História Peeta e Katniss - Safe and Sound... - Tenho novidades...

— Talvez seja melhor assim, talvez ele não me ame mais, e insistir nisso pode acabar me deixando ainda mais machucada. – Digo tomando um copo de água.

— Você já parou para pensar na possibilidade de que talvez ele esteja tão afastado por que pensa que você não sente nada por ele? – A pergunta de Greasy me atinge como uma bomba. A verdade é que eu nunca deixei claro meus sentimentos por ele.

— E-eu nunca parei para pensar nisso...

— Agora pense! Se com todo o amor que ele sempre demostrou sentir por você, você se sente insegura, imagine como ele se sente em relação a você. Ainda mais depois de tudo o que ele sofreu com o telessequestro. Ainda mais depois dele saber que tentou te matar, ele deve pensar no mínimo que você o odeia.

— Você tem razão, Greasy. – Digo, realmente eu não entendo nada sobre meus sentimentos. Como não pude perceber algo tão obvio?

— Mostre a ele que o ama Katniss, faça-o sentir seguro, protegido, apoiado. Ele com certeza não vai perceber que você o quer ao seu lado enquanto você não fizer isso.

— Tem razão, eu não sou muito boa em demostrar sentimentos, mas prometo que vou tentar. – Digo, e ela sorri para mim.

— É assim que se fala, agora eu tenho que ir, coma o almoço que eu lhe trouxe e não se esqueça que pode contar comigo para o que precisar.

— Não vou esquecer.

Greasy me abraça, eu abro a porta e ela vai embora. Eu nunca soube coordenar bem os meus sentimentos, mas está na hora de pôr um basta nisso. Não posso perder Peeta por causa do meu medo, do meu orgulho. Tenho que mostrá-lo o quanto ele é importante para mim, e é isso que eu vou fazer.

Levanto-me colocando minha janta para esquentar enquanto encaro um ponto invisível na mesa, será que seria mesmo uma boa ideia eu mostrar meus sentimentos para Peeta? E se ele realmente não sentir mais nada por mim? E se ele estiver tentando refazer sua vida e eu atrapalhar? Sou tirada de meus pensamentos quando escuto alguém entrar em casa, viro me deparando com Haymitch estranhamente sóbrio.

— Como você está, docinho? – Ele diz se sentando enquanto eu vou olhar a panela.

— Melhor, e você? – Digo me servindo um prato do ensopado de peixe. — Vem comer um pouco, você parece não comer a dias.

— Infelizmente você está certa. – Ele diz caminhando até o fogão e se servindo.

— O que aconteceu com você? Você parece tão... sóbrio. – Digo tomando uma colher do ensopado.

— Tenho novidades. – Ele diz encarando o prato.

— Detesto novidades. – Digo séria.

— Amanhã vamos para o Distrito 7, é o aniversário da Johanna e ela nos convidou, ela vai fazer uma festinha, só para os mais chegados. E ela pediu para te chamar. – Ele diz sorrindo para mim.

— Peeta também vai? – Pergunto de supetão fazendo Haymitch me encarar.

— Sim, ele vai.

— E você sabe se ele vai levar alguém? – Pergunto.

— Na verdade, ele me perguntou se podia levar uma amiga. Você está sabendo de algo que eu não sei? – Ele me encara esperando uma resposta, porém eu não consigo pronunciar uma palavra se quer. “Então ele vai levá-la?” Um aperto em meu coração me faz engolir em seco.

— Hoje pela manhã, eu fiquei sabendo que ele está namorando. Não sei nada além disso. – Digo tentando engolir um pouco mais do meu ensopado, mas parece que um nó se formou em minha garganta.

— Hmm, e você está bem com isso? – Ele pergunta meio receoso.

— Não mesmo... – Digo ignorando um sorriso que forma em seus lábios.

*-*

Assim que Haymitch vai embora eu me deixo levar pela angustia, subo correndo até meu quarto e me jogo na cama para poder chorar à vontade. Lágrimas de tristeza descem pelo meu rosto e soluços estranhos saem de minha garganta. Por que estou me sentindo assim? Eu nunca deixei meus sentimentos falarem mais alto que minha razão, no entanto aqui estou eu, como uma ridícula apaixonada que não suporta ver sua paixão com outra pessoa, mesmo que essa pessoa talvez o faça mais feliz do que eu.  

“Você podia viver cem vidas e ainda assim não merecer aquele garoto, sabia”? A voz de Haymitch ecoa na minha mente, só agora consigo entender seu real sentido. Peeta sempre foi altruísta, bondoso, sensível e sempre teve a delicadeza de demonstrar todos os seus sentimentos por mim, além de ser terrivelmente bonito.

E eu? Quem sou eu? Uma garota rude, insensível, egoísta e nada atraente, se eu já não era muita coisa antes, agora com todos esses implantes de pele que ainda não cicatrizaram eu pareço ainda mais uma boneca mal costurada. O próprio Peeta nunca entendeu ao certo porque havia se apaixonado por mim.

De fato, eu não o mereço.

Essa conclusão só me faz chorar ainda mais. Após muito choro e autocomiseração, eu finalmente pego no sono.