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História Past Lives - Chapter 18


Escrita por: MafeSweet

Notas do Autor


Heey babys!!
Olhaaaa ela
Cheguei em menos de duas semanas bbs
Sou mara, eu sei
Quem dera
Vamos lá chorar... -q

Capítulo 22 - Chapter 18


Fanfic / Fanfiction Past Lives - Chapter 18

POV Park Jimin:

 

 

Não. Não sei o que se passou em minha cabeça naquele momento. Não sei de onde tirei impulso o suficiente para fazer aquilo. Eu não sabia nada. Mas posso afirmar que no momento que coloquei meus olhos em JungKook e ele tinha os cabelos bagunçados pelo sereno vento, os olhos iluminados pelas estrelas e até os lábios finos mais rosados, algo dentro de mim gritou. Gritou desesperadamente e eu falei. Falei coisas que nem se quer tinha confirmado comigo mesmo. Se eu queria mesmo beija-lo? É, acho que sim. Pelo menos naquele momento eu quis muito isso.

 

É tão estranho pensar que beijei um homem. Aquele mesmo garoto que um dia achei estranho e instigante, que a uma hora atrás via as fotos da minha família comigo, que foi meu amigo e até a pessoa que me compreendia nos momentos difíceis. JungKook nunca foi apenas meu amigo, ele parecia o irmão que eu nunca tive. Mas logicamente eu não sentiria atração pelo meu irmão, e isso seria incesto. O mais estranho de tudo isso foi o que eu senti assim que colei os lábios nos seus. Pode parecer a coisa mais clichê do mundo, porém eu sento o mundo perder a importância e só tinha nós dois ali naquela praia, sendo banhados pela lua.

 

Seus lábios tinham gosto de baunilha e isso só me fazia aprofundar mais e mais o beijo que não podia ficar mais intenso que aquilo. Minhas mãos já estavam em sua cintura, e era ótimo aquela sensação. Tão boa quanto suas mãos puxando meu cabelo, fazendo-me até sorrir em meio ao beijo que me fazia queimar por dentro. Mesmo com a brisa gelada, eu estava quente, eu estava queimando internamente. Meus pensamentos mais fúteis foram afastados e eu só queria aproveitar aquela sensação boa. Seus lábios nos meus, seu perfume em meu nariz, suas mãos em meu cabelo e nossas línguas entrelaçadas. Definitivamente Jeon JungKook foi meu melhor beijo.

 

Não estou sendo precipitado, é a mais pura e amarga verdade. Já beijei muitas pessoas nessa vida, todas meninas, e apesar de serem ótimas no que faziam, nenhuma delas – muito menos Hyuna – fez o que ele fez. Agiu com intensidade. Nenhuma me fez sentir o quão aquilo era profundo. Nenhuma dessas ficadas me fez ficar tão atordoado quanto eu fiquei assim que soltei seus lábios e colei minha testa na sua. Eu estava envergonhado. Park Jimin envergonhado, quem diria. Tudo aquilo que eu havia dito estava presente em mim agora, aquela palpitação insistente em meu peito, e até a forma atrapalhada que me impedia de pensar ou raciocinar. Eu estava frágil, e nunca fiquei assim antes. Eu... o que eu fiz?

 

Eu, o pegador do colégio, o cara que todos queriam ser, acabou de beijar um homem. Engoli em seco ao perceber o que havia de fato, feito. Eu só podia ter pirado. Sou hétero, e por que meus hormônios agiram assim? Mesmo que eu esteja em pé, minhas pernas estão bambas e eu sem respostas para minhas próprias perguntas. Tudo é confuso e em meu peito há uma confusão maluca de sensações e sentimentos. Meu Deus, o que eu fiz?!

 

Minhas mãos já não estavam em sua cintura, agora estavam em seus ombros enquanto meus olhos eram fechados e nossas testas coladas. Confesso que sou um idiota que não consegue admitir a burrada que fez. Nossas respirações já eram mais serenas e eu engolia em seco toda hora por medo do que aquilo iria resultar. Ele pensava que eu era um tarado louco? Mas, ele me correspondeu, então também gostou do beijo? Eu gostei do beijo? Ah, isso eu posso garantir. Foi delicioso, maravilhoso, e um pecado a mim mesmo.

 

– Jiminnie-ah... – Aquele apelido saiu de forca arrastada e quase rouca de sua parte. Sua voz estava tão melodiosa naquele momento que eu poderia ouvir o eco do que ele havia dito por longas horas. – O que fizemos? – Perguntou em um misto de todas os sentimentos possíveis na voz. Ele parecia confuso, pasmo, e mesmo assim um tanto manhoso. Mesmo que eu abrisse a boca diversas vezes, em nenhuma delas eu conseguia dizer alguma coisa. Sou a porra de um otário mesmo. – Você está bem? – Eu podia prever que seus olhos agora estavam abertos e me encaravam, mesmo que sua voz fosse baixa, tinha uma preocupação ali que me fez abrir os olhos vagarosamente e o encarar.

 

Ele estava bem na minha frente, e por alguns segundos me desconcentrei perdidamente, JungKook estava.... perfeito. O perfeito que digo, é o cabelo bagunçado pelos meus toques, e os lábios inchados e vermelhos. Ele tinha uma imagem erótica que me fez perder a fala e o encara-lo como um psicopata. Seus olhos demonstravam confusão, e eu estava igual por dentro.

 

– O que fizemos? – Repeti a sua pergunta em um tom também baixo e o encarei sem saber o que responder. Eu estava uma bagunça, uma bagunça sem solução. Parecia um problema de matemática sem pé nem cabeça. Tínhamos nos beijado e ali estávamos, nos encarando como dois bobos. – Eu... meu Deus. – Foi ali que a ficha caiu direitinho.

 

Eu tinha beijado um cara.

 

E não era qualquer cara, era meu amigo, o mesmo garoto que eu importunava e adorava chamar de Kookie-ah, o mesmo cara que aparecia em meus sonhos mais leves, o mesmo cara que me encarava sem reação. Uma sensação de tristeza nasceu em mim e eu tenho certeza que tinha a mesma expressão estampada no rosto. Pela primeira vez, Park Jimin, não sabe o que fazer ou como agir. Desviei o olhar para meus pés, eu não conseguia encara-lo, para mim tudo tinha perdido o sentido de uma hora para outra.

 

– Está arrependido? – Ele questionou ainda baixinho e eu voltei minha atenção para ele, o mesmo me encarava e eu senti uma vontade de chorar repentina. Suspirei fundo e aguentei as lágrimas que queriam muito sair dos meus olhos. Só o que me faltava era começar a chorar bem na sua frente, depois de... vocês sabem.

 

– Você não? – Retruquei no mesmo tom e o moreno abriu os lábios mas nada saiu. Seus olhos estavam vazios e nem o brilho mais forte parecia ser suficiente para trazer de volta o seu brilho natural. Agora eu senti uma raiva crescendo dentro de mim, e mesmo sem entender, fechei minha mão em punho. – Você... você deveria ter me empurrado JungKook, ter me batido, qualquer coisa que não fosse corresponder aquele beijo sem nexo. – Minha voz era dura e eu sentia meu sangue ferver em minhas veias e a expressão dele era de confusão, uma ainda maior pela minha reação.

 

– P-por que? – Ele havia vacilado na voz e eu senti esses dois sentimentos crescerem dentro de mim: tristeza e raiva.

 

– Porque... porque é errado, somos amigos e nos gostamos dessa forma, como qualquer amigo, e o mais importante, eu sou hétero. Você devia ter me empurrado, devia ter dito que era errado! – Exclamei a última frase com chamas nos olhos, eu estava fora de mim, e minha fala que parecia bater nele e voltar direto para mim, como um belo soco em meu rosto, aumentando a minha tristeza interior. Por que caralhos estou triste? Deveria sentir rancor ou qualquer merda. A vida é realmente irônica com a gente.

 

– Me desculpa. – Disse baixinho parecendo estar se sentindo realmente mal, tanto que até abaixou a cabeça e seu tom era de quase choro. Eu havia feito ele chorar? Agora eu me odeio. Por que sou tão confuso assim? Raiva e tristeza não combinam, ainda mais atuando juntos em minhas ações. – Eu... eu vou embora. – Falou ainda baixinho, virando-se para fazer tal coisa, porém segurei seu ombro e ele parou no mesmo momento.

 

– Não. – Disse e eu já podia prever sua cara confusa. – Dorme no chalé hoje, é muito perigoso sair por aí essa hora. Eu vou andar um pouco. – Falei me sentindo mais calmo e me culpando também por ser daquele jeito tão torto e sem o mínimo de pudor com as palavras que podem machucar. – Boa noite. – Disse e sai andando na sua frente. Sem apelidos, sem sorrisos, sem risadas e sem um olhar brilhante para iluminar meus sonhos mais sombrios.

 

Eu apenas apressei o passo para sair do campo de visão do moreno, e assim que juntei coragem para olhar para trás, assim fiz. Ele não estava mais lá e eu soltei um suspiro pesado e já podia sentir uma lágrima solitária descer pela minha bochecha, em seguida senti meus joelhos se impactando na areia da praia. Meu coração se apertava e meus olhos já estavam encharcados e eu nem sabia o porquê do choro. Eu só precisava eliminar essa dor repentina. Eu o beijei, e não adiantava culpa-lo, erramos juntos, fomos inconsequentes juntos. Estragamos uma amizade que era perfeita, todos os momentos mais puros foram pelo ralo em questão de poucos minutos.

 

Eu sei que o amanhã não vai mudar isso. Pecamos ao luar, de frente as estrelas que tanto amamos, fomos flagrados em um momento de luxúria e agora eu estou me sentindo péssimo. Por que? Porque mesmo que eu me arrependa de beija-lo, eu também sei que foi o melhor beijo da minha vida, e isso me faz negar inúmeras vezes e mesmo assim relembrar seus lábios nos meus. Até parece que estou sobe efeito de alguma magia negra, nunca desejei nenhum homem, nunca quis me aproximar de um tanto quanto quis de JungKook, mas isso tem uma resposta... tem que ter.

 

De repente um flash de todos os nossos momentos, se passaram em minha mente. E a cada lembrança mais meu rosto ficava molhado, porém era um choro silencioso, e eu apenas sentia a dor, sem transmitir isso em alto e bom som. O dia que nos conhecemos naquele primeiro dia de aula, eu ainda me recordo perfeitamente de seu olhar penetrante e brilhante, que me deixou sem ar e completamente curioso. Eu tinha que saber mais sobre ele. Depois veio aquela festa em minha casa, e pensando bem, desde aquele dia tudo parecia ter mudado. Naquela noite ele parecia tão livre, com os pensamentos longes enquanto dançava em meio aos outros. Mas ele se destacava. Ele era o único ali que parecia sentir a música em seu coração e se mexer no ritmo certo.

 

Ah, depois veio aquela história do parque, onde revelamos segredos e nos ajudávamos com sorrisos serenos e olhares amigáveis. E lógico, a cachoeira que foi uma experiência diferente para mim, ainda mais quando senti seu corpo tão próximo ao meu e eu quase me senti tão quente quando estava o beijando. A festa de ontem também foi assim, eu queimei por dentro quando estava dançando com ele tão perto. Parece que é só meu corpo se aproximar do seu que um misto de sensações, me invadem e complicam tudo.

 

As lágrimas pararam, e isso não significa que tudo havia se acalmado, meu peito ainda latejava em uma dor que eu não conhecia. Levantei após longos minutos que chegaram a se estender em algumas horas. Meu rosto já devia estar inchado o suficiente, e eu nem ligava. Voltei a caminhar olhando para aquela areia branquinha. É, claro, ontem também foi um passo a mais na nossa amizade, quando dormimos na areia e eu tive meus sonhos mais doces. Engoli em seco ao pensar o quão isso é inadequado de pensar-se. Respirei fundo ao chegar no chalé.

 

Abri a porta e entrei vagarosamente, e em cima do balcão havia um bilhete escrito em um papel que parecia antigo pela cor amarelado. O peguei e li o que estava escrito.

 

‘’Voltei para a casa de praia. Achei melhor assim. E me desculpa, me desculpa mesmo.’’

 

Engoli minha saliva em seco ao ler aquele pequeno bilhete. Ele se sentia assim por minha causa, por causa das minhas palavras. Sou um idiota, um verdadeiro idiota. De certo ele ligou para algum dos minutos o buscarem e não adianta eu querer ir atrás dele, eu... não teria o que falar. Acho que não consigo nem encara-lo direito depois do que fizemos. Eu estou com medo. Medo de perder a sua amizade, medo de não poder mais ver suas orbes tão perfeitas, seu sorriso contagiante e conversar sobre os assuntos que a maioria esnoba. Caralho, o que sou eu sem Jeon JungKook?

 

 

(...)

 

 

A noite passou. Foi longa e eu só conseguia encarar o teto do quarto enquanto minha cabeça e meu coração lutavam dentro de mim, até que enfim consegui fechar os olhos e dormir. E aí foi que veio um dos sonhos antigos, percebi isso pelo ambiente que eu estava como telespectador. Era sereno, calmo, como todos. A cena retratada era um quarto de um provável palácio, o moreno estava sentado de frente para uma mesinha, no chão e eu ouvi as batidas na porta.

 

– Entre. – JungKook falou e a porta foi aberta, e a minha figura passou por ela com um sorriso nos lábios que logo foi repetido pelo moreno que logo levantou e deixou um beijo nos lábios da minha figura. – Que saudades. – O mais alto comentou baixinho com a testa colada na dele.

 

– Faz poucas horas que nos vemos... – A minha figura disse e eu prendi a respiração ao ver aquilo. Tudo parecia tão perfeito, e eu me pergunto o porquê de sonhar com isso ainda. – Nossa noite foi perfeita Kookie-ah. – Até o mesmo apelido que eu uso, ele também usa. Agora, acho que nunca mais terei essa intimidade novamente.

 

– Foi mais que perfeita, foi maravilhosa, doce, e cheia de amor, pequeno. – O moreno sorria como um bobo e eu consequentemente sorri junto da minha figura. Tenho um ponto fraco, chamado sorriso do JungKook.

 

– Tem razão. Agora preciso voltar aos meus afazeres, nos vemos mais tarde, huh? – Perguntou a minha figura e o moreno fez um biquinho que foi definitivamente a coisa mais fofa do mundo e até eu engoli em seco ao ver aquilo.

 

– Claro. – Respondeu meio contra vontade deixando outro selar nos lábios da minha figura. – Eu te amo. – Ditou e eu senti meu próprio coração acelerar.

 

– Eu te amo. – Minha figura falou e o abraçou. Ah, como sinto saudade da quentura típica de seu corpo colado ao meu em um abraço carinhoso. Chega, chega e chega Jimin!

 

E foi nesse ‘’Eu te amo’’ que acordei com a respiração descompassada e meu peito pesado. Foi um dos sonhos que mais mexeu comigo, e olha que nem foi grande. Suspirei e vi que já eram 14:00, dormi boas horas. Passei a mão pelos cabelos e bocejei. Hora de encarar ele. Levantei e me arrumei em questão de poucos minutos, não comi nada, senti que se comesse, acabaria vomitando tudo por conta da sensação agonizante de olhar para o moreno. Vamos lá, a realidade nos espera.

 

Subi em minha moto e fui na velocidade máxima. Sorte que as estradas por aqui são paradas, e eu podia correr o quanto quisesse. Eu precisava correr e esquecer sobre tudo do dia anterior. Mas seria impossível fugir daquele beijo, ou das palavras duras que falei para o moreno. Eu sentia o vento forte contra meu corpo, e eu queria mais, muito mais, por isso acelerei e quase passei a entrada que me levaria para a casa de praia. Por sorte entrei a tempo e logo estava no mesmo lugar, estacionei a moto.

 

Vi que o som já estava no máximo e o a área do gramado estava lotado de pessoas que dançavam como se não houvesse amanhã. A ressaca para eles passou mais rápido do que imaginei, todos iriamos embora apenas amanhã de manhã – segunda feira –, perderíamos a aula, mas isso não importava. Não tínhamos provas e nem trabalhos. Então tudo bem. Entrei no meio daquela algazarra e logo Taehyung vinha em minha direção com um olhar que seria capaz de me perfurar.

 

– O que você fez, seu anão de jardim idiota? – Suas palavras eram duras e sérias e eu via que ele não estava bêbado. Engoli em seco.

 

– Como assim? – Arqueei a sobrancelha e ele fez questão de agarrar meu pulso fortemente e me arrastar para a cozinha da casa.

 

– Não se faça de inocente. – Apontou o dedo na minha cara. – Ontem à noite o JungKook chegou quieto, com a cabeça baixa e nem nos falou nada, apenas se trancou no quarto até agora. – Falou e eu senti o aperto no peito, e soltei o ar pela boca. – Eu até estranhei o fato de você não ter vindo com ele, mas presumi que tiveram alguma briguinha boba, porém... – Engoliu em seco.  – Mais tarde quando eu passei em frente a porta do quarto, uma fresta estava aberta e deu para ver claramente que ele estava chorando. Jimin, ele estava chorando todo encolhido no canto do quarto, e parecia realmente estar magoado com alguma coisa. – Seu olhar voltou a ser mortal. Eu já me sentia a pior pessoa do mundo. – Eu não sei o que você fez, mas é melhor ir falar com ele, antes que eu mesmo quebre a sua cara. – Disse e saiu de lá pisando duro.

 

Eu tinha duas escolhas: ir falar com ele, ou ir beber até esquecer que um dia conheci um moreno de olhos hipnotizantes. Infelizmente a primeira alternativa era a mais adequada.

 

Respirei fundo dezenas de vezes até subir a escada e parar de frente para o quarto que tinha a porta fechada. Levei a mão para a maçaneta e a abri rapidamente. Se não fosse assim, eu enrolaria anos ali pensando no que dizer e fazer. E foi quando eu vi a cena a minha frente. Era ele... ou pelo menos parecia. JungKook estava no canto do quarto, vestido com um moletom preto e calças do mesmo jeito, mesmo estando um calor escaldante. O moreno estava encolhido e abraçava as pernas, o mesmo levou o olhar até mim e eu vi o quanto seu rosto estava inchado e seus olhos vermelhos, devido ao choro. Meu corpo paralisou, doía tanto vê-lo daquela forma miserável que algo dentro de mim também queria que eu chorasse e caísse li mesmo no chão e desmoronasse com ele. Mas eu tinha que me manter forte. Engoli em seco antes de falar alguma coisa.

 

– Você... está bem? – Uma pergunta vacilada e idiota que saiu da minha boca e eu me repreendi por dentro, logicamente ele não estava nem perto de bem. Ele parecia me analisar por inteiro e soltou um suspiro leve, mas ele não estava leve, parecia mais que queria afundar em lágrimas.

 

– O que está fazendo aqui? – Ele retrucou com a voz baixa, como ontem, o moreno parecia que não queria conversar. Aproximei-me dele e me agachei a sua frente o analisei, eu queria passar os dedos em sua pele macia, queria poder abraça-lo e dizer que iria cuidar dele. Porém o culpado era eu. Eu era a porra do culpado dessa merda toda!

 

– Eu vim conversar com você. – Falei também baixo, com o olhar no chão, eu não tinha coragem para saber o estado de seus olhos.

 

– Não precisa. – Disse ríspido e eu levantei o olhar e me arrependi. Seus olhos estavam apagados, opacos e sem um pingo de intensidade ou brilho. Engoli em seco e quase desabei ali mesmo. Sua expressão não era uma das melhores, ele tinha raiva, rancor e tristeza, como eu ontem. – Eu entendi que foi um erro, você deixou bem claro. Também penso assim. – Falou com a pronuncia mais seca que qualquer coisa, e por um momento eu senti meu coração ser atacado por uma flecha que ardia em meu peito. Era bom o que ele tinha falado, era realmente bom, assim podíamos agir normalmente. Então por que parece que eu não havia gostado de ouvir aquilo?

 

– Então podemos agir normalmente, como dois amigos? – Perguntei mordendo o lábio inferior com esperança que ele me dissesse um belo sim e que sorrisse de novo.

 

Parece que seu sorriso sumiu, junto com suas risadas fofas e expressões belas. Eu sinto falta disso, e não se passou nem um dia inteiro desde o beijo que ferrou com tudo. Eu tenho que ouvir ele me chamar de Park, me xingar, me bater, qualquer porra que ele queira, apenas... quero ver uma reação vindo de sua parte. Não aguento essa expressão neutra que ele usava quando o conheci, faz-me sentir mal, como se ele não se importasse comigo.

 

– Não. – Negou apenas com uma palavra que serviu muito bem como uma facada em meu coração, fazendo-me ficar sem palavras e uma expressão pasma no rosto. – Eu preciso de um tempo, e creio que você também. Vamos nos afastar, e sermos desconhecidos um para o outro... pelo menos por um tempo. – Falou e eu percebia uma certa angustia em sua voz, a mesma que crescia em meu coração.

 

Ele queria afastar-se de mim? Me deixar? Agir como se nossa amizade não significasse nada? Isso machucou. Suas palavras machucaram, foram como adagas em minhas costas, me deixando sem chão. Pisquei algumas vezes para ter certeza que era mesmo aquilo, e o moreno tinha a mesma expressão neutra no rosto, como se não estivesse sentindo nada. Aquilo doía, doía e doía. Se ele quer assim...

 

– Tudo bem. – Me levantei e suspirei guardando as benditas lágrimas que queriam rolar pelo meu rosto. Chega de chorar, lamentar, ou coisa pior. Foi um beijo, um erro que fizemos juntos, um pecado que pecamos juntos e a consequência de tal ato de prazer foi o fim da nossa amizade que parecia ser forte. Me enganei dessa vez. – Se é assim que você quer, ótimo. – Falei a última palavra quase em um tom sarcástico, logo saindo daquele quarto.

 

Fechei a porta atrás de mim e me encostei na porta, murmurei diversos ‘’como sou burro’’. Acho que agora vou apelar para o álcool que irá me fazer esquecer até do meu próprio nome.

 

Caminhei para fora da casa e fui direto para o balcão, pedindo cinco doses de vodca, as virando em questão de segundos. Senti o liquido queimar em minha garganta e parecia que aquele liquido não fazia efeito em mim, o que me fez pedir mais cinco e virar sem dó. Atitudes inconsequentes, resultam em ações inconsequentes. Essa frase nunca fez tanto sentido naquele momento, já que no momento que vi Hyuna passar em minha frente, a puxei e uni nossos lábios em um beijo necessitado e apressado. Por que? Porque eu precisava comparar, eu tinha que ter a certeza que o beijo da loira era melhor que o de JungKook. E... eu estava errado. As sensações que eu recebia ali não passavam de uma troca de saliva cansativa, e quando eu estava com ele, era tudo mais intenso. Chega, eu preciso parar. Isso só pode ser falta de sexo.

 

– Uau, o que foi isso? – Ela sorriu satisfeita assim que separei nossas bocas. – Hoje vai querer algo a mais? – Ofereceu mordendo o lábio e eu só consegui ver o moreno na minha frente, fazendo aquilo e me deixando realmente duro. Eu estava pirando, e o feito do álcool estavam fazendo efeito rápido demais agora.

 

– Claro... – Sussurrei em seu ouvido e a mesma arrepiou-se, a puxei para dentro da casa.

 

Depois disso, todos sabemos o que aconteceu.

 

 

(...)

 

 

Sabe aquela sensação de quando você acorda e não se lembra de nada, e é tão bom? Mas logo após cinco segundos a realidade bate na porta e você sabe que vai ter que encarar o mundo lá fora. Abri os olhos e olhei para o lado, vendo Hyuna coberta pelo lençol branco, ela estava virada para o outro lado e dormia. Caralho, eu realmente transei com ela. Sou um idiota mesmo. Acho que estou falando muito isso ultimamente. Me martirizei por dentro e logo levantei, pegando as roupas espalhadas pelo chão e as vestindo em uma velocidade absurda. O quarto que eu estava só podia ser um dos demais para hóspedes.

 

– Jiminnie-ah... – A voz da loira foi arrastada pelo sono. Sim. Eu pensei nele. Em como sua voz ficava fofa e até sensual quando pronunciava o apelido carinhoso. Suspirei mais uma vez. – Voltamos? – Questionou e eu a encarei, a mesma havia se sentando na cama e cobrindo o busto com o fino lençol. Seus olhos estavam cheios de esperança.

 

– Não vou voltar com você por causa de uma transa. – Falei e seus olhos ficaram opacos, como os de JungKook. – Foi um deslize feito pelo álcool, então... esquece que um dia namoramos. – Pisquei um dos olhos e sai dali.

 

Eu posso ser um babaca pelas minhas palavras, mas era verdade. Eu não ficaria com ela apenas porque dormimos juntos. E a sua esperança foi à toa. Assim como essa merda. Eu transei com ela e lembro de cada minuto, cada beijo, toque e estocada. Antes eu deliraria em querer uma outra transa, mas agora, não. Descontei minha frustração no sexo com Hyuna que provavelmente estaria magoada dentro daquele quarto. Desculpa Hyu, mas você sabe que comigo é assim, uma trepada, e mínimas chances de uma ligação no outro dia.

 

Ainda eram 21:30 da noite e o som estava mais baixo, devido a volta de todos para a cidade amanhã. Contando que a maioria estava jogado no chão, no gramado, e até nas boias da piscina. Uma verdadeira bagunça. Andei em meio aquelas pessoas, e por incrível que seja, Taehyung estava encostado no balcão, parecia sobreo e Hoseok estava ao seu lado. Quer dizer que o casal não foi para um quarto? Parece que o fogo está abaixando.

 

– Park anão Jimin, o que você fez dessa vez? – A voz do meu amigo era dura e chegava a cortar.

 

– Eu ando fazendo muita coisa ultimamente, tem como especificar? – Nem preciso dizer que seu olhar de reprovação passava por mim e me partia ao meio.

 

– Eu vi muito bem você puxando a vadia loira para o quarto, e vi ainda mais quando o JungKook saiu correndo pela festa e sumiu. – Ele falava e minha boca já ultrapassava o chão. – Você ficou com ela?

 

– Fiquei... mas-

 

– Sem mas Jimin, não culpe o álcool, que eu sei muito bem que a sua tolerância é alta. – Falou e eu já estava me sentindo mal de novo. Obrigada Tae.

 

– Tem razão. – Suspirei pesado. – Cadê ele? – Questionei fazendo menção do moreno. A imagem de mais cedo, de seu estado, passou-se em minha cabeça e eu notei o quão fui um canalha insensível por ter simplesmente desistido e ir transar com Hyuna. A mesma garota que o humilhou em frente a todos os alunos. Caralho, eu mereço morrer afogado naquele mar.

 

– Ah, você se importa? Porque não parece. – Seu tom era sarcástico e eu o olhei sério. – Eu não sei Jimin, e se soubesse já tinha ido atrás dele. Agora vai e ache ele, e conserte qual seja a merda que você fez. – Falou enquanto Hoseok ouvia quieto.

 

– O que eu fiz não dá para ser consertado. – Disse e sai dali sem deixa-lo fazer perguntas ou coisa do tipo. Eu tinha que achar JungKook.

 

Andei pela areia branca enquanto olhava para frente à procura do moreno que parecia ter sumido no meio de tanta areia. Até que, quase no final daquela praia, perto de alguns morros – pareciam montanhas de pedras –, lá estava ele, sentando na areia, com os braços em volta das pernas e o queixo apoiado nos joelhos. O observei de longe e vi o quão seu olhar parecia ser distante, junto com seus pensamentos. Suspirei e caminhei até ele, me sentando em silêncio ao seu lado, ele ao menos me olhou, provavelmente já sabia que era eu e não queria papo.

 

– Você deixou me deixou preocupado. – Falei encarando a água que estava banhada pela lua e parecia cristalina.

 

– Mesmo? – Ele não parecia interessado e eu senti aquele aperto no peito, que parecia ainda mais dolorido.

 

– Não seja assim, por favor... – Pedi baixinho alternando meu olhar para a areia, e sua cabeça virou-se para meu lado e ele parecia pensar no que dizer pela leve demora na escolha das palavras adequadas para aquele momento.

 

– Então como quer que eu seja? – Suas palavras eram frias e eu o olhei e encarei seus olhos que ontem pareciam muito mais cheios de vida.

 

– Eu quero que você seja o garoto que se tornou. – Falei e ele quase rio irônico do meu comentário, porém me deixou prosseguir com uma expressão neutra e sem vestígios de qualquer reação. – Quero que você me xingue, me fala tudo o que se passa em sua cabeça que parece estar cheia de pensamentos silenciosos que precisam gritar. – Falei e eu já sentia minha voz aumentar o tom, mas não me importei, eu precisava falar. – Quero que você ria como rio naquela festa em minha casa, sendo livre e sem pudores, podendo rir até o amanhecer. – Suspirei. – Quero que sorria e ilumine meu dia com isso, me dando todos os seus sorrisos, dos mais leves, até os mais elaborados e com significados. – Engoli em seco ao ver sua expressão mudar levemente, ele tinha os lábios entreabertos e eu quase me perdi no tom rosado deles. Engoli em seco de novo. – Quero que me chame de Park e faça-me sorrir com isso, é tão instigante a forma como você me chama que se tornou único. Eu não consigo mais viver sem ouvir isso de você. – Mordi o lábio um pouco nervoso. – Quero que você me abrace e me faça sentir o calor do seu corpo, se misturar com o meu. – Falei e mesmo que as palavras fossem um tanto diferentes, era verdade, era o que eu sentia. – Que me ajude nos momentos mais difíceis, assim como eu. Que me acolha em seus braços, assim como eu. Que goste de mim... assim como eu. – Finalizei passando a língua nos lábios, os umedecendo.

 

Eu havia dito tudo o que pensava. Tudo o que estava guardado no fundo do meu coração. E agora ele me fitava, processando tudo o que eu havia dito. JungKook fechou os olhos por alguns segundos e os abriu novamente, eu pude jurar que vi uma lágrima rolar pela sua bochecha, mas ele logo passou a mão ali.

 

– Esse JungKook não está aqui, não por agora. – Disse com as palavras menos afiadas. Porém o que ele disse havia ferido mais que o tom que eram ditas. – Mesmo que eu sinta falta disso tudo, eu não consigo ser o mesmo com você, não depois... – Engoliu em seco. – Aquilo mudou tudo, me mudou e mesmo que não tenha o mudado, eu preciso me afastar e repensar se ainda vale a pena continuar naquele colégio. – Ele falou e levantou-se, sem despedidas, sem mais palavras, o moreno apenas seguiu pela fina areia, e até sua forma de andar era diferente, parecia que ele carregava um peso extremo nos ombros. Eu não podia deixar por isso.

 

Levantei depressa e corri em sua direção, segurando em seu pulso com certa força e o obrigando a olhar para mim. Seu rosto estava... coberto por lágrimas. Uma cena nunca me deixou tão para baixo antes. Eu conseguia ver a dor em seus olhos e eu não conseguia entender. Ele parecia surpreso com minha ação desesperada e parecia ainda mais preocupado porque eu havia o visto daquela forma. Indefeso. Sensível. Frágil.

 

– Kookie-ah... – Falei baixinho e ele soluçou baixinho em meio aquele choro silencioso. – Não chore, por favor.... eu não aguento te ver assim. – Dei um passo à frente e ele um para trás. – Por que você está assim? Me fale. – Incentivei, mas ele não queria em contar. – Contamos segredos um para o outro, ainda mais profundos, então tudo bem em me contar o que se passa em sua mente. – Incentivei outra vez e ele fungou, tentando controlar as lágrimas que banhavam seu rosto belo.

 

– Nada se passa em minha mente, e sim aqui. – Pousou a mão em cima de seu peito e eu engoli em seco o olhando. – Eu só sei que machuca e eu não quero sentir isso. – Outra fungada. – Eu não posso deixar isso acontecer, eu não posso. – Negou com a cabeça. – Como eu disse, vou me afastar, e talvez isso seja o melhor para nós dois. – Soltou minha mão de seu pulso e deu mais um passo para trás. – Por enquanto, adeus. – Dito isso, ele voltou a andar e eu estava paralisado, sem saber o que fazer, ou o que falar.

 

Meu rosto queimava pelas lágrimas que ardiam ao rolar pelas minhas bochechas e eu sentia até um gosto amargo na boca e milhões de flechadas em meu coração, que me fizeram cair sentando na areia e desmoronar ali mesmo, sem motivo aparente. Eu não sabia o porquê de tanto choro, tristeza e até raiva acumulada. Não sou assim, nem quando brigo com meus pais. Agora o que eu sinto, se resume a uma perda enorme, como se deixasse um buraco em meu coração, uma parte insubstituível de mim havia sido arrancada sem dó nem piedade e naquele momento, eu realmente queria me afogar naquelas águas salgadas.

 

 

 

Continua....


Notas Finais


Até mais!! <333


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