CAMILA CABELLO'S POV
- Karla, você não presta. - Normani me repreendeu, enquanto estávamos no táxi. - Não tá vendo que confundiu a coitada?
- Normani, pelo amor de Deus! Ela não está confusa, está apaixonada!
- Huh, você é claramente bem... - ela se segurou. - Esquece.
Ridícula. Revirei os olhos e, ao ver que chegamos no meu apartamento, mandei o motorista parar bem na frente da porta de entrada, e assim ele fez.
- Tchau, Mani - Sorri falsamente e desci do carro.
Assim que eu entrei, ouvi o insistente "Bom dia" do porteiro, revirei os olhos novamente e bufei.
- Bom dia nada! Pra você o dia está sempre bom, Jorge? Só podia ser negro pra ser burro assim, volta pra África, meu filho!
- A senhora está sendo racista! - Ele colocou o dedo seboso na minha cara
- Racista nada! Olha que eu te processo por calúnia, filho da mãe.
Saí em direção ao elevador, o encarando. Além de ser porteiro, ainda tem que ser negro? Vou conversar com o síndico daqui.
Abri a porta do meu apartamento e revirei os olhos ao ouvir som de aspirador de pó.
- Amber, não mandei você fazer isso de madrugada? Eu falei que chegaria cansada! - Gritei, pois minha empregada estava no andar de cima.
- Desculpe, srta. Cabello - ela descia as escadas - é que meu filho ficou doente, ele vomitou a noite inteira, tive que ir pro hospital com ele. Ah, e obrigada por pagar meu plano de saúde, muito obrigada. - Ela sorriu.
- Own, Amber! Como não poderia pagar? Você, com 18 anos, já tendo filho, né? Já tomou café?
- Não, senhora. Vim direto pra cá do hospital.
- Então, vamos para uma cafeteria! Cadê o Nicholas?
- Tá em casa com a tia.
- Pois vamos pegar ele. Tenho que cuidar do meu afilhadinho!
Sorrimos, Amber foi trocar de roupa. Como ela não tinha roupa que não fosse o uniforme de faxineira, dei a ela uma das minhas roupas, e fiquei contente em vê-la sorrir.
Saímos de casa conversando sobre ela morar lá, e ela tomou. Se mudaria hoje mesmo. Contratei um carro de mudança para levar apenas as roupas dela, e as coisas do bebê, eu iria comprar tudo novo para ela. Amber e Nicholas são meu ponto fraco, acho que são as pessoas que eu mais e importo com.
Ao buscar Nicholas, conheci toda a família de Amber. Moravam em uma casa simples, na favela, mas eu não estava me importando, pois estava com Nicholas. Ele me adorava, e eu o adorava. Era ótimo ouvir o seu "Dinda" quando ele me via e corria até mim.
Jane, a mãe de Amber, tem 54 anos, e teve a filha pouco antes da meno-pausa. Ela trabalhava como diarista nas mansões, e foi abusada sexualmente, logo engravidou. Ao saber do feto, o homem a demitiu, e ela ficou sem emprego. Jane chorava enquanto contava, e eu e Amber também.
- Eu sempre quis que ela arrumasse um bom patrão, já que rica ela não podia ser, sem acesso á educação. Pois meu desejo se realizou, Karla. Você é a patroa que eu sempre quis ter, e agora minha filha realizou meu sonho! Eu tava doida pra te conhecer. - Sorri levemente e abracei Jane.
- Então, eu posso ir pra lá, mãe? Posso morar com ela? - Amber perguntou, ansiosa.
- Claro, minha filha! Quem sou eu pra negar?
Amber deu saltos de alegria, pegou seu filho no colo e dançando uma música imaginária, no quarto deles.
- Meu bolo está saindo do forno, você quer um pedaço? É de trigo, não sei se gosta....
Peguei um pedaço por educação, mas quando provei, lembrei do bolo da minha mãe, e do acidente que a tirou de mim. Voltei a chorar, dessa vez nada silenciosamente.
- O que foi, não gostou?
- Está maravilhoso, dona Jane.
Enxuguei as lágrimas e vi Nicholas me olhando, triste, por e ver chorando.
- Que foi, Dinda? Tá triste? - Ele falou embolado.
- Não, amor! Tô chorando de felicidade! - O peguei no colo - Eu te amo, viu?
- Eu sei. - Ele sorriu.
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