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História Past Lives - Chapter 6


Escrita por: MafeSweet

Notas do Autor


Heey babys!!
Então amores, cheguei mais rápido dessa vez e com um capítulo enorme com a narração apenas do JungKook, podem ter certeza que me esforcei demasiadamente nesse capítulo. E queria pedir-lhes para compartilhar a fic em grupos de WhatsApp, ou até mesmo no facebook. Adoraria que meu duro trabalho ganhasse reconhecimento :)
Desde já, agradeço a você que lê e gosta <333
Vamos lá...

Capítulo 6 - Chapter 6


Fanfic / Fanfiction Past Lives - Chapter 6

POV Jeon JungKook:

 

 

A semana passou-se nesse ritmo mediano. Tenho que dizer que as conversas com Jimin acabaram desde terça-feira, algumas vezes ele me olhava, e eu mesmo via nas aulas que sentávamos juntos. Nesses dias, eu fazia de tudo para não ter que olhar para ele, desde ficar rabiscando o caderno, até fortalecer meu olhar na professora. Por algum motivo eu não queria olha-lo, porque se eu fizesse isso, com certeza iria desejar descobrir o segredo do seu brilho pessoal. Como já disse, seus olhos me mostraram um labirinto complexo, no qual eu adoraria atravessar, me arriscar, mas sou uma pessoa insegura demais para qualquer coisa assim. Não converso nem com meu primo – que por sinal é ótimo para mim – imagina com Park, que é um adolescente mimado, que brigou comigo, disse coisas do tipo ‘’sou o rei desse colégio’’. Com certeza não quero manter diálogos com ele. Quero apenas me esconder dentro da minha própria bolha de isolamento, sem amigos, sem colegas, sem possíveis traições. Pode ser triste, mas prefiro assim. Afinal, a realidade em si é uma tristeza só.

 

Hoje é sexta-feira. Para ser mais preciso, a hora do intervalo. Como todos os dias, os alunos conversavam, animadamente assuntos aleatórios que vinham em suas cabeças que eram ocupadas com assuntos joviais, como namoro, beijos, festas e sexo. Para mim esses eram os assuntos que mais circulavam nos grupos. A maioria deles deve achar que a vida se baseia nisso, tenho dó dessas pobres mentes que não conhecem a escuridão que a vida pode ser se você não se iluminar adequadamente. Posso dizer que já presenciei a escuridão total, na época que perdi meus pais, imagine se sentir sozinho, totalmente isolado, completamente só. Foi assim que me senti por muito tempo. Pensei em me matar diversas vezes. A vida não fazia mais sentido. Confesso que já vi até dicas em sites sobre como acabar com nossa própria vida, para mim qualquer coisa resolveria aquela minha dor. E o pior de tudo, era que ninguém me entendia. Ninguém sabia o inferno que eu estava passando, e sempre que tentavam conversar comigo, eu apenas dava respostas grossas. Assim ninguém se envolveria comigo, foi uma forma de não machucar as pessoas. Ninguém tinha a ver com meus machucados, então por que envolver mais pessoas no meu assunto pessoal?

 

Enfim. Yoongi andava ao meu lado, o mesmo falava sobre a tal garota que tinha ficado na terça-feira, disse como ela era grudenta, coisas do gênero. Ainda me pergunto do porquê dele ficar com as pessoas e depois sair falando mal – contando que ainda vê e sorri para a garota –, simplesmente não o entendo. Mas minha atenção estava a minha volta, até que meus olhos pararam sobre a única mesa do jardim. A famosa mesa dos populares e mais desejados do colégio, era assim que todos chamavam. Para mim é só uma simples mesa com alunos que se acham superiores aos demais. Minha visão foca em Park, ele estava com Hyuna em seu colo, a loira conversava com as amigas, fazendo questão de mostrar que o moreno era dela. A saia curta dela fazia os garotos que passavam perto quase tropeçarem pela grama, acho que ela gosta de ser o centro das atenções. Park estava rindo de alguma coisa que o mesmo garoto que eu tinha trombado no primeiro dia, tinha dito. Posso confessar que fiquei alguns segundos observando sua risada, a forma que seus lábios se contraíram em um sorriso contente era quase angelical. Sua expressão em si tornou-se a de uma criancinha feliz, seus olhos fecharam-se ao longo das gargalhadas, e as vezes levava a mão a boca para abafar um pouco o som das risadas espalhafatosas.

 

Acho a risada em si algo pessoal. Eu sei, isso é estranho, vezes todos os dias as pessoas rindo de coisas bobas, de estranhos na rua, ou de colegas nas salas de aula. Mas quando rimos, repartimos sensações boas com uma ou mais pessoas, as gargalhadas transmitem nossa alegria, rir é bom. E eu queria muito sentir novamente como é rir. Não é por falta de vontade, juro, na verdade, as coisas ao meu redor são tão cotidianas que perderam a graça. Antes tudo para mim tinha sua cor vibrante, poderia até dizer que cada pessoa tinha uma aura diferente, nos dias de hoje também acho isso, mas minha perspectiva mudou completamente. Agora, um sorriso no rosto pode significar tristeza internamente, uma verdade jurada pode ser uma mentira inventada, e até juras de amor podem ser apenas farsas palavras jogadas ao ar. Tudo mudou. Será que eu que mudei... ou as pessoas?

 

– JungKook, está me ouvindo? – Yoongi estala os dedos frente ao meu rosto, pisco os olhos em um ato de reflexo. – Você fica muito no seu mundinho isolado, devia se comunicar mais, pelo menos comigo. Me sinto tão solitário. – Dramatiza. – O que tanto pensa priminho? Anda tendo sonhos acordado? – Arqueia a sobrancelha, fazendo-me olha-lo de relance. Sonhos... ah sim.

 

Não tive mais sonhos daquele tipo com Park, acho que devo agradecer por isso. É um tanto constrangedor ter sonhos daquele tipo, ainda mais quando são com uma pessoa que você acabou de conhecer e já possui intrigas. Outro não. Não descobri como que o moreno sabe aquela porcaria de apelido, Kookie-ah, talvez ele tenha arranjado. Mas... não é algo muito fácil certo? Provavelmente deve ser coisa da minha cabeça achar que ele também possa ter tido um sonho como o meu. A expressão em seu rosto quando eu o chamei de Jiminnie-ah foi impagável, ele arregalou levemente os olhos longos e os lábios avermelhados se entreabriram em uma surpresa momentânea. Antes de sair de perto dele naquele dia, percebi que ele estava em uma confusão mental, como se também não soubesse o motivo de eu saber de tal apelido. Porém, é provável que ele tenha mesmo esse apelido, que seja algo intimo usado por Hyuna ou até pela sua mãe. Se esse for o caso, ele deve realmente ter pensado coisas estranhas sobre mim.

 

Não me importo em todo caso.

 

– Ah, esqueci de mencionar a festa que irá ter hoje. Você vai não é? – Os olhos esperançosos de Yoongi quase perfuraram minha alma naquele momento. A verdade é que não sou de sair, ainda mais para ir em festas, algo que todos já devem imaginar. O meu problema não é com a festa em si, mas sim com as pessoas que estão nela.

 

Muitas pessoas juntas. Álcool ao extremo, o cheiro deve ficar impregnado em todos. A música extremamente alta – até gosto –, não posso reclamar disso, já que meus fones sempre estão no máximo, para nem ouvir as coisas que acontecem a minha volta. As vezes prestar atenção em tudo cansa. Nessas festas adolescentes, tudo é muito, e isso me deixa com dor de cabeça só de imaginar. Como já devem imaginar, faz mais de dois anos que não vou em alguma festa, Yoongi já deixou de ir em várias por minha causa, e não importava o quanto eu tentava convence-lo a ir, ele dizia que sem mim não teria graça. Mesmo ele tendo seus amigos, preferia ficar em casa com alguém como eu. Tenho o melhor primo do mundo, posso ter a certeza disso.

 

– Sabe que não sou de ir a festas, ainda mais a essas que você costuma participar. – Falo ao me sentar em baixo da árvore, ele se senta ao meu lado e suspira. Foi quase um suspiro frustrado. Nesse momento várias coisas passaram pela minha cabeça, talvez eu devesse ir nessa festa para alegra-lo um pouco. Deixar essa vida de exclusão que eu mesmo defini por conta própria. Minha vez de soltar um leve suspiro, apoiando a mão no ombro de Yoongi, acho que até ele se assustou com essa minha ação. Não sou muito do contato físico, sim, isso é estranho. Afinal, é apenas o contato da minha mão com seu ombro coberta pela manga da blusa. – Mas se quiser posso ir. – Falo e seus olhos se arregalam, e seus lábios se contraem em um sorriso estranho. Ele estava surpreso e contente ao mesmo tempo.

 

– Tá falando sério? – Arqueia a sobrancelha mantendo o mesmo sorriso de antes. Assinto e ele aumenta seu sorriso quadrado. – Acho que hoje é o dia mais feliz da minha vida, vou conseguir te tirar daquele quarto. Diga adeus a sua vida nas trevas, porque hoje vou te apresentar as coisas boas da vida adolescente. – Ele estava completamente empolgado. Mesmo que eu fosse nessa festa, Yoongi não conseguiria mudar minha forma de ver o mundo, ou até mesmo a ‘’vida adolescente’’ que ele citou.

 

– Yoongi é apenas uma festa, nada demais. E já quero avisar que não vou beber nenhum tipo de álcool, tenho medo do que você pode me fazer se eu ficar sob o efeito de bebidas alcoólicas. – Digo e ele bufa, acho que acabei com seu plano maléfico de em embebedar e fazer-me ficar com alguma garota. Eu sei que esse é o sonho dele.

 

Levo meu olhar novamente para as pessoas que passavam pelo gramado. Prestando mais atenção nos assuntos de cada uma, a maioria falava nessa tal festa. As meninas discutiam a roupa que cada uma ia, algumas até queriam usar vestidos curtos para chamarem a atenção do time de futebol e basquete. E os meninos falavam de quem iriam pegar na festa, a forma que eles descreviam as garotas era nojenta, falavam sobre as características físicas de cada uma, e aquelas que não queriam se envolver com eles – babacas –, os mesmos as xingavam de vadias. Ou seja, podemos ver que eles caracterizam aquelas que se dão valor de vadias, e aquelas que são liberais, de gostosas. Outra coisa que odeio em festas assim, e nesses garotos sem conteúdo.

 

– Ok priminho. Já foi um grande passo querer ir na festa comigo. – Sorri.

 

– De quem é a festa? – Pergunto e dou um gole no meu suco natural de laranja que sempre levo para os intervalos.

 

– Jimin. – Fala naturalmente. Pensei em cuspir o suco igual aquelas cenas de filme, que o personagem se assusta ou fica surpreendido. Realmente não esperava que a tal festa seria na casa de Park, nessa hora reconsiderei a ideia de ir, mas... não tem motivos para não ir, é só ter cuidado para não trombar com ele, a casa deve ser grande o suficiente para isso. Espera, por que não quero encontrar com ele na festa? Acho que seria vergonhoso ele me achar em sua festa, depois de eu mesmo dizer que era para ele me deixar em paz, e nem me procurar. E se ele me achar, vai pensar que fui eu que o procurei... já sei, vou usar a tática do ‘’não me importo’’. Se eu ficar frente a frente com Park, vou passar reto sem nem olhar para ele. Pronto.

 

– Ah. – Murmuro baixo.

 

– JungKook, bem que você podia ficar com alguma garota nessa festa. Sabe, para reforçar seu lado masculino.

 

– Não. – Ele bufa.

 

Como pensei, agora meu primo vai querer me jogar para alguma dessas garotas que ele já ficou. Vamos começar a sessão de ‘’nãos’’.

 

 

(...)

 

 

A tarde até que passou rápida, acho que pelo fato de Yoongi ter ficado no meu quarto por todo o período. Ele fez questão de me dar dicas, segundo ele, eu precisava saber algumas coisas sobre essas festas. Uma dessas dicas era que eu tinha que pelo menos cumprimentar o anfitrião da festa, ou seja, Park. E de forma alguma quero falar um ‘’oi’’ para ele, na verdade, não quero nem que ele saiba que estou lá. Mas apenas assenti quando Yoongi disse isso, se eu falasse não, provavelmente ele me pressionaria até obter a resposta para o meu comportamento. Outra dica – um aviso – foi para eu não aceitar bebidas de estranhos, pois a bebida poderia facilmente conter drogas como boa noite cinderela ou outras. Nunca sabemos as intenções verdadeiras de uma pessoa. Isso que meu próprio primo falou.

 

– Já te drogaram? – Pergunto para ele, o mesmo se sentou na beirada da minha cama, enquanto eu estava de pernas cruzadas em cima da cama também. Ele soltou um breve suspiro e me olhou.

 

– Já. – Assente e eu me pego outra vez mergulhado na curiosidade de saber todos os detalhes daquela história. – Você está mais curioso ultimamente primo, posso comemorar. – Brinca e eu reviro os olhos. – Deve ter um ano e meio ou até dois que isso aconteceu. Foi em uma festa de faculdade, entrei com outros dois amigos escondidos, afinal, era uma festa de fraternidade. Estava tudo indo fantasticamente bem, até que um garoto aproximou-se de mim com um drink diferente, na época eu não fazia ideia que as pessoas pudessem ser tão más ao ponto de drogarem umas às outras. Tomei e já comecei a sentir os efeitos, eu me senti tonto de primeira, depois veio uma agitação no meu peito, como se meu coração fosse sair pela boca. Foi horrível. E um apagão. – Arqueio a sobrancelha. – Acordei no outro dia jogado no jardim da casa de fraternidade, haviam outras pessoas, mas acho que fui o único drogado. Tirando a parte de uma puta ressaca e dor de cabeça. Aprenda com essa história uma coisa, não aceite bebidas de estranhos primo. É furada. – Alerta e eu assinto. – A festa começa 21:00, e já são... – olha no visor do celular. – 19:00. Vamos sair daqui por volta das 20:40, a casa dele é meio longe. Fique pronto até lá, e use a roupa que te emprestei. Garanto que as garotas vão babar com babaram quando você usou aquela blusa na terça-feira. – Pisca o olho levantando da cama e saindo do quarto.

 

Bom, segundo meu primo, as garotas ficaram falando sobre meu porte físico com aquela blusa branca que eu fiquei na terça-feira. Já eu acho que isso é coisa da mente louca dele. E a roupa que ele deixou para mim usar na festa de hoje, é uma calça de couro que tenho certeza ficar apertada, pois era de Yoongi, mas ele disse que a mesma ficava folgada para ele. Acho que se eu não usa-la, bem capaz dele brigar comigo. Uma regata cinza que deixava meus braços totalmente a mostra. E se eu quisesse, tinha uma jaqueta também de couro. Junto a coturnos pretos. Posso tirar as seguintes conclusões, ele quer me deixar mais sombrio ainda com essas roupas escuras.

 

Nesse tempo que tinha de sobra, fiquei vendo algumas séries em meu notebook. Quando vi já eram 20:15, e eu tinha que correr antes que Yoongi me matasse por estar atrasado. Levantei da cama deixando meu notebook ali mesmo, entrei no banheiro e fechei a porta. Liguei o chuveiro antes de tudo, para deixar o vapor preencher o banheiro. Tirei a roupa e adentrei o box, a água quente entrou em contato com meu corpo frio, a deixei relaxar meus músculos enquanto lavava meus fios escuros. Foi um banho demorado, pensei sobre muitas coisas nesse tempo. A maioria delas levava em consideração a festa que iria, para ser mais preciso, se eu veria Park ou não, se ele me acharia um tolo por colocar os pés na sua casa. Acho melhor parar de pensar nessas coisas.

 

Assim que acabei o banho, desliguei o chuveiro e sai com a toalha enrolada na cintura. Antes de qualquer coisa, passei o perfume e desodorante, abri a porta do banheiro e senti aquela brisa fria bater em meu corpo. Gosto disso, mesmo me causando uma série de arrepios. Abro uma das gavetas do meu armário e pego uma boxer, a vestindo, por cima visto a calça de couro que ficou como eu já imaginava. Extremamente colada. Acho que ela marcava tudo ali, mas nem ousei tira-la, não porque Yoongi me mataria – também – mas é que se eu tentasse tirar, provavelmente iria rasgar a calça no meio. Sim, esse é o nível que uma simples calça estava nas minhas pernas. Deixei isso para lá e peguei a regata cinza, a vesti e vi que meus braços realmente ficavam totalmente a mostra, como o tempo estava um pouco frio – conclui pelo vento que entrava da janela – resolvi colocar a jaqueta que ficou perfeitamente bem em meus ombros e braços. Calcei os coturnos pretos e estava quase pronto. Mais uma dica de beleza de Min Yoongi, deixar o cabelo bagunçado para dar aquele ar de badboy. Mesmo achando isso uma bobeira, fiz o que ele disse, baguncei um pouco meus fios e olhei novamente no espelho. Se eu me olhasse agora, diria que estava um completo badboy. Estava ocupado me observando no espelho e pensando, que não notei quando a porta foi aberta e meu primo entrou. Parando em seguida, parecendo paralisado com alguma coisa. Me virei.

 

– Quem é você e o que fez com meu primo? – Disse ele na brincadeira. – Minhas roupas ficaram impecáveis em você. Pode falar, tenho um ótimo senso de moda. – Se gaba e eu reviro os olhos.

 

Yoongi usava uma calça jeans com rasgados no joelho, a calça também era colada ao seu corpo, só que menos que a minha – qualquer coisa seria menos colada que essa calça de couro –. Uma camisa social branca com as mangas arregaçadas até os cotovelos, nos pés ele calçava sapatos sociais. Seu cabelo estava como sempre, bagunçado – mais que o meu – e nos dedos ele tinha alguns anéis que gostava de usar. Yoongi estava como sempre ia as festas. Bem vestido.

 

– Já são quase 21:00, vamos? – Assinto pegando meu celular e colocando no bolso daquela calça. Saímos do meu quarto e descemos as escadas, minha tia estava lá em baixo gravando a cena. Espera, o que? – Mãe! – Yoongi exclama terminando de descer as escadas. – Depois ele nunca mais vai em nenhuma festa, e a senhora não sabe porque. – Bufa e leva um tapa de minha tia.

 

– Fica quieto menino. – Resmunga. – Preciso guardar esse momento. Está lindo JungKook. – Elogia-me.

 

– Obrigada. – Falo normal.

 

– Olha, vamos as regras. Não façam besteira, voltem no horário certo e tenham juízo. – Diz e dá um beijo na testa de nós dois. – Vão com Deus. – Sorri e sai da sala, voltando a sala, acho que ela não queria perder o programa de culinária que passava essa hora.

 

– Vem primo. – Yoongi me chamava já com a porta aberta.

 

Essa noite não será normal como as outras. Disso tenho certeza.

 

 

(...)

 

 

O táxi tinha acabado de parar em frente a uma casa enorme, era uma mansão na verdade. Olhando de relance, consegui ver os carros e motos estacionados, inúmeras pessoas, parecia que todo colégio de fato estava ali. De dentro do táxi era audível as conversas e risadas de todos. Yoongi entregou a nota de dinheiro para o motorista, descemos do automóvel. Suspirei e começamos a andar para a casa que parecia explodir com a música tão alta que tocava lá dentro. Jovens com copos vermelhos nas mãos riam como se não houvesse o amanhã, alguns já bêbados e outros nem tanto. Algumas garotas ao longo desse caminho vinham cumprimentar Yoongi com um beijo na bochecha, cada uma delas parecia feliz ao vê-lo ali.

 

– Sabe aquela morena que veio me dizer oi? – Ele pergunta ao meu lado, assinto. – Ela sussurrou no meu ouvido que te achou um gato. – Fala e eu olho ele que tinha uma expressão divertida no rosto, como se estivesse orgulhoso ou algo do tipo.

 

– E daí? – Dou de ombros. Estávamos entrando dentro da casa. O salão principal estava lotado de pessoas que dançavam ao som de uma música eletrônica que tocava, confesso que a batida era tão boa que quase me levava a balançar o corpo de acordo com a melodia. Falam que a batida sonora dos DJ’s, aceleram nossos batimentos cardíacos, fazendo todos ficarem animados o suficiente para deixarem o corpo se levar. A casa estava toda escura, com luzes coloridas que batiam nos jovens que dançavam na pista. Olhei para os lados, até que encontrei Park, se eu continuasse ali provavelmente ele me veria. Então... – Yoongi vem. – Puxei meu primo pela mão até aquela multidão que dançava loucamente.

 

– Por que me puxou até aqui? Quer dançar? – Ele gritava para que eu ouvisse já que a música estava muito alta.

 

– Quero. – Minto. Eu não quero dançar, queria despistar Park, e mesmo que meu primo achasse estranho, isso era melhor do que ele saber a verdade por trás da mentira.

 

– Tudo bem. Vou pegar uma bebida, prometo que o teor alcoólico será baixo. – Fala e antes que eu indagasse, ele sumiu entre as pessoas. Me peguei sozinho junto aquela multidão dançante. A música era tão alta que ocupou completamente meus ouvidos, a cada batida eletrônica meu corpo começou a se movimentar por vontade própria. Aos poucos meus olhos foram se fechando e eu deixei meu corpo navegar na melodia envolvente. Meus braços foram para cima como os de todo mundo naquela pista, vez ou outra sentia pessoas esbarrando em mim, mas nem me incomodei, estava muito mais preocupado com a melodia. E olha que nem tinha bebido qualquer coisa, imagina se tivesse.

 

– Não pensei que te veria aqui. – A voz rouca é sussurrada em meu ouvido de uma forma diferente. Me assusto e viro imediatamente, dando de cara com Park, meu plano de passar direto por ele foi por água abaixo. Afinal, não tinha como sair dali tão facilmente. Seu rosto era tomado por um sorriso que eu não consegui decifrar devido à falta de luz, mas algumas luzes vibrantes batiam em seu sorriso. A única parte que eu consegui ver da sua roupa, foi a blusa branca que usava, como se fosse aquela minha de terça-feira, grudada ao abdômen. Seu cabelo negro estava bagunçado e seus olhos pareciam analisar cada parte do meu rosto. – Então esse é seu visual fora da escola? – Questiona próximo ao meu ouvido, acho que corei um pouco, não sou acostumado com essa aproximação, mas não tive escolha, as pessoas pareciam me empurrar para ele. E para que eu o escutasse, só se ele se aproximasse mesmo.

 

– Não. – Nego.

 

– Entendo... esse visual descolado é para as festas. – Outro sussurro no meu ouvido. Por que ele está sussurrando no meu ouvido? É estranho.

 

– Não frequento festas. – Digo e consigo sair do meio daquelas pessoas. Infelizmente fui seguido por ele até o balcão, procurei meu primo, o mesmo conversava intimamente com uma garota ruiva. Pelo jeito a bebida que ele prometeu não chegaria tão cedo. Me apoiei no balcão e Park fez o mesmo.

 

– Venho a minha festa e nem pensou em dizer um mísero olá a mim? Que feio Kookie-ah. – Diz em um tom irônico. Quando esse apelido sai dos seus lábios, sinto uma sensação estranha. Como se já tivesse ouvido antes isso, antes mesmo do sonho. Estranho.

 

– Eu disse que era para você manter a distância, e você concordou Park. Por que precisa do meu cumprimento? – Tombo um pouco a cabeça para o lado e ele parece outra vez analisar minha expressão. Mesmo no escuro, seus olhos possuem o mesmo brilho de mil estrelas. Como uma pessoa como ele pode ter esse brilho todo apenas nos olhos?

 

– Educação é bom. – Fala e vira para o barman, ele pede alguma coisa que eu não escuto. – Já que não me cumprimentou, pode pelo menos beber comigo? – Arqueia a sobrancelha e eu lembro das palavras de Yoongi. Mas... ele seria capaz de tal coisa?

 

– Me ensinaram a não aceitar bebidas de estranhos. – Digo como se fosse uma ironia. Ele ri nasalmente com um sorriso no rosto. Duas bebidas são postas no balcão, pareciam drinks, um com a cor avermelhada e outro esverdeada. Park pega ambos copos e coloco o de cor avermelhada perto de mim, dando um gole do outro.

 

– Desde quando sou um estranho? – Pergunta e eu fico sem ter o que responder. De fato, ele não é um estranho, mas é a pessoa que eu tinha que evitar e cá estou conversando normalmente. Pelo menos ele não jogou na minha cara que estou na sua casa mesmo depois de tudo que falei.

 

– Apenas uma bebida. – Aviso e ele assente. Suspiro ao pegar o copo nas mãos, antes de qualquer coisa, sinto o cheiro doce vindo do líquido vermelho posto no copo transparente. Sem mais cerimonias, levo o copo aos lábios e tomo um gole. Era uma bebida de morango, completamente doce, apenas no final que se sentia o álcool. Confesso, foi uma das melhores bebidas que já tomei. Quando vi já tinha virado o copo por completo.

 

– Para quem não queria beber, foi bem rápido em terminar o copo. – Park fala na brincadeira. Ele ainda bebia o seu copo, na verdade, o seu ainda estava cheio, pois o moreno só tinha dado aquele primeiro gole.

 

Preciso de mais. Isso que uma voz dizia dentro da minha cabeça.

 

– Vai beber? – Questiono apontando para o seu copo, o mesmo pareceu não entender, mas negou com a cabeça. Peguei o copo e fiz como o outro, o virei de uma vez só. Era uma bebida de limão, o gosto ácido estava presente na minha boca, e o álcool também. Assim que terminei o copo senti meu corpo se aquecer totalmente, um calor subiu para o meu corpo. Park me observava com um sorrisinho de lado nos lábios vermelhos. Sem nem pensar duas vezes tirei a jaqueta de couro e a coloquei em cima do balcão, não me preocupei se alguém poderia pega-la. Parece que quando bebi ambas bebidas, a alavanca da razão foi desativada no meu cérebro.

 

– Com calor bebê? – Park pergunta na intenção de me irritar.

 

– Tchau Park. – Falo e vou para a pista de dança. Me infiltrou naquele aglomerado de pessoas de pessoas que ainda dançavam incansavelmente. Voltei a balançar meu corpo como a minutos atrás, só que agora parece que uma chama ardente se formou dentro de mim, meu corpo queimava a cada movimento. Meus olhos outra vez fechados e braços para cima, poderia ser uma dança engraçada, mas não me importava. Era isso que meu coração queria, foram movimentos que vieram de dentro de mim. Até que meus olhos se abrem um pouco, havia um braço estendido a minha frente, em sua mão outro copo transparente com um liquido claro, o cheiro entrou em minhas narinas e em um passo rápido peguei o copo e o virei como os outros dois. Era de abacaxi, doce e ácido, como se fosse uma mistura dos outros que já tinha tomado. O álcool do final fez meu corpo ferver mais e mais.

 

– Gostou mesmo dessa bebida, não é? – A voz rouca e agora mais aveludada indagou em meu ouvido. Me virei e lá estava Park, entreguei a ele o copo, o mesmo pegou e deu um sorrisinho. – Cuidado para não ficar bêbado, não sei quais são os seus limites. – Fala como se fosse um aviso, mas eu senti como se fosse uma provocação. Como se ele falasse que eu era fraco para bebidas. E naquele momento eu me senti absolutamente ofendido. Acho que o álcool realmente fez efeito no meu sangue.

 

– Posso aguentar muito mais Park. – Falo próximo ao seu ouvido, para que ele me escutasse.

 

– Tem certeza? – Assinto. – Então venha, vou te apresentar as bebidas mais fortes dessa festa. Além que adoraria te ver bêbado. – Diz me puxando pelo braço. Ok, acho que me ferrei.

 

 

(...)

 

 

Logo após o quinto copo de uma bebida extremamente forte, eu quase nem lembrava mais meu nome ou onde estava. Quando a última gota daquele álcool passou pela minha garganta, senti como se estivesse no inferno de tão quente. Agora sim posso me considerar bêbado, pois tudo ali estava girando, mas as cores estavam mais vivas do que nunca, a música parecia estar tocando especialmente dentro da minha cabeça, como uma caixinha de música pessoal. Park que estava me servindo as doses, tinha um sorriso no rosto. Parecia contente ao me ver quase tirando a roupa de tanto calor.

 

– Olha quem temos aqui. – A voz fina de Hyuna se fez no ambiente. Ergui meu olhar a ela, a loira usava um vestido curto, como sempre. E estava acompanhada das amigas. – Não pensei que iria te ver aqui. Podemos ver que sua cara de pau não tem tamanho. – Ri cínica. Ela escolheu uma péssima hora para mexer comigo, normalmente seria provável eu ignorá-la ou falar coisas em um tom normal. Mas não hoje.

 

– Minha cara de pau não passa do comprimento desse seu vestido. – Me levanto e ela já parece ter ficado irritada. – Você gosta de me humilhar não é? Minha vez agora. – Aumento o tom de voz. – Arranje outra pessoa para provocar, porque da próxima vez que você vier com essas suas palavras repetidas, juro por tudo que é mais sagrado que vou tirar esse seu sorrisinho falso com um soco que você jamais esquecerá. E sim, isso foi uma ameaça. – Cuspo todas as palavras em cima dela e saio dali de saco cheio. Passos pesados e largos, nem sabia para onde estava indo, só me dei conta quando cheguei em um lugar claro. Levantei o olhar e vi que estava em um ambiente completamente diferente do anterior. Uma biblioteca.

 

– Ei, o que pensa estar fazendo aqui? – Park chegou com passos rápidos atrás de mim. Não me importei com a sua presença e comecei a andar pelo lugar lotado por prateleiras cheias de livros. – Acho melhor sair daqui. – Ele avisa. Nesse momento senti uma pontada na cabeça, que me fez levar a mão na cabeça e soltar um resmungo de dor, senti outras pontadas em seguida. A escuridão tomou conta da minha visão, senti meu corpo se impactando ao chão com todas as forças. E a última coisa que ouvi foi...

 

– JungKook!

 

 

(...)

 

 

Estava mergulhado nas profundezas de outro sonho. Aquele tipo de sonho. Com Park. Percebi isso no momento que minha visão se abriu em um campo florido, diversas flores, as cores brincavam entre si. Até que ouvi risadas se aproximando, eram nós dois correndo pelas trilhas feitas no campo colorido. Sorrisos estampados em ambos rostos, a alegria era visível. Até que a minha figura parou e agarrou a cintura de Park, me senti envergonhado só de ver tal cena. Parecia muito realista.

 

– Por que saiu correndo quando te pedi em namoro? – A minha figura perguntou e eu me engasguei com ar, sim, mesmo em um sonho fui capaz disso. Park possuía um sorriso sereno no rosto, as suas mãos foram para o meu rosto. De alguma forma eu consegui sentir aquele toque no meu próprio rosto, era quente, uma sensação que acalmou meu coração. Como se eu conseguisse sentir o que a minha figura sentiu. Ok, isso é ainda mais estranho.

 

– Sabe que não podemos. Um namoro secreto parece tão triste. – Seu tom era tristonho.

 

– Por que precisa que as pessoas saibam? O importante é a gente saber. Apenas nós. – A minha figura cola a testa na de Park, posso ouvir seu suspiro baixo e arrastado.

 

– Eu sei, eu sei Kookie-ah. – Esse apelido. – Mas... eu tenho medo das consequências se alguém descobrir. Tenho medo de te perder. Tenho tantos medos em relação a esse amor... – A forma que o moreno falava parecia ser totalmente sincera. Algo que ele estava sofrendo internamente. Na vida real, Park não é verdadeiro aos seus sentimentos, tenho certeza disso. Ainda acho que ele esconde muitos mistérios em seus belos olhos brilhantes.

 

– Calma Jiminnie-ah. – Esse apelido. – Vamos passar por isso. – Minha voz passava tanta segurança que até eu acreditei que realmente fossemos passar por essa tal coisa. Acho que estou pirando. – Mas então, você aceita ser meu? – Perguntei passando o nariz levemente no dele, em uma demonstração de afeto.

 

– Claro que sim. – Ele sorri e sela nossos lábios. Oh, acho que corei completamente com essa cena.

 

Só sei que minha visão voltou a ficar escura, e as dores de cabeça pareciam ter voltado. Levei a mão a cabeça ainda com os olhos fechados, notei que estava em uma superfície macia, e com um cheiro bom. Era um cheiro de perfume amadeirado e ao mesmo tempo doce. Algo não enjoativo. Abri os olhos vagarosamente, ainda deitado passei meus olhos pelo local. Um quarto. As paredes forradas por um papel de parede com listras largas em tons escuros, uma prateleira com livros, alguns até reconheci pela capa. Uma escrivaninha e um armário, duas portas, uma de certo para o banheiro. Espera, esse quarto seria de...?

 

– Vejo que a bela adormecida acordou. – Park entra no quarto com um copo de água em mãos. Se senta na beira da cama e suspira cansado. O ver agora só me deixa mais envergonhado, e não é para menos. Acabei de ter um sonho com ele que foi demasiado íntimo e ao mesmo tempo amável, algo que não deveria de forma alguma ser.

 

– O que aconteceu? – Questiono me escorando na cabeceira da cama, ele me estende o copo, o pego e dou um gole na água. Ele leva os olhos aos meus e dá um sorrisinho debochado.

 

– Não pensei que fosse tão fraco para bebidas Kookie-ah. – Ele usa o apelido em uma forma de provocação. Mas isso só me lembrou ambos sonhos. Suspirei baixo. – Você desmaiou na biblioteca e eu tive que te trazer até aqui, confesso que você não é leve. Devia me agradecer por isso, eu nem tinha a obrigação de te trazer ao meu quarto.

 

– Então por que trouxe? – Parece que o peguei de surpresa. Ele não sabia o que me responder de imediato.

 

– Parecia ser o certo a se fazer. – Murmura baixinho, como se dissesse aquelas palavras a si mesmo. Ele não parece ser uma pessoa sincera, como já disse, mas naquele momento ele parecia estar vulnerável a verdades, ou seja, poderia falar tudo que o viesse a mente.

 

– Entendo. – Engulo em seco. – Obrigada por não me deixar caído na sua biblioteca Jiminnie-ah. – O apelido não deveria ter saído da minha boca, mas foi quase inevitável evitar. Simplesmente falei a porcaria do apelido.

 

– Como sabe esse apelido? – Ele levanta a sobrancelha.

 

– Como você sabe o meu? – Rebato de volta e ele fica alguns segundos em silêncio. Parecia pensar em mil coisas ao mesmo tempo, talvez em possíveis respostas.

 

– Melhor deixarmos para lá. – Suspira. – Já que te salvei de ficar caído no chão. Tenho uma coisa a fazer. E você não pode me proibir. – Fala e eu mesmo assustado assinto, afinal ele me socorreu. Não deve ser fácil subir as escadas com alguém nos ombros. Mas... por que estou sendo tão legal com ele? Na verdade, ele que me embebeu, e eu deveria estar bravo. Iria questiona-lo, porém ele nem me deu tempo quando começou uma série de cócegas em mim.

 

Nos primeiros momentos neguei sentir qualquer coisa, mas depois de um tempo ele parece ter pego em pontos fracos meus, e instantaneamente eu comecei a gargalhar como uma criança a ver um palhaço no circo – mesmo que eu ache que palhaços são assustadores – o som da minha risada ecoava pelo quarto, e só depois que ele parou com as cócegas vi que pela primeira vez em dois anos... eu ri. Eu ri sem medo. Não sei se isso é bom ou ruim. Park me encarou com os olhos fixos nos meus, ele parecia querer ler minha alma.

 

– Você sorriu e riu pela primeira vez comigo. – Diz meio desacreditado. – Foi fofo. Muito fofo. – Confessa e eu engulo em seco pela pequena vergonha que me surgiu ali.

 

– Não Park, eu ri pela primeira vez em dois anos.

 

 

 

Continua....


Notas Finais


Aconselho ouvir essa faixa sonora na parte do sonho (em todos os sonhos na verdade): https://www.youtube.com/watch?v=6zyCjefN4lQ

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Até mais!! <333


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