1. Spirit Fanfics >
  2. Past Lives >
  3. Chapter 13

História Past Lives - Chapter 13


Escrita por: MafeSweet

Notas do Autor


Heey babys!!
Sumi? Sumi.
Por que? Porque eu precisava de um tempo para por minhas ideias no lugar. Porque eu não estava feliz com o que escrevia. Porque a criatividade resolveu tirar férias e me deixar na mão. Me desculpem, mas agora vou voltar como antes :)
Vamos lá...

Capítulo 15 - Chapter 13


Fanfic / Fanfiction Past Lives - Chapter 13

 

Jeon JungKook:

 

 

Quando cheguei no colégio no outro dia, lógico que queria vê-lo e confirmar que ele estava normal, sem pressão dos pais ou da loira, o mesmo Park de sempre, aquele que insistiu tanto para ter a minha amizade. E conseguiu. Mas antes de ir até ele, fui ao meu armário para pegar um livro de literatura para a próxima aula, e nesse curto período de tempo, uma garota de cabelos que pareciam algodão doce se aproximou de mim e começou a dizer como meu cabelo era brilhoso. É, eu também me espantei de início, porém comecei a conversar com ela, e até que a garota que tinha a minha idade, era legal. E gostava de meninas. Isso sim foi algo que ela deixou claro ao elogiar as outras meninas do colégio. Nossa, acho que nunca conheci uma lésbica. 

 

Park se aproximou do nada, e me pegou de surpresa ao colocar o braço sobre meus ombros. Devo confessar que seu perfume estava diferente, algo refrescante, e com certeza, combinava com aquele calor que o dia apresentava. Para falar a verdade, acho que o moreno estava com ciúmes, ou coisa do tipo, mas quando Charlotte disse que achava nós dois um belo casal, senti meu corpo ficar tenso, e acho que foi o mesmo com Park. Mas isso foi um dos meus menores problemas daquela manhã, já que quando a menina de cabelos azuis se afastou, Hyuna se aproximou e começou com as provocações. Eu pensei que seria como sempre, ela falaria e falaria e eu apenas retrucaria com rudez, sem me preocupar em machucar sem sentimentos. Quer dizer, ela tem sentimentos? Alguém como ela deve só se importar com beleza externa.

 

No fundo eu sei que provoquei demais, sei que deveria ter ficado calado, mas devo admitir que essa garota me tira do sério. E quando vi já tinha falado tudo o que pensava sobre escala social, que na minha humilde opinião, não significa nada. Mas ela... ela tocou em meu ponto fraco. Disse que eu era órfão e ficava no pé dos parentes. Algo que eu realmente penso, eu sei, eu sei de tudo isso. Sei que sou um órfão que todos querem descartar, e que fico no pé dos meus tios e do meu primo. Sinto pena deles também. Porém, o que mais machucou no entanto, foi pensar nos olhares de pena que as pessoas me mandavam, naquele momento eu só sentia que todos sentiam pena de mim. Odeia pena. Odeia saber que estou sendo tratado bem por pena, um sentimento tão vazio de sensações.

 

Eu paralisei, sem reação, sem ação. Até que Park me puxou para longe da confusão que armou quando Charlotte puxou os cabelos loiros de Hyuna.

 

Livre.

 

Foi assim que me senti assim que ele me puxou. Livre. O ar batia em meu rosto e fazia meu coração acelerar, mas acho que isso era pela adrenalina de estar correndo para fora do colégio, mesmo que eu tivesse aula. Minha cabeça estava cheia, mas por um momento, eu só estava prestando atenção na quentura da mão de Park, e no quanto ele apertava firmemente a minha mão. Por instantes, me senti em outra dimensão, um lugar fora da realidade, acho que posso agradecer ao moreno por isso.

 

Bem... posso afirmar que nunca me abri com alguém da mesma forma que me abri com ele. Eu contei basicamente tudo sobre mim. Contei a tragédia que me assombrava, e até os meus medos. Contei coisas que guardava dentro do meu coração, coisas que estavam secretamente guardadas sobre meu sigilo. Acho que enlouqueci de vez... eu disse que acreditava em nosso sempre. Isso pode ser interpretado de diversas maneiras diferentes. Pode parecer loucura, mas... nem eu sei qual foi o sentido de tais palavras. Nosso sempre... algo tão vago que me dá calafrios. Então vou apenas agir normalmente com ele, se essa amizade persistir, quem sabe o sempre realmente existe.

 

– Será que a escola ligará para as nossas casas? – Park me perguntou assim que começamos a andar pelo parque abandonado pelo tempo. Acho que esse parque já pode ser considerado nosso lugar de encontro secreto.

 

– E você se importa? – Retruquei e ele deu de ombros soltando o ar pela boca. Ok, confesso reparar no tanto que seus lábios são incrivelmente vermelhos, como verdadeiros morangos.

 

– Mesmo que não pareça, eu nunca fui de faltar a escola... meus pais sempre ficavam bravos quando a escola ligava. – Apertei os lábios e eu soltei uma risada curta e soprada e ele me olhou como se questionasse tal ato.

 

– Pensei que você fosse aqueles típicos garotos rebeldes dos filmes, que pula o muro da escola para curtir com os amigos e não se importa com as consequências. É... acho que de fato, a vida não é um filme de Hollywood. – Falei e ele riu do meu exemplo de garoto.

 

– Bem que eu queria ser assim. – Falou e eu o olhei com uma sobrancelha arqueada, parando de andar.

 

– Então seja. – Falei e ele também parou e franziu o cenho.

 

– O que? – Ele não entendeu.

 

– Olha Park... – Dei um passo à frente e o fitei. – Você pode ser quem você quiser. – Suspirei. – Desde um garoto tímido que tira altas notas, até esse badboy que não vai à escola e vive perigosamente. O importante é você se sentir bem consigo mesmo. Sentir que está sendo você mesmo, mesmo que todo mundo julgue você por isso, afinal, a vida é sua, e é você que escolhe se quer viver seguramente, ou livremente. – Tombei um pouco a cabeça para a direita. – Eu sei que falo que você usa uma máscara para esconder a sua verdadeira identidade, mas... realmente não sei se é verídico tal fato. Mas eu quero te dizer uma coisa... – Firmei meu olhar no seu. – Pare de seguir os padrões da sociedade e faça o que te vier na telha, mesmo que seja... errado. – A última palavra me fez engolir seco, e eu não faço ideia do porquê. – Fale o que quiser, grite, pule, dance, seja considerado louco pelos outros, mas seja feliz sendo esse louco. – Terminei e ele tinha aquele brilho tão misterioso nos olhos.

 

– E se eu quiser fazer uma coisa que antes consideraria no mínimo nojento? – Ele perguntou baixo e eu pude jurar que seus olhos foram para minha boca, mas acho que devia ser impressão minha.

 

– Como eu disse antes, faça. – Falei e ele sorriu de lado assentindo minimamente com a cabeça.

 

– Vou guardar as suas palavras Kookie-ah. – Piscou o olho e eu senti meu coração falhar uma batida, me fazenda engolir em seco. – Já que estamos à toa, que tal irmos em um lugar? – Ofereceu.

 

– Tudo bem. – Assenti.

 

 

(...)

 

 

Fazia um tempo que estávamos andando, para mim era um caminho sem fundamento, mas eu confiava em Park, e de certa forma, sabia que ele me levaria a algum lugar que conhecia muito bem.

 

– Aquela garota de cabelo azul deve estar ferrada agora. – Park falou com o olhar fixo no caminho que seguíamos. Deixando claro que estávamos em um caminho estranho, um bosque que eu nem sabia que existia, mas posso dizer que o ar puro preencheu meus pulmões e o barulho dos pássaros se fez no ambiente, me deixando mais leve.

 

– Acho que não... se ela fosse ficar ferrada, provavelmente não teria agido de tal forma. – Falei e suspirei levemente enquanto uma leve brisa batia em meu rosto.

 

– É, tem razão. – Concordou. – Ah, espera. – Falou e nem deu tempo de eu questionar muita coisa, ele logo tapou meus olhos com suas mãos, me deixando sem entender nada. – É uma surpresa. – Disse rente ao meu ouvido. Ok, isso me causou certos arrepios. Andamos mais alguns metros e eu podia ouvir sons de algo caindo, mais precisamente, água. Mas... será possível? – Preparado? – Assenti. – Um, dois, três e já! – Exclamou tirando as mãos dos meus olhos, me dando a visão de uma cachoeira enorme com águas cristalinas. Rapidamente levo ambas mãos a boca, eu estava pasmo pela beleza daquela cachoeira.

 

– Meu Deus Park, como eu nunca ouvi falar dessa cachoeira antes? – Falei e ele rio soprado da minha reação.

 

– Você definitivamente passa muito tempo em casa Kookie, devia sair mais. – Falou e eu assenti enquanto observava cada detalhe daquela beleza natural.

 

A cachoeira de fato, havia prendido minha atenção. Litros de água estavam sendo jogados pelo topo da cachoeira. Essa mesma água era totalmente cristalina, tanto que era visível os peixes coloridos que pareciam dançar naquela água reluzente. As rochas que abrigavam a tal cachoeira, pareciam esconder um segredo misterioso, já que estavam cobertas por musgo, e mesmo assim, a beleza era um tanto incrível. Algumas arvores estavam cercando a cachoeira, eram altas e repletas por folhas esmeralda, já que a cor parecia brilhar naquele sol escaldante de Seattle. Confesso que perdi o fôlego por alguns minutos.

 

– Gostou? – Perguntou e eu o olhei como se fosse óbvio.

 

– Claro que eu gostei, ainda mais nesse calor que está hoje. – Falei e bati a camisa que estava vestindo, dando a entender que estava sentindo calor.

 

– Quer entrar? Ficar só olhando essa belezinha dá até pena. – Falou com um sorriso de lado e eu mordi o lábio inferior receoso.

 

– É que... eu meio que não sei nadar. – Cocei a nuca sem jeito. Fala sério, quem na minha idade, ainda não aprendeu a nadar? Ah claro, tinha que ser eu, Jeon JungKook.

 

– Nossa... – Ele arregalou os olhos por alguns segundos, mas logo me deu um sorriso reconfortante. – Não tem problema, é só eu entrar primeiro e quando você entrar, eu te seguro. – Falou com sua naturalidade, com seu tom normal, e isso me tranquilizou um pouco. Isso não me traria problemas, certo?

 

– Tudo bem. – Assenti e ele já começou tirando a blusa. Já que não estou acostumado com tal ação intima, apenas me virei de costas para dar mais espaço a ele, e o cretino riu de mim.

 

– Ei, não precisa se virar Kookie-ah, somos amigos, e amigos fazem isso. – Disse divertido e eu me virei vagarosamente, vendo que ele já estava sem a camisa. Sem querer parecer estranha, nem nada, mas com certeza ele tinha tempo para ir à academia, seu abdômen era completamente definido pelos tais ‘’gominhos’’ e os braços tinham músculos. Melhor eu parar de focar nisso e voltar minha atenção para seu rosto, já que ele tinha um sorriso diferente nele. – Gostou? – Perguntou fazendo menção de seu físico. – Sabe, acho que preciso voltar a academia, estou começando a ficar gordo. – Falou fazendo uma careta enquanto olhava a barriga.

 

– Acho que você está bem assim. – Falei no impulso e vi que ele subiu o olhar para mim, dando aquele sorriso de lado que ele tanto adora me lançar.

 

– Obrigada Kookie. – Falou e começou a tirar a calça, e para que ele não me zoasse, fiquei ali o olhando no processo de retirada daquele jeans. E lá estava Park, apenas com uma boxer bordô. Engoli em seco e desviei o olhar de seu corpo, fitando o chão cheio de folhas de diversas cores. – Vou entrar primeiro. – Disse e no próximo segundo já senti os pingos de água na minha pele, já que ele fez questão de pular naquele lago que se formava abaixo da cachoeira. – Vem! – Exclamou assim que voltou a superfície, enquanto passou a mão sobre os fios desgrenhados do cabelo negro como carvão.

 

– Ok. – Falei baixo e comecei a tirar a blusa que usava.

 

Bom, confesso que nunca gostei de ficar sem roupa na frente de ninguém, e não sei o exato porquê disso. Talvez eu simplesmente não goste do meu corpo, ou tenha vergonha de me mostrar tanto para outro alguém. Motivos tolos, mas que mesmo assim me fazem ficar corado. Ok, me sinto um idiota por ficar vermelho enquanto passava o tecido fino daquela blusa sobre meu corpo, a tirando por completo, ah, se Park tirasse seu olhar de mim, provavelmente eu não estaria com o rosto queimando assim que comecei a tirar a calça jeans escura que até estava um pouco mais grudada. Assim que a tirei, a joguei no monte de roupas que se formou perto de uma dar enormes arvores. Lá estava eu apenas com uma boxer preta.

 

– Pode pular que eu te seguro! – Exclamou para que eu ouvisse e eu engoli em seco. – Você confia em mim, não é?

 

– Confio. – Respondi baixinho sem que ele me escutasse. Para falar a verdade, não sei o porquê dessa confiança em alguém que conheci a tão pouco tempo. Isso é realmente estranho.

 

Contei até três mentalmente e corri para pular, sabe aquela adrenalina que você sente na veia antes de cometer uma loucura? Foi o que eu senti na hora que estava no ar. Sentir a água morna daquele lago fez meus músculos relaxarem, mas logo percebi que a fundura era algo surreal, antes que eu tentasse voltar a superfície, senti duas mãos me puxarem para cima, assim que pude ver o rosto de Park, percebi que ele estava me segurando pela cintura. Isso é desconfortável. Será uma vergonha admitir que senti uma sensação estranha passar por mim quando pude de fato, notar como as suas mãos apertavam a minha cintura?

 

– Tá tudo bem. – Falei e me afastei dele, me sentando em uma das rochas, perto a cachoeira, eu até podia sentir os respingos frios da água na minha pele.

 

– Isso é relaxante. – Falou ele fechando os olhos e boiando naquele lago, ele até tinha um sorriso no rosto, aquele típico sorriso que mostrava pouco os dentes branquinhos que ele tinha.

 

– Concordo. – Assenti.

 

– Sabe, é meio difícil entender o porquê de você não saber nadar. – Ele falou e eu suspirei profundamente.

 

– Isso vem desde pequeno, já que nunca gostei muito de entrar em piscinas ou lagos como esse. Para mim, a fundura excessiva é algo sufocante, e que me trás más sensações, como se algo me falasse para não entrar na água. – Tentei explicar e ele até voltou a posição de antes, para prestar atenção em minhas palavras.

 

– Ah, eu sei como é se sentir assim. Como se algo de prendesse e você não pudesse escapar, mesmo que tentasse com todas as forças. – Disse e eu assenti.

 

– Exatamente, mas... como você sabe? – Indaguei.

 

– Já me afoguei uma vez, quando ainda era criança, e a sensação foi horrível. – Explicou e eu engoli em seco. Realmente deve ser horrível.

 

– Eu sinto muito. – As palavras simplesmente saíram da minha boca, e olha que não sou do tipo que diz ‘’sinto muito’’.

 

– A culpa não é sua, na verdade, a culpa não é de ninguém. – Disse em um suspiro enquanto passava a mão pelos fios molhados do cabelo. – Os mares, oceanos, e qualquer tipo de aglomeração com água, possuem dois lados. – Mostrou nos dedos. – O bom, que é a beleza exuberante, a sensação de liberdade que a água te dá, e a alegria de retornar aos tempos da infância. E o ruim... que na maioria das vezes é essa sensação de sufocamento, de mistério que as partes mais escuras podem trazer. – Suspirou outra vez. – Em outras palavras, as águas podem muito bem simbolizar as pessoas, já que todas possuem esses dois lados. – Finalizou o seu raciocínio e eu me peguei em pensamentos tão profundos quanto aquele lado que estávamos.

 

Eu poderia concordar com toda a certeza que o que ele disse, fazia todo sentido do mundo. Mas... as pessoas possuem mais do que apenas dois lados, as pessoas são seres misteriosos, que escondem segredos e mil outras coisas que podem estar de baixo dos nossos narizes, e mesmo assim não percebemos. O lado bom, o lado ruim, o lado egocêntrico, o lado sarcástico, o lado divertido, o lado amigável, e outros diversos. Realmente não sei explicar como esses lados agem, já que as pessoas em geral são uma confusão. Eu sou a prova concreta disso. Uma hora eu era o completo isolado no meu quarto, um novato em uma escola que tem uma hierarquia idiota, e agora.. cá estou com um dos mais populares do colégio, Park Jimin, o garoto que é meu amigo, o garoto que me fez sorrir e rir depois de tanto tempo, o mesmo garoto que me despertou coisas novas após dois anos... ah, até sonhos estranhos tive com ele.

 

Porém, mesmo depois desses sonhos, posso dizer que ele passou a ser importante na minha vida de certa forma, pois ele despertou em mim, o lado mais humano que eu poderia ter, ele fez com que meu coração palpitasse mais rápido com a adrenalina que ele me trazia em diversas ocasiões. Uma delas foi a primeira vez que andei em sua moto, o vento no meu rosto me trouxe boas sensações, e fez meu sangue se aquecer. Espera, talvez... oh meu Deus, será que estou começando a ficar dependente dele? Será que necessito de Park Jimin na minha vida?

 

– Ei, volta para a realidade. – Falou ao estalar os dedos na frente dos meus olhos, pisquei algumas vezes.

 

– Ah, desculpa. – Cocei a nuca envergonhado com a minha falta de atenção nele.

 

– Eu estava pensando aqui, posso muito bem ser o seu professor de natação. – Falou e eu não pensei duas vezes em cair na gargalhada. – Por que está rindo? – Perguntou sério e eu demorei um pouco a cessar as risadas.

 

– É que... realmente é estranho ter você como professor de alguma coisa. – Falei e ele me mostrou a língua. Uma completa criança, mas confesso que ri soprado de sua ação.

 

– Para de reclamar. Pelo menos eu sei nadar. – Se gabou e eu revirei os olhos enquanto bufei. – Nada de revirar os olhos. – Disse e eu fiz novamente, só para implicar mesmo.

 

– Eu consigo nadar se eu querer, apenas... não quero. – Falei e cruzei os braços. Ok, uma mentirinha não mataria ninguém... eu acho.

 

– Ah é? – Assenti com o nariz empinado. – Então nade até mim sem se afogar. – Disse se afastando um pouco.

 

Sabe, eu tenho uma coisa chamada orgulho, e esse tal de orgulho se fez bem presente no momento que ele me lançou o desafio de nadar até ele. Respirei algumas vezes antes de me lançar na água. E não, não consegui nadar. Parecia que meus pés não conseguiam bater na água, e meu corpo era um peso morto, que afundou consideravelmente, o ar começou a me faltar e o desespero começou a me tomar, e isso apenas complicou a minha situação. Minha visão ficou um pouco turva, e por isso não conseguia enxergar quase nada. De repente... eu senti aquelas mesmas mãos me puxando, e como em um filme, eu vi aquela luz no fim do túnel, no caso o sol para o meu desespero. Assim que voltei a superfície – demorou um tempo considerável –, meu coração agiu por conta própria, e enlacei meus braços a volta de Park, apoiando a minha cabeça em seu ombro, fungando perto de sua nuca. Eu estava com medo, muito medo.

 

– V-você está bem? – Ele estava falando estranho, mas resolvi deixar isso para lá.

 

– Não me deixa afundar de novo, se não... eu realmente posso morrer. – Falei baixinho, e como estava perto de seu ouvido, tenho a certeza plena de que ele ouviu cada palavra como um pedido de socorro disfarçado.

 

– Eu não vou deixar, prometo. – Falou e eu senti enfim os seus braços rodearem a minha cintura, colando seu corpo ao meu. Olha, eu já tinha o abraçado antes, mas definitivamente, abraça-lo na água, e ainda sem a roupa, é uma coisa completamente diferente. Ele parecia mais quente que nunca, e seu aperto era maior, como se não quisesse mais me soltar. Acho que no fundo eu também queria ficar ali. Eu me senti protegido, como em todos os abraços. Mas dessa vez, eu senti algo a mais, talvez uma palpitação diferente em meu coração recém acordado.

 

– Park... você está prometendo coisas demais, coisas que talvez não cumpra. – Falei colocando meu rosto na curva de seu pescoço. Eu fiquei realmente relaxado ali.

 

– JungKook, eu nunca prometo algo que não consiga cumprir. – Disse e eu sorri minimamente, mesmo que ele não fosse ver. Sorri para mim mesmo.

 

 

(...)

 

 

Depois desse momento um tanto intimo com o moreno, saímos da água e vestimos nossas roupas, logo voltamos a caminhar de volta para o parque. Uma parte do caminho era cercado por rosas, daquelas vermelhas que chegavam a brilhar de longe. Suspirei ao lembrar que as mesmas rosas estavam naqueles sonhos antigos, até pareciam os mesmos campos floridos. Passei os dedos sobre algumas pétalas avermelhadas, mesmo que um pouco de longe, o perfume delas entrava em minhas narinas, me permitindo sentir aquela doçura de cheiro.

 

– Gosta de flores? – Perguntou ele me tirando dos devaneios persistentes.

 

– Especialmente as rosas. – Respondi voltando minha atenção a ele.

 

– O que tem de tão especial nelas? – Indagou e eu suspirei.

 

– Falam que as rosas vermelhas representam a paixão, o amor ardente, o respeito, a coragem e a admiração. Mas é realmente difícil crer que apenas uma flor com sua cor chamativa represente isso tudo. – Tombei um pouco a cabeça para o lado. – Porém, depois de um tempo, passei a perceber que de fato as rosas podem simbolizar tais coisas humanas, já que as flores são dadas em ocasiões especiais ou colocadas nos túmulos, e isso de fato, mostra muito bem que elas nos acompanham na vida e na morte. – Falei e percebi que os olhos castanhos de Park estavam em mim, mesmo que ainda estivéssemos andando. – Mesmo que seja bobo, é perceptível o quanto as rosas simbolizam o amor, pela cor vermelha e pelo cheiro doce que o amor pode nos trazer. A coragem... digamos que a coragem é simbolizada pelos espinhos, que são os verdadeiros escudos dessas flores tão delicadas. E a admiração vem dessa nossa atenção a beleza da rosa. Acho que é por isso que admiro tanto as rosas vermelhas. – Terminei e o olhei, aqueles olhos brilhavam, e eu sorri com isso.

 

– Acho que a minha admiração começou agora. – Falou e eu ri soprado. – Eu queria muito pegar uma dessas rosas e te entregar, mas eu sei que se eu fazer isso, mesmo que com uma boa intenção, estarei matando-a, e eu não quero fazer isso... – Já tínhamos parado de andar. – Mas faça de conta que eu te dei uma dessas rosas vermelhas, porque eu li uma vez que essas flores marcam o início de coisas importantes, e bem... a nossa amizade é algo importante, e as promessas ainda mais. – Disse e eu apenas sorria.

 

Como que alguém como Park, era capaz de pensar tanto e dizer coisas tocantes assim? Acho que a palpitação no meu coração, era da felicidade por saber que agora eu não estava mais sozinho no escuro, agora... eu tinha alguém para quem correr quando estivesse com medo. Agora eu tinha um amigo, e tinha a certeza de suas palavras e promessas. Pelo menos agora, eu tenho a certeza de algo na minha vida.

 

– Obrigada pela flor, Park. – Falei e ele abriu um daqueles sorrisos que fazia seus olhos se esconderem e as bochechas inflarem. Algo fofo eu diria.

 

– De nada, Kookie-ah.

 

Ah, esses apelidos me deixam estranho.

 

 

(...)

 

 

Park me levou até em casa, e eu nem tive que dar explicações para meus tios... porém Yoongi me encheu de perguntas e mais perguntas assim que entrei na casa.

 

– Jeon JungKook, onde você estava? Não te vi em nenhuma das aulas, e nem no recreio, na verdade, não vi você, e nem o Jimin. Por acaso estavam juntos? – Perguntou com sua face em uma mistura de curiosidade e irritação.

 

– Ele apenas me tirou daquela confusão. – Falei simplesmente e ele rio soprado, como se tivesse caçoando de mim.

 

– Só falta falar que ele te puxou pela mão e ambos saíram correndo colégio a fora. – Bufou. – Isso aqui não é um filme romântico primo, então me conte a verdade. – Cruzou os braços e eu me sentei na cama, o olhando em seguida.

 

Segurar a mão é sinal de um filme romântico? Se for... agora me sinto ainda mais estranho.

 

– Eu disse a verdade, saímos do colégio, ele me tirou daquela confusão quando ninguém estava vendo e ficamos passeando pela cidade. – Expliquei, tirando a parte da cachoeira.

 

– Hum... é estranho imaginar você andando com um garoto tipo o Jimin. – Falou e eu suspirei levemente.

 

– Ele é bem diferente do que aparenta. – Falei baixinho, só para mim mesmo. De fato, Park é completamente diferente do que mostra ser.

 

– O que? – Arqueou a sobrancelha para que eu repetisse.

 

– Nada. – Falei rápido. – Ahn, aquela menina de cabelos azuis ficou bem? – Perguntei mudando o assunto.

 

– Até demais. – Sentou do meu lado. – Ninguém sabia, mas ela é filha de um dos maiores empresários da américa do norte, e o pai dela meio que comanda o da Hyuna, e como a nossa escola age conforme essa hierarquia, quem se ferrou no final foi Hyuna que teve que ficar limpando o refeitório. – Disse e eu quase comecei a rir, mas aguentei o riso. – Falando nisso, aquela menina é muito gostosa, puta que pariu. Eu vi você falando com ela, tem como me arranjar o número dela? – Perguntou e eu ri soprado. Coitado.

 

– Nem adianta.

 

– Por que?

 

– Do que você gosta, ela gosta ainda mais. – Falei e ele ficou alguns segundos para assimilar os fatos, e a assim que arregalou os olhos, parecia estar surpreso.

 

– Ah não. – Bufou. – De qualquer maneira, eu tenho que pelo menos virar amigo dessa menina. – Disse e eu assenti minimamente. – Vou te deixar sozinho... até depois. – Falou e caminho para fora do meu quarto, fechando a porta atrás de si.

 

 

(...)

 

 

A noite chegou tão rápido que quase não consegui assimilar direito. Tomei um banho e desci para jantar, assim que acabei, deixei o prato na pia e subi novamente para meu quarto, por algum motivo estava morto de cansaço. Acho que ficar naquela água me deixou relaxado, e felizmente aumentou o sono que tenho poucas vezes assim tão forte. Como estava de pijama – mangas longas e calças do mesmo jeito – apenas me joguei na cama e puxei as cobertas, o sono veio rápido, e eu apenas me lembro de dar um suspiro longo e sereno.

 

Um sonho.

 

Aqueles mesmos sonhos que tenho com Park. Aqueles mesmos sonhos que foram escassos nos últimos tempos. Como em todos os outros, eu estava vendo tudo, como um espectador de um filme, no caso era um filme que usava a minha imagem e a do garoto de cabelos escuros. Aquela sensação de leveza me preencheu e eu até pude sentir a brisa em meu rosto. Eu via aquele mesmo jardim de outros sonhos, mas agora estava escuro, e logo as duas figuras apareceram. A minha figura andava despreocupadamente de mãos dadas a Park, naquela trilha entre as flores. A minha figura parou e se agachou, recolhendo uma flor daquele monte. Uma rosa.

 

– Tome, essa rosa simboliza meu amor por você Jiminnie-ah. – A minha figura disse e eu engoli em seco. Parecia tão real, tão intenso e profundo.

 

– Ah, obrigada Kookie-ah. – Mesmo que estivesse escuro, pude ver as bochechas de Park se avermelharem. Ele havia corado. – Mas você não acha que está matando uma flor?

 

– É, eu realmente posso estar fazendo isso. Mas, quando eu a retirei dali, foi com uma boa intenção, foi por amor, e por isso, valeu a pena Jiminnie. – Eu disse e até eu que estava vendo a cena, me surpreendi com minhas palavras. Até que fazia sentido.

 

– Confio em seu ponto de vista. – Ele sorriu. Ah, acho que a minha figura também sentiu a vacilada no coração como eu senti. – Olha como a lua está linda hoje. – Ele disse olhando para o céu. A lua estava grande, estava brilhando e fazia tudo se clarear.

 

– Park Jimin. – A minha figura o chamou, o mesmo o olhou. – Você é a minha lua. Aquele que ilumina meu céu. Aquele que faz meu coração vacilar e acelerar. Aquele que sorri e cora tão fofamente. Aquele que me fez amar pela primeira vez... eu te amo Jiminnie-ah. – A minha figura se declarou e deixou um selar na ponta do nariz de Park. Ok. Isso foi estranho. Eu me senti estranho.

 

– Eu também te amo Jeon JungKook. – Ele disse e abraçou a minha figura. Eu até pude sentir a quentura daquele abraço.

 

É normal me sentir assim? Tão estranho e confuso... realmente nunca me senti assim.

 

Park... a culpa é sua.

 

 

Continua...


Notas Finais


Até mais!! <333


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...