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História Peek - Tagaini


Escrita por: fleur_dhiver

Notas do Autor


Olá, esse ficou um pouco diferente dos outros e eu demorei mais porque fiquei com dificuldade mesmo. Apesar de já ter uma certa familiaridade em fazer POV com a Sarada. 

Espero vocês gostem. Uma boa leitura a todos;*

Capítulo 4 - Tagaini


— Bom dia, meu amor — Sarada encolheu os ombros, fugindo do chamado que queria perturbar o seu sono. Uma mão gentil tocou o seu braço em uma caricia leve, suave; era bom, gostoso, no entanto ela sabia que era para que acordasse, por essa razão se retraiu afastando-se do contato afável. — Está na hora de levantar — a voz melodiosa soou outra vez, a pegando no colo, ela soltou um ligeiro muxoxo infeliz.

Queria continuar quietinha em sua cama, dormindo em paz, mas essa não era uma opção. Na verdade não era de hoje que as coisas tinham mudado, há aproximadamente seis meses seu primeiro dia na Academia Ninja teve início e foi a partir daí que tudo começou a mudar.

Todos ficaram muito animados no aguardo para as aulas. Sua mãe falava o tempo inteiro como ela iria adorar e como faria muitos amiguinhos e que era o primeiro passo para algo maravilhoso.

Não tinha como não ouvi-la e sentir a empolgação em suas palavras contagiar a todos como um feitiço. Mesmo seu pai se via preso, observando-a, com um sorriso de canto, contar a Sarada todas as fantásticas aventuras que iria viver e o mundo novo de possibilidades que descobriria.

Para o seu primeiro dia os dois foram levar e buscar. Sarada voltou para casa aninhada no colo forte de seu pai, a cabeça escorada no ombro dele, contando para sua mãe tudo que tinha visto e com quem tinha conversado. Tinha sim sido divertido e ela tinha gostado, mas o que guardaria para sempre não ocorreu em aula, mas fora.

Aquela noite quando fechou os olhos sua mente revivia os momentos pela Vila, o caminho feito até a Academia, com ela bem no meio dos pais, segurando a mão de cada um, o beijo na ponta do nariz que Sakura lhe deu e a ligeira bagunçada em seus cabeços, o cheiro e o calor que o colo do pai tinha, a visão de sua mãe agarrada a manga solta, volta e meia ela encostava a cabeça no ombro dele para confabular com Sarada. Ela nunca esqueceria essas coisas, mesmo que quisesse.

Só somos plenos juntos

Não demorou para que uma rotina fosse estabelecida. Todos os dias era acordada para ir a aula, faça chuva ou faça sol, tenha ido dormir cedo ou tarde, não podia fugir da aula no dia seguinte. No entanto era inverno e ela não queria de jeito nenhum sair da cama em dias frios, nunca antes teve que acordar cedo em dias como aquele. E também ir à academia não era tudo que sua mãe tinha dito, ao menos ainda não.

Não gostava muito das aulas sobre fazer arranjos de flores e tudo mais, claro tinham aulas legais, mas a maioria era sobre coisas que ainda não podia fazer, que precisava esperar um pouco mais e isso era um tormento. Ainda estava no aguardo das aventuras fantásticas.

Sarada fitou a porta do quarto de sua mãe sumindo enquanto elas cruzavam o corredor do segundo andar. Não estavam indo para lá como de costume, mas indo em direção ao banheiro no final do correr. Ergueu a cabeça fitando o rosto alvo da mãe.

— Estamos indo para o lugar errado — Sakura deu um ligeiro sorriso, pondo-a no chão.

— Não estamos não — Sarada fez uma careta fungando baixinho e esticando os braços para que a mãe retirasse sua blusa de dormir.

— Aqui não tem banheira, mamãe. Nem seu perfume — duas coisas que ela não podia ficar sem. A professora até mesmo elogiava o cheiro dela e ela adorava ficar com o cheiro igual ao de Sakura.

— O papai está descansando — Sarada deu um salto, qualquer coisa após aquela frase não tinha mais importância para ela — Quando você estiver limpinha e cheirosa eu pego o perfume.

— Papai chegou! — Preparou-se para correr em direção ao quarto dos pais, mas Sakura não a soltou.

— Sim! Mas não faz muito tempo que ele chegou, está cansado, meu amor. Vamos deixa-lo dormir um pouco, está bem? — Com os lábios pequenos apertados em uma linha tênue, ela não protestou, mesmo que seu maior desejo fosse entrar no quarto deles e pular no pai. — Prometo que quando você chegar da aula ele vai estar acordado para brincar com você — concordou com um aceno de cabeça sem se virar para a mãe.

Essa era a parte ruim de ser um ninja. A ausência constante, a falta que fazia. Foi há pouco tempo que essa percepção caiu em cima dela. Até o seu aniversário de quatro anos Sarada via as missões de seu pai de uma outra forma. O tempo fora eram histórias incríveis, aventuras inimagináveis por diversas partes do mundo.

Sakura lhe contava uma coisa nova a cada noite, descobertas, salvamentos, aparições repentinas. Todos os vilões que um dia poderiam coloca-las em risco derrotados sem pestanejar. Porque seu pai era incrível, um herói, a pessoa mais corajosa de todo o mundo.

E sempre que ele voltava tinha um presente para ela, uma lembrança dos lugares novos que ele tinha ido e que um dia ela iria também, em todos eles, faria o mesmo caminho que ele e seria tão incrível quanto. Porém, apesar de tudo e de ser o melhor ninja que possa existir na terra, ele não estava lá. Ele não estava lá quando ela fez quatro anos de idade, não estava lá no dia dos pais, nem no dia das mães e isso trazia um sentimento diferente e completamente novo para Sarada.

Aquele tipo de coisa que você só diz ao seu travesseiro e a ninguém mais, porque até se sua mãe ouvisse seria ruim:

Ela não queria mais que ele fosse um ninja.

Se sentia mal por pensar isso, envergonhada e egoísta, quando entendeu o significado dessa palavra. Isso martelou na cabecinha diminuta de Sarada por um longo tempo.

— E se eu não quiser ser ninja? — A pergunta feita de supetão, pegou Sakura completamente desprevenida, ela parou de ensaboar o prato que lavava e fechou o registro da pia virando-se surpresa para a filha.

— Mas por que não iria querer mais ser ninja? — Sarada deu de ombros, abaixando a cabeça e fazendo um desenho no chão com a ponta do pé.

— Porque eu não quero ter que ficar muito tempo longe e as pessoas que eu amo, sintam falta de mim — não fitava a mãe, mas a ouviu suspirar e se agachar, pondo a mão no queixo dela e erguendo a cabeça.

— Eu sou ninja e não fico fora da Vila por muito tempo, outros ninjas também não ficam.

— Mas o papai... não está aqui... — o olhar de Sakura se tornou mais denso.

— Foi...

— Uma escolha? Ele escolheu ficar longe da gente? — Sakura sorriu com doçura, afagando o rosto da filha.

— Mais que uma escolha, um fardo. Algo que ele faz por nós e principalmente por você. Pode não entender agora, meu bem. E eu não espero que entenda, mas um dia tudo isso fará sentido — os olhos verdes cristalinos, sempre repletos de tanta doçura e ternura estavam molhados, porém não menos repletos de amor.

Ela passou o dia aconchegada na mãe, o ser humano que Sarada mais amava. Não havia outra como ela, nem perto do que era. Dormiu é acordou nos braços quentes repleta de tudo de bom que Sakura podia emanar. Naquele dia ela parou de pensar que não quer ser ninja. Agora queria ser para que ninguém mais tivesse que carregar um fardo, mesmo sem entende-lo ainda.

O banho não demorou a acabar, voltaram para o quarto em meio a gracejos e risos. Sakura terminou de arruma-la e como prometido pegou o perfume para ela. Sarada até tentou espiar o pai, mas foi sem sucesso. Foram para o primeiro andar com Sarada ainda no colo e como apreciava o cheiro doce que que agora também estava nela, os braços quentes e acolhedores, poderia voltar a dormir sem problema algum. E a culpa não seria dela é sim do aconchego.

O desjejum foi feito com ela ainda mole, ainda fazendo manha, só para ver sua mãe parar de preparar o lanche e vir até ela, fazer-lhe cócegas e oferecer mais uma colherada do mingau.

— Minha mochila ficou lá em cima. — Sakura apenas olhou para ela, sabia que dessa vez não tinha dengo que a afastasse do dever.

Sarada subiu as escadas correndo, pegando a bolsa na poltrona, ao sair do quarto, parou, fitando a porta fechada de frente para ela. Sua mãe não a aguardava, ainda estava terminando a merenda dela. Soltou a bolsa no corredor, abrindo a porta do quarto de seus pais devagar. Como foi dito por Sakura, ele dormia, o rosto virado para a borda, os cabelos escuros espalhados pelo travesseiro e rosto. Por um momento pensou em desistir, fechar a porta e deixar seu pai em paz. Não queria levar bronca, não queria atrapalhar, mas sua impetuosidade a fez caminhar bem devagar em direção a cama. Ele não se mexeu, nem acordou quando ela se aproximou e Sarada não tinha coragem de acorda-lo, nem queria.

Uma vez Mitsuki disse que alguns ninjas não voltam de suas missões e ela não podia acreditar que isso era verdade. Depois disso ela sempre conferia quando ele ia voltar, fazia uma dezenas de perguntas sobre a missão, mas seu pai nunca dizia se elas eram perigosas. E ela ficava uma pilha quando se ausentava por mais de um mês, como ocorreu dessa vez. Mas ele estava ali agora, sereno e tranquilo como sempre.

Com os dedos pequenos ela afastou algumas mechas de cabelo da frente do rosto dele e repetiu o gesto de boa noite que recebia sempre, dando um pequeno beijo na testa do pai. Saiu as pressas antes que sua mãe a pegasse no flagra, antes que visse ele abrir os olhos.

(...)

Quando o sinal do final da aula do Jardim de Infância da Academia soou ChouChou foi a primeira a correr em direção a sua mochila. No meio da aula a professora tinha arrancado de suas mãos o saco de batatinhas, alegando que ela estava fazendo muito barulho e agora a melhor amiga de Sarada estava faminta.

— Muito errado o que ela fez, vou reclamar. — Sarada pegou uma batatinha do saco da amiga, caminhando ao lado dele para fora do prédio. — Você vai ver quando a minha mãe aparecer aqui para resolver... — ChouChou se calou, observando fixamente um ponto fora dos portões.

A pequena Uchiha acompanhou o olhar e sua surpresa não poderia ser maior que a da amiga ao ver seu pai a espera dela, escorado em uma amendoeira há alguns metros da entrada.

— Tchau, ChouChou.

Nem ao menos esperou pela resposta da amiga e saiu correndo em direção ao pai, exultante. O coração batendo forte contra o peito. Agarrou as pernas do mais velho, esfregando o rosto contra o corpo dele, com um toque sútil no ombro dela Sasuke a afastou e Sarada sorriu ruborizada.

— Mamãe, mandou você vir me buscar?

— Não, eu quis vir. Algum problema? — ela se apressou em negar, veemente com um movimento de cabeça.

— Nenhum.

Sasuke pegou a mochila dela, enganchou no ombro e eles partiram de mãos dadas. Sarada mal cabia em si de tanta felicidade, caminhava cheia de si ao lado do pai que atraia olhares de todas as partes.

— Como foi o seu dia?

— Normal. A professora passou uma lição para casa hoje.

— É? E como ela é? — Sarada deu de ombros, balançando a mão dele junto a sua.

— Eu tenho que criar um mural com coisas representando a pessoa mais importante para mim — um sorriso leve surgiu nos lábios de Sasuke.

— O que pretende colocar da sua mãe? — Sarada ergueu a cabeça, não tinha dito que era sua mãe, mas ele interpretou assim e ao observar a fisionomia de seu pai pode perceber que estava tranquila, sem ressentimentos e Sarada se viu querendo perguntar se ela também era a pessoa mais importante para ele e como queria que a resposta fosse sim. Mas a verdade é que essa lição a tinha deixado em uma tremenda indecisão.

— Chegamos!

Ao entrarem em casa, Sarada tirou os calçados às pressas. Correndo para sua mãe que estava terminando de preparar o almoço. Assim que a viu Sakura se virou estendendo os braços que Sarada prontamente se jogou, sendo pega no colo e beijada com carinho.

— Como foi a aula, mocinha?

— Foi boa. A professora brigou com a ChoChou hoje — ela deu uma risada e Sakura ergueu ambas as sobrancelhas.

— Foi? Por que?

— Por causa do biscoito que ela comia, a professora pegou — ao dizer isso Sarada fez um gesto agitado— o saco de chips da ChouChou dizendo que estava fazendo muito barulho e atrapalhando a aula. Ela foi meio grossa e a ChouChou ficou zangada e disse que a mãe dela vai resolver.

— É mesmo? — Sarada acenou com a cabeça, ambos prestavam atenção na história que ela relatava, apesar de Sakura ser mais participativa e Sarada ainda não ter notado o pai escorado no batente da cozinha.

— Mamãe, se alguém pegasse meu saco de batatinhas, você também iria resolver? — Sakura deu uma risada, roçando a pontinha do seu nariz com o da filha.

— Sim, se alguém pegasse o seu e eu soubesse ele ia desejar nunca ter te conhecido. — as bochechas logo se tornaram rubras e ela encolheu os ombros acanhada

— Se alguém pegasse as suas batatinhas, eu também brigaria com a pessoa.

Ao erguer a cabeça seu pai a fitava. Leve, tranquilo, no rosto um ar de riso e por um momento Sarada quis perguntar a mesma coisa a ele, mas era diferente, ela não fazia muitas perguntas assim ao pai e ele tinha perguntado a ela sobre o dia e ela não contou essa parte.

Passou a refeição inteira com isso na cabeça. Sendo distraída apenas pelas perguntas e falas da mãe, mas seus olhos procuravam o pai em sua serenidade pacata.

— Terminei.

Afastou a cadeira e pulou para fora, correndo para o seu quarto, mas parou no penúltimo degrau. As questões do pai, ainda rondando a cabeça dela. Será que ele ficou magoado por não ter feito a pergunta? Ele também não tinha ficado triste ao presumir que ela preferia a mamãe, mas agora ele poderia ter a certeza e ficar triste de verdade. O que não era de verdade, ela não preferia ninguém, amava os dois. Mais uma vez ela detestou esse dever que só embolava a sua cabeça e embrulhava o seu estômago.

Assim que ouviu as cadeiras serem afastadas, ela se sentou, a espera dele para poder perguntar se o incomodou, mas ele não apareceu, muito menos Sakura. Sendo assim decidiu voltar e perguntar na cozinha mesmo, mas ao cruzar o batente parou. Seus pais estavam de pé, em frente a pia, Sakura guardando em potinhos o que sobrou dá comida o e Sasuke arrumando os pratos na lava-louça. Quando colocou o último prato e fechou a lavadora ele circundou a cintura dela, um beijo casto foi dado no ombro dela, mais um sussurro que Sarada daria tudo para ouvir.

Sakura sorriu, uma risada diferente da que Sarada estava acostumada a ouvir, se moveu virando a cabeça e dando um selinho rápido no marido. Eles continuaram abraçados, embalados por uma canção que pertencia só a eles e ela escorregou, sentando no chão da cozinha e observando seus pais, tão unidos e tão alheios a presença dela.

Tinha algo de engraçado em olhar para eles juntos, ali estavam as duas pessoas que ela conhecia desde sempre. Não havia ninguém que ela conhecesse melhor, porém juntinho daquele jeito a sensação era diferente, quase como se surgisse uma terceira pessoa, não uma desconhecida, mas uma não tão familiar.

— O que você faz aí sentada no chão frio? — foi Sakura quem a notou primeiro e se espantou ao ver a pequena. Sarada corou, balançando a cabeça.

— Eu não queria atrapalhar.

— Você não atrapalha. Sabe por que? — negou com a cabeça, sem conseguir parar de sorrir — Porque você cabe dentro do nosso abraço. — Sakura veio até ela, pegando-a no colo. E Sarada realmente cabia, como um encaixe ela ficava entre os dois, abraçava os dois e podia beijar os dois também. Um beijo em cada nariz.

E embalada pela felicidade absoluta de estar com o pai em casa o dia de Sarada passou. Era engraçado perceber como até mesmo sua mãe parecia diferente quando Sasuke estava em casa, mais vivaz, os olhos verdes com um brilho diferente. Aquela noite o beijo de boa noite foi dado por Sasuke, ele ajeitou as cobertas em torno do corpo de filha, repetindo o gesto que ela tinha feito mais cedo e beijando a testa dela.

— Boa noite, meu bem.

— Papai? — Sarada o chamou antes que ele saísse do quarto. Sasuke se virou a observando atentamente. — Hoje, quando falamos sobre o trabalho — apertou as cobertas, evitando encara-lo — você ficou chateado?

— Não. Por que eu ficaria? — ela deu de ombros, ainda retorcendo a coberta.

— Porque não seria você — com um suspiro lento, Sasuke voltou, passando a mão pela franja da filha e descendo pelo seu rosto pequeno.

— A sua mãe está aqui com você todos os dias, te enche de beijos, prepara a sua comida e cuida para que não fique doente e nem triste. No seu lugar, eu também a escolheria. — ele sorriu, tocando a ponta do nariz da filha.

— Mas você está lá fora pela gente não é? Foi o que a mamãe disse, que você pega as missões para cuidar da gente.

— Sim, querida, eu estou lá fora por vocês.

No dia seguinte ninguém a acordou cedo, não tinha aula, mas ela própria não conseguiu dormir até muito tarde. Afastou as cobertas, pulando para fora da cama e indo direto para o quarto dos pais deitar com eles. A porta estava aberta e os dois já estavam de pé, parados em frente a cama, com Sakura ajudando Sasuke a terminar de se vestir. Abotoando o colete que ele geralmente usava.

— Já sabe o que Kakashi quer com você? — Sasuke a fitou por um tempo e depois respondeu:

— Não. Provavelmente uma nova designação — os lábios de Sakura formaram uma linha tênue tensa, mas que durou segundos, logo ela abotoou o último botão e sorriu dando um beijo no ombro com a manga solta e em seguida um selinho em Sasuke.

Hey.

Os dois se viraram para ela entrando acanhada no quarto, se agarrou as pernas da mãe que fez uma breve caricia em seus cabelos desgrenhados. Sasuke se virou pegando a luva que Sakura prontamente colocou para ele e quando ele pegou o pente Sarada se agitou.

— Deixa eu pentear?

Ele deixou, entregou o objeto a ela e se sentou na cama. Sarada subiu esfuziante sob o olhar animado da mãe. Penteando os cabelos de Sasuke como Sakura fazia com ela todas as manhãs. Ela até mesmo virou o rosto dele para pentear a franja com sua expressão infantil compenetrada que arrancou um ligeiro sorriso do pai.

— Ficou bom, mamãe?

— Ficou tão bom que agora, eu quero os meus cabelos penteados pela, senhorita. — Sakura se sentou ao lado de Sasuke, ombro a ombro e Sarada aceitou a tarefa, toda orgulhosa.

Enquanto penteava o cabelo da mãe, viu os pais entrelaçarem suas mãos, um toque gentil suave, trocarem olhares suaves cheio de uma mensagem que ela não entendi, mas gostava.

— Preciso ir agora. — a mão foi apertada mais forte, ele se inclinou para Sakura, um beijo fugaz e uma piscadela para Sarada as costas do casal. Quando Sasuke saiu, ela abraçou o pescoço da mãe, sussurrando em seu ouvido.

— Um dia alguém vai me beijar assim. — Sakura riu com vontade, puxando sua pequena para os seus braços.

— Um dia alguém vai te beijar assim, mas não na vista do seu pai.

Passaram a manhã toda juntas em casa, com Sakura terminando os afazeres e Sarada a acompanhando em sua conversa constante e animação, tentando ajudar quando podia e fazendo festa o tempo todo. Quando o pai voltou ela correu até ele se precipitando para pegar a caixa de dangos que ele trouxe para ela.

— Não é para comer agora. Só depois do almoço.

Ela esperou impaciente, implorando para que dessem ao menos um palitinho para ela. Seu pai ajudou no preparo da comida e ele e Sakura juntos pareciam uma dupla muito boa, sem palavras cada um executava sua função sem invadir o espaço ou fazer algo indevido.

Após o almoço ela teve os seus dangos, se deliciou com eles enquanto o pai foi para fora meditar e em seguida fazer uma série de movimentos que ela tentou imitar como uma sombra, mas alguns não conseguia e se embolava e caia.

— Aí, me torci — caiu no chão estendendo os braços para mãe.

— Torceu? Que pena, não vamos poder ir no parquinho então — os olhos de Sarada se agitaram e ela foi se levantando aos poucos

— Não! Já está passando, óh, eu posso ir no parquinho.

Estava explodindo de felicidade, sem conseguir ficar parada enquanto era vestida e assim que seu cabelo foi penteado correu para porta, calçando os sapatos à espera dos dois que pareciam demorar de propósito. Quando saíram Sarada foi toda animada no meio dos dois, querendo que eles andassem mais rápido. Já na calçada do parquinho ela não ouviu, nem viu mais nada, se soltou da mão da mãe e correu para o meio dos brinquedos, encontrando Inojin que tinha sido levado pela avó por parte de mãe.

Sarada se esbaldou, escorregou, balançou, fez castelo de areia, se sujou brincou de pique, perseguiu borboletas no canteiro de flores e admirou. Admirou a candura que era os seus pais, sentados no banco dos namorados, um ao lado do outro. Eles não eram como casal que Sarada tinha visto uma vez sentado naquele mesmo banco, não se agarravam loucamente, mas não pareciam menos apaixonados por essa razão. Parecia mais real até e todas as vezes que eles se olharam o coração dela se aquecia um pouco.

Ele tirou uma folha do cabelo dela, dizendo alguma coisa que a fez sorrir e Sarada não sabia dizer se tinha sido engraçado de verdade ou era só sua mãe que ficava nesse estado de constante alegria quando seu pai estava por perto. Seu pai calmo e sereno; tranquilo e pacato tão diferente da explosão de cores que era sua mãe e ao mesmo tempo não poderia ter ninguém melhor para estar perto dela. Porque ele também explodia, mas só dava para ver de perto, quando sua atenção era pregada aos olhos negros, quando ele se abaixava e ficava na mesma altura que ela, as cores explodiam ali na escuridão absoluta.

O que ela era? Com quem ela parecia? Com Sasuke? Com Sakura? Ou ela era como o abraço na cozinha, um espaço entre os dois, o encaixe entre os dois, um pouco dos dois.

Voltou para casa com a noite surgindo, nos braços do pai, cansada, exausta. Não tinha ânimo nem para conversar, com a cabeça escorada no ombro dele observava as estrelas cintilarem no manto escuro e a lua se acentuar em seu canto no céu. Naquela noite ela pediu para dormir com os pais e eles deixaram, ficou entre eles, abraçada pelos dois, sentindo a respiração dos dois. Protegida, segura, guardada.

No último dia do fim de semana ela fez seu mural com o material que a professora entregou para eles colocarem as colagens, desenhos e pinturas. Alguma das poucas palavras que sabia escrever eram seu nome, o nome dos pais, amor, papai e mamãe e três delas foram escritas no cartaz.

Nessa noite quem a embalou foi Sakura, arrumando-a na cama feito um bolinho de arroz empacotado.

— Mamãe?

— Sim.

— Aquele casal na praça, os que não se desgrudavam. Você disse que eles estavam sedentos. — Sakura sorriu concordando com aceno, surpresa por Sarada ter se lembrado deles — Eles tinham sede de que?

— Sede de pessoas, meu amor. — essa resposta só serviu para confundir a cabeça de Sarada que a inclinou no travesseiro

— Sede de pessoas? Isso existe?

— Sim, existe e é bem diferente da sede comum, mas é tão necessária quanto. — ela concordou, apesar de ainda estar patinando no assunto.

Hum. Você não sente sede do papai? — Sakura sorriu, espantada, as bochechas se tornando rubras.

— Que pergunta é essa Sarada? — a pequena deu de ombros, com um ar inocente que apenas uma criança consegue ter é ser genuíno.

— Vocês não pareciam sedentos na praça como aquele casal. — Sakura soltou um longo suspiro fitando a parede ao lado da cama da filha.

— É verdade, não parecíamos. Porque já passamos por isso e depois da sede incontrolável vem a satisfação. Como quando você come os seus dangos e fica satisfeita com eles. Mesmo que amanhã ou mais tarde você vá querer mais. Seu papai está aqui, eu estou aqui. Mas eu ainda tenho sede dele. — ela voltou a sorrir, mas dessa vez não era para filha, era outro tipo de sorriso.

— E essa sede nunca vai passar?

— Não. Nunca.

Na hora de fazer sua apresentação Sarada abriu seu cartaz na frente da turma, um lado pintado de céu escuro e com estrelas a brilhar o outro lado um dia ensolarado e as palavras papai e mamãe em cada ponta. No meio ela tinha feito as suas mãos com tinta vermelha e em cima o kanji do amor.

— Sarada, meu bem, eu sei que você gosta dos seus pais. Mas era para escolher um só.

— Mas eu escolhi.

— Não, querida, você escolheu... — Sarada abanou a cabeça, interrompendo a professora.

— Eu não escolhi o Sasuke ou a Sakura. Escolhi meus pais, porque eu tenho sede dos dois igualmente e para mim eles são um só.


Notas Finais


Acabou gente! 😭💔
Estou chorosa e feliz ao mesmo tempo, chorosa porque né, acabou e parece que nossa cabeça fica: ah, mas dá para fazer mais coisa; ah, mas tem aquele personagem que seria incrível; não larga, você tá amando fazer; e feliz porque eu amei demais contar essa história. Tão linda, tão meiga e fofa e fiquei muito feliz em ver a resposta de vocês e saber que gostaram tanto quanto eu. Um abraço bem grande e que Peek tenha tocado vocês e que sempre voltem para dar uma espiadinha a mais 😄😘💕
Curtam a minha página e espero voltar a encontra-los em outros projetos:
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