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História Pedaço da Lua - Capítulo V


Escrita por: Downdownbaby

Notas do Autor


~Oh Na Na oneulcheoreom Oh Na Na Oh Na Na Oh Na Na ~ //twerks
Eu amei essa música SOS

Então, eu não consegui vir antes de terminar a semana de provas ;-; Mas, em compensação, consegui ser aprovada em todas as matérias //twerks again

Aqui está um novo capítulo. Espero que não esteja ficando entediante, porque eu crio muitas histórias que tem nada com o couple. Perdoa os vacilo e não desiste de mim.

Enjoy it~

Capítulo 6 - Capítulo V


 

De acordo com o mapa que Chanyeol portava, a cabana onde as duas humanas viviam ficava a aproximadamente oito dias de viagem seguindo para o sudeste ao partirem do acampamento militar élfico.

 

Iniciaram a viagem logo que os cavalos lhes foram entregues pelo adestrador do exército. Seguiram cavalgando calmamente sob a neve que caía incessante.

 

As capas do Exército élfico eram mais grossas nessa estação, mas Suho ainda sentia frio sob o tecido bem feito. Seu rosto estava dormente pela exposição ao vento e seus dedos ainda que enluvados latejavam contra as rédeas. Mas nenhum desses desconfortos era tão intenso quanto a hostilidade que Kyungsoo ainda lhe direcionava. Escolheu aceitar a indiferença que ele jogou sobre sua existência e não arriscar mais nenhum contato enquanto não tivesse segurança para isso.

 

Foi equivocado desde o primeiro segundo, achando que poderia simplesmente se lançar em direção ao elfo. Talvez tenha tomado as palavras de Taemin literalmente demais. Quando ele disse “você está aqui para curar o coração de Kyungsoo” parecia ser bem claro quanto ao que devia fazer, mas depois de gastar algumas horas da noite passada pensando - e admirando o belo rosto do elfo -, chegou à conclusão de que errou. Foi muito tolo em não colocar em prática o primeiro ensinamento que recebeu de Hangeng: observar sempre vem antes de agir. Se tivesse se permitido estudar Kyungsoo primeiro, não teria o muro quase palpável que o elfo construiu entre eles. Ele ignorava a existência de Suho sem o mínimo remorso.

 

Na mente do humano o comportamento do elfo ainda era exagero, mas ele não poderia entender. Somente estando na pele de um elfo seria possível ter empatia suficiente para compreender a ira de Kyungsoo.
 

O povo élfico se orgulha de suas características físicas dignas de todos os poemas escritos em sua homenagem, sabem que são belos e gostam de evidenciar a beleza natural com adereços e vestes igualmente admiráveis. Mesmo os soldados não abrem mão dos longos cabelos trançados em combinações arrojadas, assim como suas armaduras e armas eram cuidadosamente adornadas com composições bonitas e delicadas. No entanto, a beleza exótica pode levar a situações que ferem o orgulho de combatente de alguns deles. Não é raro que indivíduos de outras raças zombem da aparência “frágil” dos elfos. Indivíduos brutos, especialmente, tem como principal fonte de diversão azucrinar todos os elfos que veem pela frente.

 

E foi quando viajava com seu antigo mestre, em visita à um vilarejo localizado ainda mais ao sul depois da mesa de pedra, quando Sooman e Kyungsoo jantavam no restaurante da única estalagem que encontraram que Kyungsoo tomou asco por ser tratado como ser mais frágil. Um anão de modos quase animalescos notou o jovem elfo ruivo e passou a fazer comentários jocosos sobre sua aparência. Completamente bêbado e indiscreto, o ser imundo falava alto e arrancava risos de outros bêbados presentes. O nível de irritação do feiticeiro chegou ao ponto de incendiar o barril de cerveja que aquela criatura pequena e atarracada abraçou em certo momento. Foi delicioso assistir a criatura minúscula rolar pelo chão enquanto tentava apagar o fogo nas próprias roupas.

 

No entanto, o dono da estalagem não ficou tão feliz quanto Kyungsoo quando viu o fogo. Primeiro ele ajudou a apagar as chamas, depois colocou Kyungsoo, Sooman e o anão com cheiro de churrasco para fora.

 

Toda vez que Suho o tratava como uma dama, Kyungsoo lembrava-se daquele anão desprezível que usou os mesmos tratamentos para lhe tirar o controle. Venhamos e convenhamos que a aparência do humano e do anão não se assemelhava em nenhum grau, mas Kyungsoo o via com os olhos de um elfo que teve o orgulho ferido.

 

|||

 

Kai voava perto do grupo, cobrindo uma distância à frente, parando em um galho protegido do vento e esperando que eles o alcançassem para só então alçar voo novamente. Voando com o corpo pequeno contra o vento congelante do fim do inverno, o corvo sabia que precisava daquele ritmo para poupar energia e conseguir viajar o dia todo.

 

E conseguiu. O grupo viajou sem pausa durante todo o primeiro dia, parando apenas quando Kai usou a ligação que somente ele e seu mestre ouviam para lembrá-lo de que tinham um humano no grupo. Além de lhe irritar, Suho ainda seria um atraso. Os elfos poderiam viajar mais alguns dias sem descanso, mas o corpo humano castigado pelo inverno rigoroso precisava de uma pausa antes que pudessem sequer sentir o cansaço.

 

“Preciso confessar que meu corpo também clama por descanso, mestre.” Kai admitiu apenas para o feiticeiro.

 

O elfo o olhou desconfiado. Kai não era um corvo que se cansava facilmente, algo estava errado.

 

Já era noite novamente há algumas horas quando Kyungsoo mirou os olhos grandes para o humano que cavalgava silenciosamente resignado ao seu lado. Ele tinha os olhos apertados na tentativa falha de protegê-los da baixa temperatura do vento, mas sua postura ainda era boa. Cavalgava melhor do que o elfo esperava.

 

“Esse humano é um guerreiro que você certamente gostaria de ter lutando do seu lado e não como inimigo”, foram as palavras que o velho mago disse quando questionado sobre a função de Suho no grupo. Kyungsoo duvidava disso toda vez que olhava para ele, mas sabia melhor que ninguém o quão equivocadas podem ser as conclusões tiradas a partir da aparência.

 

Talvez Suho merecesse um voto de confiança. Apesar de todas as manias peculiares, o velho Sooman nunca foi adepto de mentiras, então se ele dizia que o humano era bom é porque devia ser bom.

Estava pronto para chamar a atenção do grupo quando Chanyeol se adiantou. O guerreiro não era líder daquele grupo por mera disponibilidade do título, afinal. Mais uma vez Sooman mostrava que sempre sabia o que fazia.

 

O cavalo em que Chanyeol viajava com Baekhyun foi diminuindo o ritmo do trote até obrigar todos os outros cavalos que o seguiam a parar para que ouvissem sua fala:


– Acho que já avançamos o suficiente por hoje, vamos montar acampamento e recarregar as energias para amanhã. – anunciou, forçando a voz forte para ser ouvido sobre o vento. As rajadas fortes agitavam seus cabelos e jogavam neve contra o rosto. – O fim do inverno não parece disposto a facilitar as coisas.

 

Jongdae foi o primeiro a se mover, descendo da sela e desamarrando o que precisaria na montagem da tenda que serviria de abrigo contra o frio. Suho seguiu-o em silêncio, internamente aliviado por não ter precisado pedir que parassem por sua causa.

Para evitar ter que dividir a tenda com o humano, o feiticeiro ruivo se apressou em ajudar Jongdae a montar o abrigo e dizendo que passaria a noite com ele. O bardo, naturalmente, não perdeu a chance de lançar um daqueles sorrisos sabichões ao companheiro.

 

Kyungsoo não entendeu o sorriso no primeiro momento, mas teve um pressentimento ruim sobre aquela reação do bardo. Ele era o mais próximo de sádico que Kyungsoo já conheceu e, se ele achava alguma coisa divertida, significava que alguém teria uma surpresa não tão agradável. Para seu total desespero, o alvo daquele sorriso era Kyungsoo.

 

Suho e Baekhyun se encarregaram de acender uma pequena fogueira e preparam o alimento do grupo, enquanto o guerreiro se juntava aos outros dois na tarefa de montar o abrigo. Somente quando a tenda estava praticamente pronta que um detalhe chamou a atenção do feiticeiro: aquela tenda era maior do que ele lembrava das tendas que os elfos costumam usar nas viagens.

Fazia um bom tempo desde quando Kyungsoo se fechou em seu alojamento, mas não acreditava que os elfos seriam capazes de aumentar o tamanho das tendas sem necessidade. A Floresta Anciã era clara ao dizer que Ehlonna não aceitaria que utilizassem mais do que o necessário dos presentes que a natureza oferece. As tendas eram tecidas com lã de ovelhas que vivem nos campos próximos do reino, ao pé da montanha, e tingidas com corantes extraídos de folhas e flores até adquirirem a tonalidade certa para se integrarem à floresta.

 

Enquanto o jovem ruivo se perdia em seus questionamentos interiores, Chanyeol já tinha finalizado a fixação do abrigo e parado ao lado de Baekhyun. Foi de lá que ele chamou Kyungsoo e Jongdae para se juntarem a eles perto do fogo.

 

Fizeram a refeição em silêncio. O frio fazia a simples tarefa de proferir uma palavra parecer dependente de uma grande quantia de esforço. Nem mesmo Jongdae parecia disposto a realizar esse esforço para falar - e isso era algo verdadeiramente incomum.

 

Ao terminar a comida quente, o feiticeiro abriu a pequena bolsa que carregava e tirou um pouco da mistura de frutas e ervas secas que carregava para alimentar Kai. Nessa em especial havia uma parte de castanhas e carne seca para reforçar a resistência dele sem precisar comer cadáveres. Kyungsoo não gostava de saber que seu corvo come criaturas podres, por isso fazia o possível para o manter bem alimentado com alimentos mais limpos.

 

Mal sabia o elfo que seu companheiro se alimentava de carcaças quando ele não via. Por mais evoluído e sábio que fosse, Kai não podia simplesmente fugir de seus instintos e eles não resistiam a um pedaço de carne cheio de vermes.

 

Por hora se reservou a atender quando seu mestre bateu a palma da mão duas vezes sobre o próprio ombro e esperou.

 

Kai surgiu de dentro da copa de uma árvore próxima e pousou no ombro indicado por seu mestre, logo recebendo a comida da palma da mão suave.

Suho observou a cena com um sorriso involuntário nos lábios já rachados. O olhar sempre duro de Kyungsoo foi trocado por uma expressão atenciosa e gentil ao que ele tratava o corvo. Lembrava um tempo distante, quando o humano ainda vivia pacificamente no Reino Branco.

 

A noiva de seu irmão costumava ajudar a treinar as aves do exército. Yoona sempre foi muito amigável e as aves pareciam confiar mais nela do que em qualquer soldado. Alguns dos animais mais ariscos só aceitavam seus mestres quando Yoona lhes pedia por isso. Isso porque ela não os tratava como armas, mas como companheiros. Seu irmão, na condição de homem apaixonado, passava horas falando de todo e cada detalhe que fazia de Yoona a moça mais encantadora do reino. Uma das frases que ele disse, parecia muito conveniente à Kyungsoo também.

 

“Ela e as aves são muito parecidas, por isso se entendem tão bem. A diferença é que as asas dela ficam na alma”.

 

 

|||

 

 

Kyungsoo não estava errado ao questionar o tamanho do abrigo que montou com Jongdae, acabou descobrindo quando a hora de se retirarem chegou. Quando terminaram a refeição e apagaram o fogo para não atrair animais - ou inimigos -, Chanyeol disse que ficaria de guarda e pediu que entrassem todos para descansar protegidos do frio. Aquele abrigo era feito para abrigar a todos eles, quatro adultos. Kyungsoo não tinha um motivo particular, mas algum tipo de alarme dentro de sua mente pedia que não ficasse muito tempo perto do humano que os acompanhava. Foi guiado pelo som estridente deste alarme que ele se aproximou de Chanyeol para falar:

 

– Eu fico de guarda. Você ainda está se recuperando das feridas no pescoço.

 

Recebeu um olhar duro do guerreiro. Sorte sua que o medo já não era uma palavra conhecida para ele.

 

– Eu ainda consigo sentir o cheiro de sangue, Chanyeol. Se não cuidar disso direito, vai piorar e sabe melhor do que eu que um soldado ferido é tão útil para o grupo quanto um pergaminho para um orc.

 

Chanyeol engoliu o orgulho e se limitou a murmurar um agradecimento contrariado antes de se encaminhar para dentro do abrigo.

 

Assim que ele fechou a entrada da tenda, o ruivo se encolheu mais dentro da capa grossa e buscou um bom ponto para passar a noite. Escolheram um local dentro da floresta para montar acampamento, a quase trinta pés da trilha pela qual seguiam viagem. As montarias foram amarradas sob um amontoado de árvores que os protegeria da neve da melhor forma possível. As árvores ali eram consideravelmente altas e estavam cobertas de neve. Kyungsoo escolheu uma que lhe permitisse ver tanto a tenda quanto a trilha. Estava escuro, mas os olhos de sua raça sempre foram acostumados a ignorar a escuridão.

 

Pediu a Kai para montar guarda junto a si naquela noite, sob a promessa de deixá-lo descansar no dia seguinte.

 

Quando os dois estavam corretamente alocados, permitiu-se pensar sobre a movimentação vertiginosa que sua vida, há tempos pacata, sofreu nos últimos dias. Dois dias antes ele nem mesmo cogitava a possibilidade de sair do alojamento mesmo que disso dependesse sua vida, e agora ali estava, longe de casa, na companhia de um estranho que lhe tirava a paz e congelando. Queria com todas as forças voltar para o acampamento élfico e se trancar novamente até aquele mago velho de uma figa aparecer novamente.

 

Sabia que jamais poderia fugir de Sooman, mas teria alguma paz enquanto ele não voltasse - o que levaria um tempo, pelo que conhecia de seu mestre.

 

O grupo já havia feito um avanço considerável em direção à seu destino. Se mantivessem o mesmo ritmo, podiam chegar antes do previsto e acabar logo com aquela viagem pouco útil ante os olhos de Kyungsoo.

 

Entendia que relações diplomáticas são essenciais e que Sooyoung é uma aliada muito apreciada pelo histórico de bondade com os aliados humanos, mas parecia exagero mandar um grupo de combate para recuperar um colar. O único dentre eles que se aproximava de um diplomata era Jongdae. E havia o humano e suas habilidades desconhecidas. Seria essa a função dele?

 

Lhe irritou perceber que Suho estava ocupando tempo demais de seus pensamentos. Eram muitas perguntas e nenhuma resposta.

 

Se bem que a vida fez questão de lhe ensinar que saber as respostas nem sempre traz alívio.

 

Se tivesse o poder de escolher, teria optado por permanecer com todas as suas dúvidas sobre os dragões.

 

|||

 

Antes mesmo que a luz do dia anunciasse o dia seguinte, Chanyeol chamou o grupo para que retomassem a viagem. Foi questão de minutos até que o abrigo estivesse desmontado e todos prontos para cavalgar.

 

Kyungsoo lembrou-se do descanso prometido a Kai, estendeu a mão enluvada no ar e esperou o corvo surgir do meio das árvores. Quando Kai pousou, recebeu um sorriso gentil de seu mestre e logo foi abrigado entre a capa e o corpo dele, aceitando de bom grado a proteção contra o frio. Agora tão perto, Kyungsoo era capaz de sentir a energia de Kai ainda mais claramente. Estava tão abalada que a culpa por ter feito-o passar a noite em claro lhe atingiu.

 

“Não se preocupe tanto, mestre.” O corvo pediu antes de adormecer.

 

Os dias e as noites se tornavam menos frios conforme avançavam para o sudeste. As montanhas ficavam em terreno elevado, então, ao que se afastavam delas, caminhavam em direção a altitudes mais baixas, onde o vento não circulava com a mesma fúria que tinha no alto.

 

No sétimo dia de viagem, no entanto, Kyungsoo e Jongdae concordavam que a mudança climática não era mero fruto da variação de altitudes. As capas grossas passaram a incomodar e no ponto onde estavam, a neve parecia nem mesmo ter chegado a tocar o tapete verde vivo ou as pétalas das flores delicadas. Ao avistarem a cabana, não tinham mais dúvidas de que era dela que vinha o efeito que afastava o frio. Kyungsoo estendeu a mão livre da luva para pescar entre os dedos uma folha da árvore pequena de folhagem azul intenso que estava perto dele, ladeando o fim da trilha. Alguns metros mais acima de sua cabeça estava a copa de outra maior, com folhas vermelhas.

 

A cabana ficava no topo de um morro pequeno, aparentemente não natural. Parecia ser obra de quem construiu a edificação, especialmente para dar-lhe destaque em meio à floresta. O acesso ao topo era feito por uma escada de pedra clara, com grades de ferro negro bem forjado e emoldurado por flores de formas e cores diversas. Do lado direito, na base eram flores de pétalas brancas que ficavam alaranjadas no centro; do esquerdo eram arbustos cheios que pareciam ter folhas cor de rosa no topo, de tão minúsculas que eram as flores dessa cor que estavam ali.

 

Todos olhavam igualmente admirados para o caminho que se erguia e perdia de vista em uma curva. Não muito consciente de suas ações, mas internamente agradecido pelo que quer que os tivesse livrado do inverno impiedoso, Suho foi o primeiro a se pronunciar, em um sussurro admirado e aliviado:

 

– É como se o inverno tivesse esquecido desse lugar.

 

Contrariado, Kyungsoo desviou os olhos da folhinha em sua palma para o humano. Ele parecia ainda mais branco envolto por tantas cores vibrantes. O tom pastel de verde das vestes do exército élfico caiu bem a ele.

 

– Devia ser tão fácil assim? – A pergunta foi de Jongdae para Chanyeol.

 

– Sooman disse que elas não são ameaça.

 

– Eu não gosto nem um pouco de admitir que Jongdae tem razão – Kyungsoo se pronunciou usando um tom de voz seguro --, mas também não tenho tanta confiança sobre o que ele considera ameaçador ou não quando penso sobre o grupo que ele mandou. Pense um pouco, Chanyeol.

 

– Eu já pensei. – respondeu duro – E a formação do grupo não é por causa do destino de nossa viagem, sim pelo caminho até aqui.

 

Cada um dos integrantes do grupo demonstrou a mesma confusão com a fala do líder. Estava mais do que claro que Chanyeol recebeu de Sooman alguma informação a qual nenhum deles teve acesso. Kyungsoo ainda buscou os olhos do humano, buscando saber se ele tinha conhecimento de algo, mas encontrou as orbes negras ainda mais perdidas do que si mesmo. Se dirigiu então ao único que parecia capaz de responder suas questões:

 

– O que quer dizer com isso, Chanyeol?

 

– Não tenho permissão para falar ainda, porque é uma informação insegura. O ponto é que vocês estão aqui por precaução e as duas não oferecem perigo. Vamos logo recuperar a orquídea de Sooyoung e voltar o mais rápido possível.

 

Sem dar tempo para mais questionamentos, ele desceu da montaria e atou as rédeas à uma árvore próxima.

 

Todos os outros sabiam que o mais inteligente a fazer naquela situação era seguir as ordens dele, então fizeram o mesmo, em silêncio, mas não menos curiosos. Logo os cinco subiam a escada de pedra ladeada por flores. Assim que chegaram à curva que viam da base da escada, foram contemplados com a imagem da cabana que Sooman descreveu.

O topo do morro era aplainado e tinha árvores menores circundando uma minúscula clareira forrada de um gramado vivo. Arbustos e árvores de porte pequeno exibiam as folhagens coloridas em alguns pontos daquela pausa da floresta. A escada por onde seguiram acabava onde começava um caminho de pedras irregulares de mesma cor cravadas no chão, guiando-os até a entrada da cabaninha graciosa. As paredes eram de madeira cheirosa, assim como as duas portas grandes que podiam ver. O telhado de duas águas era curvado e tomava a forma parecida com um chapéu de pescadores na base.

 

Enquanto deixava os olhos correrem pela paisagem, Kyungsoo sentiu Kai se agitar debaixo de sua capa, logo abrindo espaço para que ele saísse e batesse as asas negras contrastantes com todas as cores vibrantes. O corvo esteve quieto desde que foi abrigado ali para descansar, agora chegara sua hora de agir.

 

Os olhos intrigados de cada membro do grupo seguiram a ave negra em seu trajeto até um poleiro entalhado no pilar de madeira que segurava o telhado.

– O que ele está fazendo? – Chanyeol questionou Kyungsoo.

 

– Eu gostaria de saber.

 

– Kai? – Chamou o nome do corvo como se ele estivesse a seu lado. Não importava a distância, ele sempre o escutaria

 

“Dê-me algum tempo. Eu tenho um plano, mestre.”

 

Foi nesse instante que uma mancha branca surgiu correndo a passos pesados de dentro da floresta. Antes mesmo de discernir a forma da criatura, Jongdae e Baekhyun tiveram os reflexos ativados, levando menos de dois segundos para sacarem os arcos e alinharem suas flechas. A postura dos dois era idêntica, fruto do treinamento que recebiam para posicionar cada músculo de forma a diminuir as chances de errar o alvo a menos de 1%.

 

“Peça-os para parar, mestre Do. Não está nos planos assustá-la” Kai alertou.

 

– Kai pediu que abaixem as armas.

 

Os dois arqueiros lhe olharam desconfiados por alguns segundos antes de finalmente acatarem o pedido.

 

Quando voltaram a direcionar o olhar para onde Kai estava, puderam enfim ver o que se escondia na floresta. Era um lobo, um lobo grande e branco.

 

Suho sorriu ao encarar o animal. Trazia lembranças de seu irmão, do desejo que ele tinha de ter um lobo como aquele, mas da resignação de aceitar que o clima quente do reino onde viviam não seria apropriado.

O espécime a sua frente diminuiu o ritmo enquanto se aproximava do corvo, sentando-se em frente à ele quando julgou ser próximo o suficiente. Começou então a situação estranha. O lobo cheirou Kai com intimidade demais, abanando a cauda como se brincasse com o corvo, deixando até mesmo Kyungsoo intrigado. As sobrancelhas do elfo ruivo se juntaram ainda mais quando viu seu corvo bater as asas num vôo curto e se equilibrar sobre as costas do lobo, para que os dois entrassem dentro da pequena cabana.

 

– Ele disse mais alguma coisa, Kyungsoo? – Suho foi quem perguntou.

 

– Apenas que tem um plano e precisa de algum tempo.

 

– Você conhecia esse lobo? – agora foi Chanyeol quem quis saber.

 

Kyungsoo negou com um meneio leve. Nunca ao menos vira um lobo branco como aquele em sua vida, mas Kai era cheio de segredos que só seriam revelados quando o corvo quisesse falar deles.

 

“Mestre.” Ouviu a voz de Kai chamá-lo ainda de dentro da cabana “A descrição de Sooman foi bem acurada quando disse que não são perigosas. Ao menos não intencionalmente”.

 

– Então podemos entrar? – Kyungsoo falava em voz alta, causando estranhamento aos outros presentes que não podiam ouvir Kai, tendo a impressão que o elfo falava sozinho.

 

“Sim. No entanto existem algumas condições que eu precisarei que informe aos outros.”

 

– Diga que eu repetirei a eles.

 

“Um detalhe que o mago Sooman não nos informou é que as humanas que nos trouxeram até aqui chamam-se Yerim e Sooyoung. É um detalhe importante porque todo o problema com a Princesa Sooyoung começou porque as duas partilham o mesmo nome. Na primavera passada estas duas humanas, acabaram perdidas da caravana com a qual a família viajava para o litoral e encontraram o jardim das ninfas. Ver a admiração com que a princesa Sooyoung é tratada no jardim das ninfas fez essa humana enlouquecer e até hoje ela acha que a Princesa das ninfas, Sooyoung vive a vida que devia ser dela. A irmã mais nova, Yerim, é sã, mas não tem coragem de contrariar a mais velha porque não suportaria vê-la sofrer. Yerim é quase uma criança e foi ela, em sua inocência ainda mantida, quem pediu para a Princesa Sooyoung que fizesse delas ninfas. Sooyoung explicou que era impossível e pediu que deixassem o jardim antes que mais confusão acontecesse. As duas vagaram por alguns dias pelas florestas até encontrarem essa cabana. Naquela época não era tão bonita, o jardim não era florido e o lago tão limpo quanto agora. Foram elas quem cuidaram e repararam até ficar tão parecida com o jardim das ninfas quanto podiam. Loofhi, o lobo que viram mais cedo, é a protetora das duas desde que um de seus filhotes feridos veio parar aqui durante uma tempestade e as humanas o acolheram e alimentaram. Os lobos e Yerim são os súditos do reino particular que construíram para Sooyoung, a humana. Tem uma alcateia inteira protegendo as duas desde o dia em que Loofhi levou-os até a cabana para resgatar o filhote e foram recebidos com hospitalidade e gentileza. Os filhotes adoram as duas e foi um desses pequenos lobos que furtou o medalhão da Princesa Sooyoung por vontade própria.Queria dar um presente para as duas humanas a quem devia a vida e achou que um medalhão das ninfas seria o presente perfeito. Loofhi garantiu que as duas nem mesmo sabem como usar magia para subjugar os animais da floresta para que façam suas vontades. Loofhi pede desculpas pelo comportamento do filhote e diz que entrega o medalhão sem nenhuma objeção, apenas uma condição, mais como um pedido. Ela quer que sejamos convidados das humanas e a tratemos como princesas deste jardim.”

 

Kyungsoo repetiu cada uma das palavras de Kai para que Chanyeol, Jongdae, Baekhyun e Suho ouvissem. Enquanto Chanyeol e Baekhyun pareciam indecisos com a história, Jongdae tinha um sorriso leve nos lábios guardando cada detalhe daquela história no fundo de sua mente, já pensando nas belas poesias que poderia escrever para narrá-la futuramente. Por mais insana que fosse a obsessão de Sooyoung - a humana -, ainda existia ali uma dose de poesia que encantou o bardo.

 

– É isso. – Kyungsoo disse por fim, encarando Chanyeol à espera de um pronunciamento dele para o grupo.

 

– Não acha que alimentar a loucura dessa humana pode piorar a situação? Ela precisa saber a verdade um dia.

 

Kyungsoo desviou os olhos para a cabana para que não corresse o risco de que Chanyeol pudesse enxergar sua tristeza ali.

 

– Viver uma vida sem conhecer a verdade não é tão ruim quanto parece.

 

Ao desviar os olhos do líder, Kyungsoo não notou que os deixava ao alcance do humano que ele tanto se esforçou para evitar. Se ele almejava esconder a dor que suas palavras carregavam, falhou quando Suho mirou os olhos redondos com curiosidade. Talvez a maldição tivesse responsabilidade pelo sentimento que apertou o coração humano, porque a tristeza de Kyungsoo se estendeu até Suho quando os olhares se encontraram. A vontade do humano era envolver o elfo nos braços e segurá-lo até que os pedaços dele estivessem todos juntos novamente.

 

– Se é o que precisamos fazer para ter o medalhão, então que seja. – a voz grave de Chanyeol ditou. – Como vamos nos aproximar?

 

Kyungsoo saiu de seu devaneio e transmitiu a dúvida de Chanyeol para Kai, logo obtendo a resposta e informando à todos.

 

– Nós vamos bater à porta como viajantes em busca de ajuda para um ferido. As duas gostam de ajudar feridos porque se sentem tão boas quanto a princesa Sooyoung foi ao ajudar os humanos quando eles pediram ajuda depois da batalha dos três dragões. Depois só precisamos ficar até o amanhecer de amanhã e deixá-la feliz em ajudar.

 

– E quem será o nosso ferido? – Baekhyun se pronunciou pela primeira vez.

 

Um riso presunçoso foi ouvido e todos sabiam a quem pertencia. Jongdae não possuía a mínima modéstia quando o assunto era desempenho artístico.

– Se minha amada e fiel plateia tem sede de arte, quem sou eu para negar-lhes?

 


Notas Finais


Abram alas para Kim Jongdeus -q

Tem coisinhas no https://www.tumblr.com/blog/pedaco-da-lua ~

Até mais
~chuu


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