Eu não te quero perto de mim, saia do meu quarto agora, vá!
Aquela frase maldita ecoou pela minha cabeça durante toda a madrugada me impedindo de voltar a dormir.
Me encarava no espelho e estava destruída. Olhos inchados por chorar, olheiras que batiam nos pés, cansaço emocional, físico e mental. Nem o banho havia ajudado a melhorar a minha cara de morta viva.
Caminhei até o closet enrolada na toalha com meus cabelos pingando pelo chão e para o meu desespero Justin estava ali igual a mim, apenas com uma toalha em seu cintura, com toda essa loucura não tivemos tempo de trocar as roupas dele para o seu novo quarto.
Ele me olhou, mas desviei com agilidade caminhando até minhas peças. Me controlava para não permitir que uma misera lágrima caísse, não lhe daria esse gostinho nunca mais, se ele pode ser ruim, eu posso ser pior.
Comecei o meu jogo particular de sedução. Deixei que a toalha caísse no chão de madeira vestindo peças intimas extremamente sensuais e pretas como ele sempre gostou, sabia que ele me observava.
— Eu conheço seus jogos, Barbara e não vão funcionar — olhei para ele por cima do ombro com desdém.
Virei de frente para ele com o sutiã preto transparente dando visão aos meus seios e fui até onde ficavam minhas jóias. Coloquei meus brincos, pulseira e relógio. Vesti peças simples, mas deixando meu corpo valorizado sutilmente, ele não deixou de me observar em momento algum, já havia se vestido, mas ainda continuava ali, então eu sabia que essa batalha eu havia vencido.
Penteei meus longos cabelos e fiz uma maquiagem bem básica para esconder a minha cara de acabada. Assim que terminei tudo voltei a olhar para Justin que tinha uma cara de bocó.
— Você não está em um museu, não sou a Monalisa, então vá arrumar algo para fazer além de ficar me admirando — joguei minha toalha no cesto e sai, mas sem antes ouvir sua risada.
— Nem a Monalisa teria tanto da minha atenção — se rendeu, mas não deixei transparecer a minha alegria.
[...]
Justin e eu estávamos sentados lado a lado no enorme sofá de nossa sala nervosos, eu queria poder pegar sua mão, mas tinha certeza que ele me rejeitaria se o fizesse.
A psicóloga estava em uma poltrona a nossa frente nos observando, anotava algumas coisas em um caderno de capa dura com suas iniciais A.P, doutora Anne Pierce, uma das melhores do mundo em terapia familiar, e nós estávamos pagando por ela.
Não que dinheiro fosse o problema, mas estamos fazendo isso contra a nossa vontade e ainda teremos que pagar mil dólares por sessão?
Ela pigarreou trazendo nossa atenção para si mesma ajeitando seus óculos.
— Então senhor e senhora Bieber, me falem sobre vocês, quero saber a história de vocês — troquei olhares rapidamente com Justin e ele me deu a permissão para ir a diante.
— Eu sou uma das Angels da Victoria’s Secret, nos conhecemos durante um desfile, ele estava se apresentando para a marca, em 2012 — ela assente e anota algo.
— Sim, mas qual a história de vocês? — incentivou e eu olhei para Justin o incentivando a falar que negou com um aceno de cabeça, respirei fundo e me dirigi a ela novamente.
— Bom, eu gostei dele instantaneamente quando o vi com aquela carinha de bebê e roupa branca, parecia um anjo — ri levemente ficando constrangida e mudando meu foco de visão.
— Depois que o desfile acaba tem uma festa para convidados, as modelos e os cantores, ele veio até mim, estava solteiro recentemente, nos demos muito bem, mas a princípio não deu certo, ele voltou para a ex namorada, eu me envolvi com outras pessoas, entre as idas e vindas dele com a ex, nós nos víamos, eu sempre o amei muito, mas ele amava a outra, então em 2018 eles terminaram definitivamente, eu achei que seria a minha chance, mas ele quis viver a vida de solteiro, mas eu continuei esperando, o vendo, aceitando as migalhas, mas começamos a nos ver mais, saímos de verdade, ele começou a se envolver, passamos as festas juntos e no ano novo ele me pediu em namoro, escondemos nosso relacionamento de todos, ele não queria que sofrêssemos a pressão da mídia, éramos realmente mais felizes assim, mas Justin convidou sua amada para o nosso casamento e ela espalhou para o mundo que ele havia se casado escondido, logo fontes apareceram com fotos, tudo caiu sobre as nossas cabeças, eu travei na hora de aparecermos juntos em um programa de auditório e o resto você já deve saber — limpei algumas lágrimas que escorriam e ela assentiu voltando a anotar outras coisas.
— Não tem nada a dizer, senhor Bieber? — perguntou e ele negou.
— O senhor sabe que precisa participar ativamente das consultas para que eu possa dar o meu parecer ao juiz — assentiu ainda calado e ela fez mais anotações.
— Você pode falar alguma coisa, por favor? — implorei.
Justin me observou por um tempo, mas depois voltou seus olhos para a Doutora Anne.
— Eu vejo que vocês tem muitas magoas reprimidas, estão muito feridos, vejo também que vocês se amam muito, mas por conta dos egos feridos estão se esquecendo disso, eu posso ajuda-los, mas preciso que vocês se comuniquem comigo, se comuniquem, preciso que tentem de verdade — falou e eu assenti disposta.
— O senhor está disposto, senhor Bieber? — senti meu sangue gelar por sua resposta, quase tapei os ouvidos como uma criança de cinco anos.
— Eu não tenho outra escolha, me empenho ou perco meu dinheiro para o meu país — falou pela primeira vez.
Antes estivesse se mantido calado, toda vez que ele abre a boca é só para sair merda dela.
Suspirei exausta fechando meus olhos e levando minhas mãos aos meus olhos.
Eu só preciso que essa tortura acabe e ele volte a ser o homem pelo qual eu me apaixonei, eu nunca amei nada e nem ninguém com a ele. Será que ele não vê isso? Será que ele vai jogar tudo fora? Deus, porque ele é tão cabeça dura?
— Vocês dois estão dormindo no mesmo quarto? — perguntou e eu olhei para Justin imediatamente que negou.
— As ordens do juiz são viverem como casal, vocês precisam dormir na mesma cama, vocês precisam seguir as regras. Sem adultérios, morarem na mesma casa, isso inclui dormir na mesma cama, passarem em consulta comigo e tentarem de verdade, se não isso não vai dar certo — Justin bufou e saiu da sala subindo para o segundo andar imediatamente comecei a chorar observando ela fazer mais anotações.
— Me desculpe! — pedi secando as lágrimas.
— Não se preocupe, querida. Ele a ama, então confie como fez para conquistá-lo e terá seu marido de volta — falou como um segredo talvez por sua falta de profissionalismo naquele momento e eu ri levemente.
A acompanhei até o quarto onde Justin estava ficando e ela entrou fechando a porta, gostaria de ser uma mosquinha para descobrir o que eles conversaram ou fizeram, não confio em Justin com mulheres bonitas.
Pareceu uma eternidade até que ele me chamasse para me despedir dela, a acompanhamos até o elevador e ela nos avisou que terça estaria aqui novamente para mais uma sessão.
Assim que o elevador fechou as portas, coloquei minha digital bloqueando o acesso ao nosso apartamento e indo em direção as escadas.
— Vamos almoçar? — aquela voz me pegou desprevenida e eu até olhei em sua direção para ter certeza que era verdade.
— Claro, porque não?! Vou pegar a minha bolsa — assentiu subindo comigo.
Descemos para o hall e não a garagem, estranhei aquilo, mas o acompanhei até o lado de fora do prédio, os seus seguranças nos ajudaram a sair e andar pela rua sem que os paparazzis se aproximassem.
Quando ele segurou a minha mão olhei para seu perfil chocada, tão perfeito, ele me olhou por trás dos óculos sério e voltou a olhar para frente.
— É apenas para as fotos, Scoot pediu que fossemos um casal na rua, não se anime — passou o braço pelo meu ombro sussurrando em meu ouvido e eu senti um enjoo repentino.
A sua frieza comigo depois de tudo que passamos me choca!
Continua...
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