História Past Lives - Chapter 14

POV Park Jimin:

 

 

Eu posso até ter pirado por ter levado JungKook até aquela cachoeira. Acontece que aquele lugar é um tanto intimo para mim, pois... apenas eu já fui lá, e nunca levei amigos ou parentes, muito menos Hyuna que provavelmente adoraria ir em tal lugar. Mas mesmo acima de tudo, não me arrependo nenhum um pouco de ter o levado lá. Foram horas importantes para mim. Horas preciosas que eu aproveitei ao máximo. Ainda sorrio ao lembrar da forma tímida que ele agiu ao tirar as peças de roupas, e ao me ver fazendo isso. Quando mandei o moreno nadar até mim, no fundo já esperava que ele não soubesse e afundasse, e mesmo sendo um pouco perigoso, eu quis isso. Eu quis poder resgata-lo das profundezas escuras da água daquela cachoeira, eu queria ter o poder de ter o salvo. De sentir seu abraço ofegante e a quentura de seu corpo no meu. De fato, o seu abraço é o melhor de todos.

 

Até o caminho de volta para a minha casa foi sereno. Tranquilo. Eu estava perdido em meus pensamentos, porém, eu estava pensando coisas tão bobas que acabava sorrindo como um bobo. Me sentia tão leve quanto uma folha em um dia de ventania. Para mim, as pessoas a minha volta brilhavam, e por algum motivo não descoberto, eu estava radiante. Feliz. Eu estava muito feliz. Passar o dia com aquele garoto de sorriso de coelho me fez feliz. Coisa que ultimamente não estou sendo tanto.

 

 

(...)

 

 

Um daqueles sonhos estranhos e incrivelmente tranquilos me apanhou a noite. No sonho eu me via com uma vestimenta da era Joseon, que mais parecia um vestido – na verdade uma burca –. Eu... parecia estar servindo as pessoas, como um verdadeiro emprego, mas depois de um tempo, eu vi que a minha figura viu JungKook, e pelo jeito ele era o príncipe, do lado do rei e a rainha, todos com aquelas roupas coloridas e estranhas. Eu vi que ambos sorriram ao cruzarem o olhar. Ainda me sinto estranho ao ter esses sonhos sem explicações e do nada.

 

Foi um breve sonho, porém eu pude sentir cada sensação que a minha figura sentia e isso me causou arrepios. Sério, isso realmente parece real. É até assustador.

 

Será que... apenas eu sonho com isso?

 

 

(...)

 

 

O dia amanheceu e meu celular começou a tocar o alarme, indicando que eu deveria levantar e dizer bom dia ao mundo. Por sorte, acordei de bom humor, acho que passar um dia tão alegre me fez bem. Nem precisou de alguma empregada vir me acordar. Levantei e segui para o banheiro enquanto me espreguiçava e bocejava, sério, preguiça não é de Deus. Me olho no espelho e vejo que até minhas olheiras de manhã estão menores, nossa, acho que vou passar mais tempo com JungKook. Tiro a roupa e entro de baixo do chuveiro, fazendo com que a água quente caísse sobre meu corpo, a sensação libertadora me preencheu e confesso ficar alguns minutos imerso em pensamentos brancos. Ok, o que são pensamentos brancos? É quando você parece estar pensando em mil coisas, mas na verdade, apenas está focada em nada. Fico assim sempre para falar a verdade.

 

Saio do chuveiro com uma toalha enrolada na cintura e faço minha higiene matinal, passando perfume e desodorante. Hoje o dia está mais friozinho, então resolvi escolher uma calça sem rasgos, jeans escura e uma blusa preta com alguns dizeres de manga longa. Acrescentei um gorro cinza para complementar a roupa que parecia tão sem graça, e calcei os meus tênis de sempre. Joguei a mochila nos ombros e sai do meu quarto.

 

– Bom dia filho! – Minha mãe exclamou com um sorriso no rosto. Ah, eu conheço esse sorriso.

 

– O que você quer, mãe? – Perguntei me sentando a mesa e tomando meu suco de laranja natural.

 

– Nossa. – Falou baixinho. – Enfim, eu soube que a filha de um empresário riquíssimo foi transferida para a sua escola... e eu pensei que talvez ela fosse um bom partido para você. – Disse e eu quase colei minha boca no chão de tão pasmo.

 

– Fala sério mãe. – Bufei fechando minha mão em punho e batendo na mesa, assustando ambos a minha frente. – Uma hora quer que eu me case com Hyuna, e depois com uma garota que eu nem conheço direito, tudo por dinheiro. Vocês não sentem a consciência pesar? Não sentem que estão acabando com o filho de vocês? É cansativo ter que viver pressionado por tudo e todos. Entendam de uma vez que eu vou fazer as coisas no meu tempo, e como eu quiser. – Falei tudo e me levantei da mesa, pegando minha mochila. – Ah, e essa menina fode meninas. – Disse com as palavras duras e sai dali, passando pela porta. – Vou de moto! – Gritei ao motorista que já me esperava.

 

Eu tinha que descontar minha raiva em alguma coisa... nesse caso será na adrenalina. Coloquei a mochila em ambos braços e subi na moto, colocando o capacete, e dando a partida e sentindo o ar no rosto. Ah, essa com toda certeza é uma das melhores sensações que posso sentir. Não melhor que o abraço de JungKook, quer dizer, por que estou lembrando disso? Foca Jimin, então vai bater em algum desses carros que parecem querer entrar para a formula 1. Olhando assim, só comprovo que as pessoas estão ficando mais sem paciência e bom humor. Todos possuem expressões fechadas e zangadas, frustrados com suas vidas sem alegria ou animação. Ainda me pergunto se vale a pena trabalhar tanto por dinheiro, já que no final, acabei morrendo sem aproveitar nada. É, prefiro viver perigosamente, nem que eu apenas tenha dez dólares no bolso. Pelo menos vou ter um sorriso no rosto e mil sonhos.

 

O prédio do colégio se aproximava e eu diminuía a velocidade da moto. Estacionei nas vagas presentes em frente à escola, e meus amigos se aproximaram.

 

– Parece que nosso anãozinho resolveu se rebelar e fazer o motoqueiro rebelde. – Taehyung falou e eu o fuzilei com os olhos assim que tirei o capacete da cabeça.

 

– Sorte que estou de bom humor TaeTae. – Falei e sorri amarelo, acho que o assustei, já que o mesmo arregalou os olhos.

 

– Quem é você, e o que fez com o Jimin ranzinza que nunca me chama de TaeTae? – Falou e todos riram, inclusive eu.

 

– Larga de ser bobo. – Falei descendo da moto e colocando apenas uma alça da mochila em meu ombro. – E aí, o que aconteceu ontem de bom? – Perguntei assim que começamos a andar, até o lugar que ficávamos antes do sinal tocar.

 

– Depois de você sumir misteriosamente? – Namjoon questionou arqueando a sobrancelha, dei de ombros e assenti.

 

– Verdade, você sumiu do nada ontem, e... JungKook também não estava na aula de inglês, mas foi ele que começou aquela briga com Hyuna. – Hoseok parecia confuso e eu apenas espremi os lábios e suspirei olhando para o céu. Fingir que nada aconteceu era a melhor escolha. Porém meus amigos são piores que investigadores do FBI.

 

– Park Jimin, tem certeza que você não tem haver, com o sumiço repentino de JungKook ontem? – Jin questionou cruzando os braços, o olhei e engoli em seco. Era impossível mentir olhando para aqueles olhos que pareciam ler a minha alma, e não, isso não é bom.

 

– Tá, eu tenho haver. – Bufei erguendo as mãos em rendição.

 

– Eu sabia! – Taehyung exclamou e todos concordaram com as cabeças. – Agora explica isso. – Falou e todos pareciam esperar uma puta explicação de mim.

 

– Não foi nada demais, só achei que Hyuna tinha pegado pesado com ele, e no meio daquela briga dela com a menina de cabelo azul, puxei JungKook para longe, para fora da escola. – Suspirei levemente. – E eu só levei ele para casa, como já disse, nada demais. – Finalizei com uma mentira. Se eu dissesse que na verdade, o levei até uma cachoeira escondida, todos arqueariam as sobrancelhas e provavelmente pensariam besteira.

 

– Então quer dizer que Park Jimin estava sendo legal com alguém que mal conhece? – Namjoon disse com sua ironia. Bufei.

 

Eles podem pensar que eu não o conheço, mas acho que sou a pessoa que mais conheço ele. Eu sei os motivos da sua isolação do mundo, eu sei... tudo o que preciso para saber que ele é alguém que, com certeza é perfeito para ser meu amigo. JungKook é... um simples menino que teve que lidar com muito sofrimento, jovem demais. Ele provavelmente chorou por meses em seu quarto, provavelmente se culpou e até tentou coisas horríveis consigo mesmo. Só de pensar nisso, já sinto aquela vontade de protege-lo, como quando o abraço. Talvez eu devesse parar de relembrar algo tão fútil como um abraço.

 

– É, as pessoas mudam. Mas, não contem para a Hyuna, se não ela vai fazer um inferno na minha vida, e também na de JungKook. – Falei cruzando os braços, todos assentiram.

 

– Ela ficou uma fera quando percebeu que você tinha se mandado, sorte que ela nem se ligou que JungKook também tinha ido embora. – Hoseok falou e eu agradeci a Deus mentalmente.

 

– Eu quase beijei aquela garota de cabelo azul pela surra que ela deu na loira oxigenada. – Taehyung disse rindo e Hoseok o fuzilou com o olhar. Todos riram do que ele disse.

 

– Nem pense nisso Tae. – Hoseok disse ainda o olhando.

 

– Você fica tão fofo com ciúme. – Taehyung disse apertando as bochechas do namorado.

 

– Ew, vocês são nojentos. – Falei fingindo uma ânsia de vomito.

 

– Olha aqui Park, até ante ontem você estava todo amorzinho com a Hyuna vadia, então não venha querer pagar de machão. – Taehyung falou e eu revirei os olhos.

 

– Acha mesmo que escolhi agir daquela forma? – Arqueei a sobrancelha e ele suspirou.

 

– E aquela história de que você não seria comandado pelos seus pais? Foram apenas palavras Jimin? – Questionava sério.

 

– Preciso falar com o professor, a gente se vê depois. – Arrumei a mochila no ombro e sai dali. Eu não me sentia confortável falando de tais assuntos com meus amigos, na verdade, sinto como se eles fossem me julgar por tudo. Eu sei, não deveria sentir isso com meus amigos, mas é a verdade.

 

Preciso achar JungKook.

 

Entro no colégio e vou andando pelo corredor. Eu sou Park Jimin, e como eu mesmo, deveria estar piscando para as menininhas inocentes, apenas por diversão. Eu deveria estar zoando com meus amigos, ou transando com Hyuna no vestiário feminino. Eu deveria faltar as aulas para beber em algum desses bares que costumava ir. Mas, de repente, ser Park Jimin é a coisa que eu menos queria ser agora. Ser invisível seria a melhor coisa que poderia acontecer comigo, assim... eu poderia ser amigo de qualquer pessoa, sem pressão ou preconceitos. Então, eu deveria tentar ser uma pessoa normal no colégio, não é?

 

Lá estava JungKook, com seu cabelo negro arrumado perfeitamente como sempre, sua roupa casual que se baseava em uma calça jeans escura e um moletom preto. Mesmo com uma roupa tão simples assim, eu ainda consigo acha-lo em meio a tantos outros. Ele é único. E por ele ser tão único assim, sinto medo de alguém mais perceber e rouba-lo. Quer dizer, roubar a amizade que temos. É, amizade...

 

– Você deve ser a garota mais amada desse colégio agora. – Falei chegando perto de Charlotte e JungKook, que pararam de conversar assim que cheguei. Ele riu de mim.

 

– A garota que eu bati foi a sua namorada, então... você não deveria estar bravo comigo? – Arqueou a sobrancelha.

 

– É, tem razão. – Assenti. – Sorte sua que não dou a mínima para a Hyuna, e ela já estava merecendo aquilo há muito tempo. – Disse e ela parecia surpresa.

 

– Que namorado amoroso você é. – Ironizou.

 

– É complicado, quem sabe um dia eu te conto toda essa confusão. – Falo e ela assente.

 

– Pode ser. Bom, meninos, estou de saída, a garota mais linda acabou de passar e não posso perder tempo. – Falou com seu jeitinho cafajeste e um sorriso malicioso.

 

– Então você vai competir com meu primo, ele também tem uma queda por aquela morena. – JungKook falou e Charlotte abriu a boca, parecia pasma.

 

– Aquele menino de cabelo pistache é seu primo? Meu Deus, vocês são completamente opostos. – Ela disse ainda pasmada.

 

– Todos dizem isso. – Ele falou parecendo um pouco desconfortável. Passei o braço por seu ombro e sorri ladino, uma forma de passar confiança talvez.

 

– Ele é meu inimigo nessa escola, mas confesso que ele é gatinho. – Charlotte disse ainda com seu sorrisinho pervertido.

 

– Pensei que seu lance fosse garotas. – Falei e ela assentiu.

 

– Na verdade, sou bi, mas prefiro as garotas. – Falou e eu assenti entendendo. – Enfim, vou indo. – Fala e vai até sua sala de aula. Retiro o braço do ombro de JungKook e me ponho a sua frente.

 

– O que estavam conversando? – Perguntei e ele rio nasalado.

 

– Oi para você também Park. – Disse irônico e eu ri baixo.

 

– Oi Kookie-ah. – Sorri sem mostrar os dentes.

 

– Estávamos falando sobre como Hyuna se ferrou ontem. – Falou e eu cai na gargalhada.

 

– Que maldade. – Dei uma risadinha e ele deu de ombros rindo fraco.

 

– É... ninguém sabe sobre ontem, não é? – Questionou e eu franzi o cenho.

 

– Sobre o que?

 

– Que nós saímos juntos do colégio.

 

– Ah, meus amigos sabem, mas não se preocupe. – Falei e ele suspirou levemente. – Porém, por que está preocupado com isso?

 

– Sei lá, quer dizer... se as pessoas soubessem sobre isso me encheriam de perguntas, como se eu era seu amigo, ou se éramos íntimos, coisas bobas que eu não quero ter que dar a satisfação para ninguém. – Disse.

 

– Somos amigos, e não acho que isso vai interferir em nada. – Ajeitei a alça da mochila em meu ombro. – Estou tentando ser uma pessoa invisível hoje, sem ter a fama que meu nome carrega. – Falei animado e ele outra vez rio nasalado, parecendo achar aquilo irônico.

 

– Acho que seu plano de ser o garoto apagado não está dando certo Park. – Falou e balançou a cabeça para que eu olhasse para trás de mim. Duas garotas que consequentemente já transei estavam com sua atenção focadas em mim, ambas pareciam querer transar de novo. Eu poderia muito bem ir para o vestiário com as duas, sem me importar, mas conversar com JungKook é mais interessante que isso. – Você é Park Jimin, e sem querer sua fama de galinha te persegue, então... lide com isso. – Disse as últimas palavras e piscou o olho, saindo dali, provavelmente indo para a sua sala.

 

Será que devo desistir de ser alguém mais normal?

 

 

(...)

 

 

Me dirigi até a sala, era a mesma aula com JungKook. A aula parecia mais entediante que qualquer outro dia, e os minutos não passavam. Minha única distração era olhar para o moreno sentado na cadeira ao meu lado e fazer gracinhas, como caretas e imitações do professor que explicava a matéria – ele mais parecia querer que todos dormissem –, acho que até o garoto de cabelos pretos estava entediado, tanto que controlava as risadas. Esses momentos descontraídos me fazem mais leve, e aumentam meu bom humor.

 

– Vocês formam um casal lindo. – Ouvi o cochicho de Charlotte para mim, a mesma estava sentada atrás de mim. Ok, uma frase que me deixou desconfortável. – Tá, você é hétero, mas vou shippar mesmo assim. – Falou e eu ri fraco.

 

– Você é doida. – Sussurrei de volta.

 

– O que vocês estão conversando? – JungKook perguntou baixinho parecendo confuso.

 

– Vocês três no fundo, calados! – O professor falou autoritário e eu me ajeitei na cadeira, guardando uma risada. Até parecíamos três amigos que trocavam segredinhos na aula. Confesso que isso me deixou animado.

 

As três primeiras aulas passaram, e incrivelmente tive as três com Charlotte e JungKook. Em todas conversamos nas aulas e riamos descontroladamente da forma que a menina de cabelo azul falava das meninas e meninos, para cada um ela inventava um apelido ou imitação. Assim que o sinal do intervalo bateu, levantamos e saímos da sala, e fomos os três para o lado de fora do colégio. Se eu não fosse Park Jimin, ninguém notaria as minhas novas companhias, mas como carrego esse nome... todo mundo parecia estar interessado nos motivos para eu estar andando com os dois que estavam ao meu lado. Apenas continuei andando até onde JungKook disse que era melhor para ficar, no caso, de baixo de uma arvore que tinha uma ótima sombra e uma leve brisa que batia em meu rosto.

 

– Por que parece que todos estão olhando para nós? – Charlotte pronunciou se sentando ao meu lado, assim ficando eu no meio deles.

 

– Essas são as consequências de se andar com Park. – JungKook falou e a garota riu.

 

– Oi primo! – Yoongi chegou acenando para o primo. – Oi Jimin. – Sorrio ladino e eu disse um ‘’oi’’ também sorrindo.

 

– Oi inimigo. – Charlotte falou e Yoongi parecia confuso.

 

– Ah, sou seu inimigo por roubar todas as garotas de você? – Ele falou brincalhão já se sentando conosco. Eu estava me divertindo.

 

– Até parece. – Rio cínica. – Confessa que está perdendo as garotinhas para mim, querido. – Falou a última palavra com certo deboche.

 

– Posso até estar perdendo, mas sei que logo é você que cairá em meus encantos baby. – O primo de JungKook piscou o olho para a menina de cabelos azuis que tinha uma expressão estranha. Ok, eles são estranhos.

 

– Não sou fácil assim, devia saber. – Ela disse.

 

– As difíceis são as melhores, e isso você devia saber. – Comentou sorrindo ladino e eu me sentia por fora da conversa, mas mesmo assim estava rindo com aquelas provocações. Eu sei que em alguma hora eles vão estar se pegando em algum canto.

 

– Amor, não te vi hoje. – A voz de Hyuna se fez presente e eu até me espantei, ela apareceu do nada. – O que... está fazendo com eles? – Ela pronunciou o ‘’eles’’ com desdém e isso me irritou.

 

– Estou me divertindo, por que? – Arqueei a sobrancelha e ela parecia incrédula.

 

– Parece que só está decaindo na escola das amizades. – Revirou os olhos e eu pude ouvir o bufar de Charlotte ao meu lado.

 

– Ah garota, vê se cai na real. – A mesma estalou os dedos. – Não adiantou a surra que ganhou ontem? – Arqueou a sobrancelha com um sorriso no rosto. – Ou eu deveria falar com meu pai? Aposto que ele adoraria conversar com o seu. – Na mesma hora, a loira saio dali às pressas e todos caíram na gargalhada.

 

– Bate aí! – Yoongi disse levantando a mão e recebendo um toque de Charlotte.

 

– Não gosto de me gabar sobre meu pai, mas situações assim pedem medidas do mesmo nível. – Ela disse e eu assenti concordando.

 

– Não quer ir falar com seus amigos? – JungKook questionou para mim.

 

– Está querendo me expulsar Kookie-ah? Belo amigo você. – Falei irônico.

 

– Kookie-ah? – Taehyung brotou atrás de mim, e quase tive um infarto. Espera, meus amigos estavam todos ali também. – Não sabia dessa intimidade entre vocês. – Comentou se sentando, junto com Hoseok, Jin e Namjoon.

 

– Menina, você é foda. – Taehyung aproveitou para falar com Charlotte.

 

– Eu sei. – Se gabou dando um toque na mão do meu amigo.

 

– Parece que Hyuna correu daqui mais rápido do que diabo foge da cruz. – Namjoon falou e todos caímos na risada, inclusive JungKook que ficava tão lindo rindo... ok, para com isso Jimin.

 

– Gente, viemos aqui para convidar vocês para a festa que vai rolar na praia. – Jin falou, e como ele é uma pessoa informada, sabe de tudo que acontece. – Vai ser no final de semana, começando na sexta e terminando no domingo. – Explicou.

 

– Já até posso imaginar as garotas de biquíni, fala sério, muita tentação. – Charlotte falou quando todos estavam em silencio e isso gerou mais risadas.

 

– Concordo. – Yoongi assentiu.

 

– Estou mais preocupado com os garotos e seus abdomens definidos, esses sim são uma tentação. – Taehyung falou e fingiu estar com calor, levando um leve tapa do namorado. – Que isso amor, sabe que sou amo você. – Deram um selinho.

 

– Enfim, vocês vão, não é? – Jin questionou olhando para nós, no caso eu, JungKook, Charlotte e Yoongi.

 

– Temos que ir sozinhos? Porque sou péssima em achar os lugares. – Charlotte pergunta.

 

– Ah, esqueci de falar sobre isso. – Jin parece lembrar do que ia falar. – Estamos organizando uma vã para irmos todos juntos, então a vã passará na casa de cada um, para logo irmos para a praia que deve ficar umas duas horas de Seattle. – Explica e todos parecem entender bem.

 

– Então com certeza vou. – A garota de cabelos azulados afirma com a cabeça.

 

– Eu também vou. – Yoongi se pronuncia. – Acho que nossa disputa será maior lá Lotte. – Ele disse e eu apenas ri fraco com o apelido do nada. Até parece eu e JungKook.

 

– Concordo Yoon. – Charlotte fala também inventando um apelido para o garoto de cabelos pistache.

 

– Não curto muito praia. – JungKook falou e ninguém ali presente entendeu o seu gosto. Mas eu sim, eu sei que ele tem medo de se afogar, e não sabe nadar.

 

– Não se preocupe, não temos que entrar na água. – Falo olhando para ele que me olha com um certo brilho de alivio nos olhos.

 

– Não gosta da água salgada JungKook? Eu também não, ela resseca meu cabelo. – Taehyung fala e passa os dedos sobre os fios de seu cabelo. Com certeza ele é a pessoa que mais se preocupa com a aparência do nosso grupo.

 

– Tipo isso. – JungKook resmungou. – Tudo bem então, eu vou. – Disse e eu sorri ladino. Conheço essa praia que a festa será, e lá é o lugar perfeito para se ver as estrelas a noite, tenho certeza que o moreno irá adorar.

 

– Pode guardar lugar para mim nessa vã. – Falei e Jin abriu seu sorrisinho contente por todos irem.

 

– Ok, então está combinado gente. – Falou o loiro. – Espero que o Tae não vá a viagem inteira ouvindo Britney Spears. – Fala e todos gargalham, menos Taehyung que o olha incrédulo.

 

– Só não te xingo, porque mudei minha playlist para Lady Gaga. – Comentou e todos riram ainda mais.

 

É tão bom esse clima agradável.

 

 

(...)

 

 

As aulas haviam acabado e todos pareciam querer sair logo daquela sala, assim como eu. Essa última aula JungKook não estava na mesma sala que eu, então assim que o sinal bateu, joguei a mochila no ombro e sai atrás dele pelos corredores lotados, bati em algumas pessoas e ouvi xingamentos, mas tenho certeza que todo que me xingaram se arrependeram assim que me viram. Uma outra hora ameaço essas pessoas. Os cabelos negros dele são únicos, porém não estavam naquele corredor.

 

– Yoongi! – Exclamei o nome de seu primo assim que cheguei no lado de fora do colégio.

 

– Fala Jimin. – Disse se virando para mim.

 

– Viu o JungKook? – Perguntei como quem não quer nada.

 

– Não. – Nega com a cabeça. – Quer dizer, eu só vi ele indo para lá. – Apontou para uma direção.

 

– Valeu. – Falei e fui na direção mencionada, mas não vi ninguém. Consequentemente, essa direção tinha o fundo da escola e eu como ou curioso, fui até lá. Comecei a ouvir xingamentos e gritos, e mais a fundo, gemidos de dor, espera.... conheço essa voz que está impiedosamente pedindo por ajuda.

 

Corri até o fundo da escola e a cena que vi, preferia apagar da minha cabeça. O garoto de cabelos negros estava jogado no chão, como um saco de lixo. Rodeado por três caras de capuzes que o chutavam e o xingavam. Eu senti tantas coisas naquela hora que nem posso descrever. A primeira delas foi raiva, uma raiva que me subiu rapidamente, me fazendo partir para cima deles.

 

– É o Park Jimin, cara. – Um deles falou e rapidamente os três saíram correndo.

 

– Park... – Ouvi a voz fraca do moreno, fui até ele e vi que seu rosto tinha alguns roxos e arranhados. Vi que sua cabeça tinha um machucado, e estava sangrando, provavelmente se eu levantasse a camiseta, encontraria outros roxos. Me agachei e coloquei sua cabeça sobre meu colo enquanto discava para o meu motorista, assim chamaria menos atenção do que uma ambulância.

 

– Eu estou aqui Kookie-ah. – Falei enquanto tirava os fios negros de sua testa. – Eu prometi que sempre estaria com você. – Falei enquanto tinha o celular no meu ouvido, esperando que o motorista atendesse. Assim que ele atendeu, falei para vir apressadamente e entrar por trás da escola. Uma ligação rápida e apressada.

 

– Não deixe-me afogar... por favor. – A sua voz ainda mais fraca pediu e eu franzi o cenho não entendendo, mas resolvi não questionar.

 

– Eu também prometi que nunca te soltaria, então não vou. – Falei e percebi que ele já tinha desmaiado em meu colo, o que só aumentou meu desespero.

 

É normal sentir essa agitação absurda no peito? É normal querer chorar descontroladamente por uma pessoa que conheço há pouco tempo? É normal... desejar que quem fez isso morra da pior forma possível?

 

 

 

Continua....