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História Past Lives - Chapter 9


Escrita por: MafeSweet

Notas do Autor


Heey babys!!
Por favor, não me matem pela demora, acontece que eu viajei no final de semana, e semana passada estava lotada de provas e trabalhos. Por incrível que pareça, tenho uma vida :D
Então tenham compreensão certo? :)
Mais um capítulo com o ponto de vista do nosso JungKookie-ah e.e
Vamos lá...

Capítulo 9 - Chapter 9


Fanfic / Fanfiction Past Lives - Chapter 9

POV Jeon JungKook:

 

 

Realmente não sei o que aconteceu com Park de baixo daquela densa chuva. Como se os pingos de água o dessem impulso para fazer uma louca com essa, completamente sem nexo ou explicação. Eu devia ter tirado sua mão do meu rosto na mesma hora, chegado para trás e ter gritado com ele. Não sou de gritar, porém seria necessário. Agora só me sinto irritado comigo mesmo, Park deve pensar que sou um idiota que ficou parado enquanto ele colocava sua mão em uma das minhas bochechas. Que cena mais humilhante. E o pior de tudo, é que quando senti o contato da sua mão quente com meu rosto, senti minha respiração falhar, e tentei ao máximo disfarçar isso. Uma coisa assim pode sim, ser considerada humilhante ao extremo. Será que tenho algum problema com contato humano? Não, isso não faz nem sentido.

 

Felizmente recuperei meus sentidos e consegui me afastar, e por mais que eu estivesse surpreso, Park parecia estar mais, ele olhava a mão e me olhava, como se perguntasse a se mesmo ‘’O que eu acabei de fazer?’’. Não me importei com tal coisa, o problema era dele, afinal, ele que ousou encostar sua mão no meu rosto. O que ele esperava conseguir com isso? Realmente não sei. Talvez ele ache que sou como essas garotas que ele fica, que provavelmente ficariam com o coração balançado a uma ação assim, uma ação de filmes românticos na chuva. Que coisa mais idiota. Outra coisa que me arrependo profundamente, é de ter olhado em seus olhos por poucos segundos, mas que se arrastaram em possíveis horas. Aquele mesmo brilho que me faz questionar a existência de algo tão brilhoso quanto as estrelas. Mas não reparei só em seus olhos, seus cabelos negros caiam sobre a testa, por causa da chuva, e seus lábios estavam vermelhos e entre abertos. Ok, não sei porque reparei nisso também.

 

Só sei que corri mais do que já consegui correr em toda minha vida. A minha casa podia ser perto, mas naquele momento, parecia que eu morava em outro país. Minhas pernas nem sentiam a dor da corrida, digamos que nunca fui de correr muito, na verdade, quase não corro – as aulas de educação física são livres –. Os pingos de água voavam para o meu rosto, quase me afogando, e eu não ligava, só queria sair o mais rápido possível de perto daquele colégio. Eu estava... envergonhado? Ok, confesso, talvez eu tenha ficado em choque, e provavelmente estava vermelho, outra coisa que pouco me acontece. Corar não é para mim. Uma sensação de adrenalina cresceu nas minhas veias, felizmente consegui chegar em casa, e entrei ligeiramente. Yoongi estava sentado no sofá e me encarou como se eu fosse um louco qualquer entrando em sua casa. Ele levantou e veio até mim me encarando de cima a baixo, me julgando mentalmente... espera, ele nunca só julga mentalmente.

 

– Me explica agora o que aconteceu. – Ele mantinha uma expressão séria e isso me deu calafrios por um momento. Se minha tia soubesse de qualquer detalhe sobre isso, eu estaria ferrado, ela me faria diversas perguntas, ou seja, melhor ser claro com meu primo.

 

– Tudo bem. – Suspiro pesadamente arrumando a mochila nos meus ombros, ela nem estava molhado, devido a corrida a chuva quase não a molhou. – Mas vamos subir, não quero ter que responder perguntas da tia. – Digo e ele assentiu. Subimos as escadas, joguei a mochila na cadeira da escrivaninha, falei que iria tomar um banho e o mandei esperar no meu quarto enquanto isso.

 

Entrei no banheiro e passei as mãos pelo rosto. Sou um idiota. O que vou falar para Yoongi? Simplesmente não sei. A verdade parece tão idiota quanto eu, e ele pode ficar me julgando em alta voz por eu ter uma briguinha com Park, me chamar de infantil por ter saído corrido. Entre outras coisas chatas. Balanço a cabeça negativamente para espantar esses pensamentos sem futuro. Tirei a roupa molhada, o moletom em sim estava até pesado pela água. Entrei no box e liguei o chuveiro na temperatura quente, era tão bom sentir aquela água quentinha em contato com meu corpo, já que tomei uma chuva fria. Aquela história que tomar banho de chuva é bom, está errada, não foi legal ter que correr tanto para não pegar um resfriado. Deixei a água cair sobre meus músculos, os relaxando, enquanto isso soltei alguns suspiros. A pergunta em si estava viva na minha cabeça. O que Park pensou ao fazer aquilo? Colocar a mão no meu rosto foi uma atitude sem lógica. Ok, melhor eu parar de pensar nisso.

 

Sai do chuveiro depois de me enxugar ali mesmo, com a toalha em volta da cintura. Passei o meu desodorante e perfume, apenas sequei com a toalha o meu cabelo, sem me preocupar muito – uma novidade para mim, gosto do cabelo arrumado –. Saio do banheiro sem me lembrar que meu primo estava ali, o mesmo logo me olhou e abriu um sorrisinho. Arqueei a sobrancelha sem entender o motivo da sua expressão.

 

– Não entendo como você tem um abdômen assim, sem malhar. – Comenta e eu reviro os olhos indo até meu armário. Acho que a resposta para ele, seria a minha genética, pois já sabem que não corro ou pratico esportes, muito menos academia. Tirando o fato de hoje eu ter corrido uma maratona, e quando cheguei estava completamente ofegante e cansado. Sou praticamente um sedentário, só ando para ir e voltar do colégio. – Depois me passa essa macumba, as garotas iriam adorar. – Fala divertido e eu solto uma bufada que soou como um riso. Ok, me assustei agora. Como sabem, não rio, só teve aquela vez... mas deixamos isso fora das contagens. – Oh. – Percebo que ele se levantou enquanto eu pegava uma troca de roupa no guarda-roupa. – Isso foi uma risada? Foi não é? Ah meu Deus JungKook, você riu pela primeira vez em tanto tempo! – Ele estava completamente feliz me virando e praticamente saltitando de alegria, enquanto eu mantinha minha expressão de tacho para a sua ceninha.

 

– Não foi uma risada. – Digo voltando ao banheiro para me trocar.

 

– Não minta para mim! – O escuto gritar para mim do quarto. Só o que me faltava era essa mania idiota de rir por tudo, odeio essa coisa dos seres humanos de rirem por qualquer motivo. Para mim a risada é sinônimo de felicidade, uma coisa que falta na minha porcaria de vida. Visto uma bermuda fina e uma blusa branca larga, quase um pijama para mim, e voltei ao meu quarto, sentando na cama e escorando as costas na mesma.

 

– Então... o que deseja saber? – Arqueio a sobrancelha e ele pareceu pensar por ligeiros segundos.

 

– O motivo de você ter chegado todo molhado hoje. Ah, com detalhes. – Inclui a última parte e eu solto um leve suspiro assentindo com a cabeça.

 

– Culpa do Park. – Falo e ele pareceu sem entender. Não seria para menos, afinal, ele não sabe nada. – A história é um pouco longa. – Aviso.

 

– Temos tempo mesmo. – Se ajeita na cama.

 

– Tudo começou quando fomos para aquela escola. Se não me engano, foi na segunda aula do primeiro dia, Park se sentou ao meu lado. – Tiro a parte daquela olhada, Yoongi não entenderia de qualquer forma o poder de uma encarada como aquela. Espera, eu disse poder? Não, não houve poder nenhum, só um olhar extremamente misterioso e intrigante. – Depois que a aula terminou, ele perguntou meu nome e eu não o respondi. Digamos que ele ficou muito bravo comigo, e eu não entendi, saber meu nome não faria diferença na vida dele de qualquer forma. – Franzo os lábios e Yoongi parecia focado em cada palavra que eu dizia. Ainda não acredito que estou me abrindo para ele, isso é uma surpresa grandiosa para mim. – Foi a partir daí que ele começou a ficar no meu pé, ele e a namorada, Hyuna. Isso explica aquele dia que ela jogou aquele suco em mim. – Yoongi parecia estar ligando os pontos dentro de sua cabeça. – Na festa, não segui suas dicas de não aceitar bebidas dos outros. Park praticamente me desafiou e eu senti a necessidade de provar a ele que sabia beber, eu sei, fui um idiota. - Yoongi rio baixo. – Fiquei alterado e sai dançando, ainda bem que ninguém se lembra disso. Para resumir essa parte, basicamente, desmaiei e fui levado para o quarto do Park. – Soltei a pior parte de uma vez e esperei a reação do meu primo que ainda parecia juntar as informações recebidas.

 

– Espera, quer dizer que você desmaiou de bêbado? – Arqueia a sobrancelha e eu assinto, logo ele cai na gargalhada, parecia se divertir com meu desmaio. Isso não tem graça, eu pareci fraco diante de Park, ainda me pergunto o que ele pensou de mim. – JungKook, você é realmente fraco para bebidas. – Diz divertido e eu reviro os olhos bufando em seguida.

 

– Enfim, quando acordei, voltei para a festa e estava a sua procura, quando ele apareceu querendo me levar para um lugar. E como você parecia mais ocupado engolindo uma garota, resolvi ir com ele, afinal, nada podia acontecer. – Dei de ombros e Yoongi cerrou os olhos para mim, franzi o cenho sem saber o que aquilo significava.

 

– Park Jimin queria te levar para um lugar? Só os dois? – Ele parecia desacreditado.

 

– Aham. – Murmuro e ele ficou sem reação aparente. – Voltando... ele me levou ao Obelisco, falou que gostava das estrelas e afins. – Digo me lembrando daquele momento. Aquele mesmo momento em que eu me senti a pessoa mais leve do mundo, aquele momento que até Park estava sereno. Se eu respirar fundo ainda consigo sentir a pureza daquele ar, como se as estrelas estivessem enchendo meus pulmões com oxigênio. Uma bela sensação. E é tão estranho pensar que essa sensação foi graças a Park. – Depois voltamos e eu tive mais uma discussão com Hyuna, foi por isso que eu te puxei daquela forma... acho que estou esclarecendo tudo. – Coço a nuca juntando as outras informações na minha cabeça.

 

– Então você estava meio que bêbado e irritado?

 

– Tipo isso. – Assinto. – E hoje... Park me procurou de novo, na saída, ele veio com uma conversa estranha, falando sobre meus pais terem morrido. – Falo e lembro da sensação que eu senti ao ouvir suas palavras. Eu não queria a pena dele. Na verdade, ele nem tinha que saber sobre isso. É um assunto pessoal. Confesso que de certa maneira eu me exaltei, mas ele mereceu a minha recusa sobre o assunto. Nem com meu próprio primo me abro sobre isso, e Yoongi nem mesmo toca no assunto. Respeita meu espaço. – Falei umas coisas para ele, que não foram muito amigáveis, e sai para fora, foi quando estava chovendo, e você não estava lá. – O lanço um olhar de reprovação.

 

– Ei, eu pensei que você esperaria a chuva passar e também iria embora depois. – Se defende e eu reviro os olhos e deixo para lá, não faria nenhuma diferença agora mesmo.

 

– Ele veio atrás de mim, e eu... fui para a chuva, não queria ouvir ele falar de forma alguma, queria distância dele naquele momento. E Park outra vez veio atrás de mim, confesso que ele é insistente. Ele disse que... que queria ser meu amigo. – Dou uma pausa. Até Yoongi estava sem palavras. – E eu falei que não precisava de amigos, falei todas as coisas que serviriam para afasta-lo, e o infeliz colocou a mão dele no meu rosto do nada. – Soltei tudo.

 

– ELE O QUE? – Yoongi berrou. – Desculpa o grito, é que agora estou realmente curioso. Por que ele colocou a mão no seu rosto? Isso é bem... gay da parte dele. – Fala e eu solto um suspiro baixo.

 

Concordo com ele, essa ação inesperada de Park me levou a pensar nisso em alguns segundos, mas essa ideia é tão louca que logo a descartei. Park namora e fica com todas as garotas daquele colégio, logicamente não é gay. Como já falei, de certo pensou que eu fosse como essas menininhas e ficaria louco por ele na mesma hora, espera, então ele acha que eu sou gay? Meu Deus, isso está errado. Não quer dizer que é só porque não fico com meninas, que sou gay. Gosto de garotas.

 

– Provavelmente ele queria me convencer a ser amigo dele. – Falo o que pensei sobre sua ação.

 

– Essa forma de convencimento está estranha. – Ele faz uma careta e eu assinto a cabeça concordando. – Mas você saiu correndo depois disso?

 

– Exato. Fiquei tão surpreso que sai correndo. Pensei que Park estivesse louco. – Falei e Yoongi riu na minha cara. Tenho um ótimo primo como podem ver. Entendam a ironia da frase.

 

– Oh JungKook, ficou envergonhadinho? – Seu tom era uma coisa infantil, Yoongi chegou a apertar as minhas bochechas como se eu realmente fosse um bebê. Eu fiquei envergonhado, mas não é para tanto.

 

– Queria que eu ficasse como? – Arqueio a sobrancelha e ele deu de ombros.

 

– Sei lá, só sei que essa história está muito estranha. Sério, por que Park Jimin, o cara mais popular do colégio, está atrás de você dessa forma? Parece até que está obcecado, ou algo assim. – Fala e eu me pego pensando por alguns segundos.

 

Realmente parece que ele está obcecado por mim, mas por que ele estaria obcecado por alguém como eu? A maioria ali nem sabe que existo, e justo o mais popular me nota e fica no meu pé. Não preciso da sua amizade, provavelmente ele estava me zoando, de certo achou que eu ia aceitar na mesma hora. Ele tem que aprender urgentemente que não sou assim. Não tenho amigos, e não preciso de nenhum. Quero ser o isolado, não quero a pena de ninguém. Quero viver da forma que desejo. Quero apenas que... ele me deixe em paz, e Hyuna também. Desde o começo, Park que começo tudo, e eu preciso pôr um fim nisso de uma vez por todas.

 

– Deve ser só mais uma brincadeira dele com os amigos. Só tenho que discutir com ele mais uma vez, já que é sempre assim. Vou fazê-lo ficar bem longe de mim. – Digo.

 

– E se ele realmente quiser ser seu amigo? Quer dizer, milagres acontecem. – Fala a última parte brincando.

 

– Eu não consideraria isso um milagre, ser amigo dele deve ser um inferno. Ouvir sobre mulheres, carros e dinheiro, é uma coisa um tanto cansativa. – Suspiro me arrumando na cama. – E não é verdade, Park não se misturaria com uma pessoa do meu tipo, ele está mais para pessoas extrovertidas, animadas, felizes... tudo que eu por sinal não sou.

 

– Você disse que ele gosta das estrelas, e você também... eu acho. Talvez ele tenha gostado de conversar com você aquele dia da festa, e quer ser seu amigo. Seria legal se você finalmente fizesse uma amizade JungKook. – Os olhos de Yoongi refletiam esperança. A esperança de que um dia eu fosse mudar... sinto por ele ainda pensar assim.

 

– Se um dia eu tiver uma amizade, pode ter a certeza, de que não será com alguém como Park. Ele é o completo oposto de mim. E nós sempre brigamos. Acho que a única vez que não brigamos são nos meus- – Paro de falar na mesma hora que percebo a besteira que ia dizer. Ele não pode saber desses sonhos, seria algo ainda mais constrangedor para mim.

 

– Nos seus? – Arqueia a sobrancelha e eu pressiono os lábios, uma forma de dizer que não ia falar nada. – Ah não JungKook, para com esse cu doce e me fala. – Yoongi estava quase vindo para cima de mim, estava realmente coberto pela curiosidade. – Melhor falar, se não... irei contar tudo para a minha mãe. – Ameaça e eu arregalo os olhos.

 

– Quanta infantilidade Yoongi. – Falo jogando um travesseiro que estava em cima da cama nele, o mesmo sorri travesso. – Tudo bem. Vou falar, mas promete não rir de mim.

 

– Está prometido.

 

– Eu ia dizer que a única vez que não brigamos são nos meus sonhos. – Falo e ele pareceu ainda mais curioso.

 

– Sonhos? Que sonhos? – Indaga.

 

– De uns tempos para cá, estou tendo sonhos com Park... neles eu estou em um lugar antigo, como se fosse em outros tempos. Roupas antigas e tudo mais. E... – Engulo em seco antes de falar a pior parte. – nesses sonhos, parece que eu tenho alguma relação com Park... uma relação amorosa. – Finalizo e Yoongi estava literalmente de boca aberta me observando com seus olhos arregalados.

 

– VOCÊ ESTÁ TENDO SONHOS ERÓTICOS COM ELE? – Ele berrou outra vez e eu quis matar meu primo naquele mesmo segundo. – Desculpa outra vez, você me pegou de surpresa falando que está tendo sonhos com Park Jimin. – Ele respirou fundo. – Você sonhou com isso mais de uma vez?

 

– Algumas vezes, como se fossem capítulos de uma série. E eu e ele fossemos os atores principais. – Olho para o teto do meu quarto e solto um suspiro com meus olhos fechados. Isso está mais para um pesadelo.

 

– Olha, isso é muito, muito, muito estranho. – Dá ênfase no ‘’muito’’. – Mas, já parou para pensar que você finalmente conseguiu sonhar com outra coisa a não ser aqueles pesadelos horríveis que você está se afogando? – Ele arqueia a sobrancelha, parecia contente.

 

Já pensei nisso algumas vezes, e esse parecia ser o único ponto bom de ter que sonhar com Park. Ver as cenas de beijo, e até as fofas com ele, pareciam ser uma tortura pessoal.

 

– Incrível como você só vê o lado bom das coisas. – Falo.

 

– Melhor do que ser um pessimista como você. – Me mostra a língua. Uma verdadeira criança. – Bom priminho, gostei muito da nossa conversa, parece que faz tanto tempo desde a nossa última conversa extensa assim... talvez Jimin esteja te mudando. – Levanta-se da cama. – Tchauzinho. – Sai do meu quarto antes que eu brigue com ele por falar que Park poderia estar me mudando, de forma alguma isso aconteceria. Agora preciso focar na parte de dizer um ‘’adeus’’ para o moreno. Assim poderei seguir livre.

 

 

(...)

 

 

O dia seguinte logo chegou, e fui acordado mais uma vez de um daqueles pesadelos de afogamento. Prefiro estar naqueles sonhos calmos com Park, do que acordar dessa forma todos os dias. É quase um inferno pessoal que minha própria cabeça me proporciona. Ok, até a minha cabeça quer me ferrar, e isso me parece uma ironia do destino. Em todos os dias, em todos os sonhos, ainda espero pelo dia que não conseguirei me salvar, chegar são em salvo parece estar ficando cada vez pior. Como um verdadeiro filme do Freddy Krueger. Só que ao invés de alguém me matar, é algo, um tsunami horrível me afoga. E se um dia eu simplesmente morrer nesses pesadelos? Acho que esse será o fim de tudo. Olhando por esse lado, não parece ser tão ruim, não tenho um motivo para viver de qualquer maneira, se eu morresse, ajudaria meu primo, assim ele focaria em sua vida de uma vez por todas, se importaria só com seus próprios interesses, meus tios não teriam que se preocupar com meu bem, e nem teriam que pagar a minha faculdade – se eu for fazer –, e Park... não ficaria mais no meu pé. Tudo parece que se resolveria se eu deixasse esse mundo para trás. Isso devia ser bom, mas agora só me sinto inútil para as pessoas. E definitivamente sou de certa forma.

 

Coloco os pés no chão e me espreguiço, vou em direção ao banheiro, meu rosto ainda estava inchado pelo sono. Retiro a roupa e entro no box do banheiro, ligando o chuveiro e deixando aquela água quente cair no meu corpo ainda molengo pela preguiça. Isso só serviu para me relaxar ainda mais, eu até poderia dormir ali mesmo, mas hoje tenho praticamente uma missão para cumprir. Afastar Park.

 

Saio do box com a toalha enrolada na cintura, passo os mesmos produtos de sempre e saio para o meu quarto. Já que meu último moletom limpo estava completamente molhado, escolho uma blusa preta com alguns dizeres em branco e uma calça preta com alguns rasgados simples, com meus tênis diários. Jogo a mochila nos ombros e desço as escadas. Me sento na mesa e tomo meu café da manhã com Yoongi e meus tios, as mesmas palavras de sempre, a mesma chatice de sempre. Parece que eles têm medo de falar comigo, acham que sou um boneco de porcelana que se ouvir algo errado vai se quebrar em mil pedaços. Eles precisavam parar de pensar assim. Já aguentei demais, nada mais me abala.

 

–Está pensativo hoje. – Yoongi fala assim que saímos de casa, o mesmo caminho para o colégio. Meus olhos observavam as pessoas a nossa volta que provavelmente iam para seus empregos, alguns até para outras escolas. Uma dessas pessoas me chamou a atenção, era uma mulher, que estava completamente feliz ao lado do provável namorado, ela andava de mãos dadas com ele e sorria de orelha a orelha, em seu dedo brilhava um anel de noivado. Então sim, é possível um ser humano estar feliz pela manhã. O amor faz isso com as pessoas? Talvez... eu queira experimentar isso antes de finalmente morrer afogado pelos meus próprios pesadelos.

 

– Você sabe exatamente no que estou pensando. – Falo e solto um suspiro leve ao ver que estamos chegando na escola. Sim, meus pensamentos mais fundos ainda estavam na forma que eu poderia afastar de uma vez por todas Park, assim seria melhor, e vocês podem estar pensando que sou um idiota por recusar a amizade de um dos populares. E isso não tem importância para mim. Quero a distância dele. Sem laços, sem possíveis lágrimas. Frio? Não, cuidadoso com os sentimentos. Já sofri o suficiente para uma vida inteira, não preciso sofrer ainda mais.

 

– Tenho que ir. Boa sorte priminho. – Yoongi se afasta indo em direção as garotas. Esse menino parece que não vai mudar esse jeito cafajeste de ser, tratando todas bens, no fundo ele só quer sexo. E elas também, então acho que até é uma troca justa. Não vai demorar muito para ele entrar no grupinho dos populares e ser um dos maiores amigos de Park. Rezo para que esse pensamento não se realize tão cedo.

 

Caminho em passos lentos até a entrada do colégio, meus olhos já tinham avistado Park, ele estava... diferente. Seu cabelo mais bagunçado que o normal, parecia que nem tinha se esforçado para estar daquela maneira, ou seja, ele nem penteou o cabelo. Isso é estranho, garotos como ele prezam a beleza externa a cima de tudo. Seu rosto inchado e as orelhas profundas revelavam uma péssima noite de sono. Park estava com roupas que não eram de seu costume, um moletom, calças não tão justas como usa e sapatos normais, parece que até se inspirou em mim. Essa sua aparência me deixou... preocupado? Um pouco. Sei que não deveria me preocupar nem um pouco, afinal vim preparando falas para dizer a ele que se afastar de mim seria o certo, e agora estou pensando seriamente em ficar de olho nele por hoje sem dizer nada, ver seu comportamento, analisar se há algo fora do normal. Droga, não costumo me preocupar, nunca me preocupei por esses dois anos. Por que Park me faz sentir coisas que não sinto a mais dois anos? Isso é frustrante.

 

Apresso meus passos ao perceber que ele me viu o olhando, agora ele deve achar que sou um maluco que fica o observando. Ele não está errado. Quem em fica encarando as pessoas enquanto pensa em milhares de coisas? Só podia ser eu. Seus olhos brilhantes pareciam estar vazios e isso me deixou em choque, me fazendo parar de andar no mesmo momento. Como que estrelas perdem o brilho dessa forma? Que eu saiba, as estrelas mesmo depois de mortas permanecem brilhando, e aqueles dois diamantes pareciam mais vazios que nunca. E ninguém daquela rodinha parecia notar ou se preocupar. Será que eu tenho algum sexto sentido para essas coisas? Ou ele é um ótimo ator? Realmente não sei. Park deu a entender que viria na minha direção, então tratei de sair daquele choque momentâneo e voltei a andar. Sou péssimo para ajudar as pessoas. Espera, eu queria mesmo ajuda-lo?

 

Os corredores do colégio ainda estavam vazios, as pessoas preferiam ficar do lado de fora conversando ao entrar, diziam que ali era o inferno delas. Ah, elas não sabem o que é inferno de verdade. A sala que seria a minha aula estava a poucos passos de mim, o alivio quase percorrera meu corpo, mas antes senti aquela mão quente segurar meu pulso e eu sentir aquela sensação de arrepios por todo meu corpo. Isso é tão estranho. Meu corpo para na mesma hora, me viro vagarosamente e noto que Park me encarava como se me questionasse algo em sua cabeça. Sua mão ainda estava me segurando, então faço uma pequena força para tirar minha mão dali.

 

– Por que saiu correndo daquela maneira? Está com medo de mim por acaso? – Sua voz indagou. Até seu tom estava diferente. Não era a mesma ironia de sempre, não era o mesmo Park ali na minha frente, ele podia aparentar estar bem fisicamente, tirando o fato da sua cara não estar nada bem. Mas quem repara nas coisas, como eu, nota de longe que ele está com problemas. Soltei um suspiro leve, não queria brigar, não queria nada naquele momento, ver o estado do moreno a minha frente me deu um aperto no coração que nem eu sei que existia. Apertos no coração são coisas que não acontecem comigo frequentemente. Na verdade, nunca.

 

– Você está bem? – Perguntei em um fisco de voz, na verdade, perguntar aquilo em voz alta só evidenciava mais as minhas suspeitas. Alguma parte de mim, nem que fosse a mais pequena, se preocupava com o bem-estar físico e mental de Park. Infelizmente, ele ouviu as três palavras que eu me amaldiçoei por ter dito. Posso chamar isso de impulso? Talvez. Droga, odeio essas novas coisas que vão surgindo em mim do nada.

 

– Está preocupado Kookie-ah? – Ele ainda tentava mostrar a sua parte mais forte. Park queria ser forte na minha frente. Entendo que sua personalidade forte não o deixava amolecer, ceder, desmoronar. E isso de certa forma é bom. Nunca pensei que um playboyzinho como ele fosse ter essa dor nos olhos, era quase uma dor palpável de tão evidente. Foquei meus olhos nos seus e ele pareceu surpreso, porém eu ainda queria que aquele brilho aparecesse, não, aquele lindo brilho devia estar ali. Sem nem perceber, já tinha colocado ambas mãos nos seus ombros, os pressionava com certa força. Mais um impulso.

 

– Por favor... – Meus lábios suplicaram baixinho numa tentativa de vasculhar seus olhos, atrás do brilho perdido. – O que aconteceu com seus olhos? – Questionei e ele pareceu ainda mais confuso. Eu sei, aquilo já devia estar confuso demais para ele. E até para mim. Ontem mesmo reclamei dele me tocar no rosto, e cá estou o segurando pelos ombros, parecendo um maluco desamparado. Deve ser isso o que ele pensa.

 

– Como assim? – A confusão era visível em seus olhos. Apenas isso. Uma porcaria de confusão.

 

– Park, o que aconteceu? – Assim que as palavras saíram da minha boca, não tive tempo de corrigir, não me importei em pensar que ele sabia da minha preocupação. O que me importou, foi que naquele momento, seus olhos tomaram uma dor única e isso... partiu meu coração. Sim, uma dor antiga tomou meu peito, e eu jurei pelos céus que aquilo doía mais em mim do que nele. Ver sua expressão triste, magoada, me fez querer mandar toda aquela história de menino isolado para os ares e o abraçar como nunca abracei ninguém. E eu fiz isso.

 

Eu o abracei.

 

Um abraço forte. Minha mochila já estava no chão. Apenas lacei meus braços a sua volta, queria passar confiança a ele. Aquela confiança que nem eu tinha para ser sincero. Por que eu o abracei? Essa pergunta rodeou a minha cabeça. Tento me convencer de que foi para passar essa confiança. Mas sei que no fundo, eu queria abraça-lo para tentar resgatar aquele brilho perdido, afinal, aqueles diamantes tinham que obter o seu brilho de volta. Por que isso me importa tanto? A vida é dele, os olhos são dele, a felicidade também é dele. Por que me importa se ele está magoado? Isso me irrita, e ao mesmo tempo me faz sentir mais humano. O seu calor se contrastou com o meu, e me causou alguns choques térmicos, outros arrepios me subiram a espinha. Eu devia estar odiando isso, mas pelo contrário... queria ter feito isso a muito mais tempo.

 

Park parecia surpreendido de primeira, mas logo se acomodou ao abraço, passando seus braços pela minha cintura, a apertando, sim, soltei uma arfada baixo com isso. Me amaldiçoo por isso também. Pousei meu queixo em sua cabeça, o seu perfume amadeirado entrava em minhas narinas, me proporcionando sensações extasiantes. Pode parecer estranho – tudo já está estranho de qualquer forma – mas, queria permanecer ali por longos minutos, e sabia que não podia assim que o sinal tocou, logo os alunos chegariam e isso me deixou nervoso. Me separei vagarosamente dele, e notei que seus olhos tinham começado a se iluminar novamente, uma alegria tomou conta do meu peito, fazendo meus lábios se contraírem em um sorriso largo, a minha alegria não cabia no peito, literalmente. Essas sensações estão me deixando louco. São coisas que eu nunca experimentei antes, e isso me deixa com medo.

 

– Seu sorriso é tão lindo. – Park parecia ter pensado alto ao arregalar os olhos, nem me importei, a felicidade estava marcada em mim. Talvez eu pudesse ficar sorrindo eternamente. Ok, isso é um exagero da minha parte. Só quero deixar claro o tamanho da minha alegria ao ver que os olhos dele podiam estar se clareando por minha causa. Por causa daquele abraço aconchegante.

 

– Ah... – Olho para o lado nervoso com a situação que me encontrava, graças a Deus que alguns alunos chegavam. – Vamos entrar, a aula já deve começar. – O moreno assentiu com um sorrisinho de lado.

 

 

(...)

 

 

Os cinco horários tinham passado até que rápidos, o intervalo foi marcado por conversas com meu primo, e algumas olhadas minhas até a mesa dos populares, eram discretas, passadas facilmente por Yoongi que falava animadamente sobre uma das garotas que estava ficando, na verdade, ele estava mais ligado nas características físicas da menina. Não é uma surpresa de todo modo, mas é chato ter que ouvir isso sempre de um garoto que é tão legal. Ele podia dar um jeito de mudar esse lado galinha, cafajeste dele. Não posso falar nada, sei que não mudarei. Então não posso querer nada.

 

Logicamente meus pensamentos viajavam até aquele meu momento de impulso. O abraço. Agora pensando bem, a quentura do corpo de Park parecia ser exata ao meu, me trazendo sensações boas. Me deixavam relaxado, calmo. Sim, tenho que confessar que ao mesmo tempo que ele se sentiu bem, também me senti igual. Os braços dele a minha volta me passaram conforto, era quase como um abraço de mãe, aconchegante. O fato que mudava tudo, era que era Park Jimin ali. O garoto com quem briguei tantas vezes, com quem conversei, com quem queria dar um basta. Essa minha ideia ainda está em alerta, só preciso tomar a coragem necessária.

 

Agora estava esperando o sinal bater, e no exato momento que o tilintar se deu, todos saíram às pressas da sala, até o professor. E como todos os dias, só sobrou eu e Park naquela sala vazia. Não me preocupei muito e guardei meus materiais com cautela dentro daquela mochila. Me levantei e segui para fora, os corredores pareciam vazios, logo ouvi os passos atrás de mim. É agora ou nunca. Essa foi a frase que repeti na minha cabeça. Sei que o abracei, e isso foi o meu ato final antes de dar um basta nessas brigas e conversas sem futuro. Assim esses sonhos acabarão, e toda essa história acabará. Ninguém precisa se preocupar comigo, ou tentar se quer ser meu amigo. Não vale a pena. Posso arriscar dizer que Park merece coisa melhor que eu. Um amigo melhor. E isso não posso proporcionar a ele.

 

– Parece tenso Kookie-ah. – Park disse brincalhão ficando na minha frente, meu olhar era fixo no chão. Me senti totalmente fraco naquela hora por não ter a coragem de encarar aquelas estrelas a sua frente, aquela sensação de não poder encarar uma pessoa veio à tona. E eu odiei isso.

 

– Park, que tal parar de tentar se aproximar de mim? – A ‘’pergunta’’ foi jogada no ar e o moreno a minha frente outra vez estava sem entender. Não era culpa dele, e sim minha. Sou uma confusão inteira, e simplesmente não quero que ele se meta nisso. Entrar nessa minha confusão pessoal, é pedir para nunca mais sair.

 

– Como assim Kookie? – Indagou.

 

– Não quero que você se aproxime de mim mais, quero que pare de conversar comigo, brigar comigo, e que fale para a sua namorada fazer o mesmo. Cansei de ter essas preocupações com vocês, essas discussões são cansativas. – A verdade não era essa, mas ele tem que pensar que estar com ele é cansativo. Como queria que isso fosse verdade, mas lá no fundo sei que não é de todo. – Apenas finja que não existo, e nunca existi. Aposto que será fácil me esquecer. Assim que eu quero, e assim deve ser feito. Espero estar sendo claro. – Meu olhar continuava sendo fixado no chão, meus pés começaram a se mover na intenção de sair dali o mais rápido possível, outra vez sua mão segurou meu pulso. A droga da corrente elétrica voltou a passar por meu corpo, como um sinal. Que porcaria de sinal é esse?

 

– Está louco JungKook? Você mesmo tinha me abraçado, e agora vem com essa história de não me toque? – Ele estava irritado e isso me deixou com a consciência pesada. A culpa não é sua Park. Isso que repeti para mim mesmo, pena que ele em si não poderia saber disso.

 

– Apenas... me esqueça Park. – Abaixei mais a cabeça ao perceber que suas bochechas tinham ganhado uma cor vermelha de raiva. Por que ele tem que ser tão estourado assim? Isso complica as coisas. Mas parece que ele respirou profundamente para manter a calma que eu sei que ele não tinha.

 

– Por que não me deixa aproximar de você? Só quero ser seu amigo. – Fala Park me olhando enquanto meu olhar era fixo no chão. 

– As pessoas machucam umas às outras, não quero correr o risco disso acontecer comigo. Desculpe ser tão egoísta. – Falo e saio com passos pesados e largos. Eu sou a droga de um egoísta que não quer mais ser machucado, ainda mais por uma amizade que pode ser falsa, e isso com certeza acabará comigo com o tempo. Mas... por que eu sinto que devia ser amigo dele? Deve ser coisa da minha cabeça.

 

Park, sinto muito. Acontece que sou um vulcão que pode entrar em erupção a qualquer minuto. E nesse dia... não quero ninguém perto de mim. Não quero laços com ninguém a mais, quero apenas esperar a hora que a vida me dará tchau, e a morte me dará um olá. Pode parecer obscuro, ou até dramática, mas é assim que desejo.

 

Olhei para trás ainda vendo que o mais baixo estava parado no mesmo lugar, e no momento que me viu virando, levantou os olhos. Nesse momento projetei uma fala com os lábios, sem som algum. Algo que a falta de coragem me impediu de falar a ele.

 

Park, continue com esse brilho no olhar. Diamantes não param de brilhar por nada. E estrelas não deixam de ser luminosas por estarem mortas, então por favor... brilhe sempre.

 

 

 

Continua...


Notas Finais


Até mais babys!! <333


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