1. Spirit Fanfics >
  2. Pecados de um Chef >
  3. Un

História Pecados de um Chef - Un


Escrita por: Ckjima

Capítulo 1 - Un


              Quando me vi perdido depois de amores sofridos, desilusões, esbarrei com ela, profissional séria, durona, em pouco tempo de convivência, algo mudou em mim, sou do tipo explosivo, o dia que enlouquecido pelo amor que nasceu em mim, lhe arranquei um beijo forçado...

              Desculpe não acontecerá nunca mais, justifiquei o injustificável enquanto ela me encarava nervosa, nunca vi seu olhar tão tenso. Quando voltei, ela me isolou, se afastou, meu coração partido se conformou, saí de seu caminho, segui suas regras, braços amigos me aninharam e me mostraram que levar uma vida sem amarras seria muito melhor do que me comprometer, amores...

              Amores? Bem, prefiro os rápidos de verão, intensos como o inverno nos países europeus... Viagens, amores, minha vida começou a ganhar velocidade e eu adotei aquela adrenalina como meu combustível... Amigo de um amigo me fez culpá-la, odiá-la encarar seu desprezo como deboche pessoal, profissão estúpida retrucava no começo quando ouvia falar sobre o assunto.

             Cinco anos se passaram, meu coração disparou quando nos reencontrávamos frente-a-frente no bar de um hotel, tomava o rumo do quarto e nos encaramos enquanto passava pelo balcão. Deus poderia rolar os dados daquela maneira? A pergunta que eu me fazia era exatamente essa enquanto ela oferecia um lugar ao seu lado. Fiquei olhando para ela, linda, mais linda do que minha memória conseguia recordar, uma mulher tão diferente daquela imagem cinzenta no canto da sala que me desprezara de uma forma tão abrupta, ela sorriu e eu observei seu rosto, sua maquiagem, seus olhos, sua boca, seu cheiro, sua voz...

              Esfreguei meus dedos pelo meu rosto tentando me concentrar na conversa enquanto eu sorria e ela me observava, em um determinado momento ela soltou uma risada rápida e excitada, um som tão íntimo que me fez relembrar nossas conversas do passado, nunca havia escutado algo tão pessoal, suas risadas eram comedidas, educadas, ensaiadas...

              Eu possivelmente a encarava com insistência, pois ela balançou os cabelos e deu um meio sorriso e me observando de volta com seu olhar intenso. Ri encabulado, pelos meus pensamentos, era como se todos os demônios interiores estivessem sendo libertados junto às minhas fantasias, ter aquela mulher como desejei e, dessa vez, ela correspondia ao meu olhar, alimentando-os, passei a mão pelos cabelos e ajeitei a gola da camisa, em um gesto conhecido do passado que havia se tornado um tique convincente da minha inquietação interna, enquanto ela seguia meus gestos com os olhos e ela passou a língua pelos lábios e deu um sorriso irônico enquanto abria a bolsa e mostrava minha foto na contracapa do panfleto que anunciava o jantar de encerramento que seria realizado no dia seguinte...

              Suas doces e calculadas palavras me interrogavam de como lidava com a fama, se estava satisfeito em me tornar um talento reconhecido nacionalmente... Sorri e dei minha resposta ensaiada pela minha assessora, que tudo que acontecia era mérito por um trabalho realizado ao longo do tempo, o sucesso era algo bom e ruim e que a fama sugava parte da minha alma, mas que existia um sujeito em paz em alguma parte, finalizei com uma risada ensaiada. Ela desviou o olhar para sua taça e sorriu disparando uma frase “Foi tão bom rever você, deve ter seus fãs para dar atenção e eu ocupando seu tempo...” aquelas palavras feriram meus ouvidos e eu segurei seu cotovelo enquanto ela me encarava...

              Minha boca era grande demais para ficar fechada e eu a convidei para subir até meu quarto, ela me observou por alguns segundos e piscou os olhos de forma quase infantil enquanto eu arrancava uma cédula da carteira e colocava embaixo do seu drinque e acenava ao barman e entrelaçava meus dedos aos dela e saíamos andando rumo ao elevador.

              Silêncio sepulcral tomou conta do elevador e seguiu até a porta que abri e a empurrei enquanto a puxava para o interior do quarto e para meus braços. Faríamos algo que sempre desejei, projetei, imaginei... Se os desejos eram mil vezes melhores do que a imaginação talvez eu estivesse mais apaixonado por ela naquele instante do que fora em algum momento do passado.

              Acariciei seus dedos que agarravam o lençol, sentindo seu corpo tremendo, seus quadris flexionados, naquele momento meus lábios deslizavam por sua mandíbula, minha língua se projetou e provou seu sabor, minhas narinas dilatadas sentiram o cheiro dela, sensações olfativas tão ricas que me fizeram fechar os olhos e aspirar aquele cheiro, precisava daquilo, a ponta da minha língua tocou a parte inferior de sua orelha e senti uma leve dormência, seu perfume marcara sua pele, o cheiro do shampoo brincava com meu olfato e seu perfume agredia meu paladar...

              Um pulso elétrico passou por minha medula, gritaria um palavrão se fosse descrever em uma palavra toda minha excitação naquele segundo, sabiamente seus dedos acariciaram meus lábios me trazendo de volta à loucura do momento, suas pernas entrelaçavam meus quadris e meus dedos agarraram as laterais da cama, aumentando a pressão e a fricção entre nossos corpos.

              Reações tão reais, intensas, meus dedos precisavam sentir sua pele, sensações térmicas mais distintas e interessantes do que aquele trançado de fios que constituíam o lençol, tremi excitado, todo aquele clima propício ao sono fazia minha pele arder como um braseiro enquanto o ar-condicionado vibrava de modo constante, mascarando e embalando o silêncio dos inocentes. Ela movimentou a cabeça e de seus lábios escaparam um gemido único, quente como seu interior, que invadiu minhas narinas elevando o aroma de rum do coquetel que ela tomara minutos atrás.

              Beijei seus lábios profanando o interior de sua boca com minha língua, a resposta foi imediata e um duelo teve início, ela me entendera e me provocava, sua saliva era um néctar precioso que era oferecido como um incentivo à vitória. Não existiria momento mais propício do que aquele, me afastei sob protesto de seus lábios e a observei, seu corpo, seu rosto, seus cabelos espalhados pela cama...

              Cada peculiaridade que havia imaginado como o tamanho dos dedos dos pés ou a profundidade de seu umbigo. Meus olhos passearam por seu corpo e minhas mãos conheceram suas particularidades. Me ajoelhei diante dela e, internamente agradeci por aquele reencontro às cegas, tateei seus quadris e a convidei a deixar minhas papilas gustativas em polvorosa, ela riu quando minha boca avançou e tocou sua intimidade, em um movimento muito sexy ela passou as unhas pelos lábios e aninhou a cabeça entre travesseiros e me observou curiosa como se me preparasse para degustar alguma iguaria exótica. Sorri e acariciei sua perna flexionada, passei os dentes pelos lábios e usei a língua para limpar meu paladar e aproveitar aquela nascente que gotejava diante de meus olhos.

              Ser imparcial, dedicado e sutil, absorver cada partícula, sabores, odores, sensações tão únicas, a riqueza de pequenos detalhes, como uma contração involuntária ou uma cicatriz escondida por uma tatuagem, foi uma troca única, prazer em troca de prazer, uma ação que por muitos era considerada tão banal, naquele momento o clímax me brindava como um banquete, denso, quente, saboroso, para ser degustado até a última gota, o que realmente o fiz, quando terminei ela estava sorrindo, me encarou e soltou uma piada sobre a situação.

              A encarei por um segundo, o profissional que me tornara, ouvia, lia tantas coisas a meu respeito que por um segundo meu subconsciente gritava dentro de mim, meus dedos avançaram nervosos pelo meu rosto repetindo um gesto automático que era uma de minhas manias reconhecidas pela mídia.

              Ela riu docemente, se ajoelhando e engatinhou pela cama, me alcançando, me acariciou, abraçou, puxou pelas mãos me fazendo deitar novamente naquela cama, enquanto me provocava com palavras, gestos e mostrava que também sabia ser criativa. Fechar os olhos era uma maneira terrível de me entregar àquela situação, eu preferia mantê-los abertos, entretanto ela jogou o travesseiro contra meu rosto, eu simplesmente fechei os olhos e deixei as sensações físicas me dominarem... Gritar, eu poderia gritar? No fundo me sentia intimidado em gritar e assustá-la, o travesseiro...

              Por um segundo meu subconsciente ficou em alerta, ela tinha consciência de quem eu era, de quem eu havia me tornado, não era apenas o conhecido do passado, como pessoa pública, minha reputação e minha ética eram questionadas todo o tempo... Talvez fosse isso, ela tinha consciência de mesmo que se aquela noite vazasse por algum meio de comunicação, minha vida pessoal se manteria resguardada, talvez quando mencionei a fama, o lado negro que sugava qualquer incidente e o transformava em polêmicas e matérias de colunas de celebridades ela absorvera mais do que eu havia imaginado.

              Tirei o travesseiro do rosto e a observei enquanto ela olhava para mim e piscou divertida, sorri e balancei a cabeça segurando o travesseiro contra meu rosto e me entreguei ao delírio erótico de ter aquela mulher como havia fantasiado há tanto tempo atrás, sentindo a fusão dos sentidos, os hormônios entrarem em ebulição, o sangue fluindo cada vez mais rápido excitado pelo prazer que ela me proporcionava de forma tão dedicada, a explosão aconteceu no momento seguinte, a energia pulsou pelo corpo e me libertou através de gemidos e contrações e ao abrir os olhos obtive a grata surpresa de sua expressão tranquila, um sorriso despretensioso bailando em seus lábios, ela se ajoelhou no canto da cama e sorriu, recebi uma carícia íntima de suas mãos e, um gracejo sexual saiu de sua boca em um tom sensual e bem humorado.

              Ri, ri pela citação, pela situação e pelo passado, o quanto minha posição teria afetado suas escolhas? Eu ria, ria diante de seus comentários insanos enquanto ela se jogava ao meu lado na cama. Ela me fascinava no passado e agora, estar ali era a melhor das oportunidades que a vida me oferecera e aproveitar aquele reencontro seria o preço de aguentar o sono no dia seguinte, ter uma aventura de uma noite era algo que evitava, preferindo as velhas e fiéis conhecidas, mas, eu olhava em seus olhos e eu acreditava naquele carinho, aquela paciência convicta que emanava de seu ser.

              Se eu chamasse de amor seria errado, mas ela nutria algo por mim, algo muito além da admiração ou do interesse que era ofertado no dia-a-dia, eu confiei nesse sentimento, confiei no que nos unia naquele momento, algo que era muito maior do que a razão geralmente me alertava e que poderia arruinar minha carreira, abominava a ideia de ser obrigado a contratar advogados para me representar perante algum tribunal acusado pelo que acontecia naquele momento. Beijos e carícias, sorrisos, palavras desconexas...

              Ela riu e deu um longo beijo, se sentou na cama, se vestiu e andava rumo à porta, dessa vez, eu a alcancei antes que abrisse a porta e lhe roubei um beijo, dessa vez correspondida de forma atrevida, tirando meu fôlego, que me fez rir quando ela finalmente se libertou de meus braços e fugiu correndo rumo ao corredor do elevador e eu a acompanhava com os olhos, os cabelos soltos esvoaçantes, as sandálias nas mãos, o vestido ainda enrolado nas coxas, quando ela desapareceu, fechei a porta do quarto uma sensação maravilhosa emanava, me dei ao luxo de soltar algumas baforadas de um charuto que carregava comigo para momentos especiais, presente do meu mentor do programa...

O cheiro invadiu minhas narinas e eu ri, era o sabor da conquista, da vitória e eu sorri, apaguei o charuto e voltei para a cama e fechei os olhos, minha mente fervilhava, nela, menus surgiam, combinações sutis de sabores, odores e sensações gustativas que relembravam a deliciosa sensação de ter aquela desejada mulher em meus braços...

              Fama? Claro que ela ajudava a trilhar meu caminho, desconhecido talentoso à promissor chef... Segurei a doma entre os dedos e sorri... Deus, eu havia conquistado o direito de pecar...



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...