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História Pequeno Pássaro - Capítulo Único


Escrita por: Julinharmani

Notas do Autor


Achei que esse dia especial merecia mais fics especiais, então trouxe uma oneshot para vcs. Achei ela simples, mas foi feita com carinho :b

Espero que gostem...

Capítulo 1 - Capítulo Único


A noite demoraria a chegar, concluiu a garota de cabelos curtos deitada na grama, debaixo da árvore de carvalho. Por mais que sua felicidade não transparecesse, ela adorou saber que seu cochilo fora rápido, ficou ainda mais contente ao ver que sua melhor amiga continuava brincando com alguns soldadinhos no gramado do enorme jardim da casa quase solitária e isolada.

Uma costumava visitar a outra de tarde. O ambiente puro e celestial do interior davam asas à imaginação das duas crianças que chegavam a passar a tarde inteira brincando de diversas coisas. Amber podia ter doze anos e preferia skates a bonecas, mas brincaria até mesmo de "casinha" se Krystal pedisse.

A garota mais nova simulou uma grande explosão ao abrir os braços e fazer o som do estrondo com a boca. A tomboy riu com tal maneira prática de finalizar a guerra e logo fora descoberta pela outra garota, que levantou-se e correu para a amiga.

- Você acordou! Pensei que fosse dormir pra sempre. - disse com um enorme sorriso, o mesmo que faz a mais velha querer guardar só para ela.

Sim, Krystal é seu primeiro amor, coisa que Amber esconde pelo simples e mais óbvio fato, medo de perder sua melhor amiga. Dos curtos dois anos de amizade, bastou um mês para viciar no jeito reservado e sorriso cativante da garota. Era contagiante e impecável. O mais próximo da perfeição.

Desejava vê-la mais vezes e por mais tempo.

- Agora sabe como me sinto ao tentar te acordar? - brincou e recebeu um bico emburrado em troca, lhe fazendo rir.

- Não tem nada a ver! - cruzou seus bracinhos - Estava inventando um novo jogo...

- Você demora muito. Por que não brincamos de um do milhares de jogos já inventados? Ou, também podemos jogar vídeo-game.

- Não tem graça.

- Por quê? - perguntou a mais velha, se divertindo com a situação enquanto se sentava.

- Porque você sempre vence.

Amber quase não resistia a vontade de apertar as bochechas rosadas e inchadas pelo mau humor. Era seu momento perfeito de vingança por todas as vezes que teve a ponta de seu nariz beliscada pela menor. Ergueu a mão e roubou o aperto lentamente, espremendo-o delicadamente e mordendo os próprios lábios para segurar a força que queria usar. A mais nova não esperava por isso, ficou ainda mais brava com tal atitude rara.

Além de vergonha, a garota sentiu aquela leve pontada no peito de arrependimento. Não se esforçando muito para Amber descobrir, havia uma única solução para tirar o enorme bico no rosto de Krystal.

- Quer comer alguma coisa?

A teimosia da menor fez a olhar de lado, resistente. Mas nada superava sua fome insaciável. Seu humor mudou consideravelmente.

- Sim. - murmurou.

Não demorou para agarrar a mão da mais velha e a arrastar para fora da sombra da árvore, quase fazendo-a tropeçar no próprio pé. Ambas andaram às pressas em direção a casa, porém uns latidos pararam a menor enquanto a tomboy já subia o pequeno lance de degraus. A beagle de Amber havia achado algo.

- O que foi, Luna? - perguntou a menor.

Um passarinho roubou a atenção de Krystal. A pequena ave de cor beje se debatia um pouco e tentava se esconder perto de uma moita. Curiosa, Krystal mudou seu rumo, indo até a ave com cautela.

- Krys?

Amber não recebeu qualquer resposta de sua amiga agachada na grama. Desceu a escada afim de saber o que acontecia.

- Am, está ferido!

Na visão da mais velha, Krystal parecia ter pego algo em suas mãos e andou até ela às pressas. Amber viu o pequeno pássaro encolhido entre as pequenas palmas que o segurava delicadamente. Uma das patinhas havia quebrado.

- Podemos cuidar dele? - pediu com um olhar suplicante, coisa que não fazia com muita frequência.

Luna pulou em volta de Amber, agitada. Inevitavelmente, a maior assentiu com a cabeça.

- Tudo bem. Mas meus pais não podem saber.

- Por que não? - tentava acalmar a criaturinha com um leve afago com seu polegar.

- Minha mãe não deixaria levá-lo para dentro.

A mais clara assentiu com a cabeça.

As meninas entraram na casa sem serem vistas. Em silêncio, entraram no quarto da tomboy, lá enfaixaram a patinha do pequeno animal com um pouco de fita para curativos que Amber pegou no armário da sala. Fizeram alguns furos em uma caixa de sapatos e deixaram o passarinho ali dentro, sobre uma toalha fina dobrada.

- O que ele come? - perguntou Krystal, preocupada.

- Alpiste?

A mais nova não gostou da resposta em forma de pergunta e cruzou os braços, esperando que algo saísse da brilhante mente lenta de Amber.

- Não olha assim pra mim, a ideia foi sua! - a garota em sua frente não moveu um músculo. - Não acredito que ela vá comer agora, deve estar assustado... - observou o bichinho agora mais quieto.

O barulho alto da porta abrindo de repente assustou as duas garotas, fazendo com que a mais velha, instintivamente, escondesse a caixa com seu corpo.

- Meninas, o que estão fazendo? - a mãe de Amber surgiu na porta, vestindo seu avental azul.

- Nada, mãe. Íamos descer para lanchar alguma coisa...

- Que bom, pois fiz biscoitos e não quero que sobre. - brincou.

- Já estamos indo, só vamos guardar... - Amber olhou ao redor procurando algo. - essas cartas. - apontou para o baralho espalhado pelo chão.

- Certo, mas não demorem. - fechou a porta.

A tomboy suspirou em alívio.

- Krys, ele não pode ficar aqui. Por que não o leva com você?

- Minha irmã Sulli tem medo de pássaros.

- Mas temos que mantê-lo por perto...

- Então onde ele vai ficar?

 

 

A dupla andava na estradinha de terra, se afastando consideravelmente da casa. Amber tinha em mãos uma cesta com os biscoitos e algumas frutas, enquanto Krystal carregava a caixa de sapatos com o pássaro, sendo seguidas pelo beagle.

Depois de mais alguns metros, subir um pequeno relevo e ouvir resmungos de cansaço da mais nova, podia ser visto um casebre rustico abandonado. Elas adentraram o local depois de Luna, e a atenção de Krystal fora tomada pelo telescópio perto da entrada, também notou que o lugar era bem cuidado, apesar da madeira meio desgastada. Observou também o fundo teto de madeira que deixava o lugar pequeno aparentar ser um pouco espaçoso.

- Tem algum tempo desde a última vez q vim aqui com meus amigos do colégio. - disse Amber largando a cesta em cima de uma mesinha - Minha mãe não gosta. Diz que casais de adolescentes entram aqui para... - ela parou a frase e encarou o rostinho ingênuo a sua frente. Não era uma boa ideia completar a frase.

- O que eles fazem? - a mais nova deixou a caixa em cima da mesa e sentou-se no chão, aguardando a resposta enquanto afagava a cadelinha deitada.

- Eles... quebram as coisas. Você sabe... vândalos. - Amber revirou os olhos e deu um biscoito para Krystal antes que ela fizesse mais perguntas.

- Não quero ser adolescente.

Amber riu, assentindo. Deixou um pedaço de banana perto da ave que ignorou o mesmo. Sentou-se ao lado da amiga, mordendo um morango. O ambiente ficou um pouco quieto durante um curto tempo, então Krystal deitou sua cabeça no ombro da tomboy. Sem saber como reagir, Amber apoiou a mão no chão, atrás da mais nova, inclinou o ombro um pouco para baixo para acomodar melhor a amiga.

Se Krystal visse o rosto dela agora, riria. Amber tinha sua famosa "expressão estúpida", como Krystal gosta de chamar, o olhar relaxado e os lábios entreabertos. A tomboy encarava a face tranquila da menina, queria muito descobrir como era beijar Krystal Jung. Já havia sonhado com isso diversas vezes, mas na vida real seria diferente. Imaginava que o beijo de Krystal fosse como... um morango.

Ela olhou para a fruta pela metade em sua mão e depois para a garota ao seu lado. Ela queria muito fazer isso. Mas se ela a beijasse, Krystal saberia o que sente, e Amber preferia sonhar e não perdê-la.

A tomboy fechou os olhos e levou o morango aos lábios, beijando a fruta.

 

 

O dia mal amanheceu e Amber pedalava loucamente para chegar ao casebre, levava consigo algumas sementes. Logo chegou ao seu destino e largou sua bicicleta de qualquer jeito sobre a grama. Adentrou o local com pressa e abriu a caixa, confirmando que o que temia não tinha acontecido. O passarinho dormia pesadamente debaixo de uma dobra da toalha. Ela tirou o pedaço de banana que restou e pôs algumas das sementes no lugar.

Resolveu chamar sua amiga para começarem o domingo dando atenção ao pequeno pássaro. Montou em sua bicicleta e tomou o longo caminho que era de sua casa até a de Krystal. Era cedo, mas a mais nova havia levantado bem, para surpresa de Amber. Elas foram conversando durante o caminho, no orvalho da manhã.

Jogaram cartas debaixo da árvore de carvalho junto ao passarinho. Ele não parecia muito feliz, mas a menor não via isso e a tomboy não queria tirar o brilho de seu sorriso. Gostaria de acreditar nas palavras que disse a Krystal, ele só está sentindo um pouco de dor.

O horário do almoço chegava e o sol ficaria mais forte. As garotas levaram o animal no colo até o casebre e o deixou na caixa novamente.

- Nos vemos aqui depois do almoço? - Amber perguntou.

- Não posso, tenho que fazer minha lição de casa.

Tristonha, Amber assentiu em compreensão. Como Krystal deixaria isso passar despercebido? A tomboy, às vezes, era muito óbvia. A menor ficou nas pontas dos pés para sua boca alcançar a bochecha da mais velha, a qual sentiu seu rosto esquentar violentamente, mas tentou agir normalmente.

As garotas fecharam o local e foram para suas respectivas casas com o melhor meio de transporte que crianças podem ter. Ainda sentia o toque em seu rosto, formigava um pouquinho onde a saliva marcou.

Amber chegou meio suada, sentindo o cheiro de carne no ar da sala.

- Onde você estava? - sua mãe perguntou com as mãos na cintura. Mal humor.

- Andando de bicicleta com a Krys.

- Por onde?

- Pelo campo. - deu de ombros, fingindo não estar nervosa pois estava, muito.

- Você foi naquela espelunca de novo, Amber? - seu tom bravo calou sua filha de forma abrupta.

Ela pegou a orelha da garota e a puxou, fazendo-a gemer de dor.

- Responde!

- Sim.

Ela soltou sua filha e nem precisou mandar ela ir para o quarto, seu olhar já havia dito. Ela subiu e ficou com Luna na cama. Pelo o que conhecia sua mãe, estaria de castigo por, no máximo, duas semanas. Duas semanas sem vídeo-game, sair ou ver quem ela mais gosta de ver.

Não sabia como o passarinho estava, sozinho ou se Krystal já tinha terminado a lição e foi lhe fazer companhia. Isso não importava muito, desde que estivesse bem.

Passou-se um dia, a tomboy voltou da escola e fora direto para casa. Adentrou o quarto sabendo que passaria mais um dia enfurnada ali. Pegou um gibi antigo e começou a ler para passar o tempo, acompanhada pela fiel cadelinha que dormia na cama.

A porta de seu quarto fora aberta, revelando a pequena figura da linda garota.

- Krys! - Amber abriu seu maior sorriso e jogou a revistinha de lado.

Notou a ponta vermelha de seu nariz e o olhar triste encarando a coisinha redonda e beje em suas mãos. Não... Amber pulou da cama e foi até sua amiga que murmurou algo.

- O que disse?

- Você o matou. - repetiu, agora mais alto e encarando seriamente a tomboy.

- Não, eu nã-

- Por que o deixou sozinho?

- Eu não queria, estava de castigo, entenda.

- Mas ele precisava de nós, Amber.

- Eu sei! - se alterou sem querer - Mas você não pode me culpar por isso, Krys.

A mais nova começou a soluçar, deixando o sentimento extravasar. Mais uma vez, a tomboy não sabia o que fazer. Ela a fez chorar, nunca imaginou isso. Agora ela mesma se culpava por algo que não tinha culpa. Tocou a cabeça da menor e a acariciou, mas fora afastada de forma áspera. Krystal largou com cuidado o corpo no chão e correu para as escadas. Sem sombras de dúvidas Amber a seguiria, mas, claro, se não fosse pelo castigo, ele poderia aumentar e ficaria ainda mais tempo sem ver sua pequena.

- Luna, vá com ela!

A cadelinha obedeceu a ordem de sua dona, seguindo a garota rapidamente.

Amber se sentiu impotente e inútil vendo pela janela a cena do animal seguindo sua amiga, queria ela que fosse ela a alcançar a mais nova e impedir que fosse embora sem qualquer explicação. Sentia também seu peito doer pela primeira vez, por seu primeiro amor.

Sem saber se a garota voltaria ou não para enterrar o bichinho, a tomboy ficou esperando na janela de seu quarto algum sinal de vida do lado de fora, até que desistiu depois de uma hora de espera. Pegou a caixa de sapatos furada e a trocou por uma nova, desceu para o jardim e finalizou o enterro sem perceber o quão rápido havia sido. Boa parte de suas lágrimas que começam a escorrer. Uma mistura pela vida que terminara e por medo. Tinha medo de que perdesse sua melhor amiga assim como perderam o pequenino, sem aviso.

Uma gota se desfez em seu braço e não era uma lágrima. Mais algumas gotas começavam a se espalhar lentamente pelo gramado. Ela olhou para cima e viu o céu chorar com ela, lavando a água que saia de seu corpo e molhando seu cabelo e roupas num instante. Ouviu um grito e não pôde identificar a frase, provavelmente era sua mãe mandando ela sair da chuva. Estava avoada em meio aos seus pensamentos. Queria muito agradecer ao passarinho que lhe deu a oportunidade de se aproximar mais da pequena. Salvar sua vida seria o mínimo que poderia fazer, mas era tarde.

O possível atraso de Krystal envolvia uma estrada de lama e a alta velocidade com que pedalava. A queda a fez cair e bater em uma parte da cerca da própria casa, não demorou para sua mãe chegar ao ouvir seu choro e os latidos da cadelinha.

Os dois dias seguintes restantes do castigo foram resumidos em revistinhas repetidas e jogar a bolinha de Luna na parede e agarrar, apesar de seu pai reclamar do barulho. A garota sabia que seu tédio e ansiedade eram por um único motivo, sentia demasiada falta de Krystal. 

 

 

Após duas leves batidas na porta, a mais velha pôs a cabeça para dentro do quarto, vendo sua amiga dormindo de forma angelical. Reparou a perna mais elevada da garota, a qual estava engessada. Com o máximo de silêncio, Amber adentrou o cômodo e fechou a porta, foi à beirada da cama e tentou mais uma vez fazer o impossível.

- Ei, Krys. - sussurrou para não a assustar.

Sentia-se estúpida, sabia que ela nunca acordaria assim, mas também não queria acabar com seu sonho que parecia muito bom. Esperou por alguns minutos, sentada na ponta da cama, montando e desmontando um cubo mágico seu, roubado, que estava na prateleira.

Ouviu um gemido em reclamação e largou a atenção das seis cores. Os olhos semiabertos preguiçosos se acostumavam com a figura em sua frente, e pareceu não se importar muito por ainda estar bêbada de sono. Amber limpou a garganta antes de começar a falar, mas esqueceu no mesmo momento. A mais nova desviou o olhar, desejava que estivesse em uma posição confortável e ser encarada não ajudava muito.

- Ainda dói? - perguntou a tomboy cutucando levemente o gesso quase escondido pelo cobertor.

Krystal negou com a cabeça.

- Adultos complicam as coisas. - disse com voz rouca. - Desculpa. - soltou quase inaudível.

Amber, que odiava ver sua amiga assim, teve logo uma ideia. Viu algumas canetinhas coloridas no criado-mudo, levantou-se e pensou um pouco antes de escolher apenas duas, uma azul e a outra vermelha. Voltou ao lugar de antes, enquanto Krystal a observava curiosa. Amber descobriu a perna lesionada e destampou a canetinha de cor fria, começando a rabiscar um traço no gesso branco.

- O-O que está fazendo? - Krystal sentou-se bruscamente.

- Você vai ver! - disse animada.

A garota de cabelos curtos coloria agora com a cor vermelha uma palavra que a mais nova não conseguia ler pois estava sendo escondida pela mão de Amber. Com capricho, demorou um pouco para estar pronto.

- Terminei! - fechou as canetinhas e largou ao seu lado.

Krystal se inclinou mais um pouco para ler a palavra com letras grandes e grossas, a primeira sílaba escrita em letras azuis e a outra com letras vermelhas. Kryber. Não era necessário explicação para saber que era a junção de seus nomes. Krystal achou fofo, e Amber percebeu isso pelo sorriso que ela abriu para as mãos ligeiramente sujas de tinta.




 

 

 

Amber acordou com frio e um peso sobre seu corpo. Abriu um dos olhos, muito contragosto, vendo um pedaço do fundo teto de madeira. Pegou seu celular sobre lençol e viu marcar cerca de quatro da manhã. Esfregou o rosto para enxergar um pouco melhor seu outro lado da cama de solteiro. A dona dos ombros nus de pele clara praticamente a usava como colchão, tinha uma das pernas sobre a sua, abraçava sua cintura e usava o braço da tomboy como travesseiro, também havia puxado quase todo o cobertor para si. Amber não podia reclamar, adorou presenciar a cena pela primeira vez após sua primeira noite juntas. Com um sorriso, lembrou que a adolescência pode não ser tão ruim assim. Que ainda poderia ver milhões de vezes isso. Não se cansaria de acordar com fortes dores no corpo.

Parte disso, graças ao pequeno passarinho.


Notas Finais


Eu e minhas manias de escrever cenas rápidas...
Final desnecessauro?

O que vcs acharam? >.<


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