1. Spirit Fanfics >
  2. Past Lives >
  3. Chapter 12

História Past Lives - Chapter 12


Escrita por: MafeSweet

Notas do Autor


Heey babys!!
cheguei uns dias antes que o planejado, me ame por isso haha'
Esse capítulo me fez suspirar, então esperem que gostem :)
Obs: Playlist nas notas finais.
Vamos lá...

Capítulo 13 - Chapter 12


Fanfic / Fanfiction Past Lives - Chapter 12

POV Park Jimin:

 

 

 

Sabe quando você acha que pirou de vez? Então, é assim que me sinto agora. Sinto como se fosse um louco que precisasse de internação em um manicômio. Sinto como se estivesse ultrapassando todos os possíveis limites impostos por uma pessoa sã. Mas apesar dos pesares, me sinto vivo como uma criança que acabou de conhecer as belezas que o mundo a oferece. Me sinto leve como um pássaro em pleno voo. Me sinto alegre como alguém que acabou de ganhar na loteria. As sensações estão explodindo no meu peito. As vezes nossos impulsos são nossos melhores amigos, já que fazem coisas que nós não temos coragem, como quando bebemos e ficamos totalmente bêbados e dizemos coisas absurdas que no fundo são meras verdades escondidas de nós mesmos.

 

Ah JungKook... se você soubesse pelo que passei assim que cheguei em casa, teria lidado comigo de uma outra forma.

 

Assim que cheguei em casa, naquela noite fria, pensei que seria normal, que eu acharia a casa escura, e eu poderia simplesmente ir para meu quarto e dormir. Mas não foi assim. No momento que passei pela porta de entrada, meus pais estavam parados de pé, me olhando como se eu fosse uma desonra para eles, e isso... me abalou um tanto que não consigo descrever. Eles me disseram que se eu quisesse ser alguém na vida, se eu quisesse dar orgulho para eles, eu devia noivar com Hyuna e pelo menos dar indícios de um possível casamento. Acho que a inocência me pegou de jeito, já que pensei que eles provavelmente iriam dar mais tempo para esse noivado, coitado dos meus pensamentos inocentes. Eles me fizeram noivar no outro dia, com alianças que eu nem tinha visto antes, de certo tinham planejado tudo antes mesmo de eu ter começado a namorar a loira.

 

Durante a semana inteira, tive que me fazer de o melhor namorado do mundo, na verdade, o melhor noivo do mundo. Hyuna me cobrou isso, ela disse que a aparência de um relacionamento feliz era boa. Discordo disso, para mim, um casal feliz não tem que se mostrar para os outros, mas aí me lembro que não somos um casal feliz. Apenas aparências. Apenas negócios. Ainda bem que meus pais não conhecem JungKook, assim minha mãe ou até meu pai iriam fazer eu me afastar dele, pelo simples fato da família dele não ser tão rica quanto a minha. Arg, isso me frustra. Parece que até a minha vida é uma aparência que eles criam, e eu sigo.

 

Pode parecer que foi fácil ignorar o moreno de olhos profundos, mas não bem assim. Algo dentro de mim queria que eu fosse até ele e pedisse desculpas pelo meu comportamento infantil. Todas as vezes que eu sentia seu olhar sobre mim, a minha vontade era de jogar tudo para os ares, porém Hyuna me dizia que se eu fosse até ele, ela falaria para seu pai que eu era um mau noivo. Coisas assim apenas me fazem ter mais nojo dele, afinal, nem mais transar com ela, transo. Estou nessa seca por um bom tempo, não porque ela está de greve, mas porque não sinto aquela atração sexual por ela mais. Essa sua chatice me deixa puto da vida, e só tenho vontade de esgana-la, por isso tento manter a distância fora da escola, para não pirar e meter um soco naquela cara cheia de maquiagem logo pela manhã.

 

Talvez eu realmente devesse mandar tudo a merda, dizer foda-se ao mundo, gritar que não aguento mais. Mas não consigo. Simplesmente não dá. A máscara que eu construí ao tempo, está mais resistente que qualquer coisa. Não importa o quanto eu queira ser eu mesmo, deixar o lado mesquinho de lado, parece que algo dentro de mim, essa parte mais fria, a mais maldosa, grita na minha cabeça para eu continuar sendo o que sou desde sempre. Sempre... na verdade, não fui sempre assim, mas o tempo acabou me obrigando a mudar.

 

Assim que entrei naquele colégio, todos puxaram meu saco, isso tudo pelo dinheiro que meus pais tinham. As amizades falsas vinham nesse combo, e as verdadeiras também, e são essas que carrego comigo. Hyuna entrou na escola no mesmo ano que eu, a muito tempo, e antes de começarmos a namorar, ela era até legal. Mas o tempo nos muda. E mudou ela, tanto como me mudou também. Para falar a verdade, a única pessoa que me faz pensar em mudar de vez, é JungKook. Acho que a realidade serena daqueles sonhos loucos me faz querer mudar, ser alguém livre. Ah... é tão difícil me entender? Acho que sim.

 

Agora eu estava jogado na minha cama, o moreno havia ido embora, depois de tantas coisas que tinham acontecido. Prometi a ele que iria voltar a ser o típico Jimin de antes, a ter uma amizade com ele, devo confessar que estou intrigado a saber como é ser amigo de um garoto tão misterioso como ele. Nunca fui de ser uma pessoa pensativa, mas esses dias estou refletindo demais. Agora penso no amanhã, penso que talvez eu possa mudar, que talvez eu deva ser alguém melhor, só para ver aquele sorriso angelical no rosto de JungKook... espera, eu estou querendo mudar por ele? ... é, estou mesmo.

 

 

(...)

 

 

O dia seguinte chegou como um sopro de verão, pelo simples fato de estar muito quente. Acordei até que animado, acho que saber que quando chegar a escola, não vou ter que encarar aquele olhar triste de JungKook, me faz ficar feliz. É, sou estranho. Levantei vagarosamente enquanto coçava os olhos para ver se espantava de vez o sono que estava me chamando de volta para a cama. Adentrei o banheiro já tirando a roupa, entrei no box e liguei o chuveiro na água fria, apenas para me dar mais disposição. Assim que desliguei o chuveiro, me enxuguei e enrolei a toalha na cintura, saindo do box e me olhando no grande espelho, dei uma arrumada em meus fios bagunçados e ainda molhados, assim seria melhor, pelo calor escaldante. Passei um perfume mais leve e refrescante, e o desodorante de sempre. Saio do banheiro e vou para o meu armário, escolhendo uma calça clara com alguns rasgos, e um tanto apertada. Uma regata branca que deixava meus braços a mostra, e consequentemente os músculos dele. Não sou de malhar, mas quando vou a academia, passo um bom tempo lá. Calço tênis e estou pronto.

 

Saio do quarto e desço as escadas, vejo meus pais na mesa, mas não estou com saco para aguentar as pressões psicológicas que eles fazem, então apenas sai pela porta, ignorando os chamados da minha mãe. Resolvi inovar ao montar em minha moto e colocar o capacete, dando partida rapidamente e sentindo o vento contra meu corpo. A sensação de adrenalina invadiu minhas veias, me fazendo acelerar mais e mais, em uma tentativa frustrada de fazer meus pensamentos se direcionarem para outros lugares, mas o que martelava em minha cabeça, era sempre as mesmas coisas. Meus pais. E... JungKook. Eu sei, eu sei, isso é ridículo. Por que tenho que pensar tanto em um garoto? Isso é absurdamente estranho, até para mim.

 

Logo avisto o colégio, e faço questão de parar bem em frente à entrada da escola. Devo dizer que a maioria me olhou, alguns surpresos pela minha ousadia de vir para a escola de moto, já que ninguém faz isso, e outros pela minha entrada fantástica. Meninas suspirando e meninos com inveja. Meus amigos se aproximaram com sorrisinhos no rosto.

 

– Wow, alguém quis fazer uma puta entrada. – Namjoon disse enquanto abraçava Jin por trás, apenas sorri ladino.

 

– O que aconteceu? Você normalmente não vem ao colégio de moto. – Taehyung disse enquanto estava de mãos dadas com Hoseok.

 

– Quis inovar um pouco. – Falei sem dar muita importância. Olhei para os lados, tentando achar aqueles cabelos pretos como a escuridão, e aqueles olhos tão intensos quanto o céu a noite.

 

– Procurando alguém? – Hoseok perguntou e eu neguei com a cabeça.

 

– De certo é a Hyuna vadia, agora eles estão tão juntinhos que me dão nojo. – Taehyung disse com seu jeito venenoso. E sim, ele ama chamar a Hyuna de vadia, e eu até posso concordar com ele.

 

– Oi amor. – Por falar no diabo, Hyuna logo apareceu me dando um selinho rápido. – Você está simplesmente irresistível com essa pose de badboy... – Sussurrou no meu ouvido. – Que tal irmos no vestiário feminino, huh? – Seu tom era completamente malicioso, mas como já disse, minha vontade sexual por ela se foi a um bom tempinho.

 

– Agora não, preciso achar um professor para perguntar umas coisas. A gente se vê depois. – Dou um selinho nela para que a mesma não ficasse reclamando, e saio de perto dos cinco, entrando na escola.

 

Confesso que meu olhar passou por muitas pessoas, na mesma tentativa de achar JungKook. Até que o achei. Ele estava conversando com uma menina de cabelos tingidos de azul, a mesma sorria o tempo todo. Ok, ok. Por que isso fez meu sangue ferver? Quer dizer, meu sangue não costuma ferver normalmente, nunca senti isso antes.

 

– JungKook, oi! – Me aproximei deles laçando meu braço na volta de seu pescoço, deixando meu braço em seu ombro, exclamando um oi e olhando para a garota que nos olhou com um olhar estranho. – Quem é ela? – Perguntei olhando para JungKook que parecia estar... corado?

 

– Ela se chama Charlotte. – Disse baixo e eu assenti voltando o olhar para a garota.

 

– Prazer. – Me estendeu a mão e eu como sou muito educado, apertei sua mão. – Sabe, não queria dizer nada, mas vocês são lindos juntos. – Falou com um sorrisinho malicioso no rosto e eu quase me engasguei com o ar, junto com JungKook que parecia um tomate.

 

– O que? – Meus olhos estavam arregalados, e a minha indagação tinha saído mais alta do que o planejado. Até tirei o braço do pescoço dele, ok, me envergonhei com isso.

 

– Ah, achei vocês dois fofos juntos. Por que? Não são namorados? – Ela parecia confusa e eu também senti minhas bochechas queimarem como o inferno.

 

– Não! – Exclamei enquanto JungKook permanecia calado, ele apenas corava como uma criancinha fofa. Deleta o fofa dessa frase.

 

– Oh, desculpa. Sou nova aqui, cheguei hoje e estava conversando com ele, já que meu armário é do lado dele e as nossas aulas são quase as mesmas. Depois a gente se fala JungKook e... – Ela queria saber meu nome.

 

– Jimin, Park Jimin. – Respondi rapidamente e ela assentiu.

 

– Jimin, certo. Vou indo. – Saiu apressadamente. Acho que até ela estava envergonhada.

 

– Meu Deus, que menina louca. – Soltei um suspiro e me pus a frente de JungKook, o mesmo estava com o olhar fixo no chão. – E aí, tudo bem? – Mudei o assunto.

 

– Aham. – Me olhou. Ah, que olhos lindos.

 

– Sabe, acho que aquela menina estava afim de você. – Soltei sem pensar, e olha que prometi para mim mesmo que não tocaria nesse assunto mais. E olha aqui, já estou falando após alguns segundos.

 

– Duvido muito. – Falou e suspirou ao cruzar os braços. – Ela me disse que achou as garotas daqui, muito gostosas. – Disse e eu outra vez me surpreendi. Uau, então....

 

– Ela é lésbica. – Falei meio abobado com a descoberta. Nunca tinha conversando com uma lésbica, e também nunca iria saber se JungKook não tivesse me contado.

 

– É. – Concordou abrindo o armário e pegando um livro de alguma das matérias que iria ter aula.

 

– Amor, pensei que você ia ver seu professor. – Hyuna disse aparecendo do nada, me deixando surpreso. Acho que JungKook também ficou surpreso.

 

– Já falei. – Menti e ela assentiu e levou seu olhar para JungKook que parecia estar sem jeito ali.

 

– Olha só quem temos aqui. O famoso falo-tudo-sem-pensar. – A loira foi irônica. – Parece que está mais calado ultimamente, enfim achou o seu lugar na escala social? – Hyuna estava provocando, JungKook ergueu seu olhar para ela.

 

– Meu lugar na escala social? – Seu tom era baixo. – E você? Achou o seu lugar na escala social? Ah, claro, você é a patricinha que ninguém gosta, e suporta. Mas isso eu já te falei. Todos ficam calados perto de você, por causa de Park, eles respeitam ele, e apenas bajulam você por ser noiva dele. – Falou em seu tom normal, mas eu via as veias de seu pescoço se erguerem, ele estava nervoso ao falar aquilo. Cansado pelas inúmeras provocações de Hyuna.

 

– Melhor calar a boca moleque! – Hyuna exclamou e ele nem se abalou, apenas deu um passo à frente, e a loira um para trás. O público já se juntava ao nosso redor, o circo estava armado.

 

– Que eu saiba a boca é minha, e eu já estou cansado de ver todos fazerem as suas vontades, só porque você namora alguém, e sua família tem dinheiro. – Seu tom era firme e alto. – O que conta é a pessoa, é o que ela é por dentro. E você, com certeza é podre por dentro, então não adianta usar seu nariz empinado para impor alguma coisa, não dá certo. Não comigo pelo menos. – As palavras foram ouvidas por todos ali, esses mantinham as bocas fechadas, viam que o clima estava tenso, pesado demais para qualquer gracinha.

 

– Pelo menos eles têm medo de mim. Eles têm medo do que eu possa causar a eles, e isso me dá um poder extremo. – A loira parecia que iria usar qualquer coisa para pôr o moreno para baixo. E isso me deixou com medo. – E o que você é? Você é a porcaria de um garoto que pensa ser alguma coisa. Você não é nada. Um órfão que provavelmente fica no pé dos parentes, como uma criancinha amedrontada. Eu tenho pena de você, já que eu pelo menos, posso andar com as minhas próprias pernas, sem me preocupar com aqueles olhares de pena. – Ela disse. Disse tudo em bom som, todos ouviram, mas a minha atenção estava voltava para as feições de JungKook. O garoto não queria se abalar, mas ele é humano. E eu sei que aquelas palavras o machucaram tanto, quanto as dele a Hyuna. Seus olhos tinham aquele ar tristonho, seus lábios entreabertos queriam dar índices de um possível choro, e sua pele pálida parecia dizer que todo o sangue estava concentrado em suas veias, a força para bater em qualquer um que chegasse perto dele. – Ah, enfim calou a boca. – Essas foram as últimas palavras de Hyuna, isso antes da garota de cabelos cor de mar a puxar pelos fios loiros.

 

Charlotte a puxou tão forte, que o grito de dor de Hyuna pode ser ouvido até de lá de fora. Elas foram ao chão. Ambas com chamas no olhar. E como todo colégio, ninguém separou até chegar o supervisor e as tirar dali. Com certeza Hyuna ficou mais acabado que a outra, que por sinal tinha um sorrisinho no rosto. Um sorriso vitorioso. Enquanto isso, JungKook ainda estava parado em seu lugar, parecia pensar em tudo. Os famosos pensamentos que circulavam em sua mente complexa.

 

– Vem. – O puxei pelo pulso. Ninguém percebeu, estavam ocupados demais vendo as duas garotas se debaterem, querendo brigar mais.

 

Só sei que corri rápido demais. Minhas pernas trabalhavam sozinhas, nessa tarefa louca de dar o fora daquele colégio sufocante. Quando chegamos ao lado de fora, senti o ar puro encher meus pulmões. Quando percebi, já estava correndo de mãos dadas com JungKook, a gente corria sem rumo, sem ter um lugar fixo para parar. Apenas queríamos correr, quem sabe ir embora daquele mundo que não nos pertencia, quem sabe achar um lugar que nos acolhesse bem. Ah, naquele momento, éramos duas almas a procura da calma do barulhento mundo a nossa volta.

 

E achamos. Aquela pacata praça, a mesma que sempre nos encontrávamos. Parece que até tínhamos planejado parar ali. Nos sentamos no mesmo banco, e permanecemos alguns minutos em silêncio, observando as folhas caírem, e o céu com um som radiante. Uma típica cena de verão.

 

– Você está bem? – Perguntei já sabendo a resposta.

 

– Não quero mentir Park. – Ele respondeu e eu o olhei de canto. Seu tronco levemente corcunda, enquanto sua cabeça estava levantada, com os olhos fixos no céu, as bochechas agora tinham aquele aspecto rosado, mas os lábios continuavam entreabertos e rosados. Chamativos eu diria. Ele parecia tão angelical daquela forma, que me fez passar os dedos sobre sua bochecha, acho que isso o deixou um pouco surpreso, pois ele logo me olhou com a sobrancelha levantada. Como se perguntasse o porquê daquela ação.

 

Eu não sei. Uma boa resposta eu diria.

 

– Eu sei que aquelas palavras te abalaram. – Falei e ele permaneceu quieto. – Mas você tem que saber que Hyuna só queria te atacar, ela queria uma coisa que te deixasse para baixo na mesma forma que você a deixou. Ela é só uma garota que foi pega pela luxuria do dinheiro, ela sim se importa com a opinião alheia, e você não, por isso ela quis te atacar com algo pessoal, algo que penetrasse seu coração e machucasse. Então... por favor, não fique mal, não fique para baixo, não fique calado, fale alguma coisa, desabafe, chore, qualquer ação que mostre o quanto você é humano. – Falei e parecia que a cada palavra seus olhos iam se enchendo mais e mais de lágrimas que queriam sair, mas o dono delas não deixaria tão facilmente. Mas naquele momento ele as deixou ir livremente. Os seus soluços eram audíveis, seu rosto já estava coberto pelas tão esperadas lágrimas que faziam seu belo rosto se parecer com uma cachoeira de desabafos. Chorar faz bem à alma. Isso foi o que sempre me disseram.

 

Ele apenas chorava, e eu o abracei. Deixei que ele derramasse suas tristezas em mim, já que suas lágrimas molhavam a minha regata. Acho que isso foi uma troca de favores, pela aquela vez que eu também desmoronei na sua frente. Mas ver ele assim, tão vulnerável a ponto de chorar, me faz querer protege-lo, me faz querer estar ao seu lado em todos os momentos difíceis e falar que tudo irá ficar bem, mesmo que não fique. Seus braços me apertavam, ele queria aliviar a dor interna que sentia e eu apenas o apertava contra mim, sussurrando coisas como, vai ficar tudo bem, ou ponha para fora. JungKook ficou assim por longos minutos, até que as lágrimas e soluços cessaram, e ele voltou a sua posição de antes. Talvez o garoto estivesse envergonhado, eu sei que se abrir dessa forma para alguém não era fácil, passei o mesmo com ele afinal.

 

– Desculpa... não é sua obrigação ficar me consolando. – Ele disse parecendo culpado em sua fala.

 

– Ei. – Chamei sua atenção e ele me olhou com aqueles olhos ainda inchados e vermelhos. – Não peça desculpa, também não era a sua obrigação me consolar aquele dia, e mesmo assim você o fez. – Falei e ele fungou assentindo levemente com a cabeça. – Agora... você pode se abrir comigo. Me conta a sua história, seus medos, o que você gosta e odeia, o que aconteceu com você. – Suspirei. – Tudo que faz parte da sua vida. – Terminei a minha fala e ele estava pensativo, de certo pensava se me contava ou não.

 

– Quer mesmo saber? – Indagou.

 

– Quero. – Confirmei.

 

– Acho que você quer saber quando que eu me tornei essa pessoa estranha. – Falou e eu permaneci quieto. Eu queria dizer que ele não era estranho, até que era normal, as pessoas a nossa volta que são estranhas. Mas fiquei em silêncio, afinal, assim ele poderia falar sem interrupções. – Bom, essa nova personalidade apareceu quando eu perdi meus pais em um acidente de carro. Eu sei, é patético pensar que as duas pessoas mais importantes da sua vida se foram por uma batida de carros, uma coisa estupida. – Rio fraco sem humor. – A partir daí minha vida nunca mais foi a mesma. Mudei de cidade, mudei de colégio inúmeras vezes, e passei a morar com meus tios e meu primo, que você já conhece. – Suspirou longamente. – Eu me escondia no meu quarto, no escuro, para mim aquilo era confortante, e eu só queria acordar daquele pesadelo. Nunca pensei que a morte poderia ser tão dolorosa quanto foi. Claro que na época pensei em tirar a minha vida e enfim me juntar a eles, mas sempre meu primo ou alguém chegava e me impedia, por sorte não fui internado em algum hospital para pessoas suicidas. – Falou e eu ainda tentava processar cada palavra. – Eu não tinha mais medos, e isso é estranho, porque antes eu morria de medo de altura, mas passei a perceber que ninguém tem medo da altura em si, e sim de cair e morrer. E como eu não tinha medo de morrer, logo o medo de altura se foi. Passei a viver a minha vida como uma obrigação, não por alegria, e como você já sabe, não consegui sorrir, rir ou achar graça de alguma coisa. Até você aparecer na minha vida e a tornar movimentada. – Seus olhos me encaravam e eu torcia para que a minha presença em sua vida, tivera sido uma coisa boa. – Sim. A resposta é sim Park, a sua presença na minha vida foi algo bom. – Parecia que ele tinha lido meus pensamentos profundos apenas com aquele olhar intenso que ele tinha. – Eu tentei, eu lutei para escapar de você. Não queria um amigo, eu apenas queria ficar sozinho, morrer sozinho, assim ninguém iria se machucar mais. Uma coisa estranha sobre mim, é que eu acho os seres humanos, os seres mais sensíveis do mundo. Eles se abalam por tudo, e mesmo que guardem essa dor em seus corações, lá estão eles morrendo internamente com um sorriso falso no rosto. – Falou e soltou outro suspiro. – Minha história é apenas um acontecimento trágico que todos falam que sentem muito, porque ninguém sabe realmente o que dizer, ou pensar. E eu entendo eles, eu também não sei o que pensar de tudo. Então... não precisa me dizer que tudo ficará bem, eu já ouvi muito isso, e até agora nada ficou bem. – Ele terminou e olhou para as mãos em seu colo.

 

– JungKook... – Eu estava sem palavras. Ouvir sua história, ouvir seus sentimentos, o que ele sentia, me fez refletir sobre muitas coisas, me fez querer chorar pela crueldade que ele imponha a si mesmo. De fato, esse garoto de cabelos negros, e olhos misteriosos, possui uma vida triste. Mas isso tem que mudar, e eu vou ajudá-lo nessa tarefa. – Eu não consigo imaginar a sua dor, não consigo nem pensar no que você passou. – Sem pensar me ajoelhei na sua frente, o mesmo estava sentado, então apenas ergueu seu olhar para mim surpreso. – Mas eu posso te prometer uma coisa. – Segurei em sua mão. – A partir de hoje, estarei sempre ao seu lado. Nos momentos bons e ruins. Nos sorrisos e nas lágrimas. Agora eu sou definitivamente seu amigo, aquele que vai ouvir seus desabafos e te abraçar como consolo. – Deixei um selar no peito de sua mão e olhei, aquele mesmo olhar intenso, profundo e enigmático. Era esse o olhar que ele me lançava.

 

– Eu aprendi que o sempre não dura muito. – Ele disse em um tom mais baixo que o normal.

 

– Eu entendo a sua insegurança em relação a isso. Mas ao meu entender, o sempre é mais que uma vida, é mais que um até a morte, é algo duradouro, que vai durar outras vidas, que ultrapassa o normal. Então, acredite, o sempre pode durar muito se ambas partes assim quiserem. Basta você acreditar. – Falei enquanto ele parecia analisar cada parte do meu rosto. E foi nesse momento que eu passei a também analisar o seu.

 

Pele alva e clara como as nuvens. Bochechas rosadas naturalmente, como morangos ao sol em um dia de verão. Lábios finos e avermelhados, como pétalas de rosas em dias chuvosos. Olhos completamente perfeitos, aquele toque misterioso e brilhantes que me instiga tanto. Cabelos negros que entram em contraste com a sua pele tão clarinha, agora estavam um pouco bagunçados, a franja na testa o dava um ar fofo. É estranho pensar que ele é perfeito demais? Sério, ele parece um anjo. O meu anjo.

 

– Tudo bem Jiminnie-ah. – Ele falou e meu coração falhou uma batida com o apelido que saiu um pouco manhoso de seus lábios. – Eu acredito em nosso sempre.

 

 

 

Continua...


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...