História Pena de morte - A noiva

                                                                                                               ***

Todos os dias desde aquele incidente, os dois meninos esboçavam tolos sorrisos apaixonados. Cantarolavam enquanto faziam suas tarefas matinais, e ouve até rumores que o herdeiro do trono, príncipe Willians, dançava pelo salão sem música nenhuma, e suspirava ao olhar para a janela. O mesmo se aplicava ao pequeno camponês, que pela primeira vez em sua vida, estava sendo positivo, e acreditava que um dia as coisas iam melhorar para ele, e sua família.

No castelo dos Willians, os criados conversavam espantados entre si, enquanto viam o herdeiro dançando e cantarolando no salão.

-o que será que ele tem? –um criado perguntou, demonstrando espanto.

-acho que ele está apaixonado... –uma criada respondeu, dando um suspiro

-por quem?! –perguntou o criado, olhando mais uma vez para o príncipe.

-não sei, mas ouvi falar que o rei está propondo um casamento arranjado entre o príncipe Willians e a princesa Cateline. Mas, provavelmente não é essa a paixão dele, eles nem se conhecem... –a criada suspirou. –pobre garoto apaixonado... –eles continuaram a olhar o jovem amo, dançando pelo salão.

Passos ecoaram pelo salão, fazendo o jovem príncipe parar seus devaneios.

-bom dia, meu pai. – ele lhe fez uma reverencia.

-bom dia, Felipe. Vejo que estas a dançar novamente pelo salão. –o menino corou e olhou para o chão. –tens que tomar cuidado, sua reputação está descendo. E você sabe muito bem que um bom príncipe...

-...deve ter uma boa postura e reputação... –Felipe respondeu, olhando para seus pés.

-muito bem. – o rei se aproximou do filho –depois do café da manhã venha para o meu quarto, temos assuntos a tratar. –ele passou a mão pela cabeça do filho, e se dirigiu a sala de jantar.

-sim senhor! –o lerdo príncipe respondeu, se virando rapidamente e correndo para a sala.

Depois de um belo café da manhã, Felipe e seu pai, subiram para o quarto do vosso rei.

- o que foi meu pai? – Felipe perguntou, imaginando que o pai ou alguém, havia visto a pequena brincadeira entre ele, e o jovem camponês. –estava querendo me falar algo?

-na verdade, sim. –ele olhou para a janela do seu quarto, com as mãos para trás.

-sobre...? –disse se aproximando.

-sobre seu casamento, meu filho. – o menino estremeceu. –já arranjei uma ótima esposa para voce, ela se chama Cateline, e é uma jovem adorável. Aposto que gostara dela! É a moça perfeita, de boa família... – o rei disse a última frase com um tanto de esperança, ao modo que Felipe apenas revirava os olhos. Boa família era uma frase mais bonita e delicada, para dizer que ela vinha de uma família rica. –vamos meu filho, você já tem dezesseis anos! Logo, logo se tornara rei! Terás que se casar para me substituir!

-mas pai... –o pobre menino tentava argumentar. Nunca gostei da ideia de me casar com uma pessoa que nem conheço... ele pensou.

-sem mas, filho. Já marquei a cerimonia!

-j..já?! c..como assim?!

-isso mesmo! Ira acontecer na próxima primavera! –ele deu um sorriso para o filho.

-e quando darei a “honra” de conhecer a dama? –disse, forçando um sorriso.

-um dia antes da cerimônia. Mas, não se preocupas filho. Es uma moça bonita, e bem formosa! –ele deu uma piscadela, a que o jovem respondeu com uma cara de nojo. –muito bem, vamos voltar aos nossos afazeres! –ele fingiu que não tinha visto a careta. – vá para a sua aula, Felipe. –ele ordenou. E com muito bom grado, cumpriu a ordem.

O príncipe correu para a sua aula particular, aonde tinha a melhor vista do seu amado.

Chegando lá, o seu professor ainda não havia chegado, e ele agradeceu muito por isso, pois pode soltar tudo que não pôde falar na frente de seu pai.

-eu não acredito... eu vou me casar! Com uma pessoa que eu nem conheço! Há, há, há!! –ele sentiu lagrimas se formarem em seus olhos, mas agitou a cabeça para não chorar. Ele olhou para a janela, e viu a pessoa que mais amava o encarando. –ah... eu não vou conseguir de esquecer... –murmurou, enquanto dava um tímido aceno. O camponês sorriu e retribuiu, para logo em seguida voltar a rotina. Ele é tão lindo... pensava, esses cabelos loiros... ah, se o meu pai soubesse que amo um homem... ele me mataria!

Felipe tentou se acalmar, passou a mão pelos cabelos, suspirou. ‘Não deve ser tão ruim assim... É só andar na linha e manter as aparências...’ ele pensou, tentando parecer positivo.

-senhor Willians? –a voz do professor particular o tirou dos devaneios. – vamos começar a aula? –ele lançou um olhar firme, enquanto segurava um daqueles seus livros pesados. –ou deseja olhar pela janela de novo? –ele lançou um olhar de despreza, e seus dedos se fecharam ao redor da cruz que ele carregava no pescoço.

-o... o que você está pensando? Eu nunca seria capaz de fazer tais pecados! Se foi isso que eu entendi... –ele olhou para a cruz que seu professor segurava com força, como se fosse uma forma de impedi-lo que o diabo o consumisse. –saiba que estou noivo de uma bela moça, e que em breve me cassarei! Estava apenas pensando em como ela deve ser... –ele tentou encontrar adjetivos, então se lembrou de seu amado. –linda, ativa, inteligente, cativante, sorridente... que faça com que eu me sinta bem, daquele jeito... que o seu corpo estremece e você sente seu coração disparar quando pensa nela... –ele suspirou. O professor soltou devagar a cruz e deu um sorriso.

-aposto que ela certamente será assim. –ele deu um afago nas costas do menino, e foi para a frente da sala. –vamos começar?

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