História Perdição no Paraíso - O Caminho Para os Elísios - Capítulo I

                A paz reinava na Terra, após um longo período de intensas e sangrentas batalhas. Finalmente, os deuses haviam chegado a um consenso. Poseidon, Hades, Athena, Zeus e Hilda, representante de Odin na Terra, assinaram um contrato de paz entre si, onde cada um devia religiosamente cumprir com a sua parte e deixar que a humanidade seguisse sozinha, o seu caminho. No entanto, em alguns aspetos, os humanos conseguiam ser bem piores que os deuses, criando guerras sem qualquer sentido entre si. Tais factos revoltavam os deuses, mas perante aquele acordo de paz, nenhum devia intervir.

                Não obstante, nos Campos Elísios, os dias corriam todos iguais e sempre da mesma maneira. O local era pacífico, tranquilo e acolhedor, no entanto, um certo interesse a cerca dos humanos abateu-se sobre Thanatos, o deus da morte que habitava naquele lugar cheio de paz. Todos os dias ele tocava as suas belas melodias as suas ninfas, as quais apreciavam encantadas as doces notas que o deus tocava. Contudo, por milénios sem fim que Thanatos fazia aquilo, sua rotina não mudava e se mudasse seria porque estavam em guerra. Guerra não mais haveria e sucumbindo ao tédio, Thanatos toma uma decisão. Iria tirar umas férias na Terra, no meio dos humanos que ele tanto desprezava.

                Vendo as coisas por este ângulo parece mau, mas ele de certa forma, gostava de entender mais um pouco sobre eles. Entender o que os movia e aquilo que os agarrava a vida com unhas e dentes, pois ainda tinha muito presente aquela luta contra o cavaleiro de Pégaso, o qual havia derrotado o deus de forma incompreensível. Decidido a tirar aquelas férias, o deus levanta-se do seu trono e sai do seu glorioso templo, indo para um outro perto do dele. Neste, residia o seu irmão gémeo, Hypnos, o deus do sono.

- Irmão, tomei uma decisão! – Thanatos entra no templo, acabando com o silêncio e tranquilidade que sempre residiam nele.

- E do que se trata? – O deus do sono era calmo e ponderado, completamente o oposto do seu irmão. Este analisa-o, prevendo que boa coisa não viria dali.

- Vou deixar os Elísios… - Responde o deus da morte calmamente.

- Como assim? – Hypnos fica curioso com aquela constatação.

- Decidi tirar umas férias! Diga-mos que preciso de novos ares…

- E qual será o teu destino? A quinta prisão do inferno? – Hypnos ri, divertindo-se com as palavras do seu irmão.

                Um olhar mortal, vindo de Thanatos, caiu sobre o irmão que logo parou de rir, vendo a seriedade da situação.

- Irei para a Terra!

- Para a Terra? – Hypnos fica surpreso, pois era o ultimo lugar onde imaginava o irmão. – Mas tu mal suportas os espectros, que dirá os humanos!

- Mudei de ideias. – O deus da morte fecha os olhos e cruza os braços, impondo-se.

- Tu és bipolar, só pode… - O deus do sono respirou fundo e levantou-se, indo até ao irmão e ficando de frente para ele. – Se tu vais, eu também vou!

- Porquê? – Pergunta Thanatos indignado.

- Não confio em ti! – O loiro passa pelo irmão e segue para a saída do seu templo, deixando-o de boca aberta a olhar para ele. – Então? Vamos lá para a Terra!

                Um tanto contrariado e frustrado, Thanatos segue o irmão, achando-o um verdadeiro desmancha-prazeres. No entanto, ele sabia que nada poderia fazer para o contrariar e que ele iria mesmo que a sua resposta fosse não.