Por Iuri:
Após o jantar, enquanto eu estava jogado no sofá abraçado à minha morena e quase dormindo enquanto ela vê os doramas dela, senti meu celular vibrar.
Recebi uma mensagem do Matheus me pedindo para encontra-lo no bar (o que acho estranho, já que ele não bebe). Guardei meu celular e olhei a menina focada nos asiáticos da tela.
Ele comprou a passagem, e ela é para essa noite. Ótimo, mas como vou fazer pra driblar a minha namorada? Eu tenho uma ótima ideia.
- Amor...
- O que foi? - Sem tirar a atenção da televisão, me respondeu, aparentemente ouvindo.
- Você sabe que melhores amigos fazem tudo um pro outro, mesmo nas piores horas?
- O que ele precisa dessa vez? - Ela pareceu um pouco enciumada, e olhou pra mim direto (claro que sim, se trata do Matheus e ela se morde por ele), mas só parece...espero.
- A mesa desmontou.
- E como ele conseguiu essa proeza?- Falou, erguendo a sobrancelha.
- Er... Eu posso ter esquecido alguns parafusos, quem sabe.
- Poxa mor... Não dá pra ele esperar até amanhã? É que eu queria você comigo hoje à noite...
- Amor, eu queria pode ficar, sério. Mas se eu fiz um trabalho mal feito com aquela mesa você sabe que eu vou atrás pra consertar.
- Tudo bem... - Ela fecha a cara, emburrada, e volta pra televisão.
Então lá vou eu, são quase 11 da noite, e eu estou entrando em um bar pra encontrar um cara. Super normal.
Chegando lá, eu sento do lado dele no balcão:
- Matheus.
- Iuri. - Ele responde, me passando a passagem do avião por baixo da mesa. Me senti um traficante agora. Eu a guardo no bolso, e aproveito pra tirar uns trocados e compro uma bebida, pra relaxar os nervos.
- Vou precisar de outro favor seu.
- Ah, o que foi dessa vez?- Revirada de olhos sensacional.
- Se a Nicole perguntar, nós não achamos os parafusos e fomos levar a mesa de volta pra loja.
- Então você não contou a verdade mesmo né?
- Ah cara...
Eu sei, eu sei, eu posso estar acabando com o nosso namoro de anos assim, mas eu tenho outra escolha? Eu precisava daquele dinheiro.
Eu termino minha bebida e logo vou com carro até a casa do Matheus, e de lá peço um taxi até o aeroporto. Antes de embarcar no avião, mando uma mensagem para minha linda dizendo que vieram faltando uns parafusos. Espero que ela acredite. E é nessa esperança que eu me despeço de Niterói. Por um ou dois dias.
(#_#)
Chegando a SP, finalmente, depois de um passeio casual de avião. Saio do aeroporto e chamo um taxi pra me levar até a estação de metrô, onde fiquei de me encontrar com o Thauan.
Quem é Thauan? Bom, isso é uma longa história, mas que pode ser resumida em uma única palavra: parceria. Espero até ele chegar(atrasado, como sempre), e vamos de moto até o escritório dos meus parceiros de muito tempo.
Pois é, outra longa história. Após chegar lá e cumprimentar todos aqueles que há anos eu não via, começamos a reunião.
- Eu preciso de dinheiro. - Curto e grosso, como minha velha professora de física do colegial costumava dizer.
- Porra Iuri - Thauan diz, ah quanto tempo eu não ouvia uma dessas alfinetadas.
- É cara, você acha que sempre que precisar de dinheiro vai vir pedir pra gente? - Indagou o Lucas, já puto da vida, não o condeno, em seu lugar eu também estaria.
- Amigos, eu não sei se vocês entenderam...bom... eu não consegui um emprego, e...a situação não tá facil lá em Niterói.
- Ah saquei. Como foi que você gastou tudo? - Renan, sempre direto ao ponto, não mudou muito.
- Pessoal, sejamos francos, olhem pra isso. - Abro os braços querendo para demonstrar todo o escritório que eles construíram com as heranças e economias. -E vocês se recusam a dar uma ajuda pro parceiro aqui?
- Olha Iuri...- Leandro tomou a iniciativa da conversa - Não é assim que funciona. Você não faz idéia de como é difícil pra nós, quatro caras recém formados, gerenciar uma empresa de anos, não somos um banco. Nós não podemos te ajudar nessa. Foi mal.
- Não. Está tudo bem. Eu já esperava por isso... Bom, onde vai ser o churras?
- Ruivo, hoje é terça feira.
- Cara, sempre é dia pra um churrasco.
- Certo então, minha casa. - o Renan, sempre salvando a nossa pátria.
- Certo. Eu levo a cerveja. - Thauan sempre sabe do que eu preciso, amizade de verdade. - Leandro, você leva a carne e Iuri...
- Eu levo a mim mesmo. - Interrompi porque sim. - Certo, que horas estaremos lá?
- Assim que fecharmos o escritório. - respondeu o Pedro, que eu nem sabia que estava lá até agora, pessoa silenciosa, que não se manifesta.
Passadas algumas horas estávamos todos lá, a lua já estava no céu, e a carne no fogo. Comemos, bebemos, botamos a vida e a conversa em dia. Ok eu admito, beber tomou a maior parte da noite.
Talvez, algum de nós tenha passado muito mal e dado um ou mais PTs no banheiro do fundo da casa. Só talvez, não que eu tenha feito isso.
Agora, já era quarta feira, e me parece que o escritório não abriu hoje, não sei por quê. E já era hora de eu ir, meu voo de volta partiria em menos de 30 minutos, então eu tinha que correr.
Entretanto o pessoal não deixava. O Thauan fez questão de me dar uma cesta cheia de esfirras de carne cujo segundo ele, a receita ele havia herdado da mãe.
E depois disso, eu me fui, pegar o avião atrasadíssimo para voltar para os braços da minha amada, mas com um grande problema para resolver.
(×=×)
Era final da tarde de uma quarta-feira, e eu acabava de desembarcar de um avião, de volta para minha cidade.
Mas, porém, entretanto, todavia, onnde era pra estar o Matheus me esperando, estava ele...
João Victor, a segunda pessoa mais perigosa e mortal que eu já conheci nesse mundo. E o melhor amigo da minha namorada. Problema na certa.
Eu até poderia tentar me esconder, mudar de rota, sair correndo e correr o risco de ser preso por badernar no aeroporto, mas de nada adiantaria, se ele estava ali, é porque ele sabe. E isso é péssimo.
- Oi João, tudo bem? O que faz aqui? Quer uma esfirra? - Tento sorrir para esconder minha preocupação, esconder a gota de suor que mostrava que eu estava ciente da minha morte, mas é óbvio que não adiantou.
- Eu já sei de tudo.- Curto e grosso, direto ao ponto. Não é a toa que ele e o Renan anteriormente citado eram primos.
Tudo bem, eu estou calmo, muito calmo, mas antes, só queria poder dizer uma palavrinha: FUDEU. Já era.
- Certo... E do que estamos falando?
- Não adianta disfarçar, eu sei que você não conseguiu um emprego e foi atrás do meu primo pra conseguir um empréstimo.- Cruzou os braços, num olhar sensacional de quem sabia que me tinha na palma da mão.
Nesse momento, só um pensamento corria na minha mente: como matar o Matheus de uma maneira que ele sofra, mas sofra muito?
Preciso manter a calma, não devemos tomar conclusões precipitadas. Antes, vamos ver como ele descobriu isso.
- E o Matheus te contou foi?- Bufei, pensando na traição que havia me acontecido.
- Na verdade...- ele começa a explicar -...depois de você ir embora do bar e deixa-lo sozinho, foi bem fácil levantar da mesa ali perto, onde eu estive sentado e observando o tempo todo, e ir até o Matheus fazer a boa e velha pressão psicológica até ele ceder.- Cruel.
- Certo... E o que você quer para manter isso em segredo?- Solteo os braços ao redor do corpo, e arfei, sabendo o que viria a seguir.
- Agora você falou a minha língua.- Naja, cobra, víbora venenosa, maligno coração de gelo...
E é assim que o maior pesadelo da minha vida está prestes a começar, afinal nada é de graça com esse garoto. No fundo, eu e ele nos dávamos bem, mas eu sabia dessa índole maligna que ele carregava.
E eu tinha certeza que Nicole também sabia, mas ela é boa demais pra deixar esse fato vir à tona. Ela com certeza se convenceu superficialmente que ele é bom por inteiro.
E isso é tudo o que ele não é...
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