguentaria por muito tempo.

   — Amor, preciso que você levante um pouco. — Pediu.

   Havia chegado o momento que eu tanto temia. O passaporte oficial para uma futura visita ao ginecologista.

   Fiz o que Camila pediu e me preparei para o que viria.

   Vagarosamente, senti minha namorada me preencher de uma forma... literal e fisicamente ousada. Deixei que um gemido escapasse, mas não era o que deveria ser. A princípio senti-me imensamente incomodada.

   Ergui a cabeça apenas para encostar minha testa na de Camila, assim pude melhorar minha posição de forma que ajudasse minha namorada.

   — Está tudo bem? — Ela perguntou mantendo sua testa colada na minha.

   Respirei fundo e abri os olhos. Meu corpo estremeceu ao ter os olhos de Camila fixos nos meus.

   — Incomoda assim mesmo? — Perguntei, já que ela tinha um pouco mais de experiência.

   — Sim. É normal. Fica calma.

   Seus lábios entreabriam-se e encostaram nos meus sutilmente.

   — Ok.

   Se aquilo era para ser uma coisa boa, não estava sendo por enquanto. Estava incomodando e eu não sentia nada além disso. Eu não sabia se estava certo e não sabia se Camila sabia sobre aquilo.

   — Para de pensar e relaxa, ou não vai melhorar. — Sussurrou passando uma mão por meu rosto, em seguida arrastou-a por meu cabelo, parando em minha nuca.

   Sorri e fiz o que ela mandou. Ela sorriu de volta, beijando-me com fervor. Fechei meus olhos mais uma vez me entregando ao momento. Deixei minha mente livre de qualquer preocupação — o incômodo e o suposto infarto de Camila — . A língua de Camila movimentava-se sensualmente contra a minha, fazendo-me arfar ao mesmo tempo em que seus dedos trabalhavam cuidadosamente em minha intimidade inferior frontal. Seu toque em minha nuca causava conforto e me passava segurança.

   Eu amava aquela garota e aceitaria ir ao Ginecologista por causa dela.

  Aos poucos, o incômodo foi passando e eu comecei a sentir algumas coisas boas. Era, no mínimo, interessante. As aulas de reprodução humana não abordavam aquilo de forma tão direta e, naquele momento, eu entendi o porquê: era íntimo demais para ser colocado como ensinamento. Cada um precisava aprender sozinho, da sua forma e com um alguém devidamente destinado.

   — Está.ficando.bom. — Comentei entre o beijo.

   Ela separou nossos lábios, levando os dela para minha orelha esquerda.

   — Ótimo! Agora eu vou tentar mais um. — Sussurrou e meu corpo travou.

   — Mais um o quê?

   — Shhh. Me beija e relaxa.

   — Camila, não pense em fazer o que eu acho que você quer fazer!

   — Mas, amor... — Ela tentou argumentar, mas mandei-lhe um olhar fuzilante. — Ok... Apenas levante um pouco, por favor.

   Fiz o que ela pediu e senti Camila voltar ao que estava fazendo, mas dessa vez ela teve dificuldade em conseguir acesso. Inclusive senti um incômodo maior do que o primeiro. Estava muito ruim.

   — Camila? — Chamei-a.

   — Calma. Prometo que vai melhorar e ficar bom.

   — Você está com dois...?

   O sorriso dela dizia CULPADA e eu quis matá-la por fazer isso.

   — Amor, nem vem reclamar. Quando foi comigo você sequer teve o cuidado de começar com um só.

   ENTÃO ERA UMA VINGANÇA?!

   — Eu não sabia como funcionava! — Me defendi.

   — Tudo bem. Eu sabia, mas também não reclamei... Só confia em mim.

   — Camila, não faça nada arriscado. Eu morreria de vergonha se precisasse ir ao hospital por motivos... assim. — Falei já imaginando a cena horrível.

   — Será que você pode ficar calada e aproveitar o momento?! — Perguntou.

   — Não. Não dá! Volte ao que estava antes!

   — Mas não vai ser bom o suficiente! — Relutou.

   — Vai sim. Eu decido isso!

   — Tem certeza? Seria bem... legal...

   — Cabello, desista!

   Ela bufou e desistiu do que pretendia fazer. Apenas manteve os movimentos anteriores até o momento em que meu corpo não suportou mais o atrito e atingiu o regozijo do momento. Uma sensação de desligamento mental e corporal dominou meu ser por alguns segundos enquanto eu abraçava Camila fortemente e sentia seu braço livre segurar-me com firmeza.

   De repente, tudo ficou em silêncio e eu só conseguia escutar minha respiração forte e irregular, assim como a de Camila. Senti o suor em meu corpo esquentar, mas não me mexi. Deixei-me inalar o perfume que exalava dos cabelos da garota que havia acabado de me possuir da forma física mais íntima que eu poderia oferecer a alguém. Sua mão, que estava antes ocupada em mim, foi retirada com cuidado, sendo levada para as minhas costas, me abraçando.

   — Lauren. — Ela chamou e eu, com dificuldade, ergui minha cabeça para encará-la. — Eu... não sei o que falar, mas quero que saiba que você é maravilhosa.

   Sorri ao escutar aquilo.

   — Digo o mesmo a você... E... saiba que você é a melhora pessoa que eu poderia namorar. — Declarei.

   — Eu sei.

   — Camila, não seja presunçosa! — Reclamei.

   — Não, amor! Não é isso! Só quis dizer que sei que sou a melhor pessoa para você porque você é a melhor para mim, também. Então... faz sentido, sabe?

   — Uhum. — Fingi acreditar que era somente aquilo.

   — Mas não deixo de ser convencida. Você me merece, muito.

   — Claro... — Revirei os olhos e ela riu.

   — Sabe o que falta para esse momento se tornar extremamente romântico e completo? — Perguntou sorrindo enquanto eu tentava ter minha respiração normal de volta.

   — O quê?

   — Você falar que me ama.

   Gargalhei e beijei a bochecha dela. Em seguida me levantei para ir ao banheiro vestir ao menos minhas roupas íntimas. Peguei as peças que estavam pela cama e segui correndo.

   — LAUREN! — Ela gritou

   — Não vou seguir essa lei dos filmes. Desista. — Disse fechando a porta e deixando-a falar sozinha.

   Após um segundo banho de segundos, para que Camila não notasse, voltei para o quarto e desisti de vestir minha roupa da noite anterior. Seria incômodo.

   — Sabe o que eu acho? Que você nunca faz nada que é certo. — Minha namorada reclamou enquanto eu fechava as cortinas da janela.

   — Shhh... Vamos dormir. O sol já apareceu. — Alertei-a.

   — Lauren, você realmente não vai me falar as três palavras depois disso? ­— Parecia estar indignada.

   — Ok. Eu digo.

   Ela, que agora vestia a roupa íntima superior novamente, deitou-se da forma que pôde, tendo cuidado com a perna, e sorriu.

   — Diz!

   — Desista agora mesmo. — Falei deitando-me ao lado dela, cobrindo nós duas, mas ela virou o rosto para o outro lado, parecendo estar chateada, ato que me fez sorrir antes de beijar-lhe a bochecha. — E, só para você não esquecer, eu te amo.

   Seu rosto virou-se em minha direção, parecendo estar satisfeito com o que eu disse.

   — Não vou esquecer. Eu te amo. Você sabe.

   Passei um braço pela barriga nua da minha namorada e apoiei minha cabeça no ombro dela. Logo seus braços rodearam meu corpo, dando-me visão das pulseiras que nós duas usávamos. Senti meu estado mental, físico e espiritual em total conexão cósmica. Com isso pude, finalmente, dormir me sentindo em casa.


Notas Finais


ESTOU MUITO ENTUSIASMADA COM ESSA RETA FINAL DA FIC! Prometo que vai ser um final gracioso!! Agora eu quero falar sobre... vocês! Sim. Seres tão simpáticos, cordiais, solícitos... um tanto revoltados, planejam mortes, demonstram fúria... MAS ESTÃO AQUI e é isso o que importa. Cada fanfic deve ter os leitores que merece, por isso sinto-me imensamente agraciada por vocês serem os leitores da minha ~seguraoagradecimento~ porque vocês são tão sinceros... acho isso incrível. Mas são muito impacientes, também u-u. Tinha 10 capítulos a serem postados e vocês AH, NÃO ACREDITO QUE VÃO ACABAR ASSIM. AH, VAI TER PASSAGEM DE TEMPO E PAPAPAPAPAPAPAPPA. Eu lia os comentários ficava hahahahahaha risos risos hahahahha ha ha. Na verdade fico assim em quase todos que leio, mas esse superou. Me desculpem por estar confessando rir quando li que aluns choraram... Só achei supimpa. Não o choro, mas a reação que eu não esperava, juro. Por que vocês não acreditam quando eu digo que vai dar tudo certo? risosssss.
Pessoal,
calma
na
vida
sempre.
s2
E MUITO OBRIGADA PRO ESTAREM SEMPRE AQUI!!! ME PERDOEM PELOS ERROS, TÔ CORRIGINDO... ou não, MAS UM DIA SIM!
Até o próximo. Saudações o/

CALMA! MAIS UMA COISA! Vocês sabem que respondo O tanto de comentários que consigo, mas às vezes esqueço e quando lembro já postei outro capítulo e penso QUE RUIM RESPONDER DEPOIS, então deixo quieto. MAS eu leio todos, sério. ENTÃO, ME DESCULPEM! E se tiver algo de MUITO, MAS MUITO URGENTE E DEPENDENTE de resposta (o que acho impossível ter hauahuaha), podem falar por qualquer outro canto. A rede social do pássaro continua sendo: camzcamzra . Sério. XAUS.


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