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História Park Chanyeol e Outros Desprazeres - Eu acho que não te odeio tanto assim


Escrita por: HANA_NIM

Notas do Autor


Só porque eu estava feliz que estava conseguindo atualizar tudo certinho, fiquei semanas sem atualizar e caguei tudo. Parabéns pra mim.

Eu fui viajar e bem, não dava pra atualizar lá e estava louca me coçando pra escrever e postar algo, e aqui estou eu hoje. <3

Esse é o último cap, como o planejado, e espero que vocês tenham curtido essa história até aqui como eu amei escrevê-la! Obrigada a todos que acompanharam e me deram apoio até aqui, vi que sou capaz sim sem escrever algo longo e podem esperar mais projetos meus do tipo daqui pra frente!

Nos vemos lá nas notas finais, boa leitura!

Capítulo 8 - Eu acho que não te odeio tanto assim


 

 

Nem Baekhyun nem Chanyeol conseguiram dormir direito naquela noite. A consciência da proximidade que tinham um com o outro era simplesmente demais para que conseguissem realmente fechar os olhos e descansarem, ignorando a tensão quase palpável que pairava no ar. Todos os assuntos inacabados, os sentimentos não expressados, as palavras presas na garganta não os permitiam esquecerem um da presença do outro e dormirem tranquilamente. 

Em algum momento da manhã Baekhyun acordou do sono intranquilo para a solidão de seu quarto e se deu conta como não percebera a movimentação de Chanyeol ao partir. As roupas que lhe emprestara estavam ali dobradas sob os lençóis no chão que haviam servido de cama para ele, deixando aquilo como a única lembrança e prova concreta que todo o ocorrido durante a madrugada não fora um simples sonho ou algo arquitetado por sua imaginação fértil, que havia sido mesmo realidade. Aquilo e o sentimento que pesava em seu peito, dizendo-lhe silenciosamente que não conseguiria esquecer nada daquilo com facilidade. 

O caminho até a escola – porque não poderia fugir dela, de Park Chanyeol e do julgamento dos amigos para sempre – foi feito de modo automático, seu foco estava completamente voltado aos seus pensamentos e em todas as palavras trocadas na noite anterior.

Muito coisa havia sido dita, muita coisa nova revelada e Baekhyun ainda tinha de aprender a lidar com todas aquelas informações. 

Seu interior ainda estava um caos, os seus sentimentos uma bagunça, e era claro que aquilo se refletia em seu exterior. 

Seus olhos não possuíam o brilho costumeiro e seu sorriso forçado não convenceria nem o mais ingênuo a respeito de sua sinceridade. Muito menos a alguém tão bom observador como Do Kyungsoo. 

Mas também não era como se Baekhyun estivesse assim tão alheio ao seu entorno para não perceber assim que se sentara ao lado do amigo a aliança grossa, dourada, chamativa e extremamente brega no dedo anelar de sua mão direita. 

– Me diz que esse anel horroroso no seu dedo não significa o que eu acho que significa, Kyungsoo – Baekhyun já foi logo demonstrando seu desagrado.

Sério? Aliança de compromisso? 

Que o relacionamento dos amigos era completamente bizarro isso já havia sido obrigado a entender, mas a eles se sujeitarem a um costume tão mundano e comum, aquilo sim lhe parecia estranho. 

Céus, aquele não era o mesmo Do Kyungsoo sem alma e sem coração que havia conhecido anos atrás. 

– Cala a droga da sua boca antes que eu seja obrigado a fazer isso por você – Kyungsoo desdenhou tão delicado como sempre. Só que não. Mas escondendo a mão dentro do bolso da calça defensivamente, mostrando que nem mesmo ele estava confortável com tal objeto e demonstração do próprio relacionamento.– Foi Jongin quem comprou e nos obrigou a usar, então, sem mais comentários pejorativos. Agora me diz que cara horrorosa é essa que você está tentando disfarçar enquanto enche o meu saco. 

É, fugir do assunto nunca era uma opção com o melhor amigo. 

– Se eu disser que não aconteceu nada você não vai acreditar mesmo, né? – Baekhyun pelo mesmo tentou.

– Não. Pode ir me contando – Kyungsoo foi sucinto. 

Não precisava nem usar seu tom ameaçador para o menor entender que ele teria de lhe contar por bem ou por mal. 

E droga, Baekhyun nem mesmo pretendia continuar escondendo todos os últimos acontecimentos de Kyungsoo, afinal, sentia mesmo que precisava desabafar sobre aquele assunto e a respeito dos próprios sentimentos antes que acabasse enlouquecendo. Precisava dividir aquilo e ouvir a opinião de alguém de fora, um conselho ou até mesmo os sermões do amigo, qualquer coisa que lhe desse uma luz sobre como deveria agir naquela situação. Mas sabia também que Krystal, que ainda não havia chegado, também gostaria de ouvir e bem, a sala de aula a poucos minutos da entrada do professor não se parecia com o ambiente propício a tal ocasião.

– Eu vou te contar, juro – se rendeu.– Para você e para a Krystal, mas não vai ser aqui, nem agora. Depois da aula, ok? Vamos lá em casa que eu conto tudo para vocês. 

Kyungsoo lhe lançou um olhar que mostrou claramente seu desgosto em ter de esperar mais para saber o que quer que Baekhyun tinha a lhe falar, entretanto, não insistiu mais no assunto. Parecia ser algo sério e, pela expressão no rosto do amigo, sabia que não se tratava de uma das brincadeiras de mal gosto dele e também, segundo seu sexto sentido de melhor amigo, sabia que ele estava precisando de sua ajuda. 

– Você prometeu – Kyungsoo falou com o olhar sério dizendo que cobraria o mais velho mais tarde. 

E até mesmo quando Soojung chegou, trazendo um sorriso bobo e involuntário ao rosto de Kyungsoo e alguns olhares de admiração dos garotos ao redor, porque sim, aquela garota era linda, ela não precisou trocar qualquer palavra com Baekhyun para perceber que ele não estava em seu estado normal. Com seu humor ácido e destilando veneno logo pela manhã.

– Sim, eu estou bem – Baekhyun a cortou antes que ela tivesse a chance de lhe perguntar, afinal suas palavras já estavam estampadas na expressão de preocupação em seu rosto.– E eu vou contar tudo o que vocês quiserem depois.

Aquilo pareceu o suficiente para ela não lhe fazer nenhuma pergunta a mais e que naquele momento não gostaria de responder, entretanto, a forma como ela trocou olhares com Kyungsoo irritou do mesmo modo como trouxe um calor ao peito de Baekhyun. Aqueles dois não lhe deixariam em paz enquanto não arrancassem de si tudo que havia escondido até então, mas aquela preocupação toda também não deixava de ser bem vinda, eles eram seus melhores amigos afinal. Do mesmo modo como infernizava a vida dos dois quando tinha oportunidade, também defenderia ambos como uma leoa defende seus filhotes se qualquer um deles estivesse passando por problemas.

O problema era: e quando você não queria fugir do problema? Pior, e quando você não podia fugir do problema?

Porque não havia como se defender de Park Chanyeol realmente. Não havia nem mesmo como tentar.

Ali estava ele a exatas duas fileiras a esquerda e duas meses para a frente de distância, não fazendo nem mesmo questão de disfarçar o olhar fixo dele sobre si. E Baekhyun estava muito ciente daquele olhar. Mas corresponder? Aquilo era exigir muito de si. 

O adolescente podia sentir algo se revirando em seu estômago, gélido e insistente, e não era sequer seu café da manhã, porque sua ansiedade não lhe deixara espaço para apetite além da preocupação boba com um certo garoto alto e de sorriso esquisito com mania de perseguição consigo. 

Cruzar seu olhar com Chanyeol nunca parecera um problema para si. Sempre revidara cada um deles com desdém, porém, não naquele dia. Não quando simplesmente esbarrar seus olhos naquele olhar fixo, sério, misterioso e impetuoso, lhe fazia um arrepio cruzar a coluna e uma parte desconhecida de si se agitar em euforia.

Merda, custava Biologia ser um pouco mais interessante do que a lembrança da boca irresistível daquele ogro orelhudo sentado algumas mesas a frente? Porque a matéria passada no quadro negro era a última coisa que se passava na cabeça de Baekhyun naquele instante. E de Chanyeol, claro. 

Porque o adolescente podia não desconfiar, mas nada do que o mais novo dissera durante a madrugada fora da boca para a fora. Por mais que ele tentasse ignorar, ou desejar secretamente que fosse tudo verdade, Chanyeol havia se levantado com um intento só naquela manhã. 

Ele nunca mais veria aquela expressão sofrida que vislumbrara no rosto do então melhor amigo anos atrás. Ou no desdém que ele insistia em fingir manter por si.

Demorara tempo demais para perceber. 

Como pudera ser tão cego? Como pudera ser tão ignorante a respeito dos próprios sentimentos?

Era isso que se passava por sua cabeça enquanto fitava Byun Baekhyun e achava-o lindo, até mesmo com traços de uma noite mal dormida nas olheiras sutis debaixo dos olhos pequenos e amendoados e um leve bico emburrado nos lábios finos. Ele estava puto consigo. E era com razão, claro. 

Porque era um babaca, porque era um hipócrita. Porque sempre fora apaixonado pelo melhor amigo baixinho e nunca percebera os sinais, nunca tivera coragem de admitir para si mesmo. 

Mas o que mais poderia ser? 

Aquela satisfação e a necessidade em estar sempre chamando sua atenção, a lembrança constante dele em seus pensamentos, do nome dele sempre passando por seus lábios, do conforto que a presença dele ao seu lado diariamente lhe passava, mesmo ele dizendo lhe odiar, mesmo ele apenas se dirigindo à si com ignorância. Mesmo com tudo aquilo, nada fora o suficiente para extinguir aquela sensação de insuficiência, da falta de algo muito importante quando Chanyeol beijava qualquer boca que não a de Baekhyun. 

E ah... Ninguém poderia sequer imaginar o quanto Chanyeol secretamente sempre desejara tomar aqueles lábios para si. Nem Jongin, nem ninguém. Só Chanyeol sabia o quanto aquele garoto mais baixo o encantava e o confundia. Como ele despertava seus hormônios durante as aulas práticas de Educação Física mostrando os braços e pernas muito brancos que ficavam aparentes no uniforme esportivo. Mal sabia ele, que sempre inventava alguma desculpa para sentar-se ao lado da quadra e não participar dos jogos, o quanto seus olhos buscavam a figura pequena distraída na arquibancada, ou de como já havia ensaiado milhões de vezes em sua cabeça aquele mesmo beijo que trocara com ele na casa de Sehun. 

Fora espontâneo, e ao mesmo tempo fora algo completamente intencionado. 

Não diziam que sob o efeito do álcool as pessoas ficavam mais sinceras? Pois Chanyeol beijara Baekhyun com a maior sinceridade que carregava dentro de si. Com toda a intenção de fazer aquilo. 

E fora exatamente o que imaginava que seria, melhor do que poderia descrever. Aquele algo que parecia lhe faltar? De repente, Chanyeol se sentiu mais completo. Ele nunca havia se sentido completo daquela maneira.

E precisava de mais sinais do que aquilo? 

Chanyeol achava que não e, de repente, provar a Baekhyun que merecia uma segunda chance havia se tornado uma questão de honra.

 

 

***

 

 

Sabe aqueles dias que você não vê a hora de acabar? 

Era dessa forma que Baekhyun se sentia. E é claro que a porcaria das horas demoravam milênios para passar, com os ponteiros se arrastando miseravelmente no relógio, quando tudo que mais queria era voltar a sua casa, para sua cama e debaixo de suas cobertas, para dormir e fingir que aquele dia não havia acontecido realmente.

Mas é claro que aquilo era impossível, primeiro, pois havia chamado Kyungsoo e Krystal para ir a sua casa depois das aulas e segundo... já não era óbvio?

Baekhyun sempre achara que a raiz de todos os seus problemas era Park Chanyeol, contudo, agora começava a ter um pouco mais de certeza a respeito dessa possibilidade. 

Vê-lo postado em frente à porta da sala com seu violão em mãos quando todos retornavam do intervalo para as aulas já lhe causou um estranhamento de primeira, entretanto, tudo já estava mesmo esquisito naquele dia.

E antes de Chanyeol lhe fazer se arrepender mortalmente de ter acordado naquele dia e colocado os pés para fora da cama definitivamente, primeiro Baekhyun tinha de começar pelo início.

O comportamento de Kyungsoo e Krystal. 

Ah, definitivamente não era o único que escondia algo. Aqueles dois trocaram olhares apreensivos e cochichos pouco discretos durante toda a aula e Baekhyun jurara ter ouvido seu nome e o de Sehun entre eles.

E também tinha Jongin.

Que o moreno bonitão era ciumento disso Baekhyun já sabia, mas o comportamento possessivo dele naquele dia o pegara de surpresa. Quer dizer, Jongin, Kyungsoo e Krystal sempre foram cuidadosos e discretos a respeito da própria relação. Não que temessem o julgamento alheio, no entanto, eles não precisavam de ninguém se metendo em suas vidas e comentários desnecessários a respeito das próprias escolhas. Contudo, uau, aparentemente os três haviam entrado em um consenso sobre seu status de relacionamento e não haviam lhe avisado. 

Começando pelas alianças bregas e chamativas que os três usavam no dedo anelar da mão direita, e também pela forma exageradamente carinhosa com que o moreno se dirigia aos outros dois. Ele parecia ter uma necessidade de estar os tocando a todo momento, fosse com um braço sobre os ombros de Kyungsoo, as mãos entrelaçadas às de Krystal ou vice versa. 

Haviam muitos olhares de estranheza para eles? É claro que sim, porém, Jongin não parecia preocupado com aquilo e seus dois melhores amigos pareciam querer fugir da cena na mesma intensidade que pareciam apreciar cada ato carinhoso do moreno. Estranho? Sim, mas nada muito fora do usual quando o assunto era aquele casal de três pessoas. 

E era claro que não havia acabado ali. 

Ainda tinha Oh Sehun.

Baekhyun não pensara muito a respeito do garoto bonito da qual nutrira uma crush por semanas naqueles dias de fossa pós-desastre que havia sido aquela festa, no entanto, agora que parava para pensar no assunto, devia ter o mandado alguma mensagem nem que fosse o agradecendo pelo convite. Sei lá, suas intenções iniciais não tinham saído como esperava, entretanto, não era como se pudesse simplesmente ignora-lo agora só porque sua vida estava uma bagunça. 

No entanto, não era nem como se Baekhyun tivesse tido chance de falar com Oh Sehun naquela manhã. 

Ele não estava em lugar nenhum a sua vista, e quando Baekhyun teve o vislumbre do mais novo sua beleza não estava tão intacta assim como se lembrava. 

Um corte no supercílio e um roxo em um de seus olhos enfeitavam seu rosto agora não tão perfeito e o mais velho não soube interpretar o olhar de receio misturado com terror que ele direcionou a seu grupo de amigos. O que diabos tinha acontecido, afinal?

Bem, Baekhyun não teve a chance de descobrir, pois da mesma forma súbita que ele aparecera em seu campo de visão ele sumira novamente e, aparentemente, nenhum de seus amigos sabia ou estavam dispostos a lhe contar o que poderia estar por detrás do motivo de Oh Sehun estar carregando um olho roxo. 

Tudo estava, definitivamente, muito estranho. 

E bem, ficou pior.

Se Baekhyun já estava quase agradecendo aos céus por Chanyeol não ter lhe feito pagar nenhum mico ou ter voltado a encher sua cabeça e coração de caraminholas desnecessárias, ele teve que se arrepender de ter sido tão ingênuo. 

Em que realidade alternativa Park Chanyeol perderia a chance de ser inconveniente? Não naquela, aparentemente.

Não que Baekhyun estivesse minimamente inclinado a ceder a alguma de suas gracinhas naquele momento.

– Dá para você me dar licença, fazendo o favor, você está atrapalhando a passagem – pediu com quase educação, uma vez que não havia nada de cortês a respeito de seu tom de voz rude. 

Entretanto, Chanyeol não lhe deu licença ou concedeu passagem a nenhuma uma das pessoas que começavam a se aglomerar na porta da sala. 

– Eu sei que você vai me odiar mais ainda por isso, Baekhyun, mas eu não posso perder a chance de te convencer que tudo que eu te falei até aqui foi verdade – Chanyeol lhe respondeu. 

Foi aí que Baekhyun começou a se arrepender de ter saído da cama naquele dia.

Nada estava fazendo muito sentido para falar a verdade, mas a forma como os acordes começaram a soar em uma melodia conhecida e o olhar firme e determinado de Chanyeol sobre si, junto da atenção da escola inteira que parecia ter se aglomerado ali, fez seu estômago gelar em um misto de sentimentos onde apenas a antecipação se destacava. 

Tudo ao seu redor pareceu congelar no tempo, seu cérebro parecia ter esquecido como funcionava e até mesmo o ar pareceu parar de fluir por seus pulmões por alguns instantes.

You gotta go and get angry at all of my honesty. You know I try, but I don't do too well with apologies. I hope I don't run out of time, could someone call a referee? Cause I just need one more shot at forgiveness.

Não, ele não estava fazendo aquilo. 

I know you know that I made those mistakes maybe once or twice. By once or twice I mean maybe a couple a hundred times. So let me, oh let me redeem, oh redeem, oh myself tonight. Causa I just need one more shot at second chances.

Ah, ele estava sim.

Baekhyun queria correr e esconder-se envergonhado, ao mesmo tempo que queria ficar, queria ouvir cada palavra da melodia que escapava dos lábios de Chanyeol com aquela voz que secretamente não achava tão deplorável assim. 

Is it too late now to say sorry? Cause I'm missing more than just your body. Is it too late now to say sorry? Yeah I know that I let you down, is it too late to say I'm sorry now? 

Chanyeol não parecia nenhum pouco abalado pela pequena audiência que havia se formado ao redor e, na verdade, seus olhos realmente só tinham foco para o garoto baixinho e corado a sua frente. Ele não sorria, mas ele também não tinha saído correndo, o que já era uma vitória. 

– É muito tarde para pedir perdão agora? – Chanyeol perguntou novamente, colocando o violão ao seu lado. 

Ouvir a resposta de Baekhyun era seu único foco no momento.

Não as palmas, as risadas, os celulares o filmando ou o frio na espinha de ansiedade e medo de rejeição.

E os segundos em que Baekhyun o fitou estático, com seus olhos pequenos arregalados em descrença se pareceram com os mais longos de sua vida. 

Chanyeol podia ouvir com perfeição seu coração batendo acelerado dentro do peito e temia que suas pernas trêmulas cedessem em algum momento. Céus, não pensava que aquele seu ato de súbita coragem fosse se transformar em um acontecimento daquela amplitude.

Sua ideia era a de provar a Baekhyun que havia falado sério a respeito de cada um dos sentimentos que havia demonstrado na noite anterior. No arrependimento, na sinceridade e também naquela vontade maluca e incontrolável de ficar perto dele sem máscaras ou fingimentos. Mas era muito mais difícil do que havia imaginado. 

– E então, Baek? – o maior murmurou esperançoso, amedrontado. 

A sombra de um sorriso trespassou os lábios finos de Baekhyun e uma única lágrima fina deslizou por sua bochecha sem sua permissão antes dele encontrar a própria voz para o responder.

– É sério que essa foi a única forma que você encontrou de me pedir perdão? – zombou. Mas a sombra do sorriso ainda permanecia lá, e parecia impossível de escondê-lo.– Cantando Justin Bieber? 

Chanyeol não sabia o que sentir e também não sabia o que aquelas palavras queriam dizer. O medo de levar um fora perante toda a escola ainda o dominava. 

– Você sabe que eu nunca fui muito criativo – respondeu simplista com o estômago se revirando em ansiedade. 

– Se eu te perdoar você jura que nunca mais canta essa porcaria para mim na vida? – foi a vez de Baekhyun questionar. 

E droga, foi a vez de Chanyeol sentir o mundo desacelerar ao seu redor.

Como um simples sorriso tímido daquele garoto a sua frente poderia ter o poder de mexer tanto consigo? 

Chanyeol não pensou mais em nada e por não encontrar palavras para descrever o que se passava em seu interior, fez a única coisa que lhe cabia naquele instante. Cruzou a distância entre si e o menor e o beijou da mesma forma desesperada que seu coração o ordenava. 

Não havia mais ninguém ao redor, nada parecia mais importar, era apenas a si e Baekhyun entre seus braços, com a boca sobre a sua, o correspondendo na mesma intensidade. Faminto, sedento, recíproco. 

Era real. Porra, finalmente era real. 

Não era mais um devaneio insano de sua mente covarde. Era de verdade, Baekhyun estava mesmo ali disposto a lhe dar uma segunda chance. 

E toda aquela imagem que havia construído até então, sua popularidade, sua fama entre as garotas, Chanyeol sabia estar indo para o ralo junto com aquela demonstração pública de seus sentimentos pelo menor. Mas não pareceu importar muito. 

Talvez não estivesse preparado para as consequências de tais atos, mas iria arcar com cada uma delas. 

Baekhyun tinha o feito, certo? Anos antes quando expusera para toda a sala os sentimentos dele por si.

Nada mais justo que desmascarar a  si mesmo agora. 

Mas valia a pena. Ah, como valia.

A sensação das mãos quentes de Baekhyun contra sua nuca, do corpo dele colado ao seu e dos sorrisos trocados entre aquele beijo interminável fazia tudo valer a pena. Aquele sentimento quente dominando seu peito e se espalhando por suas veias se parecia com felicidade líquida. Era algo que nunca havia experimentado antes e algo que a farsa que mantivera até então nunca o proporcionaria. 

Entretanto, é claro que a felicidade não durava para sempre. 

E os gritos rabugentos que alcançaram sua audição lhe adiantaram que as consequências de seus atos já começavam a se concretizar.

– Byun Baekhyun, Park Chanyeol, na minha sala agora! – o grito do diretor os tirou do transe em que se encontravam. Mas quando voltaram a abrir os olhos, o sorriso cúmplice que encontraram um no rosto do outro mostrou que tudo ficaria bem.  

A pior parte já passara, disso Chanyeol tinha certeza, e pela forma como Baekhyun apertava sua mão no caminho até a diretoria, o maior sentia que poderia enfrentar qualquer dificuldade que se postasse em seu caminho dali em diante. 

 

 


***

 

 

– Você só atrapalha minha vida – Baekhyun resmungou após o que pareceu ser o milésimo espirro desde que começara a organizar aqueles livros empoeirados na biblioteca.

Até que a penalidade pelo beijo no meio do corredor para a escola toda ver não havia sido tão pesada assim. O diretor não parecera nenhum pouco feliz com a demonstração de afeto tão explícito entre dois garotos, entretanto, ele não os repreendera diferentemente do que faria com qualquer casal formado entre uma garota e um garoto. Se beijar entre as dependências da escola era proibido, claro, e Chanyeol havia sido indiscreto o suficiente para resolver se declarar e beijar Baekhyun na frente de todo mundo. 

Baekhyun havia ficado mexido por aquele ato vindo do maior para todos verem? Com certeza. Havia amado a sinceridade dele – não que fosse admitir aquilo em voz alta –, mas precisava mesmo ter sido incluído na advertência? 

– Mas foi ele que me beijou! – Argumentou para o diretor quando ouviu que teriam de passar a tarde organizando a biblioteca como forma de penalidade.

Chanyeol o olhou desacreditado na cadeira ao lado.

– E você correspondeu! – O maior rebateu. 

– Mas quem começou foi você,– Baekhyun se defendeu, cínico.

Lógico que nenhuma daquelas desculpas funcionaram com o diretor que já foi conivente o suficiente com toda aquela situação e decidiu não chamar os pais de ambos ali para relatar a situação. 

O que significava que Baekhyun estava incluído sim no castigo destinado a ambos.

– Você não parecia tão incomodado assim quando eu te beijei lá no corredor – Chanyeol zombou, vendo o menor ficar atipicamente vermelho com seu comentário.

– Idiota, – Baekhyun resmungou só porque não sabia mais o que falar. Porque o maior estava mesmo certo.

Que droga. Por que havia nascido com um dedo tão podre? Por que seu coração decidira resolver bater mais forte logo pelo cara mais inconveniente e desajeitado do mundo? 

Mas lógico que demonstrar seu desconcerto com as palavras do maior não estavam em seus planos, e só para fingir que não estava abalado, fingiu concentração nas organização das prateleiras abarrotadas de livros empoeirados.

Seu celular vibrava no seu bolso anunciando a chegada de uma nova mensagem, mas o menor não precisava conferi-las para saber se tratar dos seus amigos o bombardeando de mensagens a respeito da cena de mais cedo e sobre o que aquilo significava. E Do Kyungsoo não iria lhe livrar daquela conversa.

 

Kyungsoo: Você tem muita coisa a me explicar, Byun.

 

Fora a única mensagem que ele lhe enviara e bem, só ao lê-la Baekhyun podia imaginar o olhar mortal que ele lhe dedicava do outro lado da tela. 

Contudo, qualquer uma daquelas preocupações foram afastadas ao fundo de sua mente quando um par de braços rodeou sua cintura e um corpo maior e já conhecido colou-se as suas costas.

– Você não está chateado de verdade, está? – O Park perguntou contra sua nuca e nossa, aquilo foi jogo baixo. 

Chateado? Baekhyun tinha era de controlar as próprias reações corporais com a aproximação do maior, ficar chateado com ele não era uma opção quando a simples respiração quente dele batendo contra sua nuca lhe causava arrepios visíveis.

– Não, – murmurou, ainda fingindo concentração nos livros a sua frente.

– Fala isso olhando nos meus olhos, então – Chanyeol pediu, virando o corpo menor entre seus braços com facilidade.

E a forma doce, sem mágoas e quase tímida com que Baekhyun o encarava de volta era uma novidade para si. Ele parecia ainda mais lindo quando estava sendo apenas ele mesmo, e não uma versão raivosa e cínica de si. 

– Então você não me odeia mais? – quis ouvir com todas as palavras, se aproximando inconscientemente dos lábios do menor.

Se alguém os pegasse aos beijos novamente provavelmente aquele castigo não terminaria ali, no entanto, Baekhyun não pareceu se importar tanto com aquele detalhe quando a boca deliciosa de Park Chanyeol estava a apenas a alguns milímetros de distância.

Ele fizera por merecer por uma segunda chance, não? 

– Não, eu acho que não te odeio tanto assim, – admitiu, desfazendo seu sorriso para colar sua boca na do maior. 

Odiá-lo podia ser algum tipo de diversão sádica sua antes, mas beija-lo contra as estantes empoeiradas da biblioteca se parecia muito melhor. 

Não, Baekhyun percebeu naquele instante, talvez nunca tivesse o odiado tanto assim. Porque o ódio e o amor sempre caminhavam juntos.

 

 


Notas Finais


Não tem lemon? COMO ASSIM? Para os atentos, eu não coloquei lemon nas tags justamente porque achei que não combinaria colocar um em uma história que foi fluffy em todos os caps só por colocar.

Enfimmmmm, se você achou que ficou alguma ponta solta calma que tem um cap extra curtinho vindo por aí ainda, mas a história em si acaba aqui mesmo.

Mas e aí, gostaram do desfecho, babes? Ficou brega demais? HAHAHA

E ah, sim, a música é Sorry do Justin Bieber e simmmm eu plotei fic com essa música LAKALSLALS mas o resultado ficou bonitinho, vai. Lol

Mais uma vez obrigada a quem acompanhou até aqui, nos vemos no extra!

Beijão


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