História Pela luz dos olhos teus... - Capítulo 1

Hermione Jean Granger

Sim, exatamente. Granger. Filha da falecida modelo Helena Granger. Sim e obviamente você deve estar pensando que eu herdei todo o charme e a beleza que fariam os homens se esquecerem do nome. Pois bem, neste ponto estão completamente enganados. Você deve estar imaginando uma mulher alta, com longos cabelos loiros e sedosos, pele macia e olhos encantadores. Essa definitivamente não sou eu...

Essa sou eu...

- Hermione acorda! Vamos Mi, acorda! - chamava Harry me sacudindo e me despertando de mais um sonho incrível.

- Ai Harry precisava mesmo me acordar agora? Justo agora? - pergunto cobrindo a cabeça com o travesseiro.

- Sonhando com o príncipe encantado de novo? - ele pergunta sentando-se na cama.

- Ah sim, e foi tão perfeito! - digo me deitando novamente sobre o travesseiro. - Até você me acordar, seu desmancha prazer!

- Bom, imagino que a reunião não seja tão importante assim pra você, afinal você só ficou falando dela na minha cabeça mais de quinze dias. - ele diz se levantando e a realidade me acerta.

- Ai Meu Deus a reunião! – pego meus óculos sobre o criado mudo e olho no relógio ao lado da cama e vejo que estou quase atrasada.

Tomo um banho rápido e visto a primeira combinação que encontro no guarda roupa. Dispenso a maquiagem, e depois gasto uns bons minutos tentando domar essa mata que eu chamo de cabelo em um coque e vou tomar uma xícara de café com Harry.

Você deve até pensar por algum segundo que ele é o meu namorado ou algo do tipo, bem está enganado de novo. Ele não só é o cara com quem eu divido o apartamento. Ele é o meu melhor amigo de infância. Nos conhecemos desde os onze anos e como sempre fomos um tanto quanto “excluídos” acabamos sendo um o apoio do outro.

- Ah Harry, eu me esqueci de te avisar. A Ginny vai vir passar uns dias com a gente na próxima semana.

- Ginny? Que Ginny, Hermione? – ele pergunta bebendo o café.

- Ai, Ginevra Weasley, lembra? Nossa amiga, irmã do Rony! – Ele engasga com o café e acaba tossindo um pouco sobre mim. Ai minha camisa branca!

- Gina! Você está falando da Gina Weasley? – o rosto dele adquire uma tonalidade de vermelho que me assusta um pouco.

- Ela mesma. Parece que ela terminou com o namorado e como ia passar uns dias aqui na cidade pensei que seria ótimo nos vermos. A não ser que... Não – digo completamente incrédula – Não acredito que você ainda sente alguma coisa por ela.

- Eu não sinto mais anda por ela Hermione. Aquilo não foi nada. Só uma besteira de adolescente. – ele se apressa em dizer.

- Certo, e beija-la no casamento do irmão dela foi só uma besteira? – pergunto tentando limpar minha camisa.

- Na verdade foi! Ou já se esqueceu que depois eu levei uma surra daquele namoradinho dela que jogava rúgbi?

Não, eu me lembrava perfeitamente, afinal eu tive que fazer curativos e limpar o sangue depois.

- ok ok. Ginny ainda é assunto delicado. – disse levantando as mãos em sinal de rendição - Me desculpe eu deveria ter te perguntado antes de oferecer que ela ficasse com a gente, mas eu realmente achei que não se importaria, afinal você não está namorando aquela asiática do seu trabalho, como é mesmo o nome dela?

- Cho Chang. Não, nós terminamos ontem. – disse muito tranquilo para alguém que havia terminado um relacionamento no dia anterior. Mas o que eu sabia sobre relacionamentos, afinal o meu último foi há mais de um ano e eu ainda estou tentando me recuperar daquilo.

- Ah, sinto muito. – disse tentando parecer solidária. – De qualquer forma, ela chega no próximo sábado - completo me levantando e verificando que se não sair agora irei com toda certeza me atrasar. – Não sei que horas eu chego hoje, mas se puder deixar um pedaço de pizza pra mim na geladeira eu poderia até beijar os seus pés.

- Eu sempre deixo não é?! – ele diz sorrindo – Só espero que essas suas horas extras estejam valendo a pena. Seu supervisor está menos rabugento?

- Severus? Ele não é rabugento. – Harry me lança um olhar – Bom talvez um pouco. Mas é porque ele é muito solitário. Você também seria assim se não fosse pela minha incrível presença de espírito.

- Tá certo. Na minha opinião ele está mais para psicopata ou serial killer. Mas como quem tem que suporta-lo é você então...

Pego meu casaco e coloco na tentativa de esconder as manchas de café. Não tenho tempo de trocar de roupa.

- Você vai comigo amanhã visitar papai? Ele adora quando você aparece. – digo já abrindo a porta.

- Vou sim. Devo me atrasar, mas chegarei a tempo para o nosso jogo!

- Obrigada! – digo saindo de vez.

Desço seis andares de escada porque novamente o elevador está estragado e pego um táxi. Me lembro de papai e de como estou sentindo sua falta, essa semana não consegui visita-lo por conta dessa bendita reunião.

Passo na padaria ao lado da empresa e compro um café estra forte para Severus e depois subo direto para o laboratório. Severus ainda está aqui, sinal de que eu não estou atrasada.

- Bom dia! – digo sorrindo.

- Bom dia Granger! Atrasada de novo! – ele diz sem me olhar.

- Trouxe algo para recompensar! – digo lhe entregando o café.

- E pensa que eu sou facilmente subornável assim? – ele pergunta com um arquear de sobrancelha.

- Eu sei que é! – digo com um sorriso o vendo beber um gole. Reparo nas olheiras em volta dos olhos e sua roupa um tanto amassada. – Passou a noite aqui novamente?

- Sim. Granger. Passei a noite revendo alguns dados para a reunião de hoje.

- Nossa! Sinto muito. Se tivesse me avisado eu teria passado a noite aqui também.

- Não era preciso. Você dormiu aqui três dias essa semana. Precisava de uma noite de sono.

- Obrigada! – digo sorrindo e lhe dou um abraço por trás. Ele fica estático.

- Hermione! – ele diz contido.

- Desculpe, mas você tem que superar isso! – digo sorrindo. Severus detesta contato físico com qualquer pessoa. E desde que entrei na empresa venho tentando ajuda-lo.

- Ok, mas não vai ser hoje! Vamos, antes que eles pensem que a reunião foi adiada – finalizou terminando de beber o café. – Vou me trocar e já volto. Separe as pastas e os documentos que falamos ontem.

- Pode deixar!

Separo todos os arquivos e o aguardo. Não me lembro de ter dito, mas trabalho em uma empresa de cosméticos, mais especificamente no laboratório de pesquisa e desenvolvimento de uma das maiores empresas de cosméticos do país. Estou aqui há 5 anos, e Severus Snape é o meu supervisor que está na empresa desde sempre eu acho. Ele conhece cada formulação de cor e ninguém sabe muito da vida dele. Ele é bem rígido e exigente, mas ao longo do tempo venho aprendendo a trabalhar com ele.

- Pronta? – ele surge do nada e me tira dos meus pensamentos.

- Claro. – digo segurando tudo que ele me pedira.

Entramos na sala de reuniões. Os grandes diretores estão todos reunidos e todos nos olham quando entramos. Fico completamente sem jeito, assim como aconteceu em todas as reuniões anteriores. Mas acompanho Severus que sempre exala confiança. Nos sentamos e o presidente sênior da início.

As coisas seguem calmamente por uma meia hora até que a porta é novamente aberta. E então ele entra.

- Senhores, me desculpem pelo atraso. Tive problemas para encontrar o local. – diz com um sorriso de arrancar suspiros.

- Ele teve problemas em sair do quarto isso sim. – resmungou Severus ao meu lado, que fechou a cara no mesmo instante que a porta se abrira.

- Senhores quero lhes apresentar meu filho, Draco Malfoy, nosso novo diretor de marketing! – disse Lúcius, o presidente sênior, olhando diretamente para Severus.

- Obrigada e espero poder contribuir para o crescimento da empresa. – disse novamente com um sorriso que faria qualquer uma cair de amores.

Ele se senta a minha frente e eu tento desviar o olhar, mas é quase impossível.  A reunião tem prosseguimento e percebo que o humor de Severus está completamente alterado. Sinto que a nomeação de Draco ao cargo o fez ficar irritado, apesar de não saber o porquê, já que é um setor completamente diferente do nosso.

A reunião finalmente chega ao fim, e para a minha completa falta de sorte alguns dados vão precisar de reanálise para segunda, então se eu pretendo visitar papai amanhã vou ter que virar a noite na empresa.

Severus sai sem  me dizer nada e o vejo se encontrar com Lúcios no corredor. Reorganizo todos os papeis novamente e me levanto para sair. Olho para trás para verificar se nada foi esquecido e quando volto a dar mais um passo esbarro em algo, e adivinhe só, vou parar no chão com os papeis a minha volta. Assim que olho em quem esbarrei, sinto que todo o sangue do meu corpo vai parar nas minhas bochechas. Me ajoelho e começo a juntar os papéis.

- Me de.e.e.escul.pe. – gaguejo.

Ele se abaixa e me ajuda a recolher tudo.

- Eu que peço desculpas. Espero que não tenha se machucado. – ele diz em um tom doce e completamente gentil.

Balanço a cabeça sem conseguir dizer nada. Ele afasta uma mecha do meu cabelo e a coloca atrás da minha orelha.

- Mais cuidado da próxima. – ele diz me entregando as últimas folhas e sorrindo, assinto com a cabeça e ele me ajuda a me levantar e antes de se virar para sair - A propósito você tem olhos lindos.

Respiro fundo.

- Obrigada! – digo e fico o observando se afastar.

- Srta. Granger! – escuto a voz de Severus me chamando. E vou até onde ele está.

Seguimos para o laboratório onde passamos o dia revendo os dados e dando prosseguimento a algumas pesquisas. Não consigo parar de pensar em Draco e na forma como ele sorriu. Na hora do almoço, Severus se recusa a deixar o laboratório dizendo que não está com fome, mas não recusa quando eu lhe trago seu prato favorito.

- Pensei que tinha almoçado por lá! – ele disse sentando-se e me vendo sentar a sua frente com a minha comida.

- E deixar você almoçar sozinho? Claro que não! – digo sorrindo. Sei o quanto ele é solitário, e o quanto a vida assim deve ser triste, portanto sempre tento almoçar com ele, apesar de recusar algumas vezes eu insisto e no geral, por mais que ele negue, ele realmente gosta do tempo que passamos juntos.

A noite chega e eu aviso Harry que terei que ficar aqui a noite toda, mas que irei passar em casa antes de ir visitar papai.

As horas passam, olho no relógio, 05:15, as sequencias de dados começam a se misturar. Minha cabeça dói. Resolvo encostar a cabeça sobre a mesa por alguns minutos. O sono chega rápido, sinto algo ser colocado sobre os meus ombros. Um calor agradável e um cheiro bom, me fazem sorrir e antes que eu agradeça, me vejo cochilar.