História Pela Primeira Vez - Libertar a borboleta

 Sexta finalmente tinha chegado, e a noite eu iria tentar me divertir com os meus amigos. Não podia ficar escondida em meu casulo para sempre, era preciso sair e libertar a linda borboleta que tinha dentro dele. Não exatamente linda, mas de todo modo era uma borboleta que iria sair e aproveitar a vida. Pensando nisso, eu até tinha acordado mais feliz e ansiosa hoje, talvez pelo fato de fazer tempo que eu não saia de casa e faria isso a noite. Não era certeza se realmente iríamos hoje sair, dependia do nosso trabalho também.

Depois que tomei banho e me arrumei pro trabalho, resolvi deixar a ansiedade de lado. Aquilo era ridículo, estava parecendo uma adolescente que sairia pela primeira vez com os amigos. Eu não era mas uma adolescente, e sim uma adulta de 25 anos.

— 25 anos — falei em voz alta, igual uma boba. Pensando nisso ou falando alto, dava o mesmo efeito: a conscientização de que estava envelhecendo

Balancei a cabeça tentando levar embora os pensamentos que estavam vindo, em plena manhã. Peguei minha bolsa em cima da cama, sair de casa e fui rumo ao elevador, entrei e... Vejam só! Pela primeira vez eu e Cebola nos encontrávamos de manhã. Isso era raro... Na verdade, isso nunca aconteceu. Não sei se era porque eu saia mais cedo, ou ele saia mais cedo.

— Bom dia — ele quebrou o silêncio assim que tinha entrado no elevador. Não tínhamos nos falado desde da noite em que ele me deu aqueles docinhos deliciosos

— Bom dia

— Aproveitou os doces?

— Sim — que belo diálogo

— E pensou na proposta de amizade? — perguntou e eu olhei pra ele, pois antes estava com a cabeça abaixada. Mais uma vez aquele brilho estranho dançava em seus olhos

— Sim — mentira!

— Qual a resposta? — ele deve ter tentado não deixar transparecer a ansiedade na voz, mas falhou miseravelmente.

— Tudo bem, podemos ser amigos. — falei logo de uma vez. Pensei direito ali na hora, era bom ter o chefe como amigo. Podia servir de alguma coisa mais pra frente

O elevador se abriu, e eu sai rapidinho dali antes que a gente começasse a falar coisas insanas. Eu não entedia o que estava acontecendo. O cara era louco! Eu ainda não tinha descartado a ideia da doença de bipolaridade. Mas tudo bem, ele propôs uma oferta de amizade, o que era bom. Íamos nos entender. Se pegarmos um pouco de intimidade, talvez eu pergunte se ele tem algum problema no olho.

...

Eu jurei que pararia com aquela minha paranóia com Cebola, mas não dava. Ele ainda me intrigava demais, mesmo depois de termos feito uma amizade. Talvez amizade não fosse a palavra certa, mas tudo bem. Eu só queria saber mais sobre ele. Me olhava de modo estranho, falava comigo de modo estranho, apesar de só ter feito duas semanas que nos conhecíamos. E o mais estranho ainda era que ele escutava musica no rádio, em pleno século vinte e um! Emfim, Cebola era estranho.

— Tá secando ele Mônica — Denise discretamente veio ao meu lado

— Fica na sua! — falei parando de olhá - lo e me virei para o computador, mas fiquei corada, pois eu tinha certeza que ele passou a me observar.

Não demorou muito para a hora do almoço chegar, e em pouco tempo eu já estava no refeitório, comendo e escutando meus amigos batendo papo

— Espero que a gente saia cedo hoje, quero muito ir pra esse tal bar que o Cascão e o Xaveco vão. Quem sabe eu não encontro um bofe lá? — Denis falava enquanto mexia em seu celular

— E você vai mesmo né Mo? Ou já sabe, vou na sua casa e te arrasto pelos cabelos! — Denise disse, me ameaçando a milésima vez naquela semana

— Claro que eu vou — afirmei talvez pela milésima vez também. Denise era maluquinha demais, eu levava a sério suas ameaças

— Que bom Mônica, você precisa sair. Quem sabe fazer amizade? Vamos conhecer o amigo que o Cascão fez lá. — Magali falou

— Não é pra encher a cara dessa vez Dê — falei

— Não garanto nada — a ruiva soltou uma sorriso sapeca pra Magali que fechou logo a cara

Me lembro que da última vez que saímos juntos, Denise tinha bebido tanto, que quando já íamos voltar pra casa, Magali tentou ajudar Denise a entrar no carro do Xaveco, e Denise acabou vomitando em Magali. Por sorte, ela não vomitou no carro do ficante, pois assim que entrou nele, adormeceu

— Por favor, não lembrem disso — Magali disse constrangida, mas o canto da sua boca se ergueu de leve

— Ai fófis, preocupa não, dessa vez eu não vomito em você, palavra de Denise — ela falou, e acabamos rindo

...

A sorte pelo visto, estava do nosso lado, pois no fim da tarde saímos do trabalho. Magali e Cascão viriam me buscar no carro dele. Magali havia contado que resolveu aceitar a proposta deles morarem juntos, o que me deixou muito feliz. Desde o dia da noite dos amigos, eu não falava com Cascão. Precisávamos marcar o dia para irmos na joalheria comprar o anel para a Maga

Quando deu mais ou menos 20:30 da noite, eu já estava me arrumando, pois iríamos as 21:00 horas. Eu não sabia como seria o local, só sabia que era um bar que continha sinuca, então vesti um vestido preto curto e rodado e calcei um saltinho preto também. Era um salto bem pequeno e simples. Na maquiagem, apenas esfumei uma sombra marrom no olho, não fiz nada chamativo demais. A última coisa que eu queria era me destacar. Na boca passei apenas um gloss.

Me olhei no espelho, e vi que até que eu estava bonitinha. Meu celular em cima da cama tocou e vi que era Magali, sinal de que ela e Cascão já estavam a minha espera lá embaixo. Rapidamente, passei um perfume, peguei minha bolsa de lado que eu sempre usava e pronto.

— Você tá linda — Magali me elogiou assim que entrei no carro

— Obrigada Maga

— Vamos lá gente, falei com meu amigo e ele disse que já estar lá — Cascão disse

Respirei fundo, olhando a paisagem pela janela. Hoje eu ia sair e me divertir.

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