História Paulicia - Um casal nem um pouco normal - Um pouco desasastrada de mais

Pov. Alícia Gusman

Quando eu acordei, fiz minhas higienes matinais e fiquei esperando Marce por 30 minutos, todo santo dia é a mesma coisa, ela fica tagarelando no meu ouvido que sempre chegamos por último

-A gente sempre chega por último por causa disso, Marce - eu falei alto para ela escutar de dentro do banheiro

-Do que você ta falando? - ela me perguntou saindo do quarto para pegar um pincel que havia esquecido

-Você fica demorando 1 hora para se aprontar e a gente chega por último no refeitório todo dia, e você ainda fica falando pra mim que eu tenho que me apressar, nunca vi uma coisa dessas

-Ally, eu sei que você me ama do jeito que eu sou - revirei os olhos - mas eu preciso ficar pelo menos apresentável para sair do meu querido recinto

-Mano, se você demorar mais 1 minuto eu vou em bora sem você - eu falei me levantando

-Nem precisa fazer drama, eu já estou pronta

-Finalmente - eu falei levantando as mãos pro céu

-Tem uma coisa que eu tava querendo te perguntar 

-Ué, pergunta

-O que você tava falando com o meu irmão de noite?

-Como você sabe que era o seu irmão?

-Porque eu vi o nome dele no seu celular, dã. "2580" não é uma senha tão difícil assim

-Você vasculhou meu celular, sua maluca?

-Não vasculhei, eu ia me mandar aquela selfie que tiramos hoje de tarde, e acabei vendo que a última conversa da noite era com o meu irmão, e como sou uma boa amiga, nem abri a conversa para ler. Só vi um certo "boa noite", e se você disse boa noite, é porque vocês dois já estavam conversando antes disso. Por isso, pergunto de novo, "o que você tava falando com o meu irmão ontem de noite?"

-Mano, você é muito stalker, nunca vi uma coisa dessas, chega a ser assustador

-Tenho meus dotes, mas não fuja do assunto principal

-Qual?

-Ai meu deus, o que caralhas você tava falando com o Paulo?

-Nada, ele só me perguntou se eu queria que ele me ensinasse matemática, eu sou terrível nessa matéria, e eu não sei você, mas eu não estou nem um pouco afim de tirar notas baixas na primeira unidade

-Nem eu mas, achei que teria algo mais emocionante

-Achou o que? Que encontraria um "eu te amo, Paulo, você é e sempre será o amor da minha vida"? 

-Não tão assim, algo mais como "eu acho que estou gostando de você", poxa Ally, vocês combinam muito

-Não combinamos não, ele é um saco e eu sou mega legal

-Haha, e eu sou um cupcake

-E outra coisa, ele me perguntou se você e o Mário estavam tendo alguma coisa

-Você disse o que?

-Que não, óbvio

-Mas por que ele perguntou isso?

-Segundo ele, o Mário deu um sorriso "felizinho de mais"

-Poxa, nós nem nos falamos muito quando estamos perto dele, agora nem sorrir para mim o Mário pode mais, essa história de "irmão ciumento" ta fugindo dos limites - quando Marce falou isso, Mário chegou por trás dela e a abraçou

-Oi pequena! - ele falou beijando a bochecha dela

-Pelo amor de deus gente, eu não sou o Paulo, podem se pegar a vontade aí - eu falei fazendo eles rirem

-Oi Ally - ele falou me abraçando

-Enfim, vi que eu to sobrando né? Vou pra cantina comer que é o que eu faço de melhor, beijo no coração de vocês

-Se perguntarem por mim, você desistiu de me esperar no quarto ok?

-Aham - eu falei indo para o refeitório onde todos estavam sentados lado a lado como se fosse casais

-Finalmente, Ally me salva desse sufoco, eu não mereço isso - o Paulo falou puxando uma cadeira do lado dele para eu sentar

-Do que você ta falando?

-Olha isso, é como se fosse dia dos namorados todo dia, nunca vi uma coisa dessas, é quase insuportável, é estranho como todos os nossos amigos estão namorando, com exceção do Mário e da minha irmã - engasguei com o suco nessa hora - falando nela, cadê a Marce?

-Eu desisti de esperar ela no quarto, ela deve estar se maquiando até agora, nunca vi tanta frescura em uma pessoa só - eu falei fazendo ele rir

-Experimenta morar com ela por 16 anos, você acaba se acostumando

-Nem inventa - começamos a rir de novo

-Quem diria que um dia vocês dois estariam conversando assim, como se nunca tivessem brigado na vida - Margarida falou

-Ou eu converso com ele, ou seguro 3 velas ao mesmo tempo, isso porque eu só tenho 2 mãos - eu falei

-Nada disso, nem estamos tão "nhenhenhe" assim - Valéria falou

-Tem razão, vocês estão piores - eu falei

-Pois é, devido as circunstâncias, foi necessário virarmos amigos - Paulo falou me fazendo rir

-Você tem alguma coisa para fazer depois da aula? - eu perguntei para ele

-Tenho, te ensinar álgebra

-Amém, eu achei que você tinha esquecido disso

-Eu ia nadar, mas como eu sou um bom amigo, resolvi gastar meu tempo livre te ensinando matemática, nunca me peça uma prova de amizade maior

-Eu não entendo como alguém pode entender essa matéria, ela é do demônio

-Claro que não, é extremamente fácil, se você souber como fazer um, sabe como fazer todos os outros, e ainda tem alguns com fórmulas, que é quando o professor quer dar ponto de graça, se você sabe a fórmula, sabe todo o resto, eu que não entendo como alguém pode não entender

Olhei para ele como se ele fosse um extraterrestre, era impossível alguém pensar dessa maneira, álgebra e geometria fáceis? Por favor conta outra , continuei olhando para ele até ele abrir um sorriso

-Que foi, sua doida? Ta me encarando

-Você é estranho

-Não sou eu que to encarando uma pessoa sem piscar os olhos

-Hahaha muito engraçado - ouvi o sinal bater - agora tem aula, vamos - eu falei me levantando e pegando meu caderno em cima da mesa e me direcionando para a sala de aula

As aulas passaram normalmente, a aula de química estava extremamente entediante, por isso, Paulo começou a mexer no meu cabelo, fazendo tranças mal feitas e um pouco de cafuné, foi bonzinho. Na aula de geometria, eu estava encarando o professor sem entender nada, até que eu senti uma pessoa chegando perto de mim

-Você ta com alguma dúvida? - Paulo me perguntou falando baixinho no meu ouvido

-Muitas, não to entendendo nada - eu falei

-Por que você não pergunta para ele? 

-Porque eu não entendo quando ele explica

-Ok gente, agora eu quero que vocês me entreguem os trabalhos - o professor falou se sentando na mesa

-Toma, vai lá entregar - Paulo falou me dando uma folha cheia de cálculos

-Aqui, professor - eu falei colocando a folha em cima da mesa dele

-Alícia Gusman, certo? - ele me perguntou e eu assenti - quem foi sua dupla?

-Paulo Guerra - eu respondi

-Espero que você também tenha feito alguma coisa nesse trabalho, sei como o Paulo é bom em minha matéria, mas coloquei você como dupla dele pois percebi que você está com uma certa dificuldade nas matérias de cálculo - o professor explicou

-Entendi, ele me ajudou muito, inclusive, ele vai continuar me ensinando para sua prova

-Acho bom, espero que a senhorita se saia bem - ele terminou de falar e eu fui me sentar no meu lugar

Quando as aulas acabaram, fui direto para o quarto de Paulo, ainda de uniforme, porque ele falou que quanto antes começássemos antes terminaríamos

-Então, qual assunto você quer começar? - eu perguntei

-Eu que te pergunto, tem algum que você não esteja entendendo completamente nada?

-Todos - falei fazendo ele rir

-Socorro, onde fui amarrar minha égua? - ele perguntou olhando para cima

-Nem vem, que você que me ofereceu ajuda, eu só fiz aceitar, e outra, eu... - ante de terminar de falar, eu tropecei em um fio que estava no meio do quarto dele, caindo em cima do coitado, foi um tombo bem feio

-Desculpa, eu caí

-Tu jura que caiu?

-Nem vem, que não foi culpa minha, quem mandou você deixar um fio no meio do seu quarto? 

-Você é desastrada - quando terminei de falar ele puxou nossas cabeças fazendo nossas bocas ficarem muito perto de se encostarem para formar um beijo, confesso que eu queria muito aquele beijo