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História People Always Leave - Capítulo Único - People Always Leave


Escrita por: dreadfull

Notas do Autor


Olá, pessoal. Tudo bem?

Então... Há um tempo escrevi essa os e só agora tomei vergonha na cara pra postar. Escrever com o Roberto está bem próximo. Minha nova fic será com ele... Enfim, é isso... Espero que gostem.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único - People Always Leave


Fanfic / Fanfiction People Always Leave - Capítulo Único - People Always Leave

Varsóvia, dezembro de 2004.

 

Robert POV.

 

O barulho da chuva do lado de fora fez com que eu acordasse antes do despertador tocar. Da minha cama tinha total visão da casa que me fazia ter pesadelos ultimamente. Sabia que algo muito errado acontecia ali, mas nada podia fazer, afinal, quem se importaria com o que um garoto de dezesseis anos falasse? Ninguém.

Tirei o cobertor de cima de mim e caminhei até o banheiro para fazer minha higiene. Depois de já estar devidamente pronto, segui para a cozinha onde minha mãe já servia o café.

- O que houve, Robert? Nem precisei te chamar hoje. – minha mãe sorriu, enquanto me servia panquecas.

- Acordei com o barulho da chuva... 

- Toma logo esse café para não se atrasar.

- A senhora sabe se a Liv já saiu?

- Não, não sei. Estou estranhando isso... Ela geralmente sai bem cedo e hoje não ouvi nenhuma gritaria vinda de lá.

- Mãe, a gente deveria fazer alguma coisa. Tenho certeza que o senhor Travis bate nela. Semana passada, vi um hematoma enorme no ombro da Liv. 

- Filho, não é um problema nosso. Ele é pai dela e a gente não tem provas. Sabemos como ele é esquisito, não queremos problema com ele, certo?

- Mas... - tentei argumentar.

- Sem “mas”, Robert! Não vamos nos meter nisso.

Fiquei perdido em pensamentos tentando entender o que realmente se passava ali. Liv era minha vizinha há dois anos, e há seis meses tem sido esse tormento. 

Nos aproximamos por insistência minha, e no fim, ela acabou se rendendo. Éramos amigos, mas ela não compartilhava metade das coisas que eu contava pra ela. As vezes tinha a impressão de que somente eu era o amigo, mas me contentava, afinal, eu nutria mais do que um sentimento de amizade, eu nutria um sentimento de homem e mulher. Mas isso...  Isso era algo que eu devia esquecer, pois Liv era anos luz mais esperta e mais experiente que eu, nunca me veria como um homem...

- Termina logo esse café, Robert.

Tentei não enrolar e terminei o café. Peguei a mochila e fiquei tentado em ir à casa da frente e perguntar pela Liv, mas não tinha coragem de encarar o senhor Travis, então, preferi espera-la na escola.

A chuva já havia passado, então decidi ir de bicicleta. Fiz todo o trajeto até a escola e, chegando lá, percorri todo o local com os olhos atrás de algum vestígio dela, mas foi uma missão falha. Ela não estava lá.

 

Segui para a entediante aula de história e ansiei que logo todas as aulas terminassem. Quando finalmente o sinal soou indicando o fim da ultima aula, corri até minha bicicleta e fui pra casa às pressas. Tomei banho, almocei e segui para o lugar onde aconteceria o jogo do Varsóvia Warszawa que seria visto por alguns olheiros de outros times. Era um dia importante.

Chegando lá, olhei ao redor na esperança de vê-la ali, junto com meus pais, mas infelizmente não havia nada. Pela segunda vez no dia, senti-me frustrado por não ver aquele sorriso enorme, incentivando-me, mostrando-me que ficaria tudo bem. Era um tolo por esperar algo em troca. Sabia que a gente não podia esperar nada em troca numa amizade, mas naquele momento, constatei o óbvio: sempre fui “o amigo” e tudo nunca passou de uma ilusão.

 

[...]

 

- Não vai comer nada, Robert? – dona Iwona perguntou, enquanto me encarava com aqueles minúsculos olhos azuis.

- Estou sem fome.

- Está chateado por que ela não foi te ver jogar?

- Não, mãe. Pouco importa o que ela faz.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Tudo bem...

Fiquei encarando o céu, pensando em como seria as coisas se Liv não tivesse se mudado pra cá. Tudo seria tão mais fácil...

Não sei por quanto tempo fiquei naquela posição, olhando o céu, mas quando me dei conta, já era bem tarde. Pra ser específico, três e quarenta e sete da manha. Levantei da cama na intenção de fechar a janela que ainda estava aberta, mas me assustei ao sentir uma pedra acertar minha testa com força. Resmunguei e passei a mão no local, onde havia se formado um pequeno galo.

Me aproximei mais da janela pra saber de onde aquela pedra tinha vindo quando outra foi acertada no mesmo lugar. Quando olhei para baixo, vi aquele sorriso que tanto senti falta. Liv fazia gestos para que eu descesse, e assim eu fiz. Não conseguia dizer não a ela.

Fiz o mínimo de barulho possível ao descer as escadas, e logo já estava do lado de fora, onde só se ouvia o som de nossas respirações.

- O que você pensa que está fazendo? Sabe que horas são? – tentei soar irritado.

- Eu sei que não estava dormindo, Rob. – sorriu.

Por que diabos ela estava sorrindo assim?

Passei a mão no cabelo e voltei a encara-la. Seus olhos estavam ainda mais azuis e mais intensos do que eu me lembrava.

- Me dê um bom motivo pra ter vindo aqui agora?

- Não vamos estragar o momento com coisas desnecessárias, vem. – disse, pegando minha mão.

- Pra onde estamos indo?

- Você faz muitas perguntas, Rob.

- Não vai ter problemas pra você? Digo, sair de casa a essa hora?

- Ninguém precisa saber.

Assenti e continuei a seguindo. Quando finalmente paramos de frente a um prédio vazio, voltei a encara-la e lá estava aquele sorriso, que me desmontava por inteiro.

- Quero te mostrar uma coisa.

Subimos alguns lances de escada, e logo estávamos no terraço do prédio. Liv estendeu seu casaco no chão e fez sinal para que eu deitasse ao seu lado. Não pensei duas vezes e me deitei em cima daquele casaco que de nada adiantava.

- Aqui é lindo, não é? – perguntou, enquanto olhava as milhares de estrelas acima de nós.

- É... é sim.

- Quero me desculpar por não ter aparecido no jogo, sei que era importante pra você.

- Não tem importância, era um jogo qualquer.

- Você mente muito mal, sabia? – sorriu, ficando de frente pra mim. – Olha pra mim. – pediu, virando meu rosto com cautela.

- Por que não foi? – indaguei.

- É complicado...

- É sempre complicado, Liv... – sorri derrotado.

- Você não entenderia...

- Tente me explicar, então.

- Rob, você tem apenas dezesseis anos, não precisa f... – a interrompi.

- Só por que você é três anos mais velha significa que é experiente ou adulta demais?

- Não, não é isso. Eu só n... – cortei-a novamente.

- Pensei que fossemos amigos, mas pelo visto, nunca teve uma amizade aqui. Preciso ir. – levantei as pressas, mas sua mão agarrou meu braço com força.

Voltei a olha-la e me surpreendi quando se inclinou em minha direção, ficando com o rosto a centímetros do meu. Liv levantou um pouco a mão e alisou meu rosto em seguida. Seu toque era sutil. Um formigamento se fez por todo o caminho. Senti meu corpo reagir imediatamente. Fiz a menção de beija-la, mas ela foi mais rápida. Fechei os olhos e esperei o que mais ansiei desde a primeira vez em que pus os olhos nela. Tinha valido a pena esperar por todo esse tempo.

Timidamente, alisei a lateral do seu corpo e estremeci ao ouvir seu gemido próximo ao meu ouvido. Meu corpo estava quente, a beira de pegar fogo a qualquer momento. Não sabia que era possível sentir tanta coisa como sentia agora. Só esperava que ela desse continuidade, senão ficaria muito irritado se fosse apenas uma brincadeira de mau gosto.

Para a minha euforia, não era brincadeira. Liv levantou o tronco e tirou a blusa, deixando seu sutiã rosa à mostra. Minhas mãos formigaram para tocar seus seios, e talvez por transmissão de pensamentos, Liv sorriu e disse:

- Pode tocar, Rob.

Encarei-a um momento e a vi assentir para que eu fizesse. Toquei sua pele macia, deliciando-me por ser real, e não como imaginava fazer por diversas vezes vendo uma revista qualquer. Ela sabia que eu era inexperiente, que aquela seria minha primeira vez, então para me deixar ainda mais louco, Liv foi me guiando até chegarmos a melhor parte. Ambos estávamos nus, com o rosto a centímetros de distancia, aproveitando o melhor que podíamos oferecer.

- O que eu faço agora? – perguntei, constrangido.

- Agora, eu vou sentar bem devagar. – disse, pegando meu pênis e colocando dentro dela.

Se eu achava que beija-la era estar no céu...

Aos poucos Liv começou a se movimentar em cima de mim, com a boca entreaberta, dando-me a melhor visão que eu já imaginei ver um dia. Saber que eu estava sendo capaz de deixa-la dessa maneira fez com que meu ego subisse de zero a cem em questão de segundos. Puxei seu rosto em minha direção, a fim de beija-la novamente, mas ela negou e jogou a cabeça para trás, dizendo algo inaudível em seguida. Fiquei com medo de que alguém nos ouvisse e desse algum problema, mas estava bom demais pra parar.

- Rob... – gemeu mais uma vez.

Fiquei olhando pra ela, maravilhado, enquanto um sorriso lindo surgia em seus lábios.

- Agora é sua vez, Rob. Não seja tímido. – disse, saindo de cima de mim, e em seguida, ficando de quatro.

Puta que pariu.

- Vamos, Rob. – disse, se aproximando mais de mim.

Tentei deixar a timidez de lado e cheguei mais perto. Passei a mão na lateral da sua coxa e fiquei entre suas pernas. Não sabia o protocolo, então coloquei tudo de uma vez só, fazendo com que ela soltasse outro gemido. Continuei me movimentando como já tinha visto em alguns filmes e não demorou muito pra que uma sensação maravilhosa tomasse conta de mim. Meus joelhos já estavam doendo de ficar naquela posição, mas não estava ligando nenhum pouco. Ficaria assim o restante da madrugada se fosse possível.

Saí de dentro dela, me sentindo em outro mundo. Liv virou em minha direção e me deu um beijo rápido, levantando em seguida.

- O que está fazendo? – questionei.

- Não podemos ficar aqui até amanhecer. Com certeza ouviram a gente e eu preciso ir pra casa. – a atmosfera havia mudado.

- É isso? Transamos e você quer fugir como se nada tivesse acontecido?

- Você não sabe como meu pai é...

- Se você está aqui até agora não fará diferença se ficar mais. – tentei argumentar.

- Você não entende... Eu não posso.

Levantei e me vesti de qualquer jeito. Deixei-a sozinha no terraço e desci as escadas como um foguete. Não entendia porque tanto mistério da parte dela. Na verdade, não fazia mais questão de querer entender. Se fosse pra agir com indiferença era melhor que ficássemos longe para que as coisas ficassem bem novamente.

Ouvi meu nome ser chamado algumas vezes, mas não me dei o trabalho de olhar para trás, porém, fui obrigado a olhar quando senti seu toque, fazendo meu corpo incendiar novamente.

- O que você quer, Liv?

Liv me respondeu com um beijo. Suas mãos tocaram meu rosto de leve, enquanto eu me permitia ir a outro lugar. Não tinha como raciocinar, apenas fazer daquele momento inesquecível. Quando achei que estava chegando ao paraíso de novo, tivemos que nos afastar por falta de ar.

- Não quero que fique com uma impressão errada de mim, Rob. Você é sim, muito importante e eu espero que nunca se esqueça de disso.

- O que está dizendo?

- Eu preciso entrar, não quero arrumar problemas com meu pai.

- Te vejo amanhã na escola?

Liv hesitou um momento, mas assentiu com tristeza no olhar.

- Liv, eu a... – antes que pudesse concluir, ela me cortou com outro beijo.

Um beijo mais suave, como se fosse uma despedida.

Era uma despedida.

 

 

Munique, setembro de 2014.

 

- Não acredito que sua despedida de solteiro será aqui, Kuba. – disse, olhando tudo ao redor.

- Eu disse que minha despedida de solteiro tinha que ser com estilo, e nada mais justo que a casa noturna mais badalada de Munique.

- Você está certo, esse lugar aqui é bem... diferente.

- Relaxa e aproveita a noite, cara. O que acontecer aqui, vai ficar aqui.

- Não vai acontecer nada, cara. Eu tenho uma mulher maravilhosa me esperando em casa. – sorri.

- Bem, tente aproveitar de alguma maneira. Nem que seja somente assistindo a uma dança sensual.

- Tudo bem.

A casa noturna havia sido fechada somente para sua despedida de solteiro. Kuba teve a maior discrição quanto a isso, afinal, a maior parte de seus amigos aqui presentes eram figuras públicas e ninguém queria estampar as manchetes no dia seguinte.

Como havia um “roteiro” a seguir, primeiro assistiríamos a uma das melhores dançarinas da casa. As luzes foram apagadas, deixando somente a central sobre o palco, onde havia um pole dance esperando pelo espetáculo da noite. Acomodei-me no sofá e aguardei um tanto ansioso, afinal, nunca tinha vindo a esse tipo de lugar.

A música iniciou, e logo uma mulher apareceu, com uma mascara cobrindo apenas algumas partes do seu rosto. Seus lábios escarlates e seus brilhantes olhos azuis faziam um belo contraste com seu tom de pele. Um espartilho juntamente com uma cinta liga de couro preta, fazia com que sua sensualidade exalasse por todo o ambiente.

Toda a concentração que ela mantinha enquanto fazia diversas coisas em cima daquele ferro, fazia com que meu corpo reagisse imediatamente. Era uma sensação estranha, como se aquela mulher soubesse exatamente o que fazer para me deixar vidrado. Eu não conseguia desviar meu olhar, estava fascinado com as coisas que conseguia fazer ali, sem dar mínima importância para os demais.

Tomei um longo gole de uísque e voltei minha atenção a mulher misteriosa, mas o espetáculo já tinha acabado. Não tinha noção de que acabaria tão rápido, ou de repente, eu fiquei tão vidrado que não vi o tempo passar. A dançarina fez uma reverencia, agradecendo a atenção dos caras e logo deixou o palco. Logo uma música começou a tocar e diversas mulheres apareceram para nos entreter.

- Pra quem não queria nem vir, você bem que gostou daquela dança, hein? – Marco zombou.

- Não enche, Marco. Só achei curioso. Não sabia que era possível fazer tantas coisas como ela fez ali naquele treco. – apontei para o pole dance.

- Ah, sim. Curioso... Entendi.

Deixei que Marco falasse sozinho e segui até o bar para me servir com mais uísque. No instante que fazia o caminho até lá, imaginei ter visto uma pessoa que há muito tempo não via. Não tinha como. Não era ela...  

Continuei meu caminho até o bar e pedi mais uma dose de uísque. Tomei longas goladas e logo fui servido com mais. Quando bati o copo no balcão a fim de pedir mais uma dose, ouvi alguém chamar pelo barman. Como era bastante curioso, também olhei para ver quem era, e era a dançarina que tinha conseguido me deixar hipnotizado. Agora sem a máscara e com seus cabelos loiros presos no alto, pude vê-la com mais clareza. Era uma mulher bonita, e que me lembrava muito alguém do passado. Ela não mudaria tanto a ponto de eu não conseguir reconhecê-la. Ou mudaria? Será que eu já estava bêbado o bastante? Balancei a cabeça a fim de espantar esses pensamentos, mas de nada adiantou, porque se fosse quem eu pensava que era, tinha que tirar minhas dúvidas, muitas dúvidas.

- Liv? – tentei chama-la um pouco mais alto por causa do som, e para minha total surpresa, era ela.

 

Bem diferente do que me lembrava, mas ainda sim era ela. Liv não tinha mais os cabelos escuros e não era mais aquela vareta. Sua surpresa ao ouvir seu nome ser chamado foi tanta, que chegou a derrubar algumas taças no chão. Quando finalmente seu olhar encontrou o meu, todas aquelas lembranças do passado vieram a tona.

Um misto de sentimentos bagunçou a minha mente. Não sabia como me comportar diante dessa situação, afinal, já tinha se passado dez anos desde que eu a vi pela ultima vez.

- Rob... – sua voz doce fez com que eu me arrependesse de vir aqui.

Todo aquele sentimento frustrado parece ter voltado de uma vez só. Mas agora era uma outra situação. Estava com uma mulher maravilhosa e daqui a alguns meses estaríamos casados.

- Rob, eu não acredito... Como você... Como você me achou? Como sabe que estaria aqui?

- Dez anos... – sussurrei.

Sua fisionomia confusa me fez rir com desdém. Parecia que nada tinha mudado, exceto que tudo havia mudado.

- Por quê? – perguntei desnorteado.

- Aqui não é lugar pra isso...

- Não é? E onde é lugar, então? Na sua cama?

- Rob, não é a... – a interrompi.

- Por que você foi tão sacana comigo?

- Rob, eu... – a cortei mais uma vez.

- Você nunca passou de uma vadia egoísta. – sorri derrotado. – Isso é que dá esperar demais das pessoas, a gente só se fode.

- Eu tive meus motivos.

- Não vou nem perguntar quais foram seus motivos, afinal, nunca passei de um brinquedinho seu não é?

- Não precisamos f... – a cortei mais uma vez.

- Realmente, não precisamos.

Levantei meio tonto e saí dali o mais rápido que pude. Do lado de fora, respirei com dificuldade devido o ar pesado e me escorei na parede. Não estava acreditando que isso estava acontecendo. Estava com raiva, muita raiva. Comecei a andar de um lado para o outro, mas parei bruscamente quando senti algo tocar meu braço. Era ela.

- Só me dê alguns minutos para explicar o que houve.

- Você teve dez anos pra isso.

- Eu só... Só não consegui te procurar porque sabia o quão chateado deveria estar. Eu nunca quis te causar nada, Rob.

- Para de me chamar de Rob! – vociferei.

- Desculpe. Não é boa ideia...

Liv ia voltar para a boate, mas eu segurei seu braço, impedindo-a de dar mais um passo.

- Você imagina o inferno que passei quando finalmente minha ficha de que você havia ido embora caiu?

- Eu também passei um inferno, acredite. – sorriu sem humor.

- Você não entende... Eu amava você, Liv.

- Eu também, Rob.

- Você não está entendendo. – esmurrei a parede ao lado sem me importar com a dor.

- Eu entendo porque eu também te amava. Ainda amo. – disse mais baixo.

- O que? Você não tem esse direito.

- Eu não podia continuar levando aquela vida, Rob. A coisa mais difícil que eu fiz foi ter deixado você, mas foi preciso.

- É mesmo? – finalmente olhei em seus olhos.

- Você era meu ponto fraco. Se soubesse meus planos de fugir, teria colocado tudo a perder. Se você soubesse que eu iria embora, as coisas teriam sido pior.

- Do que está falando?

- Do meu pai.

- E o que ele tem a ver?

- Tudo.

- Tudo?

- A vizinhança inteira sabia que você era apaixonado por mim, Rob. Se meu pai apertasse sua ferida, você colocaria tudo a perder. Eu não podia arriscar.

- Você tinha que ter me contado... E por que tanto medo do seu pai?

- Ele abusava de mim, Robert.

Não tinha ideia que era tão sério.

- Você deveria ter me contado e a gente daria um jeito.

- Você não o conhecia... – secou algumas lágrimas. – Mas nada mais disso importa, e sim, o seu perdão. Não queria te fazer sofrer.

- Eu preciso de um tempo pra assimilar isso.

- Você está certo.

- E quanto a você?

- O que tem eu?

- Você vive aqui agora? É dançarina aqui?

- Bom, eu não consegui vencer na vida como você, então sim, é aqui que eu consigo sobreviver.

- Você gosta de fazer isso?

- Não faço programas se é o que está pensando.

- Não quis dizer isso...

- Sim, você quis. É normal as pessoas associarem a dança às meretrizes.

Ficamos calados um tempo. Um olhando para o outro sem saber o que dizer. Esse silêncio durou por alguns minutos até Liv resolver se pronunciar:

- Posso te dar um abraço?

Hesitei um pouco, mas há quem eu queria enganar? Envolvi-a em meus braços e me permiti lembrar nossa ultima noite juntos, onde ela havia me beijado pela primeira vez. Ansiava tanto quanto naquela noite, mas não podia. Anna não merecia isso.

Quando desfizemos o abraço, vi que seu rosto estava inundado de lágrimas. Suas bochechas rosadas e seus olhos mais azuis que o oceano. Sequei algumas lágrimas vendo um sorriso tímido surgir em seus lábios.

- Senti sua falta. – sussurrou.

- Eu também. – seus olhos me fitavam com expectativa.

 

Liv se inclinou e puxou meu pescoço em sua direção. Sua boca se juntou a minha em um beijo calmo, mas seu corpo demonstrava todo seu desespero. Sua língua acariciava a minha em uma dança viciante, enquanto seus dedos alisavam meus cabelos num ritmo frenético. Não sabia o que esperar desse beijo, mas sabia que continuar não era certo comigo, com ela e muito menos com Anna. Parti o beijo odiando ver a frustração estampar seus olhos.

- Eu não posso, Liv. – me afastei um pouco. - Não depois de tudo o que houve... Muita coisa mudou, eu mudei... 

A verdade é que eu podia sim, mas trocar o certo pelo duvidoso seria muito arriscado, e arriscar com alguém que já me deu diversos motivos para desistir, não era uma decisão tão inteligente, afinal, as pessoas sempre deixam...

- Eu não sou esse cara, Liv. Eu amo a minha mulher. Sinto muito.  


Notas Finais


Espero que tenham gostado.

Beijos *-*


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