1. Spirit Fanfics >
  2. Pecados de um Chef >
  3. Cinq

História Pecados de um Chef - Cinq


Escrita por: Ckjima

Notas do Autor


Amores, sabores, a intensa vida de um Chef...

Capítulo 5 - Cinq


              Após alguns minutos meu corpo reagiu, levantei-me da cama e me arrastei até o chuveiro olhando para a porta, exalei balançando a cabeça e sorrindo, quando você pensa que conhece alguém.

              A água gelada batia forte contra meus ombros enquanto minha cabeça pendia sobre o peito em meu sono meio embriagado pelas lembranças do passado, Deus... Eu conseguira dormir embaixo da ducha... Esfreguei meu rosto com aquela água gelada e tentei não gritar, respeitaria os inocentes que deveriam dormir nos quartos vizinhos. Desliguei a ducha e puxei a toalha enxugando meu corpo e a enrolei em volta da cintura e abri o guarda roupa vestindo uma calça jeans e uma camiseta de banda de rock coloquei uma parca azul por cima e me olhei no espelho – Que cara lindo – murmurei ironicamente pensando nas bobagens habituais da imprensa e peguei meu smartphone dando de cara com uma lista de mensagens da equipe que me aguardava no saguão do hotel, eu estava muito ferrado... Pensei penteando meus cabelos e ri inutilmente – Cabelo espetado – repeti a frase predileta de zoação na escola que me fazia chorar irritado e mamãe sempre me abraçava e os moldava na ponta dos dedos – Paciência – Falei balançando a cabeça e fechei os olhos energicamente, aquela onda de saudosismo viera de onde? Era o reencontro? Ou melhor, a falta dela? Definitivamente eu estava irritado com aquela situação... Aqueles pensamentos e, foi quando eu ri de mim mesmo, revirando os olhos, tirei uma selfie na janela do hotel enquanto o sol surgia no horizonte e tuitei a mensagem aos fãs – Bom dia... Mais uma madrugada glamourosa de um Chef – apertei o botão enviar e desliguei o aparelho saindo do quarto, a partir daquele momento, eu precisaria arranjar uma desculpa muito boa, como voltei para o quarto e acabei dormindo? Logo eu? O último guerreiro, o que ficava de pé até o último segundo... Saí do quarto e senti um perfume de flores, um perfume conhecido durante minha infância... Seria presságio que algo estaria para acontecer? Por um momento eu tentei exalar o ar dos meus pulmões e expulsar com ele todos os sentimentos confusos que haviam brotado em meu cérebro desde que abrira os olhos...

—Bom dia Chef – minha assessora murmurou quando me sentei ao seu lado e encarei sua torrada.

—Torrada e café, por favor – murmurei para o garçom que se aproximara da mesa.

—As reservas já foram confirmadas, o voo será dentro de quatro horas, deseja algo? – a assessora olhava em meus olhos e sorria, meu silêncio era conhecido por ela.

—Quem foi? Não me diga que foi uma dessas fãs... – ela começou a falar e eu balancei a cabeça negando o que sua imaginação criava naquele instante.

—Obrigado – murmurei enquanto o garçom colocava a xícara e a pequena jarra ao lado e a torrada de frente para mim, sorriu e se afastou enquanto eu olhava para a manteiga que derretia sob a superfície dourada, peguei a torrada fumegante entre os dedos e dei uma bela mordida enquanto sorria o barulho da crosta caramelizada se quebrando sentindo os sabores, a textura, o aroma... Salivei diante do óbvio, fome... Fome de todas as coisas que eu gostava... —Que cara é essa? – perguntei olhando para a assessora.

—Léo... Desculpe-me, você tem esse seu jeito e eu entendo você, mas quem foi? – a assessora insistia.

—Não se preocupe, foi algo de uma noite... – disse girando a torrada entre os dedos enquanto ela me encarava desconfiada.

—Não... – ela balançou a cabeça negativamente —Dificilmente estaria pensando nela se assim o fosse.

—Experimenta... – rasguei um pedaço da torrada e enfiei em sua boca —A textura desse pão é muito boa... Sente a maciez? Essa delicada combinação da massa que mesmo com a crosta ela continua desmanchando na boca? Sente essa combinação de sabores sutis, o salgado e o doce discreto que aparece lá no fundo? Essa torrada está perfeita...

—Desisto... Okay... – a assessora murmurou rindo enquanto eu terminava de comer a torrada.

—Te encontro no saguão do aeroporto – murmurei me levantando da mesa e sorri – Você paga.

—Vai me contar? – ela insistiu.

—Vai acreditar? – perguntei enquanto eu ria e erguia as mãos – Paola Carosella...

—Deixa de ser mentiroso... – ela bufou e ameaçou a jogar algo em mim.

—Não posso fazer nada se você não acredita... – respondi e andei rumo à saída.

              Voltei ao quarto arrumando minha bagagem, conferi meu kit, suspirei olhando para o quarto, para a cama enquanto me conscientizava daquela situação surreal que havíamos vivido desde que a reencontrei no bar do hotel, mulher incompreensível, misteriosa, sexy e que enlouquece qualquer um...

              Saí do quarto e andei pelo corredor enquanto algumas camareiras me observam curiosas.

—Bom dia... – Falei baixinho acenei os dedos e sorri — Tenham um bom dia...

              As portas do elevador se abriram e eu entrei acenando enquanto elas me observavam como se fosse um fantasma, as portas se fecharam e eu encontrei metade da equipe no saguão do hotel.

—Chef, pensei que nos encontraria no aeroporto... – a assessora murmurou enquanto eu ria.

—Não, irei com vocês... – respondi enquanto Thaiana e outros membros terminavam o checkout.

              Partimos rumo ao aeroporto, esperamos por algum tempo, o voo foi anunciado e logo estávamos embarcando e o avião taxiava rumo à São Paulo, desembarcamos e nos despedimos, nosso reencontro seria dentro de dois dias, dessa vez em Curitiba. Quando entrava em meu apartamento, meu celular vibrou, minha assessora mais uma vez me lembrava sobre minha agenda, uma entrevista, um jantar com velhos amigos.

              Abri a mala e retirei minhas coisas enquanto olhava para o apartamento vazio, o preço de ser um Chef, um apartamento frio e funcional, a empregada entrou e deu de cara comigo.

—Léo... Você está bem meu filho? – ela murmurou me observando enquanto eu sorria.

—Obrigado, estou ótimo, apenas ainda me acostumando estar de volta... – respondi e ela sorriu.

—Quando sua mãe me disse que voltaria eu sabia que precisaria de mim... – ela disse sorrindo.

—Naná... Você é minha família também – murmurei abraçando aquela doce e simpática senhora.

—Ah Léo... Que saudades eu sentia de você... – ela estava abraçada à minha cintura e eu relembrava de tudo... A infância, minhas travessuras...

—Naná... Obrigado por vir aqui me visitar e cuidar de mim – disse sorrindo.

—Cuidar de você? – ela balançou a cabeleira branca rindo —Só venho fazer limpeza da sua bagunça.

—Naná... – disse rindo e ela balançou a cabeça.

—Leozinho você mudou muito... Agora está mais organizado, quando digo bagunça... – ela deu de ombros —Você sabe que preciso vir aqui e ver você.

—Hummm – abracei-a por um logo período e sorri – Obrigado por estar aqui...

—Menino... – ela soltou de meus braços — Me deixa fazer as coisas que preciso ir embora.

 

              O telefone tocou e ao atendê-lo de imediato reconheci a voz do outro lado.

—Léo, sou eu Ana Paula, falei com sua assessora você pode me dar uma entrevista? – ela disse.

—Ana... Uau... Que bom ouvir sua voz... – murmurei sorrindo enquanto ela ria do outro lado —Venha almoçar comigo... – convidei sem pestanejar, eu adorava a Ana e seria um prazer enorme recebe-la.

—Hoje? – sua voz parecia surpresa —Está bem...

—Estou te esperando às duas da tarde seria cedo? – perguntei tentando me adaptar ao tempo.

—Não... Seria perfeito... – sua voz decidida respondeu se despediu e encerrou a chamada.

              Ana... Ana... Canelloni recheado com carne seca... hummm o cardápio surgia em minha cabeça enquanto eu olhava o que havia na dispensa e na geladeira, peguei uma sacola de pano, os óculos escuros e saí para o supermercado, desci até a garagem e peguei minha moto enquanto saía pela garagem alguns vizinhos acenaram me reconhecendo e eu acenei de volta. Entrei no supermercado e fui para a parte de laticínios comprando tudo que precisava ser fresco, terminei escolhendo tomates cereja e voltei para casa, lavei, temperei com alho, oregano e coloquei no forno, regados com azeite sal e pimenta por meia hora... Tomates secos deliciosos e frescos... preparei a massa enquanto deixava descansar me concentrei no recheio bem brasileiro, xuxu, carne seca, temperos, um pouco de sálvia... delicioso... Enquanto esfriava, abri a massa, linda... linda... recheei os canellonis e separei os ingredientes do molho, tomei um banho, vesti uma camiseta e um jeans, peguei uma toalha de mesa, preparei os pratos, escolhi um bom beaujolais e o coloquei no suporte, voltei a cozinha olhando os preparativos do molho e quando faltavam 20 minutos comecei a prepara-lo, colocando-o quente sobre os canellonis e levando-os ao forno por 20 minutos... preparei uma salada com rúcula e tomate seco e esperei por Ana... Pontual, a campainha soou e ela estava ali, diante de mim, com aquele sorriso e aqueles olhos inteligentes...



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...