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História Passos - One Shot


Escrita por: Nam-Buyeong

Notas do Autor


Não sei de onde saiu isso, só fui.

(Deem muito amor a capista, pq ela merece)

Capítulo 1 - One Shot


Kim Jogin sempre viveu dentro de seu próprio mundo, não alcançava o que estava a sua volta, apenas o mundo que existia em si, que de dentro se expandia e se tornava sua realidade. Não reconhecia com exatidão seus pais, apenas sabia que eram aquelas pessoas que não usavam roupas brancas, todos os outros usavam, todas as paredes eram brancas assim como suas roupas.

A rotina era sempre a mesma, na mesma hora acordava, na mesma hora se alimentava, na mesma hora fazia exercícios de diversas matérias, na mesma hora se dedicava à leitura ou pintura. Sempre na mesma hora. Não se lembrava exatamente em qual idade começou com aquilo, mas se lembrava muito bem da sensação. Ele estava fazendo exercícios de matemática, se lembrava dos números, e ao fundo tocava a melodia de um piano (Era Mozart ou Chopin?). O som lhe chamava muito a atenção e o distraia facilmente de seus deveres ao invés de ajuda-lo a se concentrar, parecia e fluir para dentro de seu corpo, e esse fluir o levou a se movimentar, foi a primeira vez que Jogin sorriu.

Sorriu não apenas pelo prazer, mas porque ele tinha para si uma platéia. Sentados no canto do cômodo estavam duas crianças que pareciam ter a mesma idade que ele, um garoto de cabelos negros e roupas em tons pasteis que eram cheias de camadas e detalhes, parecia um anjo das gravuras dos livros de artes, e uma garota, com um vestido preto de renda delicada, longos cabelos loiros e volumosos e um sorriso encantador. Toda vez que ele dançava, ouvia e sentia eles aplaudirem, e aquilo lhe motivara a dançar ainda mais.

Os passos de Kim Jongin começaram a chamar a atenção daquelas pessoas de roupas brancas que o visitavam diariamente, e eles começaram a trazer musicas novas para Jogin, a cada novo ritmo, ele sentia dentro de si um novo movimento. A dança foi a passagem de Jogin do mundo dos de roupa branca para o mundo de seus possíveis pais, um mundo cheio cores, sons, gostos, um mundo cheio de mundos.

Sua nova casa era cheia de cores novas, mas o que ele realmente gostava era de seu quarto, com o chão de madeira clara e espelhos na parede, espelhos onde ele enxergava sua pele bronzeada, cabelos liso e castanho escuros, viu que tinha um bom sorriso. E a melhor parte era que, quando dançava, poderia ter vislumbres de seu corpo se movendo.

A dança agora era obrigatória, pelo menos duas horas por dia de semana. Mas Jongin sempre dançava mais, dançava por que tinha para si uma platéia. Aos poucos ele viu que seus dois companheiros não falavam, assim como ele não sentia vontade de falar, e isso o deixava ainda mais confortável em seu silêncio, também percebeu que eles eram antagônicos entre si, e costumavam a discutir com olhares e adotarem posturas diferentes ao longo dos anos. O garoto era bem mais quieto, concentrado, enquanto Jongin dançava podia sentir aqueles olhos grandes e redondos lhe analisando, e a cada final de apresentação um sorriso se formava naqueles lábios em formato de coração, Jogin começou a pensar nele como 'Anjo'. A garota era bem mais ativa, e costumava a se mover ao redor de Jogin enquanto este dançava, sempre descalça ela parecia flutuar ao redor dele, Jongin começou a pensar nela como 'Princesa'. Na empolgação da dança, Jogin tendia a querer seguir os movimentos dela, mas o Anjo sempre o impedia num olhar que mesclava seriedade e preocupação. No começo ele estranhava aquelas atitudes de seu anjo, mas nunca questionou, via a Princesa olhar ressentida para Anjo, mas logo ela agia como se nada houvesse acontecido. 

Eles cresciam junto com Jogin, e acompanhavam cada um de seus passos. Quando ele precisava tomar inúmeros comprimidos e sentia uma forte ânsia, era aquele garoto, agora já um rapaz assim como ele, que o ajudava e segurava sua mão, quando seu corpo queria realizar movimentos involuntários, era ele que o abraçava. Quando seus pais tentavam inutilmente se comunicar com ele e acabavam se estressando, era a garota, que se transformara em uma moça belíssima, que passava ao redor deles, levando-os ao silêncio, um silêncio que agradava Jogin de um forma que ele não entendia. Jogin dançava pela sua plateia, porque ele sentia que vivia para eles como eles viviam para si.

Contudo as coisas começaram a complicar. Seus pais não aceitavam que ele quisesse colocar dois pratos a mais na mesa, nem que ele tivesse duas cadeiras ao seu lado enquanto estudava, seus pais não aceitavam que ele olhasse mais para seus companheiros do que para eles. Jogin achou que era apenas ciúmes. As doses de remédio aumentaram, e o corpo de Jogin passou a rejeita-los com mais força, o garoto de grandes olhos redondos tinha mais dificuldade em acalmar Jogin em suas crises, e foi após uma delas que seus ouvidos trouxeram-lhe o encanto daquelas vozes. Ele lembra de estar sentado na sua cama, os braços de seu anjo segurando-o com força, dando uma sensação de segurança, mesmo sendo uma sensação rasa.

- Não adianta mais.

Jongin se surpreendeu ao ouvir a voz de sua princesa pela primeira vez, era tão suave, doce e melodiosa que foi um pequeno alento após aquela forte crise com os medicamentos.

- Não posso deixa-lo ainda.

A voz dele era grave, profunda, dava uma sensação de segurança asim como seus braços naquele momento. Na hora Jogin pensou que ele daria um excelente cantor, e pode o imaginar cantando para si. Ele poderia se viciar naquela voz.

- Até quando vai prende-lo? Você fica trazendo os pés dele ao chão, deixe que ele voe comigo.

- Ainda não posso, não consigo.

Jogin não estava entendendo aquela situação, seus ouvidos ainda se deliciavam com aqueles sons tão novos para si.

- Você vai esperar que os remédios definhem ele até que ponto?

Aquela verdade trazida a tona incomodou um pouco o rapaz, Pelos espelhos de seu quarto ele conseguia enxergar que seu corpo mudava a cada semana, ficando cada vez mais magro e abatido.

- Ele ainda está sobre meus cuidados.

Era como rever as discussões frequente dos dois, mas agora vozeada.

- Eu vejo em seus olhos o quanto você se preocupa com ele, e mesmo assim você o deixa sofrendo tanto...

Ela suspirou, enquanto andava em círculos pelo quarto, sempre na ponta do pé. Princesa se aproximou da cama, Jogin sentiu os braços de Anjo se afrouxarem. Ele olhou para seu anjo confuso,e se surpreendeu ao ver aqueles olhos tão encantadores marejados, e um sorriso triste e sincero naqueles lábios em formato de coração. Sentiu aqueles lábios se encostarem na pele da sua bochecha, tão macios e calorosos.

- Dança comigo.

Princesa pediu com a mão direita estendida, Jogin olhou uma última vez para seu anjo antes de segurar pela primeira vez aquela mão. Ele se assustou pela frieza da pele dela, mas aquele sorriso era suficiente para esquecer.

Eles não tinham música externa, ela nascia de dentro deles e se prolongava por seus membros. Jogin começou a acompanhar Princesa, e conforme ele acompanhava ela os passos se tornavam mais rápidos e mais dinâmicos, seus movimentos enchiam aquele quarto. A euforia começou a tomar conta de Jogin, a frieza daquela pele em contato com a sua já não importava, ele só queria continuar a acompanhando, flutuando como ela flutuava ao seu redor. Então, pela primeira vez na vida, Jongin riu.

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"O Jornal de Seul exprime com pesar a nota de falecimento do herdeiro da família Kim, a família responsável por um dos maiores escritórios de advocacia do país. Kim Jogin fora diagnosticado aos quatro anos de idade com [...]"



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