História Penance - Capítulo Único - Pagando pelos erros

Kazuki corria o máximo que suas pernas conseguiam, estava correndo sem rumo algum, apenas pensava em fugir do homem extremamente forte que o perseguia. Havia, a alguns minutos, paquerado e até mesmo tocado de forma indevida uma moça que sabia ser compromissada, e não se importava em criar intrigas por isso, ele só não esperava que o namorado da garota era tão grande.

O jovem de cabelos castanhos correu por longos minutos até chegar em um cemitério, curiosamente aberto tarde da noite, achou uma lápide perto do portão, foi para de trás dela e ali se escondeu. Estava ofegante, suado, com dores nas pernas e cintura por correr mais do que o habitual, mas nem todos esses sinais de seu corpo o impediu de ouvir o portão pesado do cemitério se fechar e de se assustar por isso.

Por um momento, ele pensou que alguém, que até mesmo o homem que o perseguia que havia fechado o portão, porém, não tinha ninguém ali.

Kazuki foi até o portão e tentou abri-lo, mas foi totalmente em vão. Ele estava trancado.

– Porcaria! – Resmungou. – Hey! Abra essa merda!

Ele começou a chutar o portão, a gritar e xingar, mas parou ao ouvir um barulho estranho. Se virou para a penumbra do cemitério, podendo enxergar apenas até certo ponto por causa da iluminação do poste de luz na calçada.

– Quem está ai? – Perguntou para o nada.

Ele já se convencia de que era coisa de sua cabeça quando ouviu o som novamente, ela um som de pedras sendo esfregadas umas nas outras, o som aumentava gradativamente, amedrontando o moreno.

– H-hey, não tem graça.

Kazuki passou então a olhar de lápide para lápide e notou algo estranho, não estavam escrito nomes e datas, e sim frases. Se aproximou da primeira lápide para ler melhor o que estava escrito nela, e tudo o que leu foi “Você é um canalha”.

– Mas o que…? – Estava confuso e assustado, mas começou a ler todas aa lápides.

“Erros você cometeu”

“Você sabe o que fez”

“Você não se arrepende”

“Sei que não se importa”

“Você sabe que está errado”

“Nós te odiamos”

“Você nos enoja”

“Covarde”

“Ladrão”

“Mentiroso”

“Hipócrita”

“Desalmado”

“Imundo”

Tudo o que lia rodava em sua mente, tudo o acertando como socos. Kazuki andou até a última lápide que podia enchegar o que estava escrito e ao ler, sentiu seu corpo inteiro tremer e seus pelos se arrepiarem.

“Pague pelo que fez, Kazuki”

Assim que seu a frase, uma luz vermelha iluminou todo o cemitério, a esse ponto, Kazuki já estava completamente apavorado, e sua situação piorou quando viu sair de uma lápide uma espécie de luz fraca e branca que logo assumiu a forma de uma pessoa que ele não conhecia.

– Sabemos que não se arrepende. – Disse o espírito. Kazuki gritou e caiu sentado no chão, estava com muito medo. E de repente, mais espíritos apareceram.

– Você é cruel.

– Nós te odiamos.

– Você não sente vergonha?

– Você é um ladrão.

– Você desmanchou casais.

– Você iludiu pessoas.

– Você desejou morte para inocentes.

– Você tentou matar uma criança e sua mãe, não se envergonha?

– Você traiu namoradas.

– Você bateu em mulheres.

– Você destruiu vidas.

– Você enganou a muitos.

– Você é horrível.

– Você é desprezível.

– Você não merece viver.

Kazuki gritou mais uma vez e voltou a correr, corria com mais desespero do que antes, corria com mais medo do que antes.

Ele sabia que era tudo verdade, ele sabia que era uma pessoa horrível de atitudes piores ainda, mas o medo de morrer, de pagar pelo o que fez o atormentava.

Kazuki correu até o centro do cemitério enquanto mais espíritos surgiam, o julgando, o destratando assim como ele fazia com outras pessoas.

No centro do cemitério havia uma enorme estátua, um grande anjo que segurava uma espada imponente e abria suas magníficas asas, no peito do anjo, uma luz azul brilhava e aos seus pés várias lâmpadas do mesmo azul clareavam a área ao redor da estátua sustentada por um cubo com frases sagradas. Kazuki correu até a estátua e se apoiou nela, a estátua representava justiça proteção aos bons. Mas Kazuki não era bom.

A estátua se moveu, os espíritos revoltados a moviam, a justiça e proteção eram movidas por eles. O anjo levantou a espada, e em um único golpe, decaptou Kazuki.

No dia seguinte, foi noticiado um assassinato no cemitério.