Não era a primeira – nem a última – vez que Parker e Wilson dividiam a cama. Para falar a verdade, ambos já haviam perdido as contas das vezes em que dormiram juntos só naquele mês.
- Petey, você poderia tentar se mexer um pouco menos? – Wade comentou, puxando o lençol de volta para si e soltando um imenso bocejo, se recusando a abrir os olhos.
- Humpf. – O outro se limitou a resmungar em resposta.
- Você sabia que vai se atrasar para o almoço que marcou com sua tia?
- Oi?! – O menor levantou num pulo, olhando o relógio na parede do apartamento de Wade. Apesar do vidro estar quebrado, os ponteiros ainda funcionavam perfeitamente, marcando dez horas e doze minutos: Ele não estava nem um pouco atrasado. – Deadpool!
- Que foi? Já passava da hora de acordar mesmo e... – Peter arremessou um travesseiro, acertando em cheio o mais velho que se desequilibrou e caiu de costas no chão.
- Isso foi covardia, senhor força proporcional a de uma aranha – Disse ele enquanto se levantava e massageava as costas, fazendo uma careta que acentuava suas cicatrizes.
- Quem sabe assim você aprende a não me assustar desse jeito. – Peter se sentou na cama, deixando um espaço para que o mercenário fizesse o mesmo. – Já te expliquei sobre meu histórico de deixar a tia May na mão.
- Tudo bem. Desculpa, vai. – Disse, deixando um beijo na testa do menor. – Mas vamos falar do que realmente importa agora? Que tal um pouco de sexo matinal? – Seu questionamento veio acompanhado de alguns beijos no pescoço do outro.
- Wade... – O Aranha sempre corava quando Deadpool era tão direto em suas investidas e, agora que os dois tinham relevado suas identidades um para o outro e passaram a não usar mais as máscaras, esse tinha se tornado um problema ainda maior.
- O quê? Não é minha culpa que você fique ainda mais gostoso com essas bochechas vermelhas, Baby boy...
Sem saber como responder, o menor tentou apenas escapar do assunto, começando a juntar suas roupas do chão e vesti-las. Talvez fosse um dia estranho para ter escolhido usar uma camiseta do Capitão América.
- Já que você me acordou mais cedo, acho que vou passar no Edifício Baxter. Preciso pegar uns equipamentos com o Reed... – Falou encarando o chão, na esperança de distraí-lo.
- Reed Richards, é? – Graças a Odin, Deadpool pareceu se esquecer completamente do assunto anterior. – O Palito de fósforos vai estar lá?
- Você quer dizer o Johnny? – Um sorriso nasceu no canto da boca dele, irritando Wade.
- Johnny, tocha, palito de fósforos, tanto faz. Ele vai estar lá, o tal Johnny Storm?
- Não sei. Provavelmente, eu acho. Mas, já que você mencionou, faz tempos que não conversamos mesmo. Acho que seria legal revê-lo.
Wilson sorriu amarelo e se levantou, começando a colocar seus trajes de anti-herói. O silêncio entre os dois ficou pesado e Peter tornou tudo ainda mais desconfortável com os barulhos que fazia enquanto remexia sua mochila. Para sua sorte, encontrou um objeto que poderia usar como quebra gelo:
- Ei, Wade, posso tirar uma foto sua? – Peguntou, erguendo sua câmera para que entrasse no campo de visão do outro.
- A troco de quê? – Deadpool perguntou, arqueando uma sobrancelha em desconfiança.
- Nada... Eu só... gosto de tirar fotos. – Deu de ombros.
Por um segundo o mercenário pode até ter cogitado a ideia, mas sua resposta foi direta e dura:
- Não!
- Por favor...? É só por diversão! Depois eu posso apagar. – Parker cruzou os dedos atrás das costas, rezando para que Wade não visse.
- Poderíamos estar nos divertindo de outro jeito... – Retrucou, colocando seu cinto e olhando do rapaz a sua frente para a cama.
- Mas... Por favor...?
- Não Petey! Você não vai tirar fotos de mim! E não adianta fazer esses olhinhos de filhote... – Wilson tentou conter o sorriso ao encarar o bico que Parker fazia. – Ah, porra! Tá bom! Você ganhou! Maldito olhar de cachorrinho!
Peter logo se posicionou, com a câmera em mãos, tentando achar o melhor ângulo de entrada de luz. O outro ainda o fitava, maravilhado com o amor que ele tinha por aquela polaroid.
- Tudo bem, vamos lá. Deixa só eu por a minha másc... EI! – Antes mesmo que o mercenário terminasse de cobrir o rosto, um click foi ouvido.
- Não, tarde demais! – Comemorou, tentando morder os lábios para não rir.
- Você só pode estar brincando comigo, né? Você está morto, cabeça de teia!
- Essa vai para o Álbum de Retratos da família Parker-Wilson! – Disse o herói, agora rindo deliciosamente sem se conter.
Deadpool então encarou o mais novo com os olhos arregalados e a boca escancarada, uma expressão muito diferente da sua usual careta forçada de surpresa. Aquilo era pra valer.
- Que foi...? – Peter logo se tocou da besteira que havia dito: ele afirmara, basicamente, que os dois um dia formariam uma família. Uma família! Que vergonha! Uma gafe tão grande quanto dar uma de Ted Mosby e dizer “te amo” no primeiro encontro. – Foi mal... – Começou a se desculpar, coçando a nuca, envergonhado, as bochechas agora pegando fogo.
- Foi mal? Caralho, Petey! Não se pede desculpas por deixar alguém tão feliz. – O outro declarou, deixando o mais novo pasmo. "Feliz? Ele acabou de dizer a palavra 'feliz'?"
Wade puxou seu companheiro pela gola da camiseta, fazendo com que ele se deitasse novamente. A distância entre eles diminuiu até que seus lábios se tocassem e, sem precisar pensar, Peter pôs seus braços em volta do maior e o beijou, sorrindo.
- ... Mas eu prefiro Wilson-Parker. – Deadpool falou com a boca ainda colada na do herói.
- Cala a boca, Wade – Peter rolou os olhos, como sempre fazia, mas não quis parar para conversar, tratando de despir o mercenário o mais rápido que podia.
- Sexo de comemoração? – Perguntou o matador com o brilho no olhar de uma criança na loja de doces.
- Sexo de comemoração! – Às vezes o aranha se dava por vencido apenas para ver aquela alegria.
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